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sábado, 30 de março de 2013

Notável


NO MÍNIMO notável o texto de Pedro Santana Lopes no "Correio da Manhã" e que é um oportuno e realista "desabafo" pessoal e político e um excelente exercício de memória de factos que, não sendo tão distantes quanto isso, há quem queira (e dê jeito...) esquecer. Talvez o mais lúcido e curiosamente desapaixonado comentário acerca da entrevista que marcou a semana política. Com a devida e mais que merecida vénia, não resisto a transcrevê-lo:

"A 'boa moeda.' Criaram-no, agora aturem-no. Gostam, alguns, muito de dizer que José Sócrates foi lançado para Primeiro-Ministro nos debates que mantivemos, em 2002 e 2003. Percebo a ideia, mas não foi. Sócrates ganhou e 'reinou' porque viveu em lua de mel com muitos centros de poder em Portugal.
Muitos, a começar pelo próprio Presidente da República – mas não só – andaram embevecidos com José Sócrates, nos primeiros anos da sua governação. Agora já odeiam, não gostam ou estão afastados. Pois, mas andaram com o 'menino de oiro' 'ao colo'.
A Vida, muitas vezes, é assim. Durante anos, ele usou comigo e com o meu Governo a manipulação em que é exímio e a que recorreu, abundantemente, na quarta-feira à noite na RTP. A começar pela burla do tal défice de 6,83% em 2005 que é dele e de mais ninguém.
Na altura, quase todos colaboraram com essa impostorice. O silêncio de Seguro em relação a Sócrates, tive-o eu de Marques Mendes, quando me sucedeu na liderança do PSD.
Agora, muitos mais se irritam com as engenhosas construções do ex-Primeiro-Ministro? Custou ouvi-lo a falar de deslealdades quando foi o primeiro a romper a solidariedade institucional? Pois é! Pois não é agradável...
Anteontem, Cavaco Silva, Teixeira dos Santos, Passos Coelho, Manuela Ferreira Leite, António José Seguro, António Costa, entre outros, por diferentes razões, terão experimentado – em maior ou menor grau, consoante os casos – uma sensação muito desagradável.
Eu conheço a sensação. Sei o que se sente quando apetece estar lá na vez de quem tem José Sócrates pela frente para o desmentir e dizer a verdade. Pois! É que, se não for na hora, já não é igual. E a mensagem passa até porque é repetida muitas vezes.
Não disse verdades? Disse, algumas e uma ou duas significativas. E disse-as com força e com desassombro, igual a si próprio. Eu sempre lhe reconheci qualidades, nunca o menosprezei. Mas nunca estive do lado dele, nunca o apoiei, sempre o combati. A diferença é essa.
Porreiro, pá!"

sexta-feira, 29 de março de 2013

A "bitola" de Nicolau Santos


GRAÇAS AO Facebook passei os olhos por um comentário de Nicolau Santos sobre a entrevista de José Sócrates à RTP. E dado que para ele, como aliás já veio reconhecer publicamente aquando do chamado "caso Artur Baptista da Silva", a credibilidade das pessoas mede-se por por frequentarem, ou não, o Grémio Literário, quase que arrisco a garantir que nos últimos tempos o ex-primeiro-ministro tornou-se um assíduo frequentador dos salões do número 37 da Rua Ivens, ali ao Chiado...

"Ele" e os "outros"...

DURANTE SEIS anos e apesar de afirmarem-se do lado contrário do espectro político cumularam-no de gentilezas, rapapés e atenções. "Ele", claro, retribuiu-lhes - com contratações dos escritórios, nomeações para cargos, facilidades nos negócios, etc. Ao longo desse período não se escutou, a essa gente, uma única palavra, uma única crítica. Bem antes pelo contrário chegou-se mesmo até ao ponto de ouvirmos proferir encomiásticas palavras aquando do lançamento de biografias oficiosas que mais não serviram que branquear a personagem e a sua governação. "Ele" chama-se José Sócrates. "Eles", os outros, são a chamada "direita dos negócios", sempre pronta a sacrificar as ideias e aparentes convicções às benesses que lhe são distribuídas - por muito que tentem mais tarde, no caso agora, disfarçar na pele de comentadores ou de supostos influentes conselheiros presidenciais. Haja decoro (e já agora memória)...

quinta-feira, 28 de março de 2013

Mudança


NOS PRÓXIMOS dias, vai mudar a hora. Só a hora? 

