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domingo, 29 de novembro de 2009

E será que ainda vai ajudar mais...?

"O CDS ajudou o governo a cumprir a promessa eleitoral de não aumentar os impostos"

Paulo Portas

Um fotógrafo chamado... Fidel


PARA QUEM, como eu, não perde nada que tenha a ver com Cuba e com Fidel Castro, assisti ontem a um extraordinário documentário, que a RTP-2 exibiu ao final do dia, sobre o fotógrafo Alberto Korda - o autor da célebre fotografia de Ernesto "Ché" Guevara que correu mundo e da qual (já agora, diga-de de passagem) ele não recebeu um único royaltie... "Kordavision", dirigido Hector Cruz Sandoval, é um documento notável que descreve de forma ímpar a vida e obra de quem soube retratar como ninguém a Revolução Cubana e aquela sua inigualável pureza inicial. E além disso, permite ver e ouvir o próprio Fidel Castro a relatar, com uma ironia e graça deliciosa, pormenores da sua primeira viagem à então União Soviética e dos encontros que então manteve com Nikita Kruschev. Como aquele em que recorda o espanto com que o líder soviético reagiu ao ver a rapidez com que máquina "Polaroid" com que Fidel - ele mesmo - fez questão de fotografar a família Kruschev, expelia a foto já revelada e tudo: "Nikita no lo creía. 'Como es posible?', perguntaba sorpreendido. Y ahí no resísti y le contesté: 'Hombre, la camera es norteamericana, qué crees...?"


Zig-zag

DE QUANDO em vez, com aquela irritante pose professoral e de pretenso "Pai da Pátria", Diogo Freitas do Amaral resolve brindar os portugueses com um "chorrilho" de lugares comuns como se fossem as mais extraordinárias e geniais reflexões sobre a Nação. Hoje, o outrora líder da direita que conseguiu, a uma velocidade quase supersónica, cruzar o espectro político-partidário e acabar na rua, lado a lado com Francisco Louçã, a urrar contra o "imperialismo norte-americano", escolheu o "Diário de Notícias" para fazer o já habitual e periódico "frete" ao seu último "patrão" político, que é como quem diz a José Sócrates e tenta colocar-se, também ele, como putativo candidato a Belém. Apoiado por quem, não se sabe - mas atendendo ao errático e sinuoso percurso de Freitas do Amaral já nem espantava que ambicionasse contar até com o suporte eleitoral do Bloco de Esquerda...

sábado, 28 de novembro de 2009

A propósito...



AINDA A propósito das alegadas ambições políticas de Henrique Granadeiro, vale a pena ler parte da descrição que, sob o título "Tanto poder à mesa" o jornal "24 Horas USA" faz de um almoço oferecido, salvo erro em 2007, pelo antigo chefe da Casa Civil do Presidente Ramalho Eanes (ainda há quem se lembre?) e que juntou meio-mundo na sua nova adega na Herdade dos Perdigões:
"Henrique Granadeiro, o presidente da Portugal Telecom, decidiu inaugurar a sua nova adega na Herdade dos Perdigões no passado domingo com pompa e circunstância. Convidou os amigos e pessoas com quem trabalha ou trabalhou para assinalar este marco da sua experiência como viticultor.
E a festa em jeito de almoço conseguiu reunir a nata da sociedade, com o poder económico e político representado ao seu mais alto nível.
Se não veja: entre os mais de 240 convidados, estavam lá os patrões do BES, Ricardo Salgado, do BPI, Fernando Ulrich, Murteira Nabo, o chefão da Galp e Joaquim Oliveira, da Control Investe (grupo dono do 24horas).
Até mesmo o primeiro-ministro José Sócrates – que levou consigo a namorada, Fernanda Câncio – Francisco Pinto Balsemão, políticos como António Guterres, Dias Loureiro ou Álvaro Barreto marcaram presença.
Mas não só. Proença de Carvalho, Miguel Horta e Costa, Patrícia Cavaco (a filha do Presidente da República) e o marido, Luís Montez, foram outros dos ilustres convidados. Tal como os directores dos dois semanários que andam agora nas bocas de toda gente: José António Saraiva, do “Sol”, e
Henrique
onteiro, do “Expresso”, levaram consigo jornalistas e sentaram- se a apenas duas mesas de distência. Grandeiro, o anfitrião, até brincou com a sua própria selecção de convidados e disse que aquela era uma festa “muito democrática (...)” .



