Os comentários a este blogue serão moderados pelo autor, reservando-se o mesmo a não reproduzir aqueles que pelo seu teor sejam considerados ofensivos ou contenham linguagem grosseira.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Mocidade Maçónica ou os "aventalinhos"?


EMBORA DA fama não me livre junto de algumas pessoas, não pertenço nem ao "velhinho" Grande Oriente Lusitano nem a uma mais recente Grande Loja Legal (nem tão-pouco a qualquer outro agrupamento do género, se é que ele existe) mas confesso que sigo com alguma atenção todo o noticiário referente aos temas maçónicos, quanto mais não seja para poder "meter-me" com alguns amigos mais chegados a estas coisas do chamado' "avental"... Exactamente por deitar um olho praticamente a tudo o que aparece nos jornais sobre a Maçonaria, dei hoje por mim a abrir a boca de espanto quando li no "Sol" que uns certamente doutos e  "iluminados" dirigentes da tal Grande Loja Legal de Portugal não encontraram melhor altura para lançar uma espécie de "juventude maçónica" destinada aos rapazes dos 12 aos 21 anos que neste preciso momento em que o País só fala e especula sobre as razões que conduziram à morte de seis universitários na praia do Meco -ainda para mais quando ganha força, cada dia que passa, a tese que esses (e outros) jovens estariam envolvidos numa espécie de "seita", á imagem e semelhança do que ocorre em universidades norte-americanas.
Dizem-me que esta GLLP é dirigida por uma espécie de "troika" do chamado "bloco central", onde pontificam figuras gradas dos aparelhos do PSD e PS, caso dos socialistas Rui Paulo Figueiredo (esse mesmo, o famoso antigo assessor de Sócrates destacado para "acompanhar" as digressões de Cavaco Silva e que hoje lidera o PS em Lisboa...) e Júlio Meirinhos, que em tempos presidiu aos destinos da autarquia de Miranda do Douro, e ainda José Moreno, este um "laranja" com vasta experiência em gabinetes governamentais e que desempenha formalmente as funções de "grão-mestre". Convenhamos que para quem, até pelos seus percursos na chamada "política profissional" tinha obrigação de perceber que este podia ser o momento para tudo menos para armarem-se numa espécie de versão maçónica, masculina e lusitana da célebre Enid Blyton, vou ali e já venho... É que isto de querer fazer assim uma espécie de "Clube dos Cinco" maçónico não é um tiro no pé  - é mas é uma bazookada! E das grandes...

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Uma fraude chamada Ramos Horta

QUANDO HÁ dias o vi esparramado no  sofá de napa do modesto "salão VIP" do aeroporto de Bissau, veio-me à lembrança aquele velho ditado do "criminoso volta sempre ao local do crime". Parecia um nababo, quase que explodindo de vaidade, rodeado de algumas pessoas que aparentemente lhe bebiam as palavras como se doutas e sábias se tratassem. Falo de José Ramos Horta, possivelmente uma das maiores fraudes políticas que surgiram nas últimas décadas e que os nossos media - quase sempre inocentemente, reconheça-se... - alcandoraram a um estatuto para o qual não possui méritos, virtudes ou currículo.
E "o criminoso volta sempre ao local do crime", porquê? Porque me lembrei que praticamente há dez anos, também em Bissau, o mesmo Ramos Horta tinha-me confessado a sua indignação pela forma como tinham decorrido as eleições que tinham dado a vitória ao PAIGC, então já de Carlos Gomes Júnior, um negociante que tinha tomado o lugar dos históricos e dos combatentes daquele que foi o mais estruturado movimento independentista da chamada África portuguesa: "Isto que se passou não foram eleições, foi uma verdadeira fraude", dissera-me ele - a mim e ao Jorge Lemos Peixoto, um ou dois dias depois dos guineenses terem ido às urnas. Qual não foi o nosso espanto quando, poucas horas depois, o mesmo Ramos Horta, na sua qualidade de, salvo erro, chefe da delegação da CPLP aquelas eleições guineenses, desdobrava-se em declarações públicas elogiando a forma como tinha decorrido o acto eleitoral… Confesso que a atitude de Horta (personagem que eu conheço desde inícios dos anos 80) não me surpreendeu, até porque dias antes ele tinha passado parte de uma viagem entre Lisboa e Bissau a dizer-me o pior (mas aqui o pior é mesmo o pior…) de Xanana Gusmão e uns meses antes tinha assistido em Madrid a um dos episódios de um rocambolesco folhetim relacionado com a emissão de selos para a então futura República Democrática de Timor-Leste e onde um generoso (sublinho o "generoso"…) Albertino Figueiredo ainda hoje deve estar arrependido de ter confiado na palavra de alguém que lhe prometera o que semanas mais tarde entregou de mão beijada aos australianos.
E é este mesmo Ramos Horta, exactamente o mesmo que há dez anos tinha, em poucas horas, "validado" umas eleições que rapidamente passaram de "fraude" a "exemplares", que hoje lidera a missão das Nações Unidas num país que, à mercê dessas repentinas e estranhas mudanças de opinião, viu serem assassinados, entre outros, um chefe de Estado, dois chefes militares e uma mão-cheia de responsáveis políticos. Alguém a quem falta vergonha, que sobra descaramento e a quem a ambição norteia e preside aos seus estados de alma. É a este mesmo Ramos Horta que a chamada "comunidade internacional" (que é uma entidade vaga, inócua e que ainda ninguém entendeu bem o que de facto representa) confiou a sua representação num país que merecia certamente quem melhor e de forma mais isenta zelasse pelos seus interesses. É este Ramos Horta que, do alto de uma legitimidade mais do que duvidosa e que lhe advém de um cargo burocrático surripiado nos corredores das Nações Unidas, armado em "vice-rei" tenta pôr e dispôr do futuro de um povo ainda sujeito aos ardis, manhas e golpadas de quem apenas pretende dar largas ao seu imenso e injustificado ego.
Sejamos claros: enquanto a Guiné-Bissau estiver sujeita a quem pouco ou nada se  interessa com o bem comum de uma comunidade ávida de paz e tranquilidade, o seu futuro está hipotecado. E Ramos Horta não está lá para isso, bem antes pelo contrário. A sua estada em Bissau apenas serve para fazer os fretes que ele acha que lhe darão jeito a uma carreira internacional que ele pensa ainda poder ser auspiciosa e preparar uma "reforma" cómoda e segura. E amanhã, se as coisas voltarem à cepa torta, acreditem que o primeiro a fugir com o rabinho à seringa e a clamar a sete-ventos que nada teve a ver com a evolução das coisas será este "artista" de meia-tijela, mas que à conta das suas manhosices até já abichou (a meias, mas abichou…) um prémio Nobel da Paz. Como dizia o outro, o mundo está (de facto) perigoso!