A entrevista: duas ou três notas


AGORA UM bocado mais a sério e a propósito da entrevista de José Sócrates, duas ou três (mesmo) breves notas:

1. O "animal feroz" combativo e determinado deu lugar a um "animal acossado", confuso, atabalhoado, algo emocionalmente desequilibrado e que optou por uma argumentação obstinada que a história recente, mais que os números (porque esses, existem para todos os gostos) desmente e contraria;

2. A prosseguir com este tipo de "narrativa" nos comentários que vai protagonizar aos domingos na RTP - o que duvido, até porque a última coisa que Sócrates será, é parvo -  António José Seguro (de quem conseguiu ao longo de 95 minutos nunca pronunciar o nome...) poderia dormir tranquilo;

3. A terminar, nada melhor que recordar o que o escritor José Cardoso Pires dizia sobre Armindo Rodrigues, uma conflituosa e problemática figura dos meios intelectuais portugueses das décadas de 50 e 60 (e também ainda de 70): "O Armindo? Se for preciso, desafia o Rossio inteiro para a porrada. Basta uma pessoa estar a ver...". 

quarta-feira, 27 de março de 2013

A entrevista de José Sócrates: e Almada ali tão perto...


AO ASSISTIR à tão apregoada entrevista de José Sócrates na RTP-1 e apesar de terem decorridos quase quarenta anos entre os dois acontecimentos, não pude deixar de recordar-me do famoso discurso de Vasco Gonçalves em Almada. Porque será?

segunda-feira, 25 de março de 2013

Reabilitado, brigão e engatatão


AO DEPARAR-ME este fim-de-semana com uma longa, hilariante e certamente bem-regada entrevista do patusco Miguel Veiga à revista do “Expresso” dei por mim a recordar aqueles famosos “processos de reabilitação” que ocorriam na URSS e nos seus satélites, quando os proscritos por crimes que podiam ir do foro ideológico ao comportamental eram a certa altura alvo de um posterior perdão, quase sempre precedido por um voluntário acto de auto-censura.
Não sei se Veiga procedeu a esse acto de contrição junto do seu amigo Francisco Balsemão e se, preferencialmente à volta de uma mesa e entre dois goles e outros tantos tchim-tchim’s, se penitenciou pelos plágios que cometeu aquando colunista daquele semanário e que lhe valeram ser posto na rua pelo então director José António Saraiva – aliás algo em que o inefável Veiga se vem tornando um ás e que até já lhe valeu há uns meses uma condenação em Tribunal, mais concretamente pelo 3º Juízo Criminal de Lisboa. O que sim sei é que, oito anos após ter sido posto a andar do “Expresso”, lá voltou ele agora às páginas do dito e aproveitando mesmo para (pasme-se!) para fazer gala de uma suposta costela de sedutor, justificar as acusações do vulgo “copianço” e mesmo prometer resolver a questão que mantém com José António Saraiva desde 2005 “à bofetada”. Sinceramente vale a pena ler, porque nestes tempos em que não sobram grandes motivos para sorrir, a leitura da entrevista do "reabilitado" Veiga é razão para uma boa barrigada de riso...

Patético


GRAÇAS AQUELA famosa "linha que separa(...)" da Zon, resolvi ontem num momento de ócio passar os olhos pelo apregoado momento de comentário político de Luís Marques Mendes na SIC. E por mera coincidência, fi-lo pouco tempo depois de ter assistido à prelecção dominical do irrequieto prof. Marcelo na TVI, algo que já não fazia há alguns meses. E de facto, entre os dois, existe ali uma enorme e marcante linha a separá-los - Marcelo que, concorde-se ou não com as suas opiniões e "ferroadas", é um homem brilhante; e Marques Mendes que (coitado...) debita uma infinidade de lugares comuns que mais não são que a sua própria "prova de vida" numa tentativa sôfrega de se manter à tona de água num cenário político onde há muito deixou de contar. Chega mesmo a ser confrangedor assistir aos comentários patéticos de Marques Mendes, especialmente para quem se recorda - e não foi assim há tanto tempo... - da sua triste e desastrada passagem pela liderança do PSD e onde, entre tantas "burradas", conseguiu entregar de mão beijada a maior câmara municipal ao Partido Socialista. Haja (algum) decoro!

domingo, 24 de março de 2013

A brincar às moções...


