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sábado, 26 de dezembro de 2009

Lu

"(...)Deixe seu pensamento viajar
Retribua um favor. Termine aquele projecto
Quebre uma rotina. Tome banho de espuma
Escreva uma lista de coisas que lhe dão prazer
Faça uma visita. Sonhe acordado
Desligue a TV e converse
Permita-se errar. Retribua uma gentileza
Escute grilos. Agradeça a Deus pelo Sol
Aceite um elogio. Perdoe-se...
Deixe que alguém cuide de você
Demonstre que está feliz
Faça alguma coisa que sempre desejou
Toque a ponta dos pés
Olhe com atenção uma flor
Só por hoje evite dizer "não posso"(...)"

Viva a imaginação!

http://www.youtube.com/results?search_query=tap+e+aeroporto+de+lisboa+ao+rubro&search_type=&aq=f

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Isto está bonito, 'tá...

"O que não sabia é que estava tão zeloso para ser porta-voz do Presidente na Assembleia da República. Há algumas semanas teria sido mais útil quando o Presidente não tinha porta-voz para a imprensa."
José Sócrates para Francisco Louçã

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Montevideo


O verdadeiro tiro pela culatra...

CONSIDERADO COMO um dos mais importantes legados da presença portuguesa em terras brasileiras, o imponente Forte Príncipe da Beira, situado em plena região amazónica e na margem do rio Guaporé, foi recentemente palco de uma cerimónia que, só por um triz, não acabou em tragédia e cujos pormenores são um segredo guardado a "sete chaves" pelo Itamaraty e pelo palácio das Necessidades, como se de um assunto de Estado se tratasse...
E tudo porque, no decurso da recepção com que as autoridades brasileiras resolveram homenagear o embaixador português em Brasília no passado dia 25 de Novembro, um dos canhões utilizados na salva de honra pura e simplesmente disparou... mas ao contrário, tendo os estilhaços do projéctil atingido alguns dos presentes, nomeadamente o embaixador João Salgueiro (ferido numa perna) e a sua mulher (Isabel Eça de Queirós), que chegou mesmo a sofrer uma fractura exposta num braço. Evacuados para Brasília num avião militar, os embaixadores portugueses ficaram internados no Hospital das Forças Armadas na capital brasileira e, algo inexplicavelmente, o caso tem sido tratado "com pinças", tanto pelas autoridades portuguesas como brasileiras.

Bem haja!


APESAR DO empenho de muitos dos amigos do saudoso Fausto Correia, a Câmara Municipal de Lisboa nunca deu qualquer passo no sentido de homenagear este destacado dirigente socialista e que, enquanto secretário de Estado da Administração Pública dos governos de António Guterres, foi o principal responsável pela criação do conceito da "Loja do Cidadão", a primeira das quais a funcionar na capital, junto à Estrada da Luz. Todas as iniciativas e sugestões que foram feitas nos últimos dois anos aos executivos liderados por António Costa esbarraram na indiferença ou no esquecimento de quem possuia - mais do que ninguém! - o dever e a obrigação de encontrar uma forma digna de perpetuar o nome de quem foi o paradigma de homem bom e generoso.
Passados mais de dois anos sobre a sua morte e perante a inércia mostrada pelos "consulados" de Costa, teve de ser Pedro Santana Lopes a tomar agora a iniciativa de propor a atribuição do nome de uma artéria da capital a Fausto Correia... Uma proposta que vai ser votada na próxima reunião do executivo camarário e que exemplifica bem como é possível fazer políitica com sentimento, urbanidade e gratidão. Bem haja!

sábado, 19 de dezembro de 2009

Anda p'raí muita gente preocupada...

"Uma pessoa pode sair de um partido. Grandes figuras do PSD já saíram e já voltaram. Eu, se sair, estou seguro de que não voltarei. Só que não tomei essa decisão porque sinto que tenho a obrigação de fazer mais um esforço para que as coisas possam mudar. E, principalmente, dizer aos meus companheiros, cara a cara, o que penso do que já aconteceu e sobre o que deve acontecer.
Entendo que é isso que me impõe a responsabilidade que tenho. Trinta e três anos de militância, colaborador de Francisco Sá Carneiro, Francisco Pinto Balsemão, Aníbal Cavaco Silva e José Manuel Durão Barroso, além de ter sido eu próprio presidente do partido, primeiro-ministro e cabeça-de-lista nas primeiras eleições para o Parlamento Europeu, entre muitas outras responsabilidades, obrigam-me a não me deixar tomar pelo desinteresse ou mesmo pela aversão."
Pedro Santana Lopes, "Sol"

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Adeus Jaime, olá Manuel?

O ACTUAL Presidente da República pode hoje ter visto a "vida a andar para trás". É que a aparente indisponibilidade de Jaime Gama em protagonizar uma candidatura socialista a Belém ("Não quero ser mais do que um simples soldado da Nação") poderá ter aberto definitivamente o caminho a Manuel Alegre como candidato oficial do PS às eleições presidenciais de Janeiro de 2011. E não é segredo para ninguém que Alegre é actualmente o mais "perigoso" adversário com que Cavaco Silva poderá defrontar-se, quanto mais não seja por ser o único que, à partida e aritmeticamente falando (desde que faça o chamado "pleno" da esquerda), poderia ganhar as eleições logo na primeira volta. Pode ser que me engane, mas "cheira-me" que o jantar agendado pelos seus apoiantes para o dia 31 de Janeiro no Porto traz "água no bico", que é como quem diz, poderá servir para que Alegre anuncie a sua decisão em voltar a entrar na "corrida" ao palácio de Belém... Será?

Para quem não gosta de levar com os pés...


Para bom entendedor...

HÁ QUEM diga que 1+1 nem sempre é igual a 2. Mas a soma de ucronia com aderito dá sempre o mesmo resultado... E ainda podemos somar macintosh winxp que não dá mesmo para errar!

Ler até ao fim!


O AUTOR deste artigo ("O palhaço") é o jornalista e pivot Mário Crespo, foi publicado na edição de hoje do "Jornal de Notícias" e não tenho qualquer dúvida em reproduzi-lo na íntegra. E abster-me de comentar, porque é dos mais notáveis textos de opinião que me foi dado ler nos últimos tempos...