As ambições de Granadeiro

HÁ QUEM me garanta que Henrique Granadeiro já dificilmente esconde as suas ambições políticas ao mais alto nível. Ministro? Não! Primeiro-ministro? Se fosse esse o caso, ou melhor, se o país caminhasse para um cenário de "governo de salvação nacional" ou "de iniciativa presidencial". Mas o que Granadeiro gostaria mesmo era de suceder a Cavaco Silva em Belém. Apoiado por quem? Por um consenso alargado de um "centrão" que se poderia estender até ao próprio CDS e que deixaria PSD e PS sem candidato oficial... Para isso precisaria, à partida, de três premissas: a primeira, que Cavaco não se recandidatasse; a segunda que, nesse caso, Marcelo Rebelo de Sousa liderasse os social-democratas e estivesse "impedido" de concorrer a Belém; e a terceira manter e fortalecer ainda mais as suas excelentes relações com José Sócrates. O que, diz quem sabe, é o mais fácil, dado o papel que a influente D. Fernanda Câncio tem desempenhado como "embaixadora" de Granadeiro junto do primeiro-ministro. Será que a "avalanche" de publicidade dos seus vinhos na TV e não só (com uma inusitada exposição do próprio Granadeiro) tem alguma coisa a ver com essa alegada ambição política do actual chairman da PT?

Já chega!

POSSUO HÁ muitos anos um grande apreço pessoal e profissional por Fernando Lima. Mas esse facto não me impede de esconder o quanto me surpreende e choca a "perseguição" que, a propósito do célebre "caso das escutas", o "Diário de Notícias" tem feito a alguém que foi seu director. Quanto mais não fosse por isso, o jornal (que, diga-se de passagem, é o "meu" diário) deveria ter algum decoro na abordagem que faz de todo o processo, não obviamente a nível informativo, mas no que toca aos juízos de valor que precipitadamente e sem "memória" algumas figuras (agora meteoricamente alcandoradas a "vedetas da pena", mas que curiosamente devem a Lima o seu lugar na redacção...) fazem. E estou tanto ou ou mais à vontade para escrever isso quanto tive oportunidade de, a seu tempo, criticar neste "blogue" o actual Presidente da República pelo que eu considero a sucessiva tendência que este possui na sua vida política para "sacrificar" colaboradores e amigos, sempre em nome dos seus interesses (vidé "A política do kleenex", a 24.09.2009).
E já agora, só para terminar: espero que ninguém resolva entrar na "guerra dos números", invocando comparações entre tiragens, vendas e audiências existentes durante o "consulado Lima" e o actual. É que como "velho" leitor do "Diário de Notícias" - apenas com uma breve e garanto que "sofrida" interrupção -, acho que o que considero, repito, o "meu" jornal não merecia uma coisa dessas. Para bom entendedor...

Parabéns, Zé!


COM VINTE e poucos anos, José Avillez, à frente do célebre e mítico "Tavares", passou a integrar o restrito clube dos "chefs" que podem gabar-se de serem "estrelados" pelo credível "Guia Michelin". É um prémio mais do que merecido para quem construiu sustentada e inteligentemente uma carreira sem alardes ou vaidades bacôcas. E é Cascais, mais uma vez, a triunfar em Lisboa - e ainda por cima no Chiado! Parabéns, Zé!

Pois é...

"Na altura disse que Manuela Ferreira Leite não era a pessoa indicada. Os 'credíveis' disseram que sim, que era a pessoa indicda e agora assobiam para o lado. Onde estão essas pessoas agora? Foi uma irresponsabilidade colectiva, um problema com os generais que vão saltando de líder para líder"

Pedro Santana Lopes, "I"



"Se não houvesse a Europa e ainda houvesse Forças Armadas, já teríamos tido golpes de Estado"

António Barreto, "I"

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Primeiro... um congresso!

