NUM MOMENTO em que até o governo de Luanda(!) já encontrou uma plataforma de entendimento com as autoridades guineenses e em que existe claramente um acordo informal entre as principais "potências regionais" que já permitiu estabelecer um calendário para a normalização da situação político-constitucional na Guiné-Bissau, bem como o envolvimento de todas as figuras e personalidades de referência daquele país africano (à excepção do cada vez mais isolado ex-primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior) o governo português (ou melhor, o seu ministro dos Negócios Estrangeiros) continua a dar autênticos "tiros nos pés", no seu afã de agradar não se sabe bem a quem - principalmente após a subtil "inversão" da posição angolana - provocando conflitos e criando situações que só agravam o péssimo estado das relações entre os dois países. No passado dia 13, em Lisboa, de forma inopinada, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras resolveu convocar telefonicamente a mulher de Fernando Vaz, um dos "homens-forte" do actual governo guineense, para comunicar-lhe que tinham instaurado um processo destinado a retirar a autorização de residência (válida até 2018...) ao seu marido. Porquê ninguém sabia explicar, ainda para mais sabendo que a mulher de Fernando Vaz é cidadã portuguesa (que vive permanentemente em Lisboa) e que além disso o agora ministro da Presidência guineense possui há anos uma casa na capital portuguesa e que, desde sempre, tem a sua situação regularizada em Portugal - isto além de ter sido sempre alguém que, até nos momentos mais complicados, nunca escondeu a sua forte ligação ao nosso País... Não fosse a sua mulher surgir acompanhada por um advogado na sede do SEF (o que aparentemente fez "abortar" a insólita iniciativa) e certamente o influente ministro da Presidência da Guiné-Bissau teria sido vítima de uma decisão arbitrária e inexplicável das autoridades portuguesas e que só poderia ser entendida à luz das birras e amuos de alguém que, apesar da pretensa pose de homem de Estado, tem atitudes próprias de um qualquer garoteco deslumbrado com um poder que porventura poderá ser mais efémero do que julga...
... ou "quem não tem cão, caça com gato...", que é como quem diz, uma página e um espaço estritamente pessoal, onde também se comenta alguma actualidade, se recordam histórias de outros tempos e se tenta perceber o que está por detrás de algumas notícias...
Os comentários a este blogue serão moderados pelo autor, reservando-se o mesmo a não reproduzir aqueles que pelo seu teor sejam considerados ofensivos ou contenham linguagem grosseira.
sábado, 29 de dezembro de 2012
Portugal e a Guiné-Bissau: erros sobre erros...
NUM MOMENTO em que até o governo de Luanda(!) já encontrou uma plataforma de entendimento com as autoridades guineenses e em que existe claramente um acordo informal entre as principais "potências regionais" que já permitiu estabelecer um calendário para a normalização da situação político-constitucional na Guiné-Bissau, bem como o envolvimento de todas as figuras e personalidades de referência daquele país africano (à excepção do cada vez mais isolado ex-primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior) o governo português (ou melhor, o seu ministro dos Negócios Estrangeiros) continua a dar autênticos "tiros nos pés", no seu afã de agradar não se sabe bem a quem - principalmente após a subtil "inversão" da posição angolana - provocando conflitos e criando situações que só agravam o péssimo estado das relações entre os dois países. No passado dia 13, em Lisboa, de forma inopinada, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras resolveu convocar telefonicamente a mulher de Fernando Vaz, um dos "homens-forte" do actual governo guineense, para comunicar-lhe que tinham instaurado um processo destinado a retirar a autorização de residência (válida até 2018...) ao seu marido. Porquê ninguém sabia explicar, ainda para mais sabendo que a mulher de Fernando Vaz é cidadã portuguesa (que vive permanentemente em Lisboa) e que além disso o agora ministro da Presidência guineense possui há anos uma casa na capital portuguesa e que, desde sempre, tem a sua situação regularizada em Portugal - isto além de ter sido sempre alguém que, até nos momentos mais complicados, nunca escondeu a sua forte ligação ao nosso País... Não fosse a sua mulher surgir acompanhada por um advogado na sede do SEF (o que aparentemente fez "abortar" a insólita iniciativa) e certamente o influente ministro da Presidência da Guiné-Bissau teria sido vítima de uma decisão arbitrária e inexplicável das autoridades portuguesas e que só poderia ser entendida à luz das birras e amuos de alguém que, apesar da pretensa pose de homem de Estado, tem atitudes próprias de um qualquer garoteco deslumbrado com um poder que porventura poderá ser mais efémero do que julga...