"O palhaço compra empresas de alta tecnologia em Puerto Rico por milhões, vende-as em Marrocos por uma caixa de robalos e fica com o troco. E diz que não fez nada. O palhaço compra acções não cotadas e num ano consegue que rendam 147,5 por cento. E acha bem.
O palhaço escuta as conversas dos outros e diz que está a ser escutado. O palhaço é um mentiroso. O palhaço quer sempre maiorias. Absolutas. O palhaço é absoluto. O palhaço é quem nos faz abster. Ou votar em branco. Ou escrever no boletim de voto que não gostamos de palhaços. O palhaço coloca notícias nos jornais. O palhaço torna-nos descrentes. Um palhaço é igual a outro palhaço. E a outro. E são iguais entre si. O palhaço mete medo. Porque está em todo o lado. E ataca sempre que pode. E ataca sempre que o mandam. Sempre às escondidas. Seja a dar pontapés nas costas de agricultores de milho transgénico seja a desviar as atenções para os ruídos de fundo. Seja a instaurar processos. Seja a arquivar processos. Porque o palhaço é só ruído de fundo. Pagam-lhe para ser isso com fundos públicos. E ele vende-se por isso. Por qualquer preço. O palhaço é cobarde. É um cobarde impiedoso. É sempre desalmado quando espuma ofensas ou quando tapa a cara e ataca agricultores. Depois diz que não fez nada. Ou pede desculpa. O palhaço não tem vergonha. O palhaço está em comissões que tiram conclusões. Depois diz que não concluiu. E esconde-se atrás dos outros vociferando insultos. O palhaço porta-se como um labrego no Parlamento, como um boçal nos conselhos de administração e é grosseiro nas entrevistas. O palhaço está nas escolas a ensinar palhaçadas. E nos tribunais. Também. O palhaço não tem género. Por isso, para ele, o género não conta. Tem o género que o mandam ter. Ou que lhe convém. Por isso pode casar com qualquer género. E fingir que tem género. Ou que não o tem. O palhaço faz mal orçamentos. E depois rectifica-os. E diz que não dá dinheiro para desvarios. E depois dá. Porque o mandaram dar. E o palhaço cumpre. E o palhaço nacionaliza bancos e fica com o dinheiro dos depositantes. Mas deixa depositantes na rua. Sem dinheiro. A fazerem figura de palhaços pobres. O palhaço rouba. Dinheiro público. E quando se vê que roubou, quer que se diga que não roubou. Quer que se finja que não se viu nada.
Depois diz que quem viu o insulta. Porque viu o que não devia ver.
O palhaço é ruído de fundo que há-de acabar como todo o mal. Mas antes ainda vai viabilizar orçamentos e centros comerciais em cima de reservas da natureza, ocupar bancos e construir comboios que ninguém quer. Vai destruir estádios que construiu e que afinal ninguém queria. E vai fazer muito barulho com as suas pandeiretas digitais saracoteando-se em palhaçadas por comissões parlamentares, comarcas, ordens, jornais, gabinetes e presidências, conselhos e igrejas, escolas e asilos, roubando e violando porque acha que o pode fazer. Porque acha que é regimental e normal agredir violar e roubar.
E com isto o palhaço tem vindo a crescer e a ocupar espaço e a perder cada vez mais vergonha. O palhaço é inimputável. Porque não lhe tem acontecido nada desde que conseguiu uma passagem administrativa ou aprendeu o inglês dos técnicos e se tornou político. Este é o país do palhaço. Nós é que estamos a mais. E continuaremos a mais enquanto o deixarmos cá estar. A escolha é simples. Ou nós, ou o palhaço."

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Luanda


A esperança da Dra. Manuela

DE FACTO, a esperança é (mesmo) a última a morrer. Que o diga Manuela Ferreira Leite que, "sem saber ler, nem escrever", ainda se arrisca a que o País lhe caia nos braços. Pelo menos há quem defenda um cenário desse tipo, dada a alegada gravidade do teor das já famosas escutas feitas a José Sócrates e que, se divulgadas - segundo alguns - poderiam "inevitavelmente" conduzir à sua demissão - ou por motu proprio, ou por exigência presidencial... Daí esta "morrinha" que parece ter tomado conta do PSD e do "folhetim" da sucessão da antiga ministra de Cavaco. Isto há cada coisa...

E isso quer dizer o quê?

"Os partidos, quer do Governo quer da Oposição, têm vindo também a fechar-se, nas suas pequenas querelas, e a afastar-se da sociedade civil. O que é um perigo, a prazo. Não há democracia pluralista sem partidos, embora, diga-se, os partidos não esgotem a Democracia..."
Mário Soares, "DN"

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Mudam-se os tempos...


NOS PRIMÓRDIOS do telefone em Portugal, a companhia "Anglo Portuguesa Telephone" promovia o aparelho com uma frase que ficou célebre: "Não vá. Telefone!". Os anos passaram, as escutas e as suspeitas das ditas tomaram conta do quotidiano dos portugueses e hoje há quem inverta o "slogan"... Que é como diz: "Não telefone. Vá!" Et pour cause...

O post-scriptum do arquitecto

O POST-SCRIPTUM de José António Saraiva no seu último artigo no "Sol" deve ser lido com muita, mas mesmo muita, atenção. Até porque tudo indica que o arquitecto sabe bem do que fala - neste caso do que escreve. Aqui vai para quem não o leu... "O PGR, Pinto Monteiro, teve há semanas um desabafo que um jornal transformou em manchete onde dizia mais ou menos isto: 'Se for necessário para acalmar os ânimos, eu divulgo as escutas todas do 1.º-ministro'. Ora essa divulgação é impossível, como o PGR sabe, por uma razão inultrapassável: as conversas contêm linguagem imprópria, com insultos e referências desprimorosas a figuras públicas, pelo que não podem ser divulgadas. Se isso acontecesse, Sócrates seria forçado a renunciar – ou o PR teria de o demitir."

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Ping pong

"Alegre tem um pé dentro e outro fora do PS"

Mário Soares, "I", 7.12.2009

"Ele também teve um pé fora e outro dentro do PS"

Manuel Alegre, "I", 8.12.2009

Mini-ofensiva

MUITO INTERESSANTES e certamente reveladoras de uma pequena ofensiva que aí vem e obviamente dirigida ao palácio de Belém, as declarações de António Vitorino ontem na RTP reclamando uma pronta intervenção prNegritoesidencial no sentido de reafirmar a legitimidade de um governo minoritário, bem como o artigo de Mário Soares no "Diário de Notícias" de hoje onde fala de "um governo de Assembleia", a propósito da convergência que ainda na semana passada toda a oposição mostrou no Parlamento. Vamos ver como reage (ou não) Cavaco...

domingo, 6 de dezembro de 2009

Nem carne nem peixe...