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Nunca uma carapuça foi tão rapidamente enfiada por alguém...


SÓ QUEM não conhece minimamente Marcelo Rebelo de Sousa é que desconhecia que o professor andava verdadeiramente “à nora” para encontrar um alibi que lhe permitisse furtar-se mais uma vez a uma eternamente adiada candidatura presidencial. Se existe coisa que Marcelo sabe fazer bem é ler e interpretar sondagens, coisa que por cenários mais favoráveis que pudessem ser hipoteticamente traçados nunca lhe auguraram grande futuro nas eleições de 2016 – caso fosse candidato. Daí a notável celeridade com que ontem, poucas horas após Pedro Passos Coelho ter deixado claro na sua moção à liderança do PSD que o candidato presidencial do partido não poderia ser “um catavento de opiniões erráticas em função da mera mediatização gerada em torno do fenómeno político", Marcelo aproveitou a oferta e “tirou o cavalinho da chuva” ou, por outras palavras, rapidamente “enfiou uma carapuça” que, na teoria, tanto lhe podia ser dirigida a si como a, pelo menos, mais dois ex-líderes  social-democratas - mas não, a Marcelo deu-lhe um jeitão assumir-se como “alvo” das palavras de Passos Coelho, quando não mesmo como vítima. E vai daí, com um ar um quanto de nada blasé com umas pitadas de apoucamento e ainda alguma (surda) indignação, pôs-se de lado de uma "corrida" que há muito deixara já de ser sua, encontrando ainda maneira de atear um bocadinho mais o fogo onde, para seu gáudio pessoal, ele gostará de ver arder as ambições político-presidenciais de Durão Barroso
E a partir de agora, vai ser engraçado assistir aos comentários do irrequieto professor e na contribuição que irá dar na criação de uma alternativa sólida, credível e comparativamente vencedora como "presidenciável" nas hostes social-democratas. Como dizem os brasileiros é "pra assistir de camarote"...

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

A futura senhora embaixatriz (actualizado)


PORVENTURA ESTAREI a ser injusto, mas já me passou pela cabeça que esta demissão de Teresa Leal Coelho da vice-presidência do grupo parlamentar do PSD, alegadamente por discordar da posição assumida pelo seu partido na questão da coadopção, poderia estar também relacionada com a esperada nomeação do seu marido, actualmente a desempenhar as funções de chefe de gabinete do primeiro-ministro, para embaixador em Madrid. A chefia da missão na capital espanhola está neste momento entregue a José Tadeu Soares que está a ponto, por limite de idade, de  passar  à  chamada "disponibilidade" e obrigatoriamente por lei regressar a Lisboa. Recorde-se que Francisco Ribeiro de Menezes, com apenas 48 anos, foi algo surpreendentemente promovido a embaixador full rank no início de Dezembro último.

