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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Um mosquito rodeado de "melgas"...



A RECOMPOSIÇÃO accionista da Controlinveste e cujo aparente “desenho” mostra um claro domínio por parte de um empresário angolano esconde a formação de um grupo de comunicação que reflete, isso sim, o chamado “bloco central dos negócios” e onde a chamada “direita dos interesses” convive à mesma mesa com uma pretensa esquerda a quem o capital seduziu e hoje serve diligentemente. É o chamado “grupo do Estoril” ou o “da Beloura” (isto consoante o lugar onde ocorrem os jantares ou almoços que juntam à mesma mesa os confrades desta “tertúlia” sui generis...) e para quem o empresário António Mosquito mais não é que um mero instrumento, tal e qual outros já foram em tempos e que, após usados e gastos, voltaram à procedência. Agora foi o “Diário de Notícias”, o “Jornal de Notícias” (que certamente será despachado na primeira oportunidade), a TSF (para que a operação seja abençoada lá para os lados de Belém – convém...) e “O Jogo”, que pode ser que dê algum jeito em algum negócio de cariz mais futebolístico que venha a surgir; depois será a vez da TVI e de algumas rádios, fundamental para completar o leque de um grupo de media suficientemente amplo e forte que permita “blindar” algumas das suas suas figuras de proas e seus negócios. Isto para não falar do favor que fizeram ao BES e ao Millenniumbcp que, continuasse a Controlinveste nas mãos de Joaquim Oliveira, dificilmente veriam um único cêntimo da avultada dívida que crescia de dia para dia...

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Baralha e torna a dar...


NO MÍNIMO curiosa a solução encontrada para o imbróglio que há muito se vivia na Controlinveste, a empresa detentora de títulos como os dos jornais "Diário de Notícias" e  "Jornal de Notícias" ou da rádio TSF. Uma solução há muito anunciada (e adiada), onde um até agora praticamente desconhecido empresário angolano inesperadamente foi jogado como "trunfo" numa "mão" onde surgem como cartas  um genro curiosamente cada vez menos discreto, um advogado que colecciona cargos de administração e dois bancos aflitos para se verem livres de uma dívida colossal. Mas à mesa, atrás de um Joaquim Oliveira que apenas empunha as cartas e finge jogar, a dar a táctica está certamente o amigo Manel que, após uma super-exposição pública e de um deslumbramento próprio de quem se encantou primeiro com os holofotes da política e depois com alta finança e as suas mais-valias, hoje está mais dado a sombras e à oportuna camuflagem proporcionada pela densa fumaça do charuto do seu amigo Oliveira. Veremos é se tudo isto não passará de um bluff

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Muito obrigado, senhor general!



OS QUE nas boas e más-horas sempre admirámos, respeitámos e estivemos com o general Ramalho Eanes só podemos congratular-nos com a homenagem que o primeiro Presidente da República eleito após o 25 de Abril receberá daqui a umas horas por parte de um vastíssimo número de pessoas dos mais variados sectores da sociedade portuguesa. - o que não implica necessariamente que precisemos de estar presentes. Até porque sempre estivemos…
E se me permitem, mais que homenagear o general Eanes, particularmente neste dia 25 de Novembro, o País deve-lhe um sincero e profundo "muito obrigado!". Todos, sem excepção - os que há 39 anos foram "vencedores" e igualmente os que nesse dia viram frustradas as suas expectativas e ambições de poder, porque também esses são credores de um homem que soube ser inteligentemente magnânimo na hora da vitória e impedir que a euforia dos mais radicais conduzisse a excessos que podiam ter sido traumáticos e, isso sim, dividido o País em dois. 

sábado, 23 de novembro de 2013

Couto do Santos: ele tem quatro "amores"


NAS DÉCADAS de 80 e 90 há quem tenha ficado famoso por cantar o tema "Eu tenho dois amores" - quem não se lembra de Marco Paulo, talvez então o maior expoente do chamado nacional-cançonetismo? Mas há quem, noutras áreas lhe consiga fazer concorrência e até mesmo ultrapassá-lo em termos de "paixões", no caso clubísticas e político-diplomáticas. E esse alguém é Fernando Couto dos Santos, o ex-ministro de Cavaco Silva, que pese ser cônsul honorário da Federação Russa no Porto (isto há cada coisa…) e ferrenho adepto do Sporting parece ser o grande entusiasta e potencial "facilitador" do alegado interesse de Hafiz Mammadov, um conhecido multimilionário do Azerbeijão que já possui interesses no Atlético de Madrid, em investir no Futebol Clube do Porto. Sporting, Porto, Rússia e Azerbeijão: quem é que disse que existe alguma incompatibiliade, quem foi? Pelos vistos para Couto dos Santos, nenhuma! Pudera...