SOU OBVIAMENTE "suspeito" na apreciação, mas a proposta de Pedro Santana Lopes expressa hoje na sua coluna do "Sol" e em que defende, antes de mais (ou seja, da realização de "directas"), um congresso extraordinário do PSD que promova a necessária reflexão sobre tudo o que se passou nos últimos anos e, simultaneamente, proceda a uma avaliação (e porque não reformulação?) das bases programáticas e a própria identidade do partido, é a única proposta sensata que se ouviu nos últimos tempos a propósito do futuro do PSD. Porque, como diz o próprio Santana Lopes, "clarificar não é escolher à pressa um novo líder"... Por muito que alguns o desejem!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A hora de Alegre

A INEVITAVIBILIDADE de uma nova candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República, agora com o apoio expresso do Partido Socialista, cresce de dia para dia - especialmente depois de, segundo corre, Jorge Sampaio ter já formalmente comunicado a José Sócrates estar "fora" dos seus horizontes envolver-se na sucessão de Cavaco. E apesar de existirem ainda significativas "bolsas de resistências" no seio dos socialistas ao nome de Alegre (especialmente os sectores mais próximos de Mário Soares) e que têm vindo a "testar" o nome de Jaime Gama, tudo leva a crer que o facto de, à partida, o poeta assegurar praticamente o "pleno" da esquerda pode conduzir Sócrates a dar "sinais" inequívocos que permitam a este anunciar a sua candidatura no final do segundo trimestre do próximo ano.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Querem "empurrar" Marcelo?

O INUSITADO afã dos chamados "barrosistas" em empurrar Marcelo Rebelo de Sousa para a "corrida" à sucessão de Manuela Ferreira Leite (nomeadamente o de José Luís Arnaut, por quem o irrequieto professor não morre propriamente de amores e a quem não perde oportunidade em referir-se-lhe em termos jocosos...) é interpretado por muitos como destinado a "abrir caminho" ao actual presidente da Comissão Europeia nas presidenciais de 2016, "encostando" Marcelo a uma hipotética liderança do PSD e afastando-o de uma candidatura a Belém. Para os defensores dessa tese, agora que Cavaco Silva já deu sinais claros que pretende recandidatar-se, ao professor (que, sintomaticamente, após a derrota do PSD nas legislativas defendeu que Ferreira Leite deveria manter-se até ao debate do Orçamento de Estado e ser ainda ela definir o apoio do partido a uma candidatura presidencial) resta-lhe esperar por 2016. E aí terá, pelo menos, um outro putativo candidato na sua área política-partidária - José Manuel Durão Barroso, cujo mandato em Bruxedlas terminará em finais de 2014, a pouco mais de um ano das eleições para a Presidência da República. "Eles sabem que Marcelo só tem 'um tiro para dar'. E se o dá agora, no PSD, dificilmente poderia vir a concorrer a Belém...", justificam os que apostam nesta tese. Será mesmo?

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Obrigado!


PORTUGAL DEVE-LHE muito mais do que alguma vez ele reclamou. Há trinta e quatro anos, a 25 de Novembro, um até então desconhecido António Ramalho Eanes teve a coragem e a decisão de pôr em prática um plano militar que, de forma eficaz, estabilizou o processo de democratização iniciado em Abril de 1974 e até então sujeito aos desvarios de uma classe política e militar mais talhada para o "folclore" e pouco imune às tentações totalitárias de quem teimava colocar o nosso País num rumo que levaria, mais tarde ou mais cedo, à inevitável guerra civil. Ramalho Eanes é sinónimo de estabilidade, de seriedade, de apego aos valores da democracia e, fundamentalmente, de uma coerência pouco vulgar na política portuguesa - é alguém que soube, ao longo de mais de três décadas, ser uma das poucas referências morais que restam na sociedade portuguesa.

O alerta de Soares dos Santos

COM APENAS duas ou três frases, o empresário Alexandre Soares dos Santos "deitou por terra" qualquer argumento em defesa do aumento da carga fiscal que foi sugerido por aquele inenarrável governador do Banco de Portugal... "A carga fiscal já é muito grande e o Governo combate a ineficiência que demonstra através da maneira mais fácil, que é aumentar os impostos. Eu nos nossos supermercados não posso aumentar os preços porque a Sonae não me deixa, e a Sonae não aumenta porque eu não deixo. Temos de resolver os nossos problemas, não com aumentos de preços, mas com aumentos de eficiência". E o "patrão" da Jerónimo Martins foi ainda mais longe, alertando para o perigo de Portugal vir "a ser corrido" da União Europeia: "Por exemplo, se o endividamento for ultrapassado..."