P.S. a 19.01.2014 - Há momentos, no seu habitual comentário na TVI, Marcelo Rebelo de Sousa resolveu revelar a acta da Comissão Política Nacional (onde tem assento Teresa Leal Coelho, que participou nessa votação) em que, por unanimidade - repito, por unanimidade - foi aprovada a opção pelo referendo. Acho que não é preciso dizer muito mais, pois não?

Durão Barroso: algumas perguntas

QUEM NÃO o conheça que o compre… Ao anunciar a sete ventos que iria oferecer o valor prémio "Carlos V" ao Liceu Camões e à associação "Cais" e a poucos meses de abandonar a presidência da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso deu o "sinal" às suas tropas (será que ainda as tem?) que está disponível para protagonizar uma candidatura presidencial daqui a dois anos - isto tão certo como dois e dois serem quatro. 
O que, convenhamos, é estranho para quem, como Durão Barroso, sempre foi tão cauteloso e soube, como poucos, interpretar os sinais com uma perspicácia e antecipação notáveis. Será que estes dez anos em Bruxelas, naqueles cinzentos e sensaborões bastidores europeus, contribuíram para que Barroso perdesse esse seu tão  certeiro instinto e essa noção da realidade? Será que Barroso não tem noção que os portugueses o associam fundamentalmente a dois factores - à sua "fuga" para Bruxelas e à forma como deixou a governação "armadilhada" a quem o sucedeu e a ser a face visível de uma "troika" que é, mal ou bem, para a esmagadora maioria dos portugueses, a causa de todos os males que o País atravessa? Será que Barroso não percebe que, mesmo dentro do seu próprio partido, não recolhe os apoios suficientes para ser mais que uma terceira ou quarta escolha como candidato oficial? Será que Barroso não entende que qualquer candidato à esquerda o "esmagaria" numa primeira volta, mesmo sendo ele o único candidato na área do centro-direita? Será que Barroso não constatou ainda que o País não lhe perdoou? Será que Barroso perdeu definitivamente a noção da realidade? Ou será que estamos todos enganados e esta oferta do valor pecuniário do prémio não teve qualquer outra intenção? 'Tá bem abelha...

Uma triste figura...


PARA SER franco, não tenho opinião suficientemente formada acerca da chamada co-adopção ou da adopção por parte de casais formado por pessoas do mesmo sexo. Mas isso não me impede de achar um verdadeiro disparate e um inenarrável e covarde alijar de responsabilidades a decisão da Assembleia da República - cuja responsabilidade cabe em grande parte à maioria parlamentar, até porque a abstenção do CDS (além de umas  "oportunas" ausências de deputados socialistas), viabilizou na prática a proposta do PSD - em querer que sejam os eleitores a referendar uma decisão sobre a qual competia única e exclusivamente aos deputados legislar. Para alguma coisa eles foram eleitos - não apenas para fazerem figura de corpo presente ou para ostentarem nos seus cartões de visita o cargo de "Deputado à Assembleia da República". É que se a moda pega, cada dia mais se justifica a pergunta "mas eles estão lá a fazer o quê?"...

Eleições europeias: a antecâmara das presidenciais?


MAIS DO que nada, a campanha e pré-campanha eleitorais para o Parlamento Europeu que terão lugar este ano em Portugal poderão servir para muitos como "balão de ensaio" para as presidenciais de 2016. Nada melhor que um teste à séria para validar, ou não, o peso de alguns nomes que podem ser daqui a dois anos e pouco "presidenciáveis" - isto especialmente à esquerda...

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Não havia necessidade...


VI, PORQUE me chamaram a atenção para tal, a prestação televisiva de Mário Crespo ontem no "Jornal das 9" da SIC Notícias frente à ministra Assunção Cristas. Chamo-lhe "prestação televisiva" porque recuso-me a considerar que naqueles vinte e tal minutos de televisão, Crespo tivesse ali desempenhado o papel de jornalista. Acredito que possa existir quem goste do estilo - eu não. Até porque o que ali me foi dado assistir não foi sequer um exemplo de "jornalismo militante", foi - isso sim - um mero exercício demagógico, de um exibicionismo desnecessário, pífio e até contraproducente por parte de quem possui um percurso e experiência profissionais que deveriam ser suficientes para, ele próprio, se poupar a um espectáculo que roçou a fronteira do ridículo. Mais: ontem à noite, Mário Crespo prestou um excelente serviço a Assunção Cristas, ao CDS e a este governo. Quer ele o tenha querido ou não...