"Já repararam que não há causa nenhuma que una os sociais-democratas? A esquerda é pelo aborto, o CDS é contra – e o PSD dá liberdade de voto. A esquerda é pelo casamento dos homossexuais, a direita é contra – e o PSD não tem posição. A esquerda é pela liberalização do consumo de drogas (e mesmo por alguma descriminalização de certo tráfico), o CDS é proibicionista – e o PSD tem de tudo, como na botica. O PS (e a esquerda, em geral) é a favor do Rendimento Social de Inserção, o CDS é contra – e o PSD não se sabe bem"

Pedro Santana Lopes, "Sol"

Uma solução transversal

A NECESSIDADE de, antes mais nada, o PSD levar a cabo uma profunda reflexão a todos os níveis começa a ganhar adeptos no chamado "universo laranja". A hipótese de, antes das "directas", ter lugar um congresso obviamente não electivo, mas que promova uma mais do que necessária clarificação a nível programático (e até estatutário) tem sido defendida por inúmeros dirigentes e outras figuras de destaque social-democratas, nomeadamente Francisco Pinto Balsemão, Carlos Carreiras e Pedro Santana Lopes, provando a "transversalidade" e premência dessa tese. Muito preocupados com a receptividade que a proposta para a realização de um congresso está a ter, estão Ângelo Correia e Miguel Relvas, os "ideólogos" (ou "treinadores", como quiserem...) de Pedro Passos Coelho. Pudera!

Palavras para quê?

OS SOCIALISTAS a subirem 2 pontos e o PSD a descer 2,1%. O CDS sobe ligeiramente, o Bloco e a CDU descem, também ligeiramente. São os resultados da sondagem "Expresso/Renascença". Palavras para quê?

Pensar, pensar, pensar e... estar atento!

NO MÍNIMO curiosa (para não dizer outra coisa...) o modo como José Sócrates tratou Paulo Portas em pleno Parlamento - "Porte-se com juizinho e oiça!". Dá para pensar, pensar e pensar. E estar atento ao que normalmente se chamam "sinais"...

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Chiça, que é demais!

NÃO SEI se será coincidência, mas cada vez que ligo a televisão deparo com programas sobre futebol. Mesmo para mim, que gosto, vejo e até tenho clube e tudo, já começa a ser uma verdadeira overdose ter que ouvir o Sílvio Cervan a discutir com o Zé Guilherme Aguiar e com o Dr. Dias Ferreira; noutro canal deparar-me com o Eduardo Barroso a aturar o Seara e o dr. Pôncio; e hoje levar com o APV a degladiar-se com dois Ruis - o Oliveira Costa e o Moreira. Eles são tão bons naquilo que fazem, porque é que não se deixam destas incursões no terrível e perigoso "mundo da bola"?! É que o que é demais... enjoa!

"Un asunto sensible"


NÃO É um romance, mas sim uma reportagem que investiga de uma forma verdadeiramente notável o assassinato de quatro dirigentes do "Directorio Estudiantil" cubano após o assalto ao Palácio Presidencial, ainda nos tempos de Fulgencio Baptista e mostra como o que foi conhecido como o "massacre de Humboldt, 7" é relacionado, anos mais tarde, com um ajuste de contas pós-revolução do regime de Fidel Castro com os comunistas mais ortodoxo e que conduziu à prisão domiciliária de Joaquín Ordoqui, um importante dirigente pró-soviético cubano. Intitula-se "Un asunto sensible", é escrito pelo galego Miguel Barroso, editado pela Mondadori e é uma excelente mistura de jornalismo, intriga, novela e história. Vale mesmo a pena!

Um bando de fazendeiros à beira-mar...

PARA QUEM vive em Cascais estes últimos dias puseram à prova o sistema nervoso do mais calmo dos cascalenses, tal o desmesurado novo-riquismo com que as nossas autoridades resolveram receber um bando de fazendeiros (salvo honrosas excepções, diga-se de passagem, não passava disso mesmo - de um bando de fazendeiros!) que este ano resolveu reunir-se numa sala de hotel com vista para o mar, numa reunião pomposamente denominada como "Cimeira Ibero-Americana". Ao longo de dois ou três dias, a vila Cascais foi fustigada por uma pafernália de sinais de uma liturgia do poder bacoca, desnecessária e própria de um país do terceiro-mundo, mas mesmo do fundo da tabela. Sirenes a repicar a todas as horas; caravanas de automóveis possivelmente transportando um qualquer ministro de segunda-linha da Fava Rica (perdão Costa Rica...) a originar cortes de avenidas; polícias gesticulando freneticamente e apitando de forma ininterrupta para dar passagem a um qualquer bando de "aspones" (deliciosa definição que os brasileiros encontraram para "assessores de pôrra nenhuma"!) de algum secretário de Estado guatemalteco; dois vasos de guerra postados frente à baía, possivelmente a tomarem conta do presidente de El Salvador; helicópteros de um lado para o outro a "sarnarem" o juízo a quem por aqui vai vivendo; e até (pasme-se!) uma esquadrilha de F-16 a cruzar os céus da "Linha", possivelmente pilotados pelos aviadores da nossa Força Aérea a quem são recusadas horas de treino por falta de verba para combustível... E não me venham dizer que tudo isto se justificava pelo "elevado risco de segurança" dos chefes de Estado e Governo presentes na cimeira, até porque Raul Castro e Hugo Chávez, por exemplo, não participaram nesta reunião. Resta o Rei de Espanha que por aqui viveu e que, vindo cá amiúde, nunca foi alvo de uma tão "barraqueira" e desajustada protecção...

domingo, 29 de novembro de 2009

E será que ainda vai ajudar mais...?

"O CDS ajudou o governo a cumprir a promessa eleitoral de não aumentar os impostos"

Paulo Portas

Um fotógrafo chamado... Fidel


PARA QUEM, como eu, não perde nada que tenha a ver com Cuba e com Fidel Castro, assisti ontem a um extraordinário documentário, que a RTP-2 exibiu ao final do dia, sobre o fotógrafo Alberto Korda - o autor da célebre fotografia de Ernesto "Ché" Guevara que correu mundo e da qual (já agora, diga-de de passagem) ele não recebeu um único royaltie... "Kordavision", dirigido Hector Cruz Sandoval, é um documento notável que descreve de forma ímpar a vida e obra de quem soube retratar como ninguém a Revolução Cubana e aquela sua inigualável pureza inicial. E além disso, permite ver e ouvir o próprio Fidel Castro a relatar, com uma ironia e graça deliciosa, pormenores da sua primeira viagem à então União Soviética e dos encontros que então manteve com Nikita Kruschev. Como aquele em que recorda o espanto com que o líder soviético reagiu ao ver a rapidez com que máquina "Polaroid" com que Fidel - ele mesmo - fez questão de fotografar a família Kruschev, expelia a foto já revelada e tudo: "Nikita no lo creía. 'Como es posible?', perguntaba sorpreendido. Y ahí no resísti y le contesté: 'Hombre, la camera es norteamericana, qué crees...?"