O conselho do dr. Soares...


"(...)permito chamar a atenção dos dirigentes e militantes do PSD para refrearem os seus descointentamentos e trabalhar pela unidade do vosso partido.Acima das "guerrilhas partidárias" está Portugal. E, repito, o PSD é necessário à nossa democracia pluralista"


Mário Soares, Diário de Notícias

A "boavistização" do PSD...

A SER verdade que Marcelo Rebelo de Sousa não avançará para a "corrida" à liderança do PSD e com o futuro que se perspectiva naquele que já foi o maior partido português, a Rua de S. Caetano arrisca a transformar-se num outro e desolador "estádio do Bessa"...

Eva Duarte


EQUIPADA A rigor ("Boca", claro que sí!), a que seria, a partir de 1945, a "Señora de Perón" ao lado do célebre futebolista argentino Bernardo Gandulla, também ele ícone da Argentina dos anos 30 e 40 e cujo apelido deu origem ao termo "gandula", usado para denominar os apanha-bolas...
(Arquivo Juan Goldín-Pagés)

domingo, 22 de novembro de 2009

Juan Carlos, 34 anos depois


HÁ TRINTA e quatro anos, Juan Carlos Alfonso Víctor María de Borbón y Borbón-Dos Sicilias assumia o trono espanhol, olhado com desconfiança pelo que restava do franquismo e pelos que sonhavam com a democratização. A ele, mas também a Adolfo Suárez e a Felipe González, deve a Espanha e os espanhóis muito do que são hoje. A questão é saber se a monarquia e o próprio Estado espanhol resistirão ao pós-Rei Juan Carlos...

Brasil... by "El País"


http://www.elpais.com/articulo/portada/Brasil/gigante/despierta/elpepusoceps/20091122elpepspor_7/Tes

Razão tinha o Rei Juan Carlos...

"Pensábamos que era un caníbal... No lo sé, quizá fue un gran nacionalista, un patriota!"

Hugo Chávez sobre Idi Amin

Jorge Ferreira


NÃO FOI por ter-me cruzado três ou quatro vezes na vida e por termos outros tantos amigos comuns, que posso dizer que conheci Jorge Ferreira. Mas embora não o conhecendo e apesar de achar que politicamente não estávamos propriamente próximos, não posso deixar de realçar a forma notável, digna e discreta (infelizmente cada dia menos habitual) como soube abandonar a primeira-fila da cena política e re(fazer) uma vida que até então tinha toda ela girado à volta dessa mesma política.

As escutas que afinal não existem...

HÁ UNS dias atrás (e pelos vistos para o espanto de muitos, dado os comentários que o meu post intitulado "Qualquer coisa não bate certo" provocou...) mostrei a minha estranheza pelas várias notícias que davam como certo e seguro o facto do vice-presidente do Millennium/BCP ter recebido 10 mil euros das mãos de um sucateiro como pagamento referente a "tráfico de influências" ou "informação privilegiada". E fi-lo porque custa-me acreditar que alguém que aufere um vencimento médio mensal como Armando Vara enquanto "número dois" do maior banco privado português pudesse pôr em causa tudo por apenas uma dezena de milhar de euros.
Passadas duas ou três semanas, sabe-se que afinal não existe qualquer escuta ou gravação que prove ou indicie que Vara tivesse recebido dinheiro do já célebre Manuel Godinho e, ao que parece, as suspeitas resumem-se a umas fotografias tiradas no decurso de uma vigilância feita ao mais famoso dos nossos sucateiros e que retratam a sua entrada num edifício do Millennium/BCP onde Vara possui gabinete com um envelope debaixo do braço e, passada uma hora, a sua saída sem o dito... A sério, não estou a brincar: é exactamente assim que, agora, os jornais relatam o que levou os investigadores a apontarem o dedo ao antigo ministro de Guterres!
Volto a escrever o que escrevi a 29 do mês passado relativamente a este "episódio" dos 10 mil euros e a Armando Vara: "Não conheço a pessoa em causa, ao longo dos anos foi mais o que nos separou do que nos uniu, mas acho que há aqui qualquer coisa que não bate certo. Este país começa a cheirar (mesmo) mal...".