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Arlindo Carvalho


APENAS CONHECI Arlindo Carvalho na RDP durante a sua segunda passagem pela presidência daquela casa, já em meados dos anos 90. Dele guardo a imagem de um homem de bem, sério, íntegro, respeitador da palavra dada e com um especial dom para promover e encontrar consensos. Há algumas semanas - e já não o encontrava há bastante tempo - tive o gosto de almoçar com ele e obviamente ouvi-lo sobre o caso que hoje é notícia em tudo o que é jornal. E esse encontro e essa conversa tiveram o condão de, entre outras coisas, eu não alterar num milímetro a ideia e a imagem que sempre tive de Arlindo Carvalho. Ponto final.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

A União Europeia e a Guiné-Bissau: o "barrosismo" no seu melhor


NO MESMO dia em que  manifestava a sua intenção em enviar observadores às eleições na Guiné-Bissau do próximo mês de Março, a União Europeia anunciou que iria excluir aquele país da próxima cimeira UE/África que se realizará em Abril. É o "barrosismo" (aqui à escala europeia) no seu melhor...

domingo, 12 de janeiro de 2014

Um estranho e profundo silêncio...


NÃO NUTRO particular simpatia pelo ministro Miguel Poiares Maduro. Mas isso não me impede de notar com estranheza o profundo silêncio que se fez em redor do anúncio que o mesmo fez relativamente ao fim da tutela da RTP por parte do governo. Onde estão os inúmeros arautos dessa solução que,  ao longo dos anos,  a reclamaram incessantemente e se desdobraram em artigos de opinião em tudo o que é jornal? E aqueles verdadeiros profissionais das mil e uma comissões e grupos de estudo que cada um dos governos promoveu para encontrar um novo modelo para a televisão pública - onde é que andam? Onde pára essa trupe, sempre tão afoita em desdobrar-se em declarações de bota-abaixo? Pois é... apesar de já terem passado três ou quatro dias após o governo ter anunciado que, a partir de agora, a RTP irá ser "desgovernamentalizada", criando-se as condições de independência, pluralismo e transparência há tanto exigidas à televisão pública, nenhum desses figurões veio a público dizer de sua justiça. O que, no mínimo, não deixa de ser estranho. Ou será que ficaram piursos por desta forma perderem o seu "tempo de antena" e serem obrigados a encontrar rapidamente outro "cavalo de batalha" para poderem pôr-se em bicos de pés?!

As palavras ocas de um garoteco...


O MÍNIMO que se pode dizer a alguém que justifica uma palhaçada como aquela que protagonizou no Verão passado e que pôs em risco os sacrifícios que milhões de portugueses, voluntariamente ou não, andam a fazer desde 2011, com a frase "o que tem de ser teve muito força" é que vá lamber sabão. Porque mandá-lo para abaixo de Braga é tempo perdido, porque em termos geográficos Oliveira do Bairro fica a sul dessa capital minhota. Ao menos uma vez na vida, que fosse homenzinho...

sábado, 11 de janeiro de 2014

Tirem-me daqui!!!


BASTA DAR uma olhadela na edição (digital) de hoje do "Expresso" para ficarmos verdadeiramente estarrecidos. Senão vejamos: para Paulo Portas, o CDS "está de cabeça erguida"; os cortes nas pensões, esses, vão ser definitivos;  a propósito da polémica trasladação dos restos morais de Eusébio, a diligente  directora do Panteão Nacional, uma tal de Isabel Melo, vem presurosamente assegurar que "há espaço vago junto a Aquilino e Humberto Delgado"; e como se tudo isto não chegasse - ó suprema das novidades! -   José Luís Arnaut passou a integrar um órgão de topo da Goldman Sachs. Vão-me desculpar, mas isto já começa a passar (e muito) as marcas! E pelos vistos não só cá no nosso País que se perdeu a cabeça - lá fora também...

Portas no seu melhor, que no fundo é o (seu) pior...