Dois pesos e duas medidas...
ESTÁVAMOS EM 2004 - Outubro mais concretamente. Na sequência de (mais) um comentário televisivo de Marcelo Rebelo de Sousa, Rui Gomes da Silva, então ministro do governo liderado por Pedro Santana Lopes, questiona a ausência de contraditório nas "orações dominicais" do irrequieto professor e que eram um permanente foco de ataques continuados ao governo PSD/CDS. Afirmou então Gomes da Silva: "Na Europa (...) não há país algum com uma pessoa a perorar 45 minutos sobre política, sem ser sujeita ao contraditório(...)". Devem estar lembrados que então caiu o carmo e a trindade, com disparatadas acusações ao governo de Santana Lopes em querer impor a censura e outros dislates do género, como por exemplo Jorge Sampaio, então Presidente da República, receber em pleno palácio de Belém, em jeito de desagravo público, o próprio Marcelo Rebelo de Sousa.
Lendo agora a biografia do professor, da autoria de Vítor Matos, observo que três anos antes - em 2001 - também em Outubro e igualmente no seu espaço de comentário televisivo, Marcelo tinha criticado violentamente a iminente promulgação pelo Presidente da República da Lei de Programação Militar, considerando-a "uma palhaçada". E que o Presidente da República - no caso o mesmo de 2004, ou seja Sampaio - não se coibiu de afirmar a propósito o seguinte: "O Presidente da República não faz tempo de antena aos domingos na televisão, durante meia hora, sem ninguém o interromper(...)". Alguém me consegue explicar onde está a diferença e porque é que as palavras de Gomes da Silva foram interpretadas de uma maneira e as de Sampaio de outra, quando no fundo quiseram dizer exactamente a mesma coisa? Será porque um é considerado de "direita" e o outro de "esquerda"?
O "camarada Artur"...
UMA VERDADEIRA photo oportunity na Universidade de Verão do Partido Socialista, com Artur Baptista da Silva no uso da palavra... Um documento para a posterioridade!
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
A culpa é do Grémio Literário...
NÃO CONHEÇO Nicolau Santos nem do eléctrico. Do director-adjunto do "Expresso" sei apenas que usa papillon (vulgo "lacinho"), que gosta de poesia (pelo menos rara é a semana em que não publica um poema na sua coluna) e pouco mais. Asseguram-me ser uma pessoa estimável e não tenho rigorosamente nada que me leve a pensar o contrário. Vem tudo isto a propósito do já famoso falso "consultor" da ONU que teve honras de convidado no programa televisivo do semanário do dr. Balsemão e da entrevista com devido destaque no caderno de economia dirigido por Nicolau Santos. Ao longo de uma semana (desde que um sms enviado durante o programa para o próprio jornalista o alertou para o embuste em que estava a cair ao "promover" o tal Baptista da Silva a figura de proa da análise económica) aguardei que o director-adjunto do "Expresso" pusesse publicamente o seu lugar à disposição. Mas não - Nicolau Santos preferiu, isso sim, deitar as culpas para cima (imaginem...) do Grémio Literário(!), tão só porque, segundo confessou ao "Diário de Notícias" numa entrevista publicada hoje, "nunca me passou pela cabeça que uma pessoa que vá ao Grémio Literário me estivesse a enganar(...)". Lê-se e não se acredita. Será possível que o director-adjunto do "Expresso" tente "deitar areia para os olhos" das pessoas com este argumento no mínimo ridículo?!
Uma última nota: a credibilidade que o tal falso consultor conseguiu granjear junto dos nicolaus desta vida prendeu-se apenas e só porque ele afirmava o que esses mesmos nicolaus queriam ouvir (e escrever). Essa é que é a verdade. E é assim que (hoje) se faz jornalismo em Portugal. Com raras excepções...