Il Divo


RETRATA DE forma soberba o poder e influência que, ao longo de décadas, Giulio Andreotti possuiu na cena política italiana. Dirigido pelo realizador Paolo Sorrentino, premiado em Cannes, "Il Divo" é um filme a não perder, especialmente neste momento em que a "italianização" começa a ser um tema recorrente na política portuguesa e onde uma frase proferida por Andreotti dá para pensar (e sorrir...): "Para crescer, uma árvore precisa de estrume"...

sábado, 21 de novembro de 2009

Uff! (ou do mal o menos...)

"Marcelo (...) só está à espera que Ferreira Leite saia"

Título do jornal "I"

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Um partido à deriva

É CURIOSO o silêncio que se abateu sobre a sucessão de Manuela Ferreira Leite à frente do PSD. Após um frenético desfilar de pré-candidaturas, de múltiplas movimentações em tudo o que era bar e restaurante de hotel de cinco estrelas por essa Lisboa fora, eis que repentina e aparentemente o tema deixou de estar no centro das atenções, não só do "planeta laranja" mas da própria agenda jornalística. Enquanto isso, o partido vai sendo liderado na prática pela dupla formada pela fragilizada Manuela Ferreira Leite e por um politicamente insignificante José Pedro Aguiar Branco, com este último ainda a sonhar que poderá chegar a sua hora em sentar-se no principal cadeirão da Rua de S.Caetano à Lapa. Valha-nos Deus!

Uma simples pergunta...


SOB o título "O que pensará hoje Cavaco Silva, que há uns anos falava da boa e da má moeda?", Pedro Santana Lopes escreve um excelente artigo na sua habitual coluna no semanário "Sol" e que não resisto a transcrever:

"Face ao que se vem passando em Portugal, compreenderão que muitas vezes sinta alguma curiosidade sobre o que pensará e sentirá o Presidente Cavaco Silva que, aqui há anos, defendeu que a boa moeda tinha de substituir a má moeda.

Perante o estado a que chegou o país – e que atinge o Presidente da República nos seus níveis de popularidade –, o que pensará a pessoa que entendeu que era precisa ‘moeda’ bem diferente da que existia quando escreveu o célebre artigo?

Tenho esta curiosidade – e não mudei a minha opinião de que, apesar de tudo, é um conforto ter uma pessoa com a honradez e o sentido de responsabilidade de Cavaco Silva na chefia do Estado.

Só que tudo o que se passa vai exigir, nos próximos tempos, muita firmeza política da sua parte. Como Presidente e como eventual candidato. Não é só o centro-direita que precisa de um Presidente que garanta ordem e rectidão, e que crie as condições políticas para Portugal poder recuperar e progredir. Será Cavaco Silva a protagonizar esse caminho? Já faltará pouco para se saber a decisão.

É essencial que, qualquer que seja o candidato, assuma posições claras sobre os tais temas imperativos de que falei na semana passada e que justificam a tal conferência nacional que referi.

Quase tudo deve mudar, a começar por normas do sistema de Governo e do sistema eleitoral, passando pela Justiça, pela Segurança Social, pela comunicação social.

No sistema de Governo, por exemplo, das duas, uma: ou se limita o poder presidencial de dissolução do Parlamento – ou então, como em França, dá-se ao Presidente da República o direito de presidir ao Conselho de Ministros quando o entender (actualmente, só o pode fazer se o primeiro-ministro o solicitar).

No sistema eleitoral, deve pensar-se na introdução de círculos uninominais ponderados com um círculo nacional proporcional, para além da redução do número de deputados.

No sistema de Justiça, reformar profundamente o regime do segredo de Justiça.

Na comunicação social, reforçar as garantias do pluralismo e prever incompatibilidades éticas.

Na Segurança Social, requacionar, entre outras coisas, o direito ao 14.º mês para as pessoas de rendimentos mais elevados.

