NO SEU habitual artigo semanal no "Sol", Pedro Santana Lopes aproveitou a ocasião (e o último congresso do PSD) para relembrar passados ainda bem recentes e discorrer sobre as responsabilidade que cabem a uma certa direita na ascenção e manutenção no poder durante seis anos de José Sócrates. E convenhamos que Santana Lopes coloca o "dedo na ferida" de uma forma exemplar quando afirma que "Sócrates não se impôs sozinho, contou com a conivência, a cumplicidade, o apoio e até a admiração de muitas pessoas que hoje o excomungam". De facto, o ex-primeiro-ministro socialista só ascendeu e se manteve no poder porque, objectivamente ao seu lado estiveram figuras gradas de uma certa direita, muitos deles da chamada "direita dos negócios" - aquela direita constituída por aqueles que, quase sempre, de mão estendida e cervical dobrada, colocam à frente de qualquer valor ou ideia, os seus interesses pessoais e económicos. Curiosamente foi essa gente que foram os seus advogados, os apresentadores das sua encomiásticas biografias, os banqueiros que até ao último dia se atropelavam para apoiar publicamente as medidas que ajudaram a conduzir o País ao estado em que se encontra, os organizadores de concorridos almoços e jantares em sua honra; os que procuravam em busca do precioso e principescamente pago parecer jurídico. Foram eles - muitos deles hoje "rendidos" ao novo establishment e cujos bastidores tentam frequentar- que não hesitaram em renegar os seus pretensos ideiais e valores, colocando-se na trincheira oposta e não hesitando em "disparar" contra os que envergavam a mesma farda. Razão tinha Churchill quando, ironica e inteligentemente, explicou um dia a um jovem colaborador o funcionamento da Câmara dos Comuns: "Meu filho, do outro lado estão os adversários, mas atenção porque do nosso lado estão os nossos inimigos"...
... ou "quem não tem cão, caça com gato...", que é como quem diz, uma página e um espaço estritamente pessoal, onde também se comenta alguma actualidade, se recordam histórias de outros tempos e se tenta perceber o que está por detrás de algumas notícias...
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sexta-feira, 30 de março de 2012
Presunção e água benta...
O MARIDO da D. Judite anda imparável. Desde que recebeu o indispensável "amén" familiar para tentar ser o candidato do PSD a Lisboa, o putativo, eterno e adiado candidato ao quer que seja, veio a público, numa entrevista ao "Sol", afirmar que "ao ganhar em Sintra ( em 2001) permiti que Durão chegasse ao poder". Coitado... Pelos vistos para o dr. Seara, nesse ano nem Santana Lopes nem Rui Rio, por exemplo (e já para não falar no que ocorreu em Gaia, Coimbra, etc.) derrotaram os candidatos socialistas em Lisboa e Porto... Se a egocêntrica criatura tivesse afirmado "contribui", ainda vá que não vá - agora "permiti" é caso para dizer que uma alarvidade desse tipo afinal "só lembra ao careca"!
terça-feira, 27 de março de 2012
Pobre Seguro...
LI HÁ momentos que o inefável Lello (com dois "éles", note-se...) exortou o líder do seu partido a "rever as relações com o PSD". Começo a ter (mesmo) pena de António José Seguro, obrigado a "levar" com este e outros "cromos" que só se levam a sério... eles mesmos.
domingo, 25 de março de 2012
Chiado... by Frederico Duarte Carvalho
A LER com atenção... e já agora sem preconceito:
http://paramimtantofaz.blogspot.pt/2012/03/chiado-22-de-marco-de-2012.html
sexta-feira, 16 de março de 2012
"Tiro ao Sócrates": já cheira a mofo
NÃO POSSUO particular consideração por José Sócrates - nem política, nem pessoal, isto a acreditar nas mil e uma estórias que por aí se contam acerca do seu feitio e carácter. Porém esta insuportável moda do "tiro ao Sócrates" começa a maçar-me e só revela o lado mesquinho e invejoso que infelizmente cada dia mais caracteriza o português. A capa do "Correio da Manhã" de hoje, onde a toda a largura da página, é apregoado a sete ventos que a estada em Paris do ex-primeiro ministro lhe custa - a ele - 15 mil euros é lamentável. Lamentável porque, salvo prova em contrário e a serem verdade esses números (ou outros quaisquer outros) esse dinheiro pertence-lhe, é dele, ninguém tem rigorosamente nada a ver com quanto e como o antigo chefe do executivo gasta o o "pilim" que à partida, repito, lhe pertence. Escreva e prove o jornal em questão que esses 15 mil euros mensais têm origem ilícita, que já não está aqui quem falou. Mas até lá, desculpem- me estes anti-socráticos de última hora e que só descobriram os seus defeitos no dia em que ele deixou S. Bento (a começar numa certa "direita dos negócios" que sempre o apoiou e intermediou à sua conta...), não posso deixar de considerar, no mínimo, lamentável esta "moda", a fazer-me lembrar outra, quando em principio dos anos 70, o regime então decrépito não resistia a lançar ridículos boatos sobre supostos palácios parisienses do então exilado político Mário Soares ou sobre as fortunas que ele consumia em luxos e mordomias que nunca existiram. Por muito que custe reconhecer, convenhamos que os métodos são os mesmos, cheiram a mofo - o que mudou foram apenas as "penas" antes solícitas e obedientes, hoje talvez mais preocupadas com vendas e audiências que propriamente vassalas e obedientes, até porque vivemos num regime democrático..