AO MESMO tempo que anunciou a apresentação de uma moção de censura sine die na Assembleia da República, António José Seguro pôs o seu "braço-direito" para as relações internacionais, João Assunção Ribeiro, a escrever uma carta a todos os embaixadores da União Europeia acreditados em Lisboa (e curiosamente também ao dos Estados Unidos...) e que o semanário "Expresso" transcreve na sua edição de ontem e onde garante que a moção não significa qualquer desvinculação do Partido Socialaista relativamente ao "memorando" assinado com a troika - que, recorde-se, foi curiosamente subscrita pelo anterior governo socialista. E para que não restem dúvidas, Assunção Ribeiro é taxativo: "Asseguramos alto e bom som , que cumpriremos todos os compromissos internacionais assinados pela República Portuguesa". Ou seja, mesmo que a moção fosse aprovada, o próprio Seguro vem antecipar que tudo continuaria na mesma no que diz respeito às "balizas" da política ditada pela troika nos capítulos económico e financeiro. Já tinha visto brincar a muita coisa, agora às moções...

sábado, 23 de março de 2013

Esta senhora pura e simplesmente não existe!


ACABEI DE OUVIR (e ver) a posição oficial que o PSD resolveu tomar relativamente à moção de censura sine die (coisa extraordinária essa, de facto!) que um Partido Socialista cada mais desgovernado e com uma estratégia delineada em cima do joelho e conforme os estados de alma e atchims de Sócrates resolveu ontem anunciar. E não acredito que, dentro da S. Caetano à Lapa, não fosse possível encontrar outro porta-voz que não a desastrada Teresa Leal Coelho, uma verdadeira nódoa em termos comunicacionais e que, por muito esforço que faça, transmitirá tudo menos credibilidade. É que mais que não seja, esta senhora (que acredito que até seja uma pessoa estimável, amiga do seu amigo e com uma forte dose de um generoso voluntarismo) pura e simplesmente não existe - é o contrário de tudo o que se deve ser ou aparentar em política.
Já para não do falar do teor e tom da declaração que me fez lembrar - no pior sentido, é claro - os tempos mais penosos de um cavaquismo de meados dos anos 90, já triste e a definhar, lembram-se? Será que também foi Teresa Coelho quem redigiu o comunicado?! Como isto está, eu já não digo nada...

sexta-feira, 22 de março de 2013

Aproxima-se a hora da verdade...

A CONFIRMAR-SE o chumbo de algumas medidas do Orçamento de Estado  pelo Tribunal Constitucional, tudo indica que o governo ficará  sem condições objectivas para governar. E ainda por cima com este anúncio de ruptura feito por um António José Seguro acossado por todos os lados dentro do seu próprio partido, a Pedro Passos Coelho restará pouco mais do que meter-se no carro e ir até ao palácio de Belém entregar a "batata quente" nas mãos de quem tem a obrigação constitucional (e moral, sobretudo) de encontrar uma solução que poupe o País e os portugueses a mais adiamentos, sacrifícios e impasses. O problema é que tudo indica que, naquele seu jeito esquivo e temeroso e por muito que possa vir a disfarçar em públicas tentativas de promover consensos, Cavaco Silva optará por convocar eleições antecipadas em vez de tentar formar um governo de salvação nacional - pouco se importando com os custos que uma decisão desta natureza naturalmente acarretará para todos e que são naturalmente muitos e graves.
Nada que espante a quem tenha seguido o percurso do actual Presidente da República que, ao longo dos anos, não hesitou em sacrificar tudo e todos em nome de uma estratégia pessoal claramente com contornos egoístas e no fundo de uma mesquinhez que não se coaduna com quem se vangloria de possuir sentido de Estado. Depois dos amigos, colaboradores e companheiros de partido, vai chegar agora a vez de sermos todos nós a percebermos na pele os verdadeiros carácter e  personalidade de quem, há sete anos, jurou a Constituição e garantiu ser, também ele, "o presidente de todos os portugueses"...

PS E como me dizia um amigo meu há pouco, não foi por acaso que a troika anunciou  o adiamento do pagamento da tranche prevista para ser liquidada em Abril. Lá como cá, há quem saiba ler os chamados "sinais"...

Aquilo lá no PS promete...