Angola: o peso de Jorge Coelho


A ANUNCIADA entrada numa praça europeia do braço africano da Mota-Engil, ou por outras palavras a admissão de acções da Mota-Engil África ao que tudo indica na bolsa de Londres resolve o "mistério" que há mais de um ano rodeou o inesperado abandono de Jorge Coelho da liderança executiva do grupo. É que ao longo dos últimos tempos, com a discrição que é seu timbre, Coelho construiu um complexa e estruturada rede de contactos em Angola que permitiu à Mota-Engil captar influentes investidores angolanos (entre eles a poderosa Sonangol) que detém 49 por cento da empresa e simultaneamente expandir os seus negócios a vários países africanos, sempre sob o apadrinhamento dos seus poderosos amigos e sócios angolanos. Recorde-se que o "peso" do ex-ministro de António Guterres em Angola é actualmente de tal ordem, que foi a ele que o próprio Ricardo Salgado teve de recorrer há semanas para conseguir ser recebido pelo presidente José Eduardo dos Santos...

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A Pepsi, o "vudu" e uma indignação bacoca


A INOPINADA reacção das chamadas comunidades nas redes sociais em Portugal ao spot produzido pela  Pepsi Cola na Suécia  é tão patética quanto a própria campanha lançada nas vésperas do jogo da última terça-feira e onde um boneco tipo "vudu" representando o capitão da selecção portuguesa surge amarrado a uma linha férrea na iminência de ser esmagado. Patética porque é desmedida conferindo assim uma projecção e importância à marca que a campanha em causa nunca lhe teria dado. Que o spot é infeliz? É. Que merece uma resposta? Merece, sem qualquer sombra de dúvidas. Mas que seja com imaginação, com rasgo, com graça e fundamentalmente sem o provincianismo e esta indignação ridícula em que até a TAP(!) "embarcou". Senão o que pensar desta declaração de um porta-voz da nossa companhia aérea, onde a Pepsi é uma das bebidas servidas a bordo: "A TAP repudia energicamente a campanha da Pepsi, aguardando um pedido de desculpas à Companhia e aos seus Clientes. Esta campanha, ao nível do mais grosseiro 'hooliganismo', não é grave apenas por se tratar de Portugal e de Cristiano Ronaldo, é ofensiva para todos os que vêm o desporto como um instrumento de relacionamento entre os povos. A TAP considera ainda a possibilidade de, no futuro, mudar de fornecedor". E já agora, para que conste, quem escreve este post é alguém que se recusa a trocar uma Coca Cola por uma Pepsi. Rigorosamente em nenhuma circunstância...

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Não fizeram mais que a sua obrigação...


PEÇO IMENSA desculpa, mas ao derrotar a Suécia e ao qualificar-se para o Mundial do Brasil, acho que a selecção portuguesa não fez mais que a sua obrigação. E ainda por cima, tarde e a más-horas, já que o grupo que integrava era mais do que acessível e só um facilitismo que muitas vezes se confundiu com mediocridade não permitiu ficar à frente de selecções como as do Azerbeijão, Irlanda do Norte, Israel, Luxemburgo ou mesmo Rússia… Vamos ser francos: tirando os inevitáveis Cristiano RonaldoJoão Moutinho e pontualmente um ou outro jogador, a selecção portuguesa é constituída por um grupo de jogadores vulgares (quando não mesmo medíocres…), comandados por um seleccionador sofrível que do seu antecessor Luis Filipe Scolari apenas “herdou” uma teimosia que o seu parco currículo ainda não lhe permite apresentar propriamente como “virtude”. Não fosse a chamada “equipa de todos nós” tudo isso e hoje certamente a Suécia teria enfrentado uma outra selecção…

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Um conselho de além-mar para alguns "presidenciáveis"




A FRASE pertence à ex-presidente chilena Michelle Bachelet que ontem, ao alcançar quase 47 por cento dos votos na primeira volta das eleições presidenciais do seu país, praticamente garantiu o regresso ao palácio de La Moneda, após ter passado cinco anos a desempenhar um alto cargo nas Nações Unidas. Questionada sobre o facto de ao longo desse período ter mantido uma postura extremamente discreta, ao ponto de viajar quase secretamente ao seu país, Bachelet respondeu de forma directa e concisa: "Quem se mexe, não sai na fotografia". Ora aí está um excelente "conselho" para muito pré-candidato que por aí pulula por esse Portugal fora num sôfrego afã presidenciável

P.S. - E quando sai, sai "tremido" - digo eu.