DESDE HÁ pelo menos três anos que faz parte dos planos Paulo Portas candidatar-se à Presidência da República em 2016. Quem minimamente lhe conhece as manhas, sabe bem que toda a sua estratégia obedecia a esse objectivo e tinha em mente corporizar uma candidatura que, embora condenada ao insucesso, lhe permitiria afirmar um peso eleitoral superior ao do seu próprio partido e "marcar" uma posição para futuras eleições presidenciais como o candidato da direita - em 2021, por exemplo.
Mas depois do caricato e penoso episódio que Portas protagonizou em pleno Verão e que quase provocou o fim da coligação governamental, seria de esperar que o actual vice-primeiro ministro tivesse o mínimo de bom senso e cumprisse um natural "período de nojo", ou seja, que afastasse do seu horizonte essa hipotética candidatura e se remetesse a algum recato em termos de ânsia de protagonismo político.  Mas não, decididamente a Portas sobra-lhe em descaramento o que lhe falta em vergonha e vai daí, em vésperas de um congresso do seu partido onde certamente fará mais uma das suas habituais rábulas para justificar o injustificável (no caso a "demissão irrevogável" que afinal não foi nem "demissão", nem "irrevogável") , fez avançar dois dos principais dirigentes do seu partido - Pires de Lima e João Almeida -  a admitirem publicamente a sua candidatura a Belém. Para quê? Para tentar desviar as atenções das justificações que se comprometeu a dar aos congressistas sobre o triste episódio que protagonizou no Verão; para testar o apoio que uma hipotética candidatura poderia colher na direita, onde alguns sectores ainda não "engoliram" esse mesmo episódio; e finalmente para "picar" tanto Marcelo Rebelo de Sousa como Pedro Santana Lopes, os dois mais fortes candidatos a protagonizar uma candidatura oficial do PSD à Presidência da República em 2016 e com quem, por razões diferentes, tem contas a ajustar. É Paulo Portas no seu melhor. Ou melhor: no seu pior!

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O lugar de Eusébio


PRONTO, LÁ vão uns quantos amigos meus ficar chateados… O Eusébio no Panteão Nacional? Acho mal. Porquê? Porque havia melhor sítio onde colocar aquele que foi e será o melhor jogador português de todos os tempos. Onde?  No próprio estádio da Luz, como me sugeria ontem um  grande e indefectível benfiquista e amigo. E onde, depois de cremado, as suas cinzas deveriam ser espalhadas sobre o relvado numa simbólica e significativa homenagem que, não tenham dúvida, seria, para além de inédita, inolvidável. Mas não, em Portugal vai-se sempre pelo mais fácil, pelo que é mais "pequenino" (desculpem o termo) e toca de, sem qualquer imaginação, quererem à força e às pressas enfiar Eusébio no Panteão só porque está lá a Amália, outro dos símbolos grandes de um Portugal quando era pequeno. 
Para mim, Eusébio merece mais do que o Panteão. E para ele, benfiquista como era (eu não sou...), ficar na sua "catedral" junto de oitenta e tantos mil consócios teria certamente muito mais significado do que compartilhar a antiga igreja de Santa Engrácia com, entre outros,  o marechal Carmona ou outros presidentes como Manuel Arriaga, Teófilo Braga ou Sidónio Pais, ou mesmo o tal escritor que, como ontem dizia o José Nuno Martins na RTP (eu ouvi, ninguém me contou…), "só escreveu dois livros" - um tal de Guerra Junqueiro.

O sacerdote, a primeira-dama e a hóstia...


UM VERDADEIRO exemplo de notável indulgência cristã, o dado por Maria Cavaco Silva ao comungar das mãos do inefável padre Vítor Melícias no final da missa de corpo presente de Eusébio. Certamente já esquecida dos tempos não muito longínquos em que, apregoando um exacerbado anti-cavaquismo militante, o frenético franciscano clamava a sete-ventos que, caso o marido da senhora fosse alguma vez eleito Presidente da República, não hesitaria em abandonar o país e desde o outro lado da fronteira, de megafone em punho, não se poupar a esforços enquanto não o visse porta fora do palácio de Belém, a primeira-dama não hesitou um segundo em precipitar-se para ser a primeira a receber a hóstia das mãos desse verdadeiro capelão-mor do regime. Uma verdadeira caixinha de surpresas, esta D. Maria!

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Mário Soares e Eusébio


CONHEÇO DESDE que nasci Mário Soares. Cresci, vendo-o, ouvindo-o, frequentando a sua casa, posso mesmo dizer que admirando-o. Cheguei, a certa altura, episodicamente, mesmo a trabalhar com ele - em finais dos anos 70. Costumo dizer, mais a sério que a brincar, que se alguma  vez fui "ista" então, sem qualquer dúvida, fui "soarista".  Por volta dos anos 80 zangámo-nos. Passámos praticamente trinta anos sem nos falarmos, ignorando-nos ostensivamente quando o acaso e a minha profissão calhava em fazer coincidir-nos nalgum lugar. Há uns anos (não muitos) voltámos - por sua iniciativa, diga-se de  passagem - a cumprimentar-nos. A partir daí, falámos, de forma quase sempre superficial, quatro ou cinco vezes e pouco mais. 
Perceberão portanto que hoje em dia sou perfeitamente "insuspeito"  no que diz respeito a Mário Soares e ao chamado "soarismo". Vem tudo isto a propósito do muito que tenho lido hoje nas redes sociais sobre as já famosas declarações que Soares proferiu de manhã quando foi confrontado pela RTP com a morte de Eusébio - declarações proferidas assim ao jeito daqueles "petardos" com que este fuzilava as redes adversárias. Foram infelizes? Foram, sim senhor! Mário Soares perdeu uma excelente oportunidade para estar calado? Perdeu, sim senhor! Escusava de ter dito uma ou outra coisa menos oportuna sobre Eusébio? Escusava, sim senhor! Mas sinceramente: acham que vale a pena aproveitar o que foi nitidamente uma gaffe para destilar tanto ódio e raiva relativamente a alguém que, por muitos defeitos que tenha (e tê-los-á certamente…), disse publicamente o que eu, em jeito de graçola, já escutei hoje mesmo a dezenas e dezenas de pessoas? E tudo isto porquê? Porque está na moda "bater" em Soares, em recordar os seus quase 90 anos e a teimosia que mostra em antes quebrar que torcer? Eu também preferia ver o Eusébio com a bola nos pés num qualquer relvado que sentado ao balcão do "Sete Mares" ou mesmo ser obrigado a negociar "presenças" em  campanhas eleitorais em troca de uns quantos euros. Desculpem lá dizer estas coisas, mas desde que ouvi o  padre Melícias comparar aquele que foi o melhor jogador português de todos os tempos a Nelson Mandela, penso que ninguém irá levar a mal...