SE CALHAR mais rapidamente do que se previa, a inesperada  reentrada em cena de José Sócrates já está a causar alguma perturbação no interior do Partido Socialista, com António José Seguro a ter de fazer aprovar nitidamente às pressas a apresentação de uma moção de censura ao governo. Curiosamente ainda ontem, horas antes do líder socialista ter aparentemente "mudado a agulha" na estratégia do maior partido da oposição,  um destacado e eminente "socrático", no caso Vitalino Canas, afirmava alto e bom som na Económico TV que, antes de apresentar uma moção de censura, o PS devia, isso sim, apresentar uma alternativa consistente de governo. E ia mesmo mais longe, ao afirmar: "Nestas circunstâncias (...) com uma maioria absoluta, uma moção de censura é uma moção inconsequente (...)". É o chamado "efeito Zézito" no seu melhor!

quinta-feira, 21 de março de 2013

Isto há cada coincidência...


QUASE EM simultâneo com o anunciado regresso de Jorge Coelho à vida política activa, eis que, sem que nada o fizesse prever, José Sócrates ressurge como comentador político da RTP. É uma claríssima resposta de quem sentiu ameaçado o espaço da sua (ainda influente e vasta) facção dentro do Partido Socialista e a quem a volta de Coelho incomodou e levantou "fortes suspeitas". E se quiserem uma  excelente manobra política de quem, no PSD ou no governo, foi "pai" ou "padrinho" desta ideia, contribuindo assim para criar (ou acentuar) um ambiente de maior crispação interna no seio dos socialistas. Além de contribuir para (re)lembrar à opinião pública a existência de um até agora "escondido" Sócrates. com tudo o que isso implica - basta ver as redes sociais hoje ... Essa é que é essa!

segunda-feira, 18 de março de 2013

Soares by Joaquim Vieira


ACABEI DE ler há dois ou três dias as mais de 800 páginas do livro "Mário Soares, uma vida", de Joaquim Vieira. Antes de mais diga-se em abono da verdade que, a partir de agora, quem quiser estudar a figura e a personalidade de Mário Soares terá necessariamente de recorrer a esta obra que, convenhamos, é completa, rigorosa q.b. e traça de modo aceitável o percurso político de alguém que - quer queiram quer não - é,  a par de Salazar, a grande referência política portuguesa destes últimos dois séculos.
Pena é que o biógrafo não tenha conseguido resistir a entrar por caminhos que não se coadunam com uma biografia "consentida" ou "colaborada", nomeadamente quando aborda detalhes da vida íntima de Soares e que - mais que para o antigo Presidente - são penosos e desagradáveis para terceiras pessoas. Porque se este trabalho fosse o que normalmente se denomina como "biografia não-autorizada", seria até admissível que Vieira pudesse revelar pormenores que, ainda que não possuindo qualquer importância histórica, o ajudassem a traçar a personalidade do biografado. Agora neste caso concreto e até tendo em conta o que é relatado na introdução, nomeadamente a disponibilidade mostrada por Soares em colaborar na feitura da obra,  acho de profundo mau-gosto a opção de Vieira trilhar por esses caminhos. E prefiro não acreditar, ao contrário de um amigo meu, que o tenha feito por "vingança" - no caso por há uns anos atrás o antigo Presidente, à frente de três ou quatro colegas do então jornalista do "Expresso", ter insinuado que este era "rachado", ou seja que tinha "falado" na PIDE. Algo que é relatado na introdução, mas que José António Saraiva (que actualmente não morre de amores pelo seu antigo director-adjunto), já há uns tempos, se tinha encarregue de contar num dos seus livros autobiográficos...


domingo, 17 de março de 2013

O homem do "triângulo"


O REGRESSO de Jorge Coelho à política activa tem sido "lido" de várias maneiras,  como especial destaque para aqueles que entendem que Coelho se tornou num "seguro" para a liderança do seu amigo e sempre leal camarada Tozé Seguro. Mas para mim há algo muito mais importante que isso: é que neste momento não existe ninguém, no PS ou no PSD, que possa desempenhar melhor (mesmo que seja por portas travessas - leia-se Gomes Teixeira e Estoril) o papel de interlocutor privilegiado no complexo triângulo Rato-S.Bento-Belém. E os amigos são para as ocasiões, n'é?

sábado, 16 de março de 2013

"Isto anda tudo a ouvir vozes"...

