Os comentários a este blogue serão moderados pelo autor, reservando-se o mesmo a não reproduzir aqueles que pelo seu teor sejam considerados ofensivos ou contenham linguagem grosseira.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

António José Seguro



NINGUÉM NEGARÁ que António José Seguro é um tipo simpático, afável, aparentemente bem-intencionado. Quem o conhece minimamente saberá que o actual líder socialista é alguém que tentou, ao longo dos últimos anos, preparar-se para esta liderança, suportou (e suporta...) estoicamente quem no interior do seu partido sempre o quis ver pelas costas e tirá-lo do caminho. Tozé Seguro lá aguenta, lá persiste, lá batalha e desde há dois anos consegue protagonizar a solução "pós-socrática", contra o establishment e na ausência de quem prefere sempre, à última hora, furtar-se ao confronto.
No entanto esperava-se mais do sucessor de José Sócrates. Não se esperava um líder tão à deriva, tão exposto e tão influenciável pelas guerras intestinas que têm como palco o seu partido e a que ele, por feitio ou incapacidade, não consegue pôr cobro. Seguro é um líder “a reboque”. A reboque de um passado que continuamente o coloca em xeque-mate; a reboque de um líder parlamentar que é um desastre a todos os níveis e que cada vez que abre a boca causa mais danos que benefícios; a reboque e sem mostrar  autoridade para “pôr na ordem” os saudosistas do seu antecessor; e agora, a reboque do líder histórico do Partido Socialista que resolveu protagonizar um combate sem tréguas a este governo, contribuindo assim (consciente ou inconscientemente, sinceramente ainda não percebi…) para unir e motivar todos aqueles que, dentro e fora do partido, acham que Seguro e Pedro Passos Coelho são “farinha do mesmo saco”…
Diga-se em abono da verdade que este governo, relativamente ao líder socialista, tem sido de uma falta de habilidade  política verdadeiramente impressionante, dificultando o que à partida parecia fácil e publicamente – já por algumas vezes – desperdiçando oportunidades para estabelecer “pontes” e entendimentos essenciais para o País. Mas isso também não é desculpa…

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Ó homem, cale-se!



JÁ SEM quem lhe ligue