domingo, 5 de janeiro de 2014

Eusébio da Silva Ferreira


VAGAMENTE, MAS ainda me lembro de ver jogar o Eusébio. E sempre contra a minha Académica. Como por exemplo, aquela vez no Jamor, em 1969 quando, já no prolongamento, nos tirou aquela que seria a nossa segunda "Taça". Mas o que eu me lembro bem foi ver o Maló ter sido um dos poucos a defender, em pleno estádio da Luz um penalti marcado pelo Eusébio. Penso que perdemos esse jogo por dois ou três a zero, mas a defesa que o Maló fez ao penalti do Eusébio, essa a mim ninguém me tira...

sábado, 4 de janeiro de 2014

Crónica de uma condecoração anunciada...


VRRUM, VRRUM… o Audi R8 da vedette acelera em seco no início da inclinada rampa empedrada que liga a praça do Império ao pátio dos Bichos. Popinha no ar, óculos maiores que a cara, brinquinho na orelha, o homenageado lá vai fazendo subir o bólide lentamente entre os flashes dos inúmeros fotógrafos que, do circunspecto "Expresso" à espalhafatosa "Vip" do sô Jacques, se acotovelam para captar um momento mais íntimo do casalinho que  sorri e acena sorrridente.
- "Ó filha, tu lá na tua terra podes ser muito conhecida, mas nunca foste condecorada lá pelo Puto, Putin ou lá como se chama o gajo", soltou entre dentes, para o lado, o condutor mascando sonoramente a chewing gum que o ex-cunhado lhe tinha presurosamente dado ao sair de casa.
-"Oна занимает много? Разве что в этом месяце, контракт, у вас остается только 3 Хорреев. Как только Вы знаете, у вас есть, чтобы начать платить сверхурочные …"
- "É pá, não percebo patavina dessa língua de trapos, vê lá se começas a falar protuguês, senão vais de vela. Olha que candidatas boazonas não faltam, óbiste pá?!  Raio da mulher, ó caraças…"
De repente, um estrondo faz abanar o carro. Tinha sido um paralelepípedo mais saliente  da ladeira que batera na parte debaixo e parecia ter arrancado carter e tudo à volta: "Pôrra, que isto nem lá na Madeira!", exclamou o rapaz da pôpinha, travando de supetão o bólide.
Da van que seguia atrás, saltou lesta uma rechonchuda mas ágil personagem. Lesta que é como quem diz, porque tanto a D. Dolores como a Ronalda, lançaram uns quantos impropérios pelas pisadelas que foram alvo. Mas o homem pouco se importou. O que movia o cabo Andrade - ainda que em licença sem vencimento, mas sempre em serviço "pela Lei e pela Grei" - era "tomar conta da ocorrência", "avaliar os prejuízos" e "apurar as responsabilidades". Foi exactamente isso que ele disse ao Cris ("para mim é que se fosse um filho!", aproveitou para confessar a uma jovem jornalista da "Flash" que lhe estendia o microfone no meio da confusão) que, já fora do carro, mãos nas ancas, assistia desolado e irritado ao autêntico lençol de óleo que escoria pela rampa abaixo: "E agora Andrade? E agora? Quem é que paga esta merda?!", vociferava furioso rodeado de fotógrafos e de microfones de frenéticos repórteres. O cabo Andrade cofiava o bigode, alargava o nó da gravata, abria o botão de cima da camisa das riscas largueironas, limpava com um lenço sebento o suor que lhe escorria da face e com um ar inteligente, repetia sem parar: "Está aqui um lindo serviço, está aqui aqui um lindo serviço, sim senhora…".
Descendo a rampa e irrompendo a custo perante a horda de repórteres, uma pequena criatura aproximou-se da vedette. O ex-cunhado, que entretanto também descera da van e acorrera ao local do incidente, sempre cioso da preservação da intimidade do Cris deu-lhe um "chega para lá" que estatelou o pequenote ao comprido na rampa, despachando-o em dois tempos: "Ó miúdo, vai mas é pedir autógrafos à tua tia, não chateies!". Sentado no chão, compondo o fatinho e esbracejando, a criatura insistia: "Mas eu sou o Nunes, eu sou o Nunes, eu não quero autógrafos, sou o braço-direito do senhor presidente, vim buscá-lo para levá-lo para cima…". Mas ninguém o o ouvia, pior... o pobre Nunes era autenticamente esmagado pela multidão dos repórteres que pisando-o, se colocavam a postos para fotografar a vedeta que, deixando o cabo Andrade a tomar conta da ocorrência, subia, de mão dada com a namorada, mãe, filho (coberto com um capuz do Ku-Klux-Kan), irmã Ronalda, ex-cunhado e uns quantos figurantes familiares, a rampa que o levava à porta do palácio - um cliché, aliás já visto anos atrás por aquelas bandas...
À porta do palácio aguardava-o um esfuziante Alberto João que, de copo de poncha numa mão e bandeirinha da Madeira na outra, não hesitava, enquanto se lançava num abraço furioso ao seu conterrâneo, em lançar um olhar lascivo para a D. Dolores que, momentaneamente livre do cabo Andrade e mais parecendo a versão feminina do boneco Michelin manietada numa tigresse que lhe realçava os muitos "contornos", lhe correspondia corada.