Zig-zag

DE QUANDO em vez, com aquela irritante pose professoral e de pretenso "Pai da Pátria", Diogo Freitas do Amaral resolve brindar os portugueses com um "chorrilho" de lugares comuns como se fossem as mais extraordinárias e geniais reflexões sobre a Nação. Hoje, o outrora líder da direita que conseguiu, a uma velocidade quase supersónica, cruzar o espectro político-partidário e acabar na rua, lado a lado com Francisco Louçã, a urrar contra o "imperialismo norte-americano", escolheu o "Diário de Notícias" para fazer o já habitual e periódico "frete" ao seu último "patrão" político, que é como quem diz a José Sócrates e tenta colocar-se, também ele, como putativo candidato a Belém. Apoiado por quem, não se sabe - mas atendendo ao errático e sinuoso percurso de Freitas do Amaral já nem espantava que ambicionasse contar até com o suporte eleitoral do Bloco de Esquerda...

sábado, 28 de novembro de 2009

A propósito...



AINDA A propósito das alegadas ambições políticas de Henrique Granadeiro, vale a pena ler parte da descrição que, sob o título "Tanto poder à mesa" o jornal "24 Horas USA" faz de um almoço oferecido, salvo erro em 2007, pelo antigo chefe da Casa Civil do Presidente Ramalho Eanes (ainda há quem se lembre?) e que juntou meio-mundo na sua nova adega na Herdade dos Perdigões:
"Henrique Granadeiro, o presidente da Portugal Telecom, decidiu inaugurar a sua nova adega na Herdade dos Perdigões no passado domingo com pompa e circunstância. Convidou os amigos e pessoas com quem trabalha ou trabalhou para assinalar este marco da sua experiência como viticultor.
E a festa em jeito de almoço conseguiu reunir a nata da sociedade, com o poder económico e político representado ao seu mais alto nível.
Se não veja: entre os mais de 240 convidados, estavam lá os patrões do BES, Ricardo Salgado, do BPI, Fernando Ulrich, Murteira Nabo, o chefão da Galp e Joaquim Oliveira, da Control Investe (grupo dono do 24horas).
Até mesmo o primeiro-ministro José Sócrates – que levou consigo a namorada, Fernanda Câncio – Francisco Pinto Balsemão, políticos como António Guterres, Dias Loureiro ou Álvaro Barreto marcaram presença.
Mas não só. Proença de Carvalho, Miguel Horta e Costa, Patrícia Cavaco (a filha do Presidente da República) e o marido, Luís Montez, foram outros dos ilustres convidados. Tal como os directores dos dois semanários que andam agora nas bocas de toda gente: José António Saraiva, do “Sol”, e
Henrique
onteiro, do “Expresso”, levaram consigo jornalistas e sentaram- se a apenas duas mesas de distência. Grandeiro, o anfitrião, até brincou com a sua própria selecção de convidados e disse que aquela era uma festa “muito democrática (...)” .



As ambições de Granadeiro

HÁ QUEM me garanta que Henrique Granadeiro já dificilmente esconde as suas ambições políticas ao mais alto nível. Ministro? Não! Primeiro-ministro? Se fosse esse o caso, ou melhor, se o país caminhasse para um cenário de "governo de salvação nacional" ou "de iniciativa presidencial". Mas o que Granadeiro gostaria mesmo era de suceder a Cavaco Silva em Belém. Apoiado por quem? Por um consenso alargado de um "centrão" que se poderia estender até ao próprio CDS e que deixaria PSD e PS sem candidato oficial... Para isso precisaria, à partida, de três premissas: a primeira, que Cavaco não se recandidatasse; a segunda que, nesse caso, Marcelo Rebelo de Sousa liderasse os social-democratas e estivesse "impedido" de concorrer a Belém; e a terceira manter e fortalecer ainda mais as suas excelentes relações com José Sócrates. O que, diz quem sabe, é o mais fácil, dado o papel que a influente D. Fernanda Câncio tem desempenhado como "embaixadora" de Granadeiro junto do primeiro-ministro. Será que a "avalanche" de publicidade dos seus vinhos na TV e não só (com uma inusitada exposição do próprio Granadeiro) tem alguma coisa a ver com essa alegada ambição política do actual chairman da PT?

Já chega!

POSSUO HÁ muitos anos um grande apreço pessoal e profissional por Fernando Lima. Mas esse facto não me impede de esconder o quanto me surpreende e choca a "perseguição" que, a propósito do célebre "caso das escutas", o "Diário de Notícias" tem feito a alguém que foi seu director. Quanto mais não fosse por isso, o jornal (que, diga-se de passagem, é o "meu" diário) deveria ter algum decoro na abordagem que faz de todo o processo, não obviamente a nível informativo, mas no que toca aos juízos de valor que precipitadamente e sem "memória" algumas figuras (agora meteoricamente alcandoradas a "vedetas da pena", mas que curiosamente devem a Lima o seu lugar na redacção...) fazem. E estou tanto ou ou mais à vontade para escrever isso quanto tive oportunidade de, a seu tempo, criticar neste "blogue" o actual Presidente da República pelo que eu considero a sucessiva tendência que este possui na sua vida política para "sacrificar" colaboradores e amigos, sempre em nome dos seus interesses (vidé "A política do kleenex", a 24.09.2009).
E já agora, só para terminar: espero que ninguém resolva entrar na "guerra dos números", invocando comparações entre tiragens, vendas e audiências existentes durante o "consulado Lima" e o actual. É que como "velho" leitor do "Diário de Notícias" - apenas com uma breve e garanto que "sofrida" interrupção -, acho que o que considero, repito, o "meu" jornal não merecia uma coisa dessas. Para bom entendedor...

Parabéns, Zé!


COM VINTE e poucos anos, José Avillez, à frente do célebre e mítico "Tavares", passou a integrar o restrito clube dos "chefs" que podem gabar-se de serem "estrelados" pelo credível "Guia Michelin". É um prémio mais do que merecido para quem construiu sustentada e inteligentemente uma carreira sem alardes ou vaidades bacôcas. E é Cascais, mais uma vez, a triunfar em Lisboa - e ainda por cima no Chiado! Parabéns, Zé!

Pois é...