É impossível a situação nacional continuar como está. Tal como é insustentável o Estado Providência, em geral, continuar com as responsabilidades que ainda lhe cabem.

Portugal tem novamente pela frente um duro caminho para o reequilíbrio financeiro. Só que a paciência dos portugueses é menor – porque já fizeram vários caminhos desses e tudo volta sempre ao mesmo. Vai ser muito exigente. E repito: só um Governo de salvação nacional o poderá fazer."

A necessidade de novos actores

É PRATICAMENTE inquestionável que este regime, nesta "forma" e com estes "protagonistas" está a dar as últimas, com o seu "prazo de validade" a esgotar-se de dia para dia. A descredibilização da actual classe política perante a sociedade é visível e a necessidade do surgimento de novas "caras" que possam corporizar o que hoje são os valores da imensa maioria que reclama uma mudança radical na forma de fazer política torna-se indispensável. Mas, porque as circunstâncias são hoje bem distintas do que eram em 1926 ou 1974, terá de ser o próprio regime a promover a sua própria regeneração, promovendo o afastamento desta classe política onde os vícios, as cumplicidades e os interesses corporativos e pessoais imperam e se sobrepõem a tudo e criando as condições para que novos protagonistas "salvem" o que ainda resta desta democracia agonizante. Mas será que consegue?
O regime, ou melhor, o que resta dos seus "guardiões" será suficientemente inteligente para promover um refreshment que permita a uma nova "fornada" de políticos (que existem, não tenham a menor dúvida!) apresentar-se aos portugueses sem passar pelo crivo absurdo e viciado de uma "trupe" de pretensos formadores de opinião que, a seu bel-prazer e segundo as suas conveniências pessoais, escolhem quem pode e não pode protagonizar a nossa cena política? Há semanas, numa entrevista dada a Mário Crespo, o brasileiro Duda Mendonça, porventura um dos nomes mais destacados do chamado "marketing político" a nível mundial e um dos principais artífices da eleição de Lula, não escondia a sua surpresa pelo facto de, em Portugal, a televisão "jogar" um papel menor nesta "revitalização" da democracia, se comparado com o que sucede em muitos países. E comentando a dificuldade dos que, sem pertencer ao chamado establishment possuem em dirigir-se directamente e sem intermediários ao eleitorado para expor as suas ideias e projectos, chegava a afirmar : "Em Portugal, Lula ou Obama dificilmente seriam eleitos"...
Não sei se seriam, ou não, eleitos. O que sim tenho a certeza é que, por este caminho, um dia destes Portugal arrisca-se a que um qualquer Alberto João Jardim de segunda escolha "varra" o país de norte a sul, capitalizando descontentamentos e frustrações e, a coberto de uma pretensa "moralização", alcance o poder e (aí sim...) nos empurre definitivamente para o abismo.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Coincidências...

SABE-SE HOJE, através da revista "Sábado" que um estudo "Media Monitor" indica que o desaparecido semanário "Independente", desde que publicou a primeira notícia sobre o "caso Freeport", associando o nome de José Sócrates ao estranho e célere licenciamento do empreendimento de Alcochete, sofreu uma significativa quebra de receitas de publicidade, nomeadamente com o governo a reduzir o seu investimento naquele jornal em 65 por cento, a PT 78% e a EDP em 64%. Obviamente uma coincidência...

Os energúmenos bósnios são mais energúmenos que os nossos?