O meu amigo Zé Dirceu



ANTES DE mais e para que não existam dúvidas, deixem-me deixar claro que sou amigo de José Dirceu. Quando o conheci, há cinco ou seis anos, já o famoso "mensalão" o tinha afastado da ribalta política e ele era nitidamente o "bode expiatório" de uma situação e de um poder que, por muita popularidade que exibisse, precisava - até por isso mesmo - de ter a sua bête noire. Confesso que a primeira (longa) conversa que mantive com Zé Dirceu e onde Cuba (onde ambos tínhamos vivido praticamente nos mesmos anos) foi tema para horas que se prolongaram pela madrugada dentro, foi suficiente para ser "seduzido" por uma figura que percebi fascinante e que alia a frieza do guerrilheiro, o charme do bon vivant e a fina argúcia do político florentino. 
Se é verdade que a direita rejubilou quando Dirceu "caiu" politicamente, não é menos verdade também que muito possivelmente alguns dos seus camaradas não tenham aberto algumas garrafas de champanhe. Não fosse o "mensalão", não fosse algum comportamento esquivo do próprio Lula da Silva, não tenho a menor dúvida que hoje, no lugar de Dilma Rousseff, estaria inevitavelmente José Dirceu. Por lógica mas também por direito próprio. Foi Dirceu quem soube e conseguiu homogeneizar o PT, conferindo-lhe uma respeitabilidade que lhe permitiu introduzi-lo no sistema político brasileiro, criando "pontes" com a sociedade civil, nomeadamente com os grandes empresários; foi ele quem "entregou" a campanha presidencial de Lula a Duda Mendonça com o sucesso que todos conhecemos; foi até Dirceu (o antigo guerrilheiro treinado em Cuba…) quem teve a arte e o engenho de abrir os canais certos com os Estados Unidos que permitiram tranquilizar Washington relativamente a uma hipotética vitória do seu companheiro Lula. Resumindo: nem o PT nem Lula seriam o que são ou que o foram sem Dirceu… 
E essas coisas, todos sabemos, têm um preço a pagar - no caso de Zé Dirceu, bem alto... Não vou aqui entrar no "dizes tu, digo eu" sobre se ele fez isto ou não fez aquilo. Para mim, pelo que me foi dado ver da quase totalidade das sessões do Supremo Tribunal Federal  do processo do "mensalão" que tive oportunidade de assistir em directo pela televisão no Brasil, não descortinei uma única prova concreta contra aquele que era, à altura dos acontecimentos,  ministro chefe da Casa Civil - a versão brasileira do cargo de primeiro-ministro e que tinha logicamente a seu cargo a negociação e articulação política com os inúmeros partidos que constituíam a ampla maioria que suportou tanto os mandatos de Lula como este de Dilma. E isso chega-me para continuar a ter pelo Zé a admiração e a amizade que me habituei, nestes últimos anos, a ter por ele. Abraço, compañero!

sábado, 16 de novembro de 2013

Falta de memória ou de vergonha?


NA POLÍTICA portuguesa existem pessoas a quem a memória e o passado parecem não atrapalhar e para quem a coerência e um certo decoro político tão-pouco são algo que levem muito a peito. Diogo Freitas do Amaral é uma delas. Convertido à democracia no pós-25 de Abril, liderou o CDS durante alguns anos, foi vice-primeiro ministro do governo liderado por Francisco Sá Carneiro e ainda em 1986 protagonizou a candidatura presidencial porventura mais reaccionária e conservadora que Portugal conheceu nestes últimos 40 anos. A partir da derrota que então sofreu  - e vá lá saber-se porquê… - foi progressivamente encostando-se à esquerda, ao ponto de ainda há uns anos o termos visto (pasme-se!) de braço dado com Francisco Louçã numa manifestação nas ruas de Lisboa protestando alto e bom som contra o "imperialismo norte-americano" ou qualquer coisa do género - o que não o impediu de algum tempo mais tarde vir a ser ministro dos Negócios Estrangeiros do governo socialista chefiado por José Sócrates.
Na esteira desta sua coerência política surge agora como uma das "vedetas" da sessão promovida por Mário Soares para defender a Constituição. Ele, Diogo Freitas do Amaral - exactamente o mesmo Freitas do Amaral que em 1976 liderava o CDS e que, na Assembleia Constituinte, votou contra essa mesma Constituição. Será falta de memória ou falta de vergonha? 