"Na altura disse que Manuela Ferreira Leite não era a pessoa indicada. Os 'credíveis' disseram que sim, que era a pessoa indicda e agora assobiam para o lado. Onde estão essas pessoas agora? Foi uma irresponsabilidade colectiva, um problema com os generais que vão saltando de líder para líder"

Pedro Santana Lopes, "I"



"Se não houvesse a Europa e ainda houvesse Forças Armadas, já teríamos tido golpes de Estado"

António Barreto, "I"

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Primeiro... um congresso!

SOU OBVIAMENTE "suspeito" na apreciação, mas a proposta de Pedro Santana Lopes expressa hoje na sua coluna do "Sol" e em que defende, antes de mais (ou seja, da realização de "directas"), um congresso extraordinário do PSD que promova a necessária reflexão sobre tudo o que se passou nos últimos anos e, simultaneamente, proceda a uma avaliação (e porque não reformulação?) das bases programáticas e a própria identidade do partido, é a única proposta sensata que se ouviu nos últimos tempos a propósito do futuro do PSD. Porque, como diz o próprio Santana Lopes, "clarificar não é escolher à pressa um novo líder"... Por muito que alguns o desejem!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A hora de Alegre

A INEVITAVIBILIDADE de uma nova candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República, agora com o apoio expresso do Partido Socialista, cresce de dia para dia - especialmente depois de, segundo corre, Jorge Sampaio ter já formalmente comunicado a José Sócrates estar "fora" dos seus horizontes envolver-se na sucessão de Cavaco. E apesar de existirem ainda significativas "bolsas de resistências" no seio dos socialistas ao nome de Alegre (especialmente os sectores mais próximos de Mário Soares) e que têm vindo a "testar" o nome de Jaime Gama, tudo leva a crer que o facto de, à partida, o poeta assegurar praticamente o "pleno" da esquerda pode conduzir Sócrates a dar "sinais" inequívocos que permitam a este anunciar a sua candidatura no final do segundo trimestre do próximo ano.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Querem "empurrar" Marcelo?

O INUSITADO afã dos chamados "barrosistas" em empurrar Marcelo Rebelo de Sousa para a "corrida" à sucessão de Manuela Ferreira Leite (nomeadamente o de José Luís Arnaut, por quem o irrequieto professor não morre propriamente de amores e a quem não perde oportunidade em referir-se-lhe em termos jocosos...) é interpretado por muitos como destinado a "abrir caminho" ao actual presidente da Comissão Europeia nas presidenciais de 2016, "encostando" Marcelo a uma hipotética liderança do PSD e afastando-o de uma candidatura a Belém. Para os defensores dessa tese, agora que Cavaco Silva já deu sinais claros que pretende recandidatar-se, ao professor (que, sintomaticamente, após a derrota do PSD nas legislativas defendeu que Ferreira Leite deveria manter-se até ao debate do Orçamento de Estado e ser ainda ela definir o apoio do partido a uma candidatura presidencial) resta-lhe esperar por 2016. E aí terá, pelo menos, um outro putativo candidato na sua área política-partidária - José Manuel Durão Barroso, cujo mandato em Bruxedlas terminará em finais de 2014, a pouco mais de um ano das eleições para a Presidência da República. "Eles sabem que Marcelo só tem 'um tiro para dar'. E se o dá agora, no PSD, dificilmente poderia vir a concorrer a Belém...", justificam os que apostam nesta tese. Será mesmo?

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Obrigado!


PORTUGAL DEVE-LHE muito mais do que alguma vez ele reclamou. Há trinta e quatro anos, a 25 de Novembro, um até então desconhecido António Ramalho Eanes teve a coragem e a decisão de pôr em prática um plano militar que, de forma eficaz, estabilizou o processo de democratização iniciado em Abril de 1974 e até então sujeito aos desvarios de uma classe política e militar mais talhada para o "folclore" e pouco imune às tentações totalitárias de quem teimava colocar o nosso País num rumo que levaria, mais tarde ou mais cedo, à inevitável guerra civil. Ramalho Eanes é sinónimo de estabilidade, de seriedade, de apego aos valores da democracia e, fundamentalmente, de uma coerência pouco vulgar na política portuguesa - é alguém que soube, ao longo de mais de três décadas, ser uma das poucas referências morais que restam na sociedade portuguesa.

O alerta de Soares dos Santos

COM APENAS duas ou três frases, o empresário Alexandre Soares dos Santos "deitou por terra" qualquer argumento em defesa do aumento da carga fiscal que foi sugerido por aquele inenarrável governador do Banco de Portugal... "A carga fiscal já é muito grande e o Governo combate a ineficiência que demonstra através da maneira mais fácil, que é aumentar os impostos. Eu nos nossos supermercados não posso aumentar os preços porque a Sonae não me deixa, e a Sonae não aumenta porque eu não deixo. Temos de resolver os nossos problemas, não com aumentos de preços, mas com aumentos de eficiência". E o "patrão" da Jerónimo Martins foi ainda mais longe, alertando para o perigo de Portugal vir "a ser corrido" da União Europeia: "Por exemplo, se o endividamento for ultrapassado..."

O conselho do dr. Soares...


"(...)permito chamar a atenção dos dirigentes e militantes do PSD para refrearem os seus descointentamentos e trabalhar pela unidade do vosso partido.Acima das "guerrilhas partidárias" está Portugal. E, repito, o PSD é necessário à nossa democracia pluralista"


Mário Soares, Diário de Notícias

A "boavistização" do PSD...

A SER verdade que Marcelo Rebelo de Sousa não avançará para a "corrida" à liderança do PSD e com o futuro que se perspectiva naquele que já foi o maior partido português, a Rua de S. Caetano arrisca a transformar-se num outro e desolador "estádio do Bessa"...

Eva Duarte


EQUIPADA A rigor ("Boca", claro que sí!), a que seria, a partir de 1945, a "Señora de Perón" ao lado do célebre futebolista argentino Bernardo Gandulla, também ele ícone da Argentina dos anos 30 e 40 e cujo apelido deu origem ao termo "gandula", usado para denominar os apanha-bolas...
(Arquivo Juan Goldín-Pagés)

domingo, 22 de novembro de 2009

Juan Carlos, 34 anos depois


HÁ TRINTA e quatro anos, Juan Carlos Alfonso Víctor María de Borbón y Borbón-Dos Sicilias assumia o trono espanhol, olhado com desconfiança pelo que restava do franquismo e pelos que sonhavam com a democratização. A ele, mas também a Adolfo Suárez e a Felipe González, deve a Espanha e os espanhóis muito do que são hoje. A questão é saber se a monarquia e o próprio Estado espanhol resistirão ao pós-Rei Juan Carlos...