Dentro do palácio, os funcionários da Presidência entreolhavam-se boquiabertos. Nem os mais velhos, que assitiram aos mais surrealistas episódios nos loucos anos quentes de 74 e 75, alguma vez tinham visto entrar uma trupe daquelas por ali dentro: à frente a mítica vedette, de fato lustroso e popinha estilo quilha de barco ao revés; ao seu lado um "avião" (parece que "Mig"...) com umas vestes de tão ousadas que certamente iriam deixar a D. Maria à beira da apoplexia; atrás um afogueado Alberto João fazendo uns "avanços" sobre uma D. Dolores que só repetia incessantemente "olhe o cabo Andrade, presidente, olhe o cabo Andrade que ainda aparece aí..."; a seguir a maninha trauteando em espanhol o hino nacional ("Contra los cañones, marchemos, marchemos…") e de mãozinha suada e gorda dada com o sobrinho que, ainda de capuz para não ser fotografado, não parava de dar piparotes em tudo o que era móvel e bibelot dos salões presidenciais; e mais atrás o ex-cunhado liderando o grupo constituído pelos tios, primos direitos e esquerdos.
Enfim, lá chegaram ao salão dos Embaixadores, onde Aníbal António e Maria, acompanhados de parte do seu séquito, já com o pobre Nunes incorporado (ainda que de braço ao peito e cabeça enfaixada) aguardavam do outro lado formais e erectos. O  momento era solene. O chefe de protocolo do Estado, às recuas e sem deixar de fazer sucessivas vénias ao Venerando Chefe de Estado, cruzava o recinto para conduzir o homenageado ao lugar que lhe competia na cerimónia e o secretário-geral da Presidência  da República preparava-se para, livro em punho, dar voz à decisão presidencial em distinguir a vedette com o grau de Grande-Oficial da Ordem de Infante D. Henrique pelos "serviços relevantes prestados a Portugal, no País e no estrangeiro, etc. e tal". Do outro lado, os fotógrafos tomavam os seus lugares; a criancinha começava a dar alguns sinais de impaciência e a envolver-se num surdo combate de beliscões e caneladas com a tia Ronalda que teimava em impedi-lo de tirar o capuz; atrás de uma coluna, Alberto João e Dolores já mutuamente surripiavam uns prazeres um ao outro; e o ex-cunhado piscava cúmplice o olho à vedette que resolvendo mostrar um grande intimidade com o seu anfitrião lançou de um lado do salão para o outro: "Ó Presidente, você continua com bom aspecto, hombre!".
Ainda Aníbal António mal tinha acabado de escutar o tratamento que o homenageado lhe dirigia alto e bom som, eis que vendo o longo cordão de fotógrafos que se estendia ao longo do salão, o "Mig" não resiste e... despindo as poucas vestes que cobriam a sua lingerie,  decide, em exclusivo mundial, apresentar as últimas novidades da Victoria Secret! Maria abre os olhos esbugalhado e desfalece nos braços do marido. Este, também tomado pela comoção, tomba nos braços do debilitado Nunes que sem encontrar onde se apoiar estatela-se, pela segunda vez em poucos minutos, desta feita com o casal presidencial em cima. Mas ninguém dá por ela, até mesmo o solícito assessor Vieira e os ajudantes de campo estavam mais interessados nas últimas novidades da casa de Ohio que propriamente nos achaques do casal da Travessa do Possolo. E o "Mig" lá continuava, da esquerda para a direita, da direita para a esquerda, parando, posando, relegando para segundo plano tudo e todos, seu "par" incluído… Mas este apesar de tudo tentava aproveitar o momento e chamar ainda algumas atenções sobre si, repetindo sem cessar às jornalistas que sofregamente lhe bebiam as palavras: "Vêem, vêem, eu não disse? Tem tudo o que eu procuro numa mulher, um corpo excepcional e beleza, não é preciso mais nada".
De repente, as portas do salão dos Embaixadores abriram-se de par em par com estrondo, assustando as dezenas de pessoas que o enchiam por completo. Era o cabo Andrade. Suado, cheio de óleo, já sem casaco, gravata por cima do ombro e com um ar decidido. Com voz tonitruante, daquela que até parece ter pêlos na garganta, deu dois valentes berros, que gerou o mais completo silêncio: "Quem é que manda nesta merda, pôrra?!". Assustado, ainda por debaixo de um casal presidencial ainda semi-inconscientes, o pobre Nunes (já farto de ser o bombo da festa) apontou timidamente para Aníbal António e quase sussurou: "Este…". Aí, o cabo Andrade empertigou-se, compôs a gravata, atravessou a sala e dirigindo-se a um assustado Aníbal e com voz firme, lançou: "Está detido!". Com voz de falsete e profundo acento algarvio, talvez fruto dos nervos, o mandatário ainda arriscou um tímido "porquê".  "Por danos no património privado! E acabou-se a conversa, senão ainda levas uma ensinadela". E agarrando-o pelo cachaço, quase que arrastando-o, levou-o pelo salão fora. Ao cruzar-se com o "enteado", piscou-lhe o olho e, baixinho, disse-lhe: "Vês Cris, o assunto está resolvido. Vai ser este gajo que te vai pagar o arranjo no Audi!".