FOI NO mínimo rídicula e bem reveladora da mesquinhez que tomou conta da mentalidade de muitos de nós, a forma como a generalidade dos meios de comunicação social noticiaram a presença da selecção portuguesa na Bósnia-Herzegovina. Desde a SIC-Notícias, com uma postura alarmista, a interromper a emissão para noticiar que os jogadores portugueses tinham sido insultados à chegada ao aeroporto de Sarajevo por uma "multidão de adeptos bósnios enfurecidos" (minutos mais tarde viu-se um punhado e meio de "índios", perante o sorriso e a calma dos atletas portugueses, a fazerem exactamente a mesma figura com que os energúmenos das nossas claques normalmente recebem as equipas adversárias...), até ao comentador da TVI a mal-conter a sua indignação pelo almoço que os responsáveis federativos bósnios ofereceram ao sr. Madaíl e companhia só ter-se iniciado (imaginem!) às três e meia da tarde ou pelo som dos seus auscultadores estar a ser "sabotado", ouviu-se um pouco de tudo! E o modo como foi encarado o facto dos adeptos bósnios terem assobiado o nosso hino nacional antes do início do encontro?! E o "crime de lesa-majestade" perpretado por esses mesmos adeptos que, na noite que antecedeu o encontro, lançaram dois ou três foguetes junto ao hotel onde os jogadores portugueses pernoitavam?! Alguém se lembrou de perguntar a cada um dos seleccionados quantas vezes, ao serviço dos seus clubes, lhes aconteceu exactamente o mesmo em Portugal? Era capaz de ser interessante!
E já agora, também não fazia mal nenhum nenhum lembrar que esta "terrível" estada na Bósnia não teria ocorrido se, como seria normal, a selecção portuguesa tivesse garantido o apuramento nos jogos do seu grupo, sem ter de recorrer a um "play off"...

Será que Cavaco já lê jornais?

"É importante a intervenção do Presidente para dar confiança ao sistema de justiça"

Telmo Correia, "I"

Frase

"Os gays querem casar-se de papel passado? Porreiro, pá! As grandes vítimas do Simplex (os notários) até agradecem"

Jorge Fiel, Diário de Notícias

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O paspalho ou as voltas que este País dá...

A COMISSÃO Europeia aponta os 8 por cento como a cifra para o défice das contas públicas portuguesas em 2009. O ministro Teixeira dos Santos é mais optimista e "aposta" nos sete por cento. E já agora o paspalho do dr. Constâncio desta vez não quererá "meter a colherada" no assunto e deitar cá para fora um número, daqueles que dá um jeitão a quem deve obediência? Ou já deixou de celeremente vir fazer as "suas" contas? Francamente...

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Será que, será que, será que...

AINDA RELATIVAMENTE ao post anterior e em que se refere a ausência de qualquer tomada de posição por parte do Presidente da República em face das declarações (no mínimo idiotas) do ministro Vieira da Silva... Será que alguém ficaria espantado se Cavaco Silva convocasse o primeiro-ministro a Belém e exigisse a demissão imediata do agora ministro da Economia? Será que é aceitável que um governante considere "um acto de espionagem política" a existência de escutas devidamente autorizadas por quem de direito? Será que estas minhas dúvidas não têm cabimento?

sábado, 14 de novembro de 2009

Um cúmplice chamado Cavaco Silva...

LEIO QUE uma alta figura da magistratura italiana recém-chegada a Lisboa e ao deparar-se com o ambiente que se vive na sociedade portuguesa, com este regime a definhar e a apodrecer de dia para dia, terá exclamado: "Liguei a televisão e parecia que estava em Itália!". Nada que nos surprenda, pelo menos a quem siga, nem que seja ao de leve, esta contínua e preocupante degradação das instituições e a descredibilização de grande parte dos protagonistas da nossa cena política, económica e judicial. Isto chegou a um ponto tal que existe um ministro que se permite classificar as escutas (devidamente autorizadas por quem de direito e no âmbito de uma investigação que já levou a que fossem constituídos arguidos) em que o primeiro-ministro foi "apanhado" como um acto de "espionagem política"! E tão ou mais grave que estas - no mínimo - inconcebíveis declarações de VIeira da Silva é o inacreditável e injustificável silêncio de quem, já há muito, tinha a obrigação de intervir explícita e publicamente. Esse alguém chama-se Aníbal Cavaco Silva e arrisca-se a ficar na história objectivamente como "cúmplice" consciente desta "italianização" da sociedade portuguesa...

Ah, pois está, 'tá...

"Isto está a passar todas as marcas"

José Sócrates

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Sem mínimos olímpicos...