Brasil... by "El País"


http://www.elpais.com/articulo/portada/Brasil/gigante/despierta/elpepusoceps/20091122elpepspor_7/Tes

Razão tinha o Rei Juan Carlos...

"Pensábamos que era un caníbal... No lo sé, quizá fue un gran nacionalista, un patriota!"

Hugo Chávez sobre Idi Amin

Jorge Ferreira


NÃO FOI por ter-me cruzado três ou quatro vezes na vida e por termos outros tantos amigos comuns, que posso dizer que conheci Jorge Ferreira. Mas embora não o conhecendo e apesar de achar que politicamente não estávamos propriamente próximos, não posso deixar de realçar a forma notável, digna e discreta (infelizmente cada dia menos habitual) como soube abandonar a primeira-fila da cena política e re(fazer) uma vida que até então tinha toda ela girado à volta dessa mesma política.

As escutas que afinal não existem...

HÁ UNS dias atrás (e pelos vistos para o espanto de muitos, dado os comentários que o meu post intitulado "Qualquer coisa não bate certo" provocou...) mostrei a minha estranheza pelas várias notícias que davam como certo e seguro o facto do vice-presidente do Millennium/BCP ter recebido 10 mil euros das mãos de um sucateiro como pagamento referente a "tráfico de influências" ou "informação privilegiada". E fi-lo porque custa-me acreditar que alguém que aufere um vencimento médio mensal como Armando Vara enquanto "número dois" do maior banco privado português pudesse pôr em causa tudo por apenas uma dezena de milhar de euros.
Passadas duas ou três semanas, sabe-se que afinal não existe qualquer escuta ou gravação que prove ou indicie que Vara tivesse recebido dinheiro do já célebre Manuel Godinho e, ao que parece, as suspeitas resumem-se a umas fotografias tiradas no decurso de uma vigilância feita ao mais famoso dos nossos sucateiros e que retratam a sua entrada num edifício do Millennium/BCP onde Vara possui gabinete com um envelope debaixo do braço e, passada uma hora, a sua saída sem o dito... A sério, não estou a brincar: é exactamente assim que, agora, os jornais relatam o que levou os investigadores a apontarem o dedo ao antigo ministro de Guterres!
Volto a escrever o que escrevi a 29 do mês passado relativamente a este "episódio" dos 10 mil euros e a Armando Vara: "Não conheço a pessoa em causa, ao longo dos anos foi mais o que nos separou do que nos uniu, mas acho que há aqui qualquer coisa que não bate certo. Este país começa a cheirar (mesmo) mal...".



Il Divo


RETRATA DE forma soberba o poder e influência que, ao longo de décadas, Giulio Andreotti possuiu na cena política italiana. Dirigido pelo realizador Paolo Sorrentino, premiado em Cannes, "Il Divo" é um filme a não perder, especialmente neste momento em que a "italianização" começa a ser um tema recorrente na política portuguesa e onde uma frase proferida por Andreotti dá para pensar (e sorrir...): "Para crescer, uma árvore precisa de estrume"...

sábado, 21 de novembro de 2009

Uff! (ou do mal o menos...)

"Marcelo (...) só está à espera que Ferreira Leite saia"

Título do jornal "I"

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Um partido à deriva

É CURIOSO o silêncio que se abateu sobre a sucessão de Manuela Ferreira Leite à frente do PSD. Após um frenético desfilar de pré-candidaturas, de múltiplas movimentações em tudo o que era bar e restaurante de hotel de cinco estrelas por essa Lisboa fora, eis que repentina e aparentemente o tema deixou de estar no centro das atenções, não só do "planeta laranja" mas da própria agenda jornalística. Enquanto isso, o partido vai sendo liderado na prática pela dupla formada pela fragilizada Manuela Ferreira Leite e por um politicamente insignificante José Pedro Aguiar Branco, com este último ainda a sonhar que poderá chegar a sua hora em sentar-se no principal cadeirão da Rua de S.Caetano à Lapa. Valha-nos Deus!

Uma simples pergunta...


SOB o título "O que pensará hoje Cavaco Silva, que há uns anos falava da boa e da má moeda?", Pedro Santana Lopes escreve um excelente artigo na sua habitual coluna no semanário "Sol" e que não resisto a transcrever:

"Face ao que se vem passando em Portugal, compreenderão que muitas vezes sinta alguma curiosidade sobre o que pensará e sentirá o Presidente Cavaco Silva que, aqui há anos, defendeu que a boa moeda tinha de substituir a má moeda.

Perante o estado a que chegou o país – e que atinge o Presidente da República nos seus níveis de popularidade –, o que pensará a pessoa que entendeu que era precisa ‘moeda’ bem diferente da que existia quando escreveu o célebre artigo?

Tenho esta curiosidade – e não mudei a minha opinião de que, apesar de tudo, é um conforto ter uma pessoa com a honradez e o sentido de responsabilidade de Cavaco Silva na chefia do Estado.

Só que tudo o que se passa vai exigir, nos próximos tempos, muita firmeza política da sua parte. Como Presidente e como eventual candidato. Não é só o centro-direita que precisa de um Presidente que garanta ordem e rectidão, e que crie as condições políticas para Portugal poder recuperar e progredir. Será Cavaco Silva a protagonizar esse caminho? Já faltará pouco para se saber a decisão.

É essencial que, qualquer que seja o candidato, assuma posições claras sobre os tais temas imperativos de que falei na semana passada e que justificam a tal conferência nacional que referi.

Quase tudo deve mudar, a começar por normas do sistema de Governo e do sistema eleitoral, passando pela Justiça, pela Segurança Social, pela comunicação social.

No sistema de Governo, por exemplo, das duas, uma: ou se limita o poder presidencial de dissolução do Parlamento – ou então, como em França, dá-se ao Presidente da República o direito de presidir ao Conselho de Ministros quando o entender (actualmente, só o pode fazer se o primeiro-ministro o solicitar).

No sistema eleitoral, deve pensar-se na introdução de círculos uninominais ponderados com um círculo nacional proporcional, para além da redução do número de deputados.

No sistema de Justiça, reformar profundamente o regime do segredo de Justiça.

Na comunicação social, reforçar as garantias do pluralismo e prever incompatibilidades éticas.

Na Segurança Social, requacionar, entre outras coisas, o direito ao 14.º mês para as pessoas de rendimentos mais elevados.

É impossível a situação nacional continuar como está. Tal como é insustentável o Estado Providência, em geral, continuar com as responsabilidades que ainda lhe cabem.

Portugal tem novamente pela frente um duro caminho para o reequilíbrio financeiro. Só que a paciência dos portugueses é menor – porque já fizeram vários caminhos desses e tudo volta sempre ao mesmo. Vai ser muito exigente. E repito: só um Governo de salvação nacional o poderá fazer."