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Por cima de patada… coice!


ISTO HÁ coisas que me fazem uma grande confusão… Acabei de ler que no despacho em que o Departamento Central de Investigação e Acção Penal arquivou as suspeitas contra o vice-presidente asngolano e o governador da província de Kuando Kubango, Manuel Vicente e Higino Carneiro respectivamente, o procurador encarregue dos casos manifestou o desejo que esta sua decisão possa "contribuir para desanuviar o clima de tensão diplomática que tem ensombrado com mal-entendidos a amizade entre os dois povos irmãos". Independentemente da justeza do arquivamento (que aqui não é questionada, era só que faltava!), o que eu de facto não consigo entender é a necessidade e a oportunidade de um procurador tecer considerações sobre assuntos e temas que não são obviamente da sua competência. Será que esse procurador não tem noção que uma coisa é a lógica da justiça e outra é a da política? E que por muito bem intencionado que estivesse quando resolveu entrar nessas elucubrações de teor político-diplomático só veio prestar um péssimo serviço ao preclitante estado das relações luso-angolanas? E que essa passagem do seu despacho vai naturalmente ser brandida pelos que mais tarde ou mais cedo o acusarão, a ele mesmo, de ceder a supostas pressões do poder político português para que procedesse esse arquivamento? Será tão difícil perceber tudo isso? Ou será que sou eu que ando a ver mosquitos na outra banda?

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Capucho: uma declaração que é um "recado" para as empresas de sondagens


CONFESSO QUE não fiquei nada surpreendido com a "confissão" de António Capucho em manifestar a sua disponibilidade para ser candidato à Presidência da República. A primeira vez que percebi que tal coisa lhe passava pela cabeça foi durante uma conversa que tive com ele nas vésperas da sua última eleição como presidente da Câmara de Cascais, já lá vão mais de quatro anos e onde ele não teve qualquer pejo, en passant,  de admitir que considerava ter perfil para ocupar a chefia do Estado. Há pouco mais de um mês, no rescaldo das últimas autárquicas e apesar de não se ter saído lá muito bem (obteve um resultado eleitoral para a Assembleia Municipal de Sintra francamente inferior  ao do seu "parceiro" Marco Almeida) publiquei neste espaço que Capucho, por sua vontade, era um potencial candidato a Belém, até porque dificilmente resistiria a não "tentar 'cavalgar' a onda dos independentes e simultaneamente capitalizar o descontentamento de uma certa direita que não se revê no actual PSD". Quem conhece minimamente Capucho sabe que o antigo autarca se tem a si próprio em grande conta (o que até pode não ser defeito, mas apenas feitio…) e percebe-lhe a "vulnerabilidade" que possui relativamente a alguma corte que sempre gostou de cultivar e manter à sua volta - o que é sempre meio caminho andado para "embarcar" neste misto de "cruzadas" e de "aventuras" que normalmente acabam mal por falta de nexo e sentido.
A declaração que António Capucho faz hoje ao jornal "i" e em que admite avançar com uma hipotética candidatura, é fundamentalmente um "recado" dirigido às empresas de sondagens, de forma a tentar a que o seu nome comece a constar dos inquéritos dos próximos estudos de opinião, já que de forma espontânea é impossível o seu nome surgir. E por outro lado, também (porque não dizê-lo?) fazer a imprescindível "prova de vida" perante os media, para quem certos protagonistas possuem um implacável prazo de validade.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

BES: será que os telefones deixaram de tocar?