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Cavaco: afinal anda "a reboque". A posteriori, mas anda...


HÁ COISAS que por muito boa vontade que se possa ter são difíceis de entender… Ontem à noite, como é habitual o Presidente da República dirigiu-se ao País na tradicional "Mensagem de Ano Novo". Contrariamente ao que seria expectável e ao que ocorreu há um ano, Cavaco Silva não referiu qualquer intenção de contribuir para fazer submeter o Orçamento do Estado, recentemente por si promulgado, a qualquer tipo de fiscalização por parte do Tribunal Constitucional - diz-se que para mostrar publicamente que não anda "a reboque" dos jornais e dos comentadores... Até aqui tudo bem, ou melhor, é uma questão que apenas e só diz respeito ao próprio Cavaco. O que não se entende e o que mostra uma falta total de senso político é a necessidade sentida de, poucas horas mais tarde e dada a autêntica "onda" de críticas e ataques  com que a sua intervenção foi recebida, uma "fonte oficial" do palácio de Belém ter sido obrigada a vir apressadamente  justificar  o facto do Presidente não ter suscitado qualquer dúvidas sobre a constitucionalidade do Orçamento do Estado com hipotéticos pareceres de juristas que teriam sido consultados por Belém nos últimos dias. 
É caso para dizer então que Cavaco pode não andar "a reboque". À priori, porque à posteriori pelos vistos estamos conversados...

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

BES: António Mexia, o candidato de Salgado?


TUDO INDICA que 2014 vai ser o chamado "ano de todas as mudanças" no grupo Espírito Santo, com a previsível substituição de Ricardo Salgado e que implicará também uma reestruturação a vários níveis que obviamente conduzirá a uma redefinição estratégica dos negócios do grupo, nomeadamente alguma da sua presença em Angola. 
Quem parece estar particularmente atento à evolução da situação interna no grupo é António Mexia cujo "ciclo" à frente da EDP parece estar perto do fim e que nunca escondeu o desejo - desde a crise do BCP, onde desempenhou um papel fundamental na solução encontrada para a crise que eclodiu em 2007, nomeadamente através de reuniões que ele próprio promoveu - regressar à área financeira, de onde é originário. Recorde-se que, entre 992 e 1998, Mexia chegou a integrar o conselho de administração do BES, antes de rumar à Galp.
A chamada "solução Mexia" (como já é hoje conhecida nos bastidores financeiros) seria a alternativa preferida por Salgado para a sua própria sucessão, algo que não lhe garante para já a unanimidade da escolha por parte da família. Um nome porém a ter (muito) em conta neste processo sucessório que não deverá passar deste ano.