UMA PESSOA resolve ler jornais e depois fica a matutar, a matutar, a matutar... E invariavelmente percebe que de facto - como diz alguém que eu conheço - "isto anda tudo a ouvir vozes"...

1. Aquele rapaz barbudo do programa da D. Clara na SIC-N demitiu-se do Bloco de Esquerda.  Deve estar inconsolável, porque a notícia só durou um dia e muito por conta das suas próprias declarações. Coitado.

2. Li não sei onde que há umas semanas, um grupo de pessoas aguardava um qualquer ministro para, à entrada de uma visita, lhe cantar a "Grândola". Só que a criatura atrasou-se e os sete ou oito "grandoleiros" destacados para o efeito resolveram ir até ao café beber a bica. Quando voltaram, o ministro já tinha entrado. E agora? "Não tem problema", tranquilizaram-nos logo os repórteres televisivos presentes: "Juntem-se aí, cantem, que a gente depois lá edita". E pronto, à noite lá apareceu o ministro a ser "mimoseado" pelos manifestantes... E o mais curioso é que isto é contado e escrito em letra de imprensa como se fosse algo normalíssimo e o sindicato e essas comissões todas da ética e da deontologia, sempre tão céleres a pronunciarem-se por dá cá aquela palha, moita carrasco...

3. Miguel Relvas publicou um excelente artigo sobre a importância estratégica da RTP África e da RTP Internacional e do papel que estes canais podem (e devem desempenhar) na presença e reforço da língua e cultura portuguesas. Como não apareceu ninguém a "grandolar", a falar do percurso universitário do autor o, repito, excelente artigo do ministro passou praticamente despercebido.

4. O cardeal argentino Jorge Bergoglio foi eleito Papa. Falou-se de tudo - desde o seu conservadorismo à sua paixão pelo futebol (mais concretamente pelo San Lorenzo de Almagro) passando pelo facto de ter ser levado uma vida austera e até de uma alegada antiga namorada, de seu nome Amália (na foto) e que (pasme-se!) já dá entrevistas à porta de casa e tudo... O que ainda ninguém fez (acho eu...) foi confrontar a Opus Dei com esta ascensão de um jesuíta ao lugar mais cimeiro da Igreja Católica. Era capaz de ser interessante. Digo eu, não sei...

5. Profunda (para não dizer outra coisa) a frase de Assunção Esteves a propósito da eleição de Francisco I : "A escolha do novo Papa traduz o sinal de uma nova geografia do pensamento". Aguardo ansioso um livro de citações da simpática presidente da Assembleia da República...

6. Em Cascais existe um vereador do CDS que, apesar de aparecer nos cartazes do movimento independente que se perfila para concorrer às próximas autárquicas, esqueceu-se de renunciar ao cargo ou, pelo menos, aos pelouros que ocupa. No mínimo extraordinário, para não dizer triste...

7. Também em Cascais, o ex-ministro Mário Lino "deu uma" de actor. E pior: houve quem aplaudisse!

8. Alguém me consegue explicar exactamente o que é que fazia (ou fez) o actual governador do Banco de Portugal enquanto director do BCP? É que não sei porquê, mas achei um bocado atabalhoadas as declarações de Carlos Costa sobre as "off shores" no âmbito do processo que está a decorrer e em que é testemunha...

9. Ao ler a entrevista do director do "Correio da Manhã" e agora também da sua TV à revista do "Sol", lembrei-me daquela piada sobre os argentinos - "o melhor negócio do mundo é comprar um argentino pelo preço que ele vale e vendê-lo pelo preço que ele pensa valer". Porquê? aqui ficam algumas frases da referida entrevista... "Tenho uma garrafa de champanhe à espera da liderança (das audiências televisivas)"; "fui o melhor atleta do Barreirense desde os três anos até aos 12(...)"; "Se o meu caminho (como futebolista) tivesse sido linear teria ido para o Benfica"; "tocámos nós, o primeiro produtor dos U2 e a Laurie Anderson, mas nós fomos o grande sucesso", sobre um concerto dado no Forum Picoas por uma banda de que fez parte; "(...) acho que levei para a RTP conceitos estéticos inovadores"; "embora tenha feito um excelente lugar (como assessor do ministro Couto dos Santos)..."; "em 94/95  (a TVI) começamos a melhorar (...) é quando compramos séries de culto (...) e eu faço alguns formatos esteticamente arrojados(...)"; e "quando cheguei (ao 'Correio da Manhã') o líder era o 'JN' (..:) e o João Marcelino veio à sala de reuniões dizer que o objectivo era chegar aos 100 mil (...) eu pego no 'JN' e digo 'e ultrapassar estes senhores' (...) o João olha para mim como se eu estivesse maluco, mas ultrapassámos".