É CURIOSO observar como a política editorial da esmagadora maioria dos nossos jornais muda, não digo ao sabor dos ventos, mas seguramente ao toque mais ou menos insistente de um telefone. Há poucos dias atrás, uma mais que visível "guerra surda" existente no seio do grupo Espírito Santo era matéria que os nossos jornais tinham uma grande dificuldade em abordar e quando o faziam, normalmente era certo e sabido quem saía mal na fita; há menos de uma semana, uma busca policial à sede do BES foi "escondida" ou, no melhor dos casos, remetida para páginas bem interiores dos nossos jornais, limitado-se uma ou outra edição online a dar a notícia com algum destaque e apenas durante algumas horas; e na sexta-feira passada, a edição de fim-de-semana de um jornal económico chegou mesmo a fazer manchete com um alegado "golpe de estado" fracassado e uma suposta e retumbante vitória de Ricardo Salgado numa reunião do Conselho Superior do grupo que lhe teria manifestado uma "confiança incondicional" na continuidade na liderança do grupo.
Mas, a pouco e pouco, as coisas foram-se alterando. E desde que o "Expresso", no sábado, veio explicar que afinal o voto de confiança recebido (e solicitado) por Salgado só fora dado na condição deste aceitar iniciar de imediato o seu próprio processo de sucessão e a alteração do modelo de governação, nem o forcing da aparentemente poderosa máquina comunicacional do actual poder do grupo (onde sobressaíram sucessivas notícias "plantadas" sobre José Maria Ricciardi, aparentemente o "inimigo de estimação" do ainda líder do BES) conseguiu contrariar o que muitos já sabiam e que ontem a declaração do comandante António Ricciardi,  patriarca do grupo e presidente do Conselho Superior, só veio definitivamente confirmar e, "por tabela", deitando por terra a chamada "verdade oficial". 
A partir do momento em que ficou visível que o poder de Salgado se estava a esmorecer, a atitude dos nossos jornais foi rapidamente alterando-se - e se a declaração pública do comandante Ricciardi teve merecido e óbvio destaque nas edições online e aí se manteve durante horas, hoje o acordo assinado e divulgado publicamente ontem ao fim da tarde por Ricardo Salgado e pelo seu primo José Maria Ricciardi merece óbvias (mas inusitadas, no caso) honras de primeira página em tudo o que é jornal cá do burgo. A pergunta é mais que obrigatória: será sinal que os telefones deixaram de tocar?


*

Só uma última nota: não resisti a tentar encontrar no "Jornal de Negócios" de hoje uma referência ao tal "golpe de estado" falhado que ocupou a manchete da sua edição da última sexta-feira e que é desmentido no comunicado conjunto de Salgado e Ricciardi. Vi a primeira página e fizeram o favor de ler-me ao telefone o (oportuno) editorial do director: nem uma linha sequer. Querem ver que alguém os enganou?! Pois é, já não se pode confiar em ninguém, n'é?...

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

BES: a palavra do patriarca

A POUCO e pouco o autêntico e estranho “bloqueio” noticioso à volta de factos que podem explicar muito do que sucede numa clara clivagem no núcleo-duro do grupo Espírito Santo, tem vindo a atenuar-se. Primeiro foi o “Expresso” que, na sua última edição, veio explicar que, afinal, o tal “voto de confiança” que o Conselho Superior do grupo tinha concedido a Ricardo Salgado fora solicitado pelo próprio e apenas dado pelos cinco integrantes desse órgão na condição do processo sucessório se iniciar de imediata e do modelo de governance do grupo ser alterado – o que veio permitir uma leitura totalmente distinta da que se poderia fazer a partir de algumas notícias nitidamentente “plantadas” no dia anterior, com especial destaque para uma curiosa (para não chamar-lhe outra coisa…) manchete num jornal económico. Mas hoje, como se isso não chegasse, o próprio comandante António Ricciardi, presidente do Conselho Superior e na prática o "patriarca" da família, veio a público, em comunicado (note-se…), afirmar que apoia a abertura do processo de sucessão de Salgado e manifestar a concordância com o seu filho José Maria (que não esconde o desejo de querer ver o seu primo Ricardo afastado da liderança do grupo), afirmando só ter votado favoravelmente a moção de confiança apresentada por Salgado para, ipsis verbisevitar a ruptura institucional imediata”. Afinal as coisas não são eram tão simples quanto nos queriam fazer crer - fogem um bocadinho ao chamado padrão, não é? Acontece

PS - Aqui fica o comunicado na íntegra:
 "Eu, Comandante António Ricciardi, accionista do Grupo Espírito Santo e presidente do Conselho Superior, venho esclarecer que só não apoiei o voto do meu filho José Maria Espírito Santo Silva Ricciardi na moção de confiança pedida por Ricardo Salgado para evitar a ruptura institucional imediata, mas subscrevo sem quaisquer reservas a posição assumida pelo Conselho, incluindo a do meu filho José Maria Espírito Santo Silva Ricciardi sobre a “governance” e sucessão na liderança do Grupo Espírito Santo." 