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
ANA: mais um tiro ao lado...
AGORA QUE os franceses da Vinci ganharam a corrida pela privatização da ANA, estou mortinho por ver como é que a grande maioria dos nossos analistas (que possuem uma forte costela de "zandinga") vão descalçar a bota. É que até ontem, ou mesmo hoje, tudo o que era auto-denominado expert na matéria garantia a pés-juntos que, também na ANA, estava "tudo feito" para ser entregue ao consórcio alemão. Mais uma vez - à semelhança do que lhes aconteceu no "folhetim TAP" - o tiro saiu-lhes ao lado... É preciso ter "galo"!
Um "trunfo" chamado Narciso
A ESCOLHA do sucessor de Luís Filipe Menezes como candidato do PSD à Câmara Municipal de Gaia pode não passar obrigatoriamente pelo óbvio, ou seja por Marco António Costa que, hoje rendido aos encantos da capital e do "poderzinho" que algumas competências na área da Segurança Social lhe confere, pode não estar lá muito disposto a trocar o gabinete de secretário de Estado em Lisboa pela cadeira presidencial na Avenida da República de Gaia. Tanto lá como em Lisboa, há quem aposte singelo contra dobrado que a personagem em causa tem em mente outros "vôos" e é movido por outros interesses que não os da autarquia gaiense. E quem conhece Menezes, agora de "malas feitas" e pronto para cruzar o Douro, sabe que uma suposta "desistência" de Marco António de concorrer a Gaia não lhe tirará horas de sono, bem antes pelo contrário... Até porque, jogador como é, Menezes tem (quase) sempre uma "carta na manga". E digam o que disserem, ninguém me tira da cabeça que essa "carta" (que na prática é mas é um "trunfo"...) pode chamar-se, nada mais nada menos que... Narciso Miranda. Exactamente, esse mesmo - o socialista (hoje sem partido) que liderou a câmara de Matosinhos durante anos a fio e que pode vir a encabeçar como independente uma lista do PSD à autarquia de Vila Nova de Gaia. Digam o que disserem, seria uma jogada de mestre!
terça-feira, 25 de dezembro de 2012
Três perguntas a propósito de Efromovich...
PRIMEIRA PERGUNTA: alguém já fez contas e chegou a alguma conclusão sobre quanto é que Germán Efromovich precisaria para lançar uma companhia aérea em Portugal que concorresse com a TAP? Segunda pergunta: hoje, após o autêntico, exaustivo e detalhado "raio x" que os consultores de Efromovich fizeram à companhia aérea nacional nas últimas semanas, existirá alguém mais bem-informado sobre a verdadeira situação da TAP (a todos os níveis...) que o dono da Avianca? Terceira (e última) pergunta: quanto tempo faltará para Efromovich anunciar a criação de uma companhia aérea em Portugal para concorrer com a TAP? Esta é a única pergunta para a qual eu (ainda) não tenho resposta...
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
Então não estava "tudo feito"?
ESTOU ANSIOSO para ler e escutar os nossos sábios e doutos comentadores - sempre lestos a encontrarem ligações menos claras e supostas grandes "moscambilhas" em tudo o que envolve este governo - agora que o governo recusou a oferta feita por Germán Efromovich pela TAP. Então não estavam "todos feitos"? E agora, como é que vão descalçar essa bota ser? O que é que vão ter de inventar para justificar a decisão do Conselho de Ministros? Querem ver que vão descobrir que, afinal, Miguel Relvas está "feito" com um outro potencial comprador? Com um bocadinho de imaginação ainda juntam a tudo isto a D. Isabel dos Santos e pronto lá têm tema para quatro ou cinco meses... É que em Portugal, a patetice está (mesmo) em saldos!
Que tal ir lamber sabão, dr. Sampaio?