10. A SIC noticia, com grande destaque, que ministra Assunção Cristas nomeou dois antigos colegas na Faculdade de Direito de Lisboa para cargos superiores no âmbito do seu ministério. Mas qual é o problema? Se tivessem estudado na Católica ou na Lusíada, as nomeações deixavam de ser polémicas?!

11. Depois de ter citado Pascal numa conferência dada no antigo ISEF, Jorge Jesus não deixa os seus créditos por mãos alheias. Esta foi agora mesmo: "Só vêem a parte da frente da árvore, não vêem a parte de trás".

quarta-feira, 13 de março de 2013

O democrata


NO DIA 31 de Janeiro de 1961, ou seja há pouco mais de meio-século, 61 oposicionistas ao regime de Salazar subscreveram o chamado "Programa para a Democratização da República", um documento cuja divulgação provocou uma pronta guia-de-marcha para a António Maria Cardoso de vários dos seus promotores e subscritores, onde os esperava um inevitável interrogatório na sede da PIDE ou a condução aos célebres "curros" do Aljube. Cinquenta e um anos depois, em 2013, seis dezenas de cidadãos preocupados com o caminho que, na opinião deles, o regime democrático trilha lançou agora o "Manifesto pela Democratização do Regime" e que, entre outras medidas, preconiza "eleições primárias abertas nas escolhas dos candidatos a cargos políticos e a possibilidade de votar em nomes de candidatos em vez de listas para a Assembleia da República". Entre os seus subscritores, estão nomes como Manuel Maria Carrillho, Henrique Neto, Álvaro ÓrfãoEurico Tavares, Edmundo Pedro, Salgado Matos, enfim pessoas que mostram uma natural coerência com o seu percurso e com o que sempre defenderam. 
O mesmo não se pode dizer de um "democrata" que, certamente já esquecido do seu currículo no Estado Novo, surge agora - com uma desfaçatez de bradar aos céus - como subscritor deste documento. Chama-se José Veiga Simão, foi reitor nomeado por Salazar e ministro da Educação de Marcello Caetano - onde as suas práticas democráticas ficaram demonstradas à saciedade pela criação do cargo de "vigilantes", vulgo "gorilas" nas universidades. Nem se percebe como é que é possível ter tanta "lata" para assinar este manifesto, como tão-pouco se entende como os seus pares possuem uma memória tão curta...

sábado, 9 de março de 2013

Durão Barroso: quem não o conheça, que o compre...


UMA OU duas semanas depois de ter claramente metido "a pata na poça" quando resolveu alijar responsabilidades na actual situação do nosso País, Durão Barroso resolveu tentar a emendar a mão e, através de umas declarações proferidas à medida, "piscar o olho" aos seus compatriotas, como que pedindo desculpa pelas desastradas declarações sobre as "opções económicas falhadas" que teriam conduzido Portugal a esta situação. Diz agora o antigo primeiro-ministro e actual presidente da Comissão Europeia, a propósito da redução dos juros da dívida pública portuguesa: "(...)Uma óptima notícia... tudo isto é devido à notável capacidade de adaptação dos portugueses, muitas vezes implicando enormes sacrifícios". 
'Tá bem abelha...

sexta-feira, 8 de março de 2013

Cavaco... by Paula Rego



NÃO SEI se Cavaco Silva, a três anos de deixar de ser Presidente da República, já escolheu quem o imortalizará na tela que por tradição será pendurada na "Galeria dos Presidentes" no palácio de Belém. Mas uma coisa é certa: poderá, se assim o desejar, seguir as pisadas do seu antecessor e escolher a pintora Paula Rego para o retratar... Aliás, ela já o fez! Na sua última exposição ("Dame with the goat's foot and other stories") na galeria Marlborough, em Londres, a nossa mais conceituada e prestigiada pintora além-fronteiras expôs uma tela intitulada "The Last Feed" - o que traduzido literalmente para português significa "a última mamada"... - e onde surge um Cavaco Silva vestido de forma algo "apalhaçada" e em plena "função de amamentação", chamemos-lhe assim.
Curiosa é também (especialmente se tivermos em conta as declarações ainda ontem proferidas pelo Presidente da República em que este confessava "trabalhar dez horas por dia") a posição do braço (e mão) esquerdos da personagem e que nos remete a uma célebre e algo chocarreira expressão que é sinónimo de pouco ou nada fazer. Para bom entendedor...

quinta-feira, 7 de março de 2013

O sr. cardeal é que manda...