A necessidade de novos actores

É PRATICAMENTE inquestionável que este regime, nesta "forma" e com estes "protagonistas" está a dar as últimas, com o seu "prazo de validade" a esgotar-se de dia para dia. A descredibilização da actual classe política perante a sociedade é visível e a necessidade do surgimento de novas "caras" que possam corporizar o que hoje são os valores da imensa maioria que reclama uma mudança radical na forma de fazer política torna-se indispensável. Mas, porque as circunstâncias são hoje bem distintas do que eram em 1926 ou 1974, terá de ser o próprio regime a promover a sua própria regeneração, promovendo o afastamento desta classe política onde os vícios, as cumplicidades e os interesses corporativos e pessoais imperam e se sobrepõem a tudo e criando as condições para que novos protagonistas "salvem" o que ainda resta desta democracia agonizante. Mas será que consegue?
O regime, ou melhor, o que resta dos seus "guardiões" será suficientemente inteligente para promover um refreshment que permita a uma nova "fornada" de políticos (que existem, não tenham a menor dúvida!) apresentar-se aos portugueses sem passar pelo crivo absurdo e viciado de uma "trupe" de pretensos formadores de opinião que, a seu bel-prazer e segundo as suas conveniências pessoais, escolhem quem pode e não pode protagonizar a nossa cena política? Há semanas, numa entrevista dada a Mário Crespo, o brasileiro Duda Mendonça, porventura um dos nomes mais destacados do chamado "marketing político" a nível mundial e um dos principais artífices da eleição de Lula, não escondia a sua surpresa pelo facto de, em Portugal, a televisão "jogar" um papel menor nesta "revitalização" da democracia, se comparado com o que sucede em muitos países. E comentando a dificuldade dos que, sem pertencer ao chamado establishment possuem em dirigir-se directamente e sem intermediários ao eleitorado para expor as suas ideias e projectos, chegava a afirmar : "Em Portugal, Lula ou Obama dificilmente seriam eleitos"...
Não sei se seriam, ou não, eleitos. O que sim tenho a certeza é que, por este caminho, um dia destes Portugal arrisca-se a que um qualquer Alberto João Jardim de segunda escolha "varra" o país de norte a sul, capitalizando descontentamentos e frustrações e, a coberto de uma pretensa "moralização", alcance o poder e (aí sim...) nos empurre definitivamente para o abismo.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Coincidências...

SABE-SE HOJE, através da revista "Sábado" que um estudo "Media Monitor" indica que o desaparecido semanário "Independente", desde que publicou a primeira notícia sobre o "caso Freeport", associando o nome de José Sócrates ao estranho e célere licenciamento do empreendimento de Alcochete, sofreu uma significativa quebra de receitas de publicidade, nomeadamente com o governo a reduzir o seu investimento naquele jornal em 65 por cento, a PT 78% e a EDP em 64%. Obviamente uma coincidência...

Os energúmenos bósnios são mais energúmenos que os nossos?

FOI NO mínimo rídicula e bem reveladora da mesquinhez que tomou conta da mentalidade de muitos de nós, a forma como a generalidade dos meios de comunicação social noticiaram a presença da selecção portuguesa na Bósnia-Herzegovina. Desde a SIC-Notícias, com uma postura alarmista, a interromper a emissão para noticiar que os jogadores portugueses tinham sido insultados à chegada ao aeroporto de Sarajevo por uma "multidão de adeptos bósnios enfurecidos" (minutos mais tarde viu-se um punhado e meio de "índios", perante o sorriso e a calma dos atletas portugueses, a fazerem exactamente a mesma figura com que os energúmenos das nossas claques normalmente recebem as equipas adversárias...), até ao comentador da TVI a mal-conter a sua indignação pelo almoço que os responsáveis federativos bósnios ofereceram ao sr. Madaíl e companhia só ter-se iniciado (imaginem!) às três e meia da tarde ou pelo som dos seus auscultadores estar a ser "sabotado", ouviu-se um pouco de tudo! E o modo como foi encarado o facto dos adeptos bósnios terem assobiado o nosso hino nacional antes do início do encontro?! E o "crime de lesa-majestade" perpretado por esses mesmos adeptos que, na noite que antecedeu o encontro, lançaram dois ou três foguetes junto ao hotel onde os jogadores portugueses pernoitavam?! Alguém se lembrou de perguntar a cada um dos seleccionados quantas vezes, ao serviço dos seus clubes, lhes aconteceu exactamente o mesmo em Portugal? Era capaz de ser interessante!
E já agora, também não fazia mal nenhum nenhum lembrar que esta "terrível" estada na Bósnia não teria ocorrido se, como seria normal, a selecção portuguesa tivesse garantido o apuramento nos jogos do seu grupo, sem ter de recorrer a um "play off"...

Será que Cavaco já lê jornais?

"É importante a intervenção do Presidente para dar confiança ao sistema de justiça"

Telmo Correia, "I"

Frase

"Os gays querem casar-se de papel passado? Porreiro, pá! As grandes vítimas do Simplex (os notários) até agradecem"

Jorge Fiel, Diário de Notícias

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O paspalho ou as voltas que este País dá...

A COMISSÃO Europeia aponta os 8 por cento como a cifra para o défice das contas públicas portuguesas em 2009. O ministro Teixeira dos Santos é mais optimista e "aposta" nos sete por cento. E já agora o paspalho do dr. Constâncio desta vez não quererá "meter a colherada" no assunto e deitar cá para fora um número, daqueles que dá um jeitão a quem deve obediência? Ou já deixou de celeremente vir fazer as "suas" contas? Francamente...

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Será que, será que, será que...

AINDA RELATIVAMENTE ao post anterior e em que se refere a ausência de qualquer tomada de posição por parte do Presidente da República em face das declarações (no mínimo idiotas) do ministro Vieira da Silva... Será que alguém ficaria espantado se Cavaco Silva convocasse o primeiro-ministro a Belém e exigisse a demissão imediata do agora ministro da Economia? Será que é aceitável que um governante considere "um acto de espionagem política" a existência de escutas devidamente autorizadas por quem de direito? Será que estas minhas dúvidas não têm cabimento?

sábado, 14 de novembro de 2009

Um cúmplice chamado Cavaco Silva...