NÃO PERCEBO se é uma questão de "lata" em demasia, de senilidade não tão precoce quanto isso ou se, pura e simplesmente, Jorge Sampaio perdeu definitivamente a vergonha na cara. Porquê? Porque exactamente a mesma criatura que em 2004, irresponsavelmente e por motivos ainda hoje insondáveis, demitiu um governo com maioria parlamentar estável e significativa e abriu caminho a seis anos de um governo do seu partido que levou o País praticamente à bancarrota, vem hoje, candidamente, defender a estabilidade governativa e rejeitar a demissão do executivo de Passos Coelho argumentando que uma eventual instabilidade política seria "uma experiência que não se deseja"... Embora já ninguém leve Sampaio a sério e pouco importa o que ele (não) tem para dizer, há limites para tudo, especialmente para a falta de vergonha!
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
Assim não vão lá...
ESSA DO Partido Socialista encarregar o famigerado Rui Paulo Figueiredo (o frustrado e desastrado "espião" do gabinete de Sócrates, lembram-se?) de ser o seu porta-voz numa questão que, pelo que percebi, se resume ao facto gravíssimo de um ministro do governo português (no caso, Miguel Relvas) ser amigo de José Dirceu "não lembra nem ao careca".
E a ser verdade que Relvas é amigo de Dirceu (eu sou, já agora - diga-se de passagem...) qual é o problema? Porventura o facto de, por exemplo, nos anos 90, o então Presidente da República Mário Soares ter o ex-primeiro-ministro italiano Bettino Craxi, foragido à justiça, entre os seus amigos, foi razão para cair o carmo e a trindade? Existe até uma grande diferença: enquanto Dirceu acatou a sentença do Supremo Tribunal de Justiça brasileiro e aguarda serena e civilizadamente o dia em que irá cumprir pena de prisão, Craxi deu às de "vila diogo" para a Tunisia... No mínimo, ridículo esta precipitação do Largo do Rato. Assim não vão (mesmo) lá...
segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
Guiné-Bissau: vem aí Ramos Horta
O ANTIGO presidente timorense José Ramos Horta está a um passo de vir a ser o "homem-forte" da ONU em Bissau, numa nomeação que parece gerar algum consenso entre as várias facções existentes na cena política guineense, agora que o deposto Carlos Gomes Júnior está, cada dia que passa, a ficar mais isolado até dentro do seu próprio partido. Recorde-se que, em 2004, Ramos Horta chefiou a missão da CPLP que "fiscalizou" (sem grande sucesso, diga-se de passagem...) as eleições naquele país, quando sob o olhar cúmplice da comunidade internacional e do governo então chefiado por Durão Barroso, se sucederam as fraudes e as "chapeladas" por todo o território. Esperemos agora que o antigo mandatário timorense "emende a mão" e, pelo menos, não seja à semelhança do chefe da diplomacia portuguesa, um porta-voz dos interesses angolanos naquele país. É que para mandarete, já basta o que temos...
1984
LEIO NO sempre indispensável blog "portugal dos pequeninos" de João Gonçalves esta citação de Mário Soares, então primeiro-ministro de um governo que, nos anos 80, protagonizou rigorosas medidas de contenção e austeridade e que foram essenciais para uma recuperação económica que permitiu ao nosso País viver desafogadamente nos anos seguintes: "O principal para
que o Governo tenha êxito é saber persistir. Ter a coragem de não mudar de
rumo, independentemente dos acidentes de percurso. Recomeçar, pacientemente,
quantas vezes forem necessárias. Tomar decisões. Não se deixar perturbar por
agressões verbais, por incompreensões ou por injustiças. Aguentar de pé. Para
os homens de convicção e de recta consciência, o que conta é sempre - e só - o
futuro". Não podia estar mais de acordo!
sábado, 8 de dezembro de 2012
Em memória de Jorge Alves da Silva
COM QUINZE dias de atraso soube do desaparecimento de Jorge Alves da Silva. Quem anda há uns anos nestas coisas da política e de tudo o que a envolve, sabe bem quem foi este homem, tão difícil quanto criativo e tão genial quanto inconstante. Não tenho dúvida em afirmar que o Jorge foi porventura um dos mais talentosos homens da comunicação política no nosso País e não vai ser o facto dele ser às vezes alguém com quem não era fácil lidar que me irá fazer dizer o contrário. Algumas vezes estivemos lado a lado em certas "guerras" políticas, outras vezes optámos por "trincheiras" diferentes. Fui seu amigo, tivemos também as nossas zangas e amuos, mas sempre soube respeitar e admirar um talento que ele inegavelmente possuía e lhe conferia uma diferença muitas vezes pouco ou mal aceite entre a classe política e todos quanto andamos nestas andanças.