Volto a repetir: provem-me que os bens de Sócrates foram obtidos de forma ilícita e eu retiro tudo o que acabei de escrever. Até lá e até porque em matérias de anti-socratismo eu sou completamente insuspeito, aqui ficam estas linhas...
Aníbal Lopes: um homem-bom
CONHECI-O EM finais dos anos 80, na velha e saudosa revista "Sábado". A imagem que guardo de Aníbal Lopes é exactamente a imagem que sempre mantive ao longo destes vinte e tantos anos: a de um homem-bom. Quem o conheceu, sabe bem quanto isso é verdade. Homem de família, extremamente chegado aos seus filhos, sempre discretamente preocupado com todos eles, Aníbal Lopes era alguém que sabia sempre ter uma palavra amável e simpática, até mesmo em momentos em que o que menos nos apetece é sermos amáveis e simpáticos. E é também essa imagem de homem-bom que, para mim, ficará sempre ligada a alguém a quem aprendi a respeitar e estimar desde o primeiro momento. Tenho muita pena, mesmo muita pena, de o ver partir...
Brasil: uma presidente búlgara
O ESTILO solitário e pouco "espaventoso" que Dilma Rousseff tem imprimido à sua governação começa a gerar algum desconforto em certos sectores da cena política brasileira, até mesmo no seio da ampla "base aliada" que a elegeu e lhe garantiu uma maioria clara no Senado e Câmara de Deputados. A pouco e pouco, Dilma começa a ser olhada com alguma desconfiança, mesmo até entre algumas facções do PT - em muito pelo seu "jeito solitário" de governar, fugindo a entendimentos e acordos que a possam comprometer e tentando impôr, contra tudo e todos, a sua opinião e ideias - o contrário de Lula que, segundo consta, já não esconde algumas críticas relativamente à sua antecessora e ao seu estilo. Sob título de "A presidente sem amigos", na sempre imprescindível página 2 do da "Folha de S.Paulo", Fernando Rodrigues escreveu anteontem um curto e incisivo texto onde, de uma forma sublime, define Dilma Rousseff como alguém que governa sem grande tendência para envolver até os seus mais próximos no processo de decisão, que no fundo "decide tudo de maneira solitária". E escreve o colunista: "Trata-se uma grande diferença (...) de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010). Era comum os presidentes pré-Dilma compartilharem suas ações políticas com um grupo decisório mais próximo. No caso de Dilma não existe tal grupo. Pelo menos, não há assessores com poder de influência para tanger a presidente para um dos lados de uma discussão sobre manejo político". E remata: "Aliás, ai de quem tentar". Metódica, extremamente organizada, pouco avessa a populismos a que o seu antecessor não resistia, Dilma começa a mostrar aos seus compatriotas a sua forte e fria costela búlgara. O que ninguém sabe é se o Brasil e principalmente o "seu" PT estão dispostos a aguentar este estilo até e depois de 2014... No fundo tudo depende da evolução do estado de saúde de Lula e, também, do resultado das eleições locais do próximo mês de Outubro, principalmente em S.Paulo e em outras grandes capitais.
Brasil: neto de peixe...
COSTUMA-SE DIZER que "filho de peixe sabe nadar". Na política brasileira, esse misto de provérbio e premonição aplica-se mais aos netos que aos próprios filhos. Veja-se o caso do actual senador Aécio Neves, neto do fugaz presidente Tancredo Neves, e que se perfila para ser o candidato da oposição nas eleições presidenciais de 2014; do neto do célebre Miguel Arraes, Eduardo Campos de seu nome, presidente do Partido Socialista Brasileiro e governador de Pernambuco reeleito com 83(!) por cento dos votos, cada vez mais apontado com candidato a "vice"na "chapa" do PT nas próximas presidenciais e tido como potencial candidato em 2018; de António Carlos Magalhães Neto ("ACM Neto"), que como o nome indica é neto do antigo "dono" da Baía e que anunciou a sua candidatura à prefeitura de Salvador este ano; do deputado Brizola Neto, descendente do folclórico Leonel Brizola e pré-indicado para ocupar o cargo de ministro de Trabalho de Dilma Rousseff; e finalmente de Jânio Quadros Neto, neto do antigo presidente do Brasil e que, após ter-se celebrizado como "anfitrião de estrelas" (foi ele que serviu de "mestre de cerimónias" de gente como Madonna, Bono, príncipes Carlos e Harry. por exemplo) confessou agora o seu deesejo de se candidatar a deputado federal.