SE É verdade (nem que seja só uma quarta parte desta embrulhada...) o que tem vindo a lume a propósito do badalado caso "Face Oculta", espera-se que, desta vez, o Presidente da República tome rapidamente uma posição pública e já agora inequívoca, por muito que isso lhe possa custar. É que já chega de assobiar para o lado (como o tem feito desde que, para a fotografia, subiu a ladeira do Palácio de Belém de mão dada com a mulher e os netinhos), sempre que qualquer coisa que faça possa condicionar a recandidatura daqui a poucos meses. Que o Presidente da República se preocupe mais com a República que com ele próprio é o mínimo que se espera... Mas já começámos a perceber que este chefe de Estado já nem os "mínimos olímpicos" possui!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Regionalização ou "retalhização"?

PARA MAL dos nossos pecados já recomeçou a discussão acerca da regionalização, com os arautos da dita cuja a tentarem, a toda a pressa, fazer aprovar (mais) um referendo sobre o tema. Numa altura em que qualquer pessoa com dois dedos de testa percebe que aqui mesmo ao lado a Espanha corre o risco de, a médio-prazo (para não dizer curto...), poder vir a pulverizar-se em quatro ou cinco estados (Catalunha, País Basco, Galiza, Baleares e até Andaluzia), eis que, presurosos e frenéticos, surgem os defensores da "retalhização" do nosso País, porventura esperançados na criação de mais uns quantos lugares de nomeação política e esquecendo o peso que Portugal, enquanto Estado-Nação, desempenharia num cenário desse tipo. Como diz alguém: será que ainda não perceberam que para que Portugal seja, ele mesmo, uma região, falta-lhe a Galiza?! Livra!

domingo, 8 de novembro de 2009

Abaixo de cão!

DE HÁ duas semanas para cá, o insuportável Luís Filipe Borges tem vindo a brindar os leitores da sua coluna na revista "Tabu" do semanário "Sol" com uma série de disparates sobre Cuba, país esse que, segundo parece, teve a infelicidade de tê-lo recentemente como visitante. O infindável número de imbecilidades que, em apenas numa página, o cavalheiro consegue escrever sobre a realidade cubana merecia justamente a outorga de um qualquer prémio que distinguisse a cabotinice e a alarvidade. Não se pede a este auto-intitulado humorista, pretenso apresentador de TV ou antigo paginador que seja um especialista sobre Cuba, a sua história e quotidiano, longe disso... O que se lhe pede, isso sim, é que antes de alinhavar as "bojardas" e dislates com que nos tem brindado, pense um bocadinho, pergunte outro tanto e, já agora, poupe-nos a ler coisas tão idiotas como aquela em que nos conta que, durante cinquenta anos e até recentemente o colombiano Juanes ter subido a um palco em Havana, nenhum cantor estrangeiro terá actuado em Cuba. Ó homem, cale-se!

Narciso Miranda e o "pecado" (dos outros)...

LEIO QUE no interior do Partido Socialista há quem teime em avançar com o processo que conduza à expulsão de Narciso Miranda e outros duzentos militantes que cometeram o "pecado" de integrar listas independentes nas últimas eleições autárquicas. No mínimo extraordinário, especialmente se nos lembrarmos em tudo o que, ao longo de mais de três décadas, o antigo presidente da Câmara Municipal de Matosinhos deu ao seu partido. De vez em quando é preciso ter alguma memória e recordar que enquanto Narciso "dava o peito às balas" nas trincheiras socialistas, os que hoje defendem ou pactuam com a sua "defenestração" entoavam hossanas aos camaradas Mao ou Stalin e rotulavam o dr. Soares de perigoso "agente da reacção" ou "lacaio do imperialismo" ou, como José Sócrates, "navegavam" em águas laranjas como aplicados e dedicados "jotinhas"...

sábado, 7 de novembro de 2009

Um excelente livro


CHAMA-SE "Angola e o fim da União Soviética" e é um livro indispensável para quem queira compreender os anos 70 e 80, mais concretamente o período final da "Guerra Fria" e a sua repercussão em África. E fica finalmente provado, através de depoimentos e documentos soviéticos agora divulgados, que os cubanos decidiram avançar para Angola sem pedir qualquer autorização a Moscovo, dando assim razão aospoucos que há muito defendiam essa tese.O jornalista José Milhazes acedeu a documentação dos arquivos russos e entrevistou veteranos de guerra, bem como altas personalidades da política soviética. Vale mesmo a pena ler!