Ó homem, cale-se!


PORQUE RAZÃO Pedro Passos Coelho insiste manter esse inenarrável Rui Machete no governo - mesmo sabendo que cada vez que abre a boca sai disparate? Será por teimosia? Ou porque já não encontra ninguém minimamente credível que aceite ser seu ministro dos Negócios Estrangeiros? Aceitam-se apostas!

sábado, 9 de novembro de 2013

A propósito de Margarida Rebelo Pinto


NUNCA NA minha vida vi Margarida Rebelo Pinto. Nem mais gorda, nem mais magra - o que pelas imagens que me foram dadas ver da senhora em causa me parece ser difícil. Li-lhe duas ou três crónicas no "Sol" e um livro - "Português Suave", pode ser? Acho que mais nada,  o que me faz ter da sua escrita uma opinião pouco ou nada formada, mas suficiente para que a considere "legível", chamemos-lhe assim. Vou mais longe: há por aí muito boa gente a escrever, protegida pelos dos costume - os que dominam a chamada "crítica literária" e que abominam tudo o que cheire a rebelospintos - que eu já li (ou tentei…) com bastante menos interesse e gosto que à dita cuja. 
Vem tudo isto a propósito de umas declarações que, numa ida à televisão, a mesma resolveu fazer há uns dias sobre a situação política e que enxamearam as redes sociais nos últimos dias, quase sempre ridicularizando-a ou mesmo insultando-a. Tanto foi a overdose que, ao fim de uns dias, não resisti e assisti a parte (só a parte!) da ida de Rebelo Pinto à RTP. E percebi claramente que ali lhe faltou o jeito e a facilidade que lhe sobrou para escrever até agora dezanove livros… É que no fundo, no fundo, ela limitou-se a dizer o que a generalidade das pessoas pensam e que, de uma maneira ou outra, todos concordam: que a responsabilidade da crise que vivemos é dos governos de há vinte anos a esta parte  e que andámos anos a fio a viver acima das nossas possibilidades, o que nos obriga agora a apertar o cinto. O problema foi a forma como ela o disse e os exemplos que deu. E também o tom, a voz, as expressões (infelizes) que usou. Mas isso (o que é que querem?) são as dela. As da mesma Margarida Rebelo Pinto a quem os portugueses que agora desataram a zurzir-lhe a torto e a direito nos facebooks da vida já compraram um milhão (!) de livros. Eu, pela parte que me toca, só comprei um…

PS - Já agora: concordo com ela na defesa das taxas moderadoras. Não sinto é "repulsa" por quem se manifesta. Posso não concordar, agora "repulsa"?! Era só o que faltava...

João Mesquita

SOBRE O João Mesquita, que nos deixou há quatro anos e que ontem a Casa da Académica em Lisboa homenageou (e bem), haveria muito a dizer. Porque o João era saudavelmente um homem de convicções e inteligentemente alguém que não era sectário; porque era alguém de quem dava gosto ser amigo; porque era alguém que torcia pela nossa Académica como na minha vida vi poucos torcerem - com entusiástica paixão, contagiante fúria e uns "urros" ímpares, vindos sabe-se lá de onde e que eram uma "marca" onde quer que jogássemos e que estou certo não havia jogador que não os escutasse.
Há pessoas que dificilmente esquecemos, pese não estarem já connosco. E de que nos lembramos tantas e tantas vezes. Eu do João lembro-me cada vez que vejo as nossas camisolas pretas. Ganhando, empatando ou perdendo.

Uma vitória que afinal parece ter sido "de Pirro"


A CRER na notícia publicada na edição de hoje do "Expresso", a anunciada derrota que Ricardo Salgado teria, segundo a manchete de sexta-feira passada do prestável e diligente "Jornal de Negócios", infligido a quem alegadamente o teria tentado destronar da liderança do grupo Espírito Santo parece afinal não ter passado de uma "vitória de Pirro". É que, para além de José Maria Ricciardi, apesar de ter vindo a público afirmar com todas as letras que recusou a dar um voto de confiança à actual liderança do BES, manter-se à frente do BESI (Banco Espirito Santo de Investimento), soube-se hoje que o tal voto de confiança solicitado em jeito de "ultimato" por Salgado foi aprovado pela cúpula do grupo, segundo o "Expresso", apenas "com a condição de se iniciar imediatamente o processo de sucessão e alteração do modelo de governação". Ou seja, por outras palavras: desde anteontem que se iniciou a contagem decrescente para a sucessão de Ricardo Salgado à frente do grupo Espírito Santo. Les jeux sont faits...