A última vez que estive com o Jorge foi há dois ou três anos. Falámos no bar do Ritz durante duas ou três horas. Mais tarde, ele ligou-me uma ou duas vezes para marcar um daqueles almoços que, por uma razão ou outra, nunca têm lugar. Tenho pena. Mas também - verdade seja dita - a imagem que prefiro guardar do Jorge Alves da Silva é a imagem do Jorge empenhado de corpo e alma na "gloriosa" campanha do PSD de 1991 e à qual o seu "dedo" em termos televisivos conferiu uma diferença e uma qualidade que poucas vezes se viu em Portugal. É esse o Jorge de que eu sempre me irei lembrar, é esse o Jorge com quem eu aprendi alguma coisa.
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
Mário Soares
"(...) Tenha, pois, cuidado com o que lhe possa acontecer. Com o povo desesperado e, em grande parte, na miséria corre imensos riscos."
Mário Soares sobre Pedro Passos Coelho
QUER QUEIRAM quer não, Mário
Soares é a principal referência do nosso regime. É indiscutivelmente
um dos (senão o principal...) "pais" desta nossa III República
- obviamente com todas as responsabilidades que isso implica. Foi um corajoso
resistente ao Estado Novo; soube enfrentar na rua e nos bastidores as
tentações totalitárias de quem, no pós-25 de Abril, quis subverter a construção
da democracia; integrou e afirmou o nosso País no espaço a que sempre pertenceu
e ao qual virou costas durante décadas; liderou governos que, embora
protagonizando e impondo impopulares e rigorosas mediadas de austeridade,
contribuíram decisivamente para uma estabilidade económica que era essencial à
consolidação do regime democrático; exerceu uma magistratura enquanto
Presidente da República que, concorde-se ou não com o estilo, conferiu ao cargo
um peso e uma intervenção que é fundamental na estabilidade das instituições;
e, com quase 90 anos, é alguém a quem o País se habituou a escutar e respeitar
as suas opiniões e experiência.
Quem me conhece e à minha relação (que
tem a minha idade...) com ele, sabe que sou insuspeito para afirmar que Mário
Soares é indiscutivelmente o maior estadista português das últimas décadas.
Exactamente por isso mesmo, não entendo como é que alguém, com o sentido
de Estado que Soares obviamente possui e tendo desempenhado as funções que desempenhou
ao longo das últimas quatro décadas (ministro dos Negócios Estrangeiros,
primeiro-ministro por duas ou três vezes, conselheiro de Estado, Presidente da
República durante dois mandatos, além dos cargos internacionais e prestígio que
detém por esse mundo fora) possa escrever o que acabei de ler na sua coluna
semanal no "Diário de Notícias" sobre Pedro Passos Coelho e alegados
"riscos" que eventualmente o primeiro-ministro possa correr.
Especialmente vindo de quem, como Soares, foi insultado, vaiado e até agredido
(lembram-se?) por pura e simplesmente protagonizar políticas e posturas que,
ainda que impopulares, ele na altura sabia ser imprescindíveis ao País.
Aliás, Portugal deve-lhe esse seu
sacrifício e essa sua coragem...
sábado, 1 de dezembro de 2012
Fernando Nogueira: um exemplo
AGORA QUE nomes como Silva Peneda, Luís Amado e Freitas do Amaral já chegam ao ponto de serem apresentados como "reservas morais" da Nação, é que percebemos que a memória deste nosso País não é só curta, mas também (muito) ingrata. Se existe alguém que, a par do general Ramalho Eanes e Jaime Gama, poderá ser considerado como verdadeira "reserva moral", esse alguém chama-se Fernando Nogueira. Alguém que soube estar na política com uma discrição e elegância notáveis, que soube retirar-se da ribalta como poucos e que é um exemplo de seriedade a todos os níveis. Possivelmente motivos mais que suficientes para não estar na short list que - garantem - existir na algibeira de Cavaco Silva...
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