LEIO QUE uma alta figura da magistratura italiana recém-chegada a Lisboa e ao deparar-se com o ambiente que se vive na sociedade portuguesa, com este regime a definhar e a apodrecer de dia para dia, terá exclamado: "Liguei a televisão e parecia que estava em Itália!". Nada que nos surprenda, pelo menos a quem siga, nem que seja ao de leve, esta contínua e preocupante degradação das instituições e a descredibilização de grande parte dos protagonistas da nossa cena política, económica e judicial. Isto chegou a um ponto tal que existe um ministro que se permite classificar as escutas (devidamente autorizadas por quem de direito e no âmbito de uma investigação que já levou a que fossem constituídos arguidos) em que o primeiro-ministro foi "apanhado" como um acto de "espionagem política"! E tão ou mais grave que estas - no mínimo - inconcebíveis declarações de VIeira da Silva é o inacreditável e injustificável silêncio de quem, já há muito, tinha a obrigação de intervir explícita e publicamente. Esse alguém chama-se Aníbal Cavaco Silva e arrisca-se a ficar na história objectivamente como "cúmplice" consciente desta "italianização" da sociedade portuguesa...

Ah, pois está, 'tá...

"Isto está a passar todas as marcas"

José Sócrates

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Sem mínimos olímpicos...

SE É verdade (nem que seja só uma quarta parte desta embrulhada...) o que tem vindo a lume a propósito do badalado caso "Face Oculta", espera-se que, desta vez, o Presidente da República tome rapidamente uma posição pública e já agora inequívoca, por muito que isso lhe possa custar. É que já chega de assobiar para o lado (como o tem feito desde que, para a fotografia, subiu a ladeira do Palácio de Belém de mão dada com a mulher e os netinhos), sempre que qualquer coisa que faça possa condicionar a recandidatura daqui a poucos meses. Que o Presidente da República se preocupe mais com a República que com ele próprio é o mínimo que se espera... Mas já começámos a perceber que este chefe de Estado já nem os "mínimos olímpicos" possui!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Regionalização ou "retalhização"?

PARA MAL dos nossos pecados já recomeçou a discussão acerca da regionalização, com os arautos da dita cuja a tentarem, a toda a pressa, fazer aprovar (mais) um referendo sobre o tema. Numa altura em que qualquer pessoa com dois dedos de testa percebe que aqui mesmo ao lado a Espanha corre o risco de, a médio-prazo (para não dizer curto...), poder vir a pulverizar-se em quatro ou cinco estados (Catalunha, País Basco, Galiza, Baleares e até Andaluzia), eis que, presurosos e frenéticos, surgem os defensores da "retalhização" do nosso País, porventura esperançados na criação de mais uns quantos lugares de nomeação política e esquecendo o peso que Portugal, enquanto Estado-Nação, desempenharia num cenário desse tipo. Como diz alguém: será que ainda não perceberam que para que Portugal seja, ele mesmo, uma região, falta-lhe a Galiza?! Livra!

domingo, 8 de novembro de 2009

Abaixo de cão!

DE HÁ duas semanas para cá, o insuportável Luís Filipe Borges tem vindo a brindar os leitores da sua coluna na revista "Tabu" do semanário "Sol" com uma série de disparates sobre Cuba, país esse que, segundo parece, teve a infelicidade de tê-lo recentemente como visitante. O infindável número de imbecilidades que, em apenas numa página, o cavalheiro consegue escrever sobre a realidade cubana merecia justamente a outorga de um qualquer prémio que distinguisse a cabotinice e a alarvidade. Não se pede a este auto-intitulado humorista, pretenso apresentador de TV ou antigo paginador que seja um especialista sobre Cuba, a sua história e quotidiano, longe disso... O que se lhe pede, isso sim, é que antes de alinhavar as "bojardas" e dislates com que nos tem brindado, pense um bocadinho, pergunte outro tanto e, já agora, poupe-nos a ler coisas tão idiotas como aquela em que nos conta que, durante cinquenta anos e até recentemente o colombiano Juanes ter subido a um palco em Havana, nenhum cantor estrangeiro terá actuado em Cuba. Ó homem, cale-se!

Narciso Miranda e o "pecado" (dos outros)...

LEIO QUE no interior do Partido Socialista há quem teime em avançar com o processo que conduza à expulsão de Narciso Miranda e outros duzentos militantes que cometeram o "pecado" de integrar listas independentes nas últimas eleições autárquicas. No mínimo extraordinário, especialmente se nos lembrarmos em tudo o que, ao longo de mais de três décadas, o antigo presidente da Câmara Municipal de Matosinhos deu ao seu partido. De vez em quando é preciso ter alguma memória e recordar que enquanto Narciso "dava o peito às balas" nas trincheiras socialistas, os que hoje defendem ou pactuam com a sua "defenestração" entoavam hossanas aos camaradas Mao ou Stalin e rotulavam o dr. Soares de perigoso "agente da reacção" ou "lacaio do imperialismo" ou, como José Sócrates, "navegavam" em águas laranjas como aplicados e dedicados "jotinhas"...

sábado, 7 de novembro de 2009

Um excelente livro


CHAMA-SE "Angola e o fim da União Soviética" e é um livro indispensável para quem queira compreender os anos 70 e 80, mais concretamente o período final da "Guerra Fria" e a sua repercussão em África. E fica finalmente provado, através de depoimentos e documentos soviéticos agora divulgados, que os cubanos decidiram avançar para Angola sem pedir qualquer autorização a Moscovo, dando assim razão aospoucos que há muito defendiam essa tese.O jornalista José Milhazes acedeu a documentação dos arquivos russos e entrevistou veteranos de guerra, bem como altas personalidades da política soviética. Vale mesmo a pena ler!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Já é tempo!


SE FOSSE vivo, Fausto Correia faria hoje 58 anos. E nós estaríamos a "sarnar-lhe" o juízo, a fazer-lhe (ou ser alvo) de alguma das muitas partidas de que era autor ou vítima. Eu e tantos outros temos saudades do nosso "Faustinho" e ainda não perdemos a esperança de ver quem decide homenageá-lo coerentemente, dando o seu nome aquela que foi um das suas principais obras enquanto governante - a "Loja do Cidadão". Já é tempo!

Qualquer coisa que não bate certo...

QUANTO GANHARÁ mensalmente, em média, o vice-presidente do Millennium? Com prémios e bónus incluídos, 200 mil euros? 150 mil? 100 mil? Dificilmente auferirá menos... Agora alguém com dois dedos de testa acredita que Armando Vara iria receber 10 mil euros de um sucateiro como pagamento referente a "tráfico de influências" ou "informação privilegiada" ou lá o que fosse?! Não conheço a pessoa em causa, ao longo dos anos foi mais o que nos separou do que nos uniu, mas acho que há aqui qualquer coisa que não bate certo. Este país começa a cheirar (mesmo) mal...