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Baptista da Silva: o "Miguel da Veiga do PS"


AO LER que Artur Baptista da Silva, o falso consultor da ONU que deslumbrou meio-mundo com as suas teses sobre a renegociação da dívida portuguesa (lembram-se?) tinha sido acusado pelo Ministério Público do "crime de contrafacção de obra protegida" dei por mim a estabelecer comparações com social-democrata Miguel Veiga. É que as semelhanças entre ambos não são tão poucas quanto isso… Quanto mais não sejam, os dois frequentam o Grémio Literário (embora por razões de localização domiciliária, ao dr. Veiga lhe puxe mais o pé para os botequins da Foz), são entrevistados com destaque no "Expresso" e, com maior ou menor ruído, de vez em quando lá vêm as acusações de plágio. Para serem "irmãos gémeos" só faltava que, marimbando-se para as orientações do seu partido, o socialista Baptista da Silva também tivesse promovido ou apoiado entusiasticamente alguma lista independente nas últimas eleições autárquicas… Quem sabe?

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Conversa (im)provável


(Trrrim, trrrim, trrrim…)


- Está lá?
- Sim…
- Engº Paulo?
- O próprio.
- Fala Ricardo…
- Já percebi, sotôr, já percebi. Como está?
- Bem obrigado. Olhe vou directo ao assunto…
- Diga, diga…
- Se sair alguma coisa sobre aquele assunto lá de baixo, esqueça que nós existimos. Percebeu?
- Acho que sim…
- Acha? Então vou-lhe explicar melhor: acabam-se os créditos, financiamentos e essas coisas todas. Ah, é verdade: e para os negócios todos, não é só para para os jornais, para as revistas e para essas coisas, pe'cebe?

(Clic

sábado, 2 de novembro de 2013

Banqueiros portugueses na mira dos tribunais angolanos



NÃO SÃO um nem dois, os processos judiciais que envolvem figuras gradas do universo financeiro e empresarial português e que estão a correr em Luanda sob o maior sigilo e com a maior celeridade - parecem ser muitos e implicar, com maior ou menor responsabilidade, grande parte do chamado "PSI-20" nacional...
Mas o processo que tudo indica poder dar mais brado parece ser o que implica, ao que dizem, alguns altos responsáveis do grupo Espírito Santo - pelo menos o seu presidente Ricardo Salgado e também Amílcar Morais Pires, administrador e CFO do Banco Espírito Santo, a quem as autoridades judiciais angolanas preparam-se para acusar de participação no processo da burla que teve o Banco Nacional de Angola (BNA) como palco há cerca de cinco anos e que chegou mesmo a conduzir à prisão domiciliária do anterior governador, Amadeu Maurício ("Nino") e à detenção de outros altos altos funcionários do banco central angolano. Apesar deste processo estar decorrer no maior sigilo, há quem garanta que os swifts que permitem e comprovam as entidades bancárias estrangeiras envolvidas na transferência dos fundos desviados do BNA para contas em Cabo Verde (via Londres e Lisboa) estariam já na posse da investigação, o que possibilitou a conclusão da acusação e a constituição em arguidos de diversas pessoas, algumas portugueses, entre as quais Salgado e Morais Pires.
A ser verdade, o desenrolar deste processo em concreto poderá vir a causar grandes tumultos a nível do estabilishment bancário, tanto em Angola, como mesmo em Portugal. Lá, porque irá obviamente debilitar a posição que até há alguns meses o grupo Espírito Santo gozava junto da nomenklatura angolana, ainda que alguns episódios recentes (como a nebulosa venda da Escom, por exemplo) tenha enfraquecido a outrora influente e aparentemente poderosa posição do grupo; e cá, porque Morais Pires é o preferido por Salgado para suceder-lhe na presidência do banco, uma preferência que tem a oposição clara e frontal da generalidade do chamado "clã Espírito Santo". 
Uma verdadeira "telenovela" a seguir com atenção, apesar da autêntica barrage que algumas administrações de determinados grupos de media nacionais têm feito nos últimos dias para que as suas redacções não dêem à estampa o muito que já investigaram e confirmaram sobre este e outros processos que correm na justiça angolana...