segunda-feira, 12 de março de 2012
Havana
LEIO NO delicioso e breve livro "O nosso GG em Havana" de Pedro Juan Gutiérrez uma frase que definia a capital cubana no início dos anos 50 e que hoje ainda certamente será subscrita por quem, de facto, a conhece: "Esta cidade é uma grande puta. Seduz, hipnotisa, envolve...".
sexta-feira, 9 de março de 2012
Ganda lata!
INDEPENDEMENTE DA justeza, ou não, da acusação de "falta de lealdade" que Cavaco Silva faz (agora...) a José Sócrates, não resisto a recordar as inúmeras vezes que o actual Presidente da República protagonizou actos de profunda e incompreensível deslealdade relativamente ao partido que o "inventou" e sobre quem ele durante anos pairou qual "fantasma" - mas também da facilidade como que, ao sabor dos ventos e das suas conveniências e ambições, descartou amigos e colaboradores de sempre, revelando assim uma personalidade e carácter que não lhe concedem propriamente grande autoridade para acusar quem quer que seja de falta de lealdade... E outra coisa: se Sócrates era afinal assim tão desleal e nocivo à democracia, porque razão o Presidente da República não usou da prerrogativa que a Constituição lhe confere e pura e simplesmente não o demitiu? Será que só agora, com o antigo primeiro-ministro em Paris e sem poder permanecer em Belém após 2016, é que Cavaco descobriu que Sócrates era, também ele, "má moeda"?! Lata, de facto, é coisa que sobra lá para os lados da praça do Império...
Estão bem um para o outro...
NÃO DUVIDO, tal como afirmou Cavaco Silva, que "a falta de lealdade de Sócrates ficará na história da democracia". Mas tenho a certeza absoluta que o cinismo e o calculismo politicamente egoísta do próprio Cavaco também será um facto determinante na avaliação dos seus mandatos enquanto Presidente da República...
quarta-feira, 7 de março de 2012
Manuela Ferreira Leite por interposta pessoa...
SEGUNDO CORRE em certos meios, cresce de dia para dia a influência que a assessora Susana Toscano possui no palácio de Belém, tanto junto do próprio Presidente como da sua mulher. Com um chefe da Casa Civil com pouco peso político, a assessora para os assuntos da Educação tem vindo a ganhar um espaço próprio na entourage presidencial a ponto de, no círculo mais íntimo de Cavaco Silva, já ser conhecida como "a patroazinha". Recorde-se, a título de curiosidade, que Susana Toscano é conhecida por, desde sempre, ser o principal "braço-direito" de Manuela Ferreira Leite de quem foi adjunta, chefe de gabinete e secretária de Estado em todos os cargos governamentais que a ex-ministra ocupou ao longo dos últimos anos.
As ambições de Capucho
POR MUITO que me digam que não tem pés nem cabeça eu ligar estas sucessivas aparições e declarações públicas (e sempre algo críticas relativamente ao executivo, diga-se de passagem) de António Capucho a propósito de tudo e de nada a uma hipotética ambição presidencial do antigo autarca de Cascais, a verdade é que cada dia que passa eu acredito mais que, hoje em dia, Capucho tem-se a si como um potencial candidato a Belém em 2016. Daí a necessidade de algum protagonismo e de um relativo distanciamento relativamente ao governo, mas não (note-se...) a Passos Coelho, a quem o ex-edil normalmente preserva das suas críticas.
quinta-feira, 1 de março de 2012
Que mais nos irá acontecer?!
O QUE eu sempre pensei tratar-se de uma brincadeira, afinal parece que é a sério: o PSD prepara-se mesmo para apresentar Francisco Moita Flores como candidato à sucessão de Isaltino de Morais na presidência da Câmara de Oeiras... Por muito que puxe pela cabeça, não consigo encontrar qualquer justificação plausível para esta escolha, a não ser razões que se possam prender com tudo menos com lógica política. Agora, de facto só falta o inefável dr. Seara, mais conhecido como "o príncipe consorte", ser o eleito laranja para enfrentar António Costa em Lisboa. Uff... ainda bem que voto em Cascais!
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