JÁ AQUI tive, por duas ou três vezes, oportunidade para dedicar outros tantos posts, a Rui Machete - essa criatura exímia em passar entre os pingos da chuva, sempre lesto a abichar pareceres e cargos e que consegue, qual rolha de cortiça, manter-se sempre à tona de água e aproveitar de feição os ventos que vão soprando. Sobre ele nunca esqueço o facto de, num determinado período, ter presidido à comissão parlamentar que investigou os perdões concedidos por Oliveira Costa quando era secretário de Estado dos Assuntos Fiscais e, posteriormente, ter presidido ao Conselho Superior do BPN. Uma coincidência, é claro...
Mas o que me leva a dedicar alguma atenção a esta criatura é a leitura que estou a fazer do livro "Mário Soares, uma vida" e onde, pela boca do próprio biografado e outros protagonistas,  são relatados dois episódios que revelam bem quem é o dr. Machete. Um prende-se com o pouco entusiasmo ("hesitação", no dizer de Alfredo Barroso, então secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros) que o então ministro da Justiça, ao invés dos seus colegas de governo, colocou na operação policial contra as FP-25; o outro, contado pelo próprio Mário Soares, quando à última hora e quase a embarcar para Roma, escutou estupefacto o  argumento do seu ministro para não o acompanhar à audiência com João Paulo II no Vaticano, revelando ter sido "proibido" (sic) pelo  cardeal-patriarca António Ribeiro, então em "guerra" com o governo chefiado por Soares a propósito da aprovação da Lei do Aborto. 
É preciso dizer mais alguma coisa de alguém que, sendo ministro, achava dever mais obediência ao cardeal patriarca que ao chefe do governo?!

quarta-feira, 6 de março de 2013

Hugo Chávez


A MORTE de Hugo Chávez transformou (ainda mais) o futuro da Venezuela numa incógnita. O seu desaparecimento físico não significa necessariamente que o país virará à direita, até porque a verdade é que ao longo dos últimos anos Chávez conseguiu triunfar em todos os pleitos eleitorais em que participou e sem que tenham existido acusações sustentadas e significativas de fraude. O grande "segredo" estará numa simples pergunta: como é que vivem hoje, depois dos governos chavistas, os venezuelanos mais pobres? Melhor ou pior? Era essa a pergunta que me fazia ontem à noite um amigo e a  resposta será certamente a "chave" da solução do que irá suceder na Venezuela nos próximos tempos...

terça-feira, 5 de março de 2013

Uma história sobre o "biógrafo"...


A PROPÓSITO do livro "Mário Soares, uma vida" que, ou muito me engano,  ainda vai fazer correr muita tinta, não resisto a lembrar uma história (a dois tempos) vivida com o agora "biógrafo" e então jornalista Joaquim Vieira, que ajuda a perceber alguns traços do  seu carácter...

