NUNCA TIVE grande pachorra para aquelas discussões bem corporativas e que tanto gozo provocam na classe jornalística sobre a privacidade e o direito à mesma. Trabalhei durante anos num jornal ("Tal&Qual") que, pese o "carimbo" que sempre lhe quiseram incutir, essa "fronteira" era certamente muito mais respeitada do que hoje é pela generalidade da nossa imprensa, a começar por grande parte do chamados "jornais de referência" - se é que ainda lhes podemos chamar assim. E isto aplica-se tanto a jornais como a alguns "faróis" da deontologia e ética jornalística, sempre pressurosos a virem a terreiro, normalmente em matilha, atacar furiosamente qualquer um que cometa o mínimo deslize nesse domínio.
Vem isto a propósito de um texto assinado hoje no "Diario de Notícias" pela sempre zelosa guardiã da (sua, é claro...) privacidade, D. Fernanda Câncio, em que esta, a propósito de uma reportagem publicada pelo novel diário digital "Observador" sobre a mulher do skinhead Mário Machado, resolveu espiolhar a vida da senhora em causa ao ponto de ilustrar o seu texto com a reprodução do perfil da mesma no "Facebook", escarrapachando o nome completo e até a fotografia da visada… Confesso que ao passar os olhos pelo textos da D. Fernanda não resisti a recordar as mil e uma intervenções públicas que esta diligente senhora fez em tempos a propósito do seu "ex" ou actual (não sei porque não estou propriamente a par da vida sentimental do casalinho) namorado José Sócrates e das violações de privacidade de que o idílio era supostamente alvo - nem tão-pouco da exacerbada defesa (o que só lhe ficava bem, até pelo love is in the air existente…) protagonizada pela mesma senhora quando alguns jornalistas investigaram algumas passagens menos claras da biografia do antigo primeiro-ministro, caso por exemplo da sua estranha e célere licenciatura. Bem prega frei Tomás, ou neste caso a D. Fernanda, n'é?
1 comentário:
É sempre o tal problema da minha quinta não se toca.
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