*

Corria, salvo erro, o final da década de 80. Eu trabalhava na Radiogeste e foi ali, nas Amoreiras, que fui procurado por um velho conhecido – o Manolo. Há anos que não o via. Antigo motorista e segurança de Mário Soares até princípios dos anos 80, este corpulento filho de um galego de uma aldeia de Puenteareas e que há muito tinha assentado arraiais no centro da Amadora, queria falar comigo em particular. Sentámo-nos no único gabinete que existia na sede da estação e Manolo foi directo ao assunto que o trazia: andava “enrascado de massas” e há dois ou três dias atrás tinha ido falar com o Rui Mateus a pedir emprego. E então? “Contratou-me para seguir um jornalista que anda a investigar a Emaudio”, revelou-me. Quem? “O Joaquim Vieira, o do ‘Expresso’ – tens de ajudar-me!”. Confesso que fiquei sem saber o que dizer, era só o que me faltava agora andar a dar informações sobre alguém que ainda por cima que tinha sido meu colega uns anos antes e, já agora (!), a uma espécie de “espião” ao serviço de um “clã” pelo qual eu não morria propriamente de amores. Chutei mais ou menos para canto, transmiti ao meu amigo Manolo umas “preciosíssimas” informações sobre Joaquim Vieira que mais não eram que meras banalidades tipo “o gajo é de Leiria” ou “antes do 25 de Abril, baldou-se para Paris” – tudo para entretê-lo e tentar perceber até que ponto ia o “cerco”, a mando de Rui Mateus, ao então jornalista do “Expresso”. Despedimo-nos, comigo a prometer-lhe que se soubesse alguma “coisa interessante” lhe diria.
Escusado será dizer que a primeira coisa que fiz quando vi a porta do elevador da Torre 2(?) das Amoreiras fechar-se e levar o Manolo por ali abaixo foi precipitar-me para o telefone e ligar para o Joaquim Vieira e marcar um encontro “no Xenu daqui a meia-hora...” e onde o alertei para tudo o que se estava a passar, contando-lhe timtimportimtim a minha conversa com Manolo e levando-o a tomar as precauções necessárias. Recordo-me tanto do ar extremamente assustado de Vieira, bem como dos insistentes agradecimentos que me fez pelo alerta que lhe tinha levado.
Cinco ou seis anos mais tarde, se não estou enganado em 1995, tive a oportunidade de dirigir e produzir um documentário sobre Cuba. Antes de iniciar as filmagens, estabeleci um compromisso com a RTP, então dirigida pelo Adriano Cerqueira, em que a estação pública teria a prioridade no visionamento do documentário quando este estivesse finalizado e consequentemente a sua opção de compra. Ao regressar de Cuba, alguns meses mais tarde e já com António Guterres no poder, encontrei a RTP com nova direcção – o tempo era agora dos “Joaquins”, o Furtado e o Vieira. Apesar disso, para mim o compromisso de dar prioridade à televisão pública mantinha-se. Obviamente. Liguei para a 5 de Outubro, identifiquei-me junto da secretária que me atendeu, pedi para falar com Joaquim Vieira e ao fim de um ou dois minutos de espera, a senhora em causa voltou à linha: “O sr. Joaquim Vieira manda perguntar qual é o assunto...”. Não quis acreditar: “Desculpe...”. E a funcionária repetiu: “O sr. Joaquim Vieira manda perguntar qual é o assunto...”. Demorei alguns segundos a responder, mas respondi: “Minha senhora... o assunto era um, mas agora passou a ser outro. Peço-lhe imensa desculpa, mas agradecia-lhe que transmitisse da minha parte ao sr. Joaquim Vieira para ir à merda”. 
Nunca mais esqueci esta(s) história(s). Nem nunca mais falei a esse sujeito...

segunda-feira, 4 de março de 2013

"O banqueiro indignado" by José Ferreira Fernandes



Os reformados já tinham uma organização, APRE! (Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados), e amanhã será fundada outra, o MRI. Eu teria preferido CHIÇA!, uma interjeição ainda mais dura, embora admita que fosse difícil encontrar uma palavra com a letra inicial Ç. Mas o momento é de abandonar as interjeições e ir pela explicação por extenso do estado de alma dos associados: MRI quer dizer Movimento dos Reformados Indignados. Ora este MRI - não é de mais repeti-lo: Movimento dos Reformados Indignados - vai ser presidido por Filipe Pinhal, ex-presidente de banco (BCP) e atual beneficiário de uma reforma de 70 mil euros mensais. É um pouco como se a Diana Chaves se tornasse tesoureira da Associação das Feias de Portugal. Ao "ai aguenta, aguenta!" de um banqueiro, ontem, responde, amanhã, um ex-banqueiro que não aguenta. Pôr um ex-presidente de banco que ainda há meses foi condenado a pagar multas de 800 mil euros por deslizes financeiros a liderar pensionistas que tiveram cortes nas reformas de 1350 euros é contradição das boas, capaz de gerar unidade nacional. Estamos todos no mesmo barco da indignação: do banqueiro ao cabouqueiro. Que este, por razões egoístas e prosaicas - ganha pouco - se indigne, não merece duas linhas de crónica. Admirável é o outro, que apesar de ter um milhão por ano de reforma ainda se indigna. O único contra que vejo é irrelevante: faz-me desconfiar de tanta unanimidade”.

                                                                                                                                        in DN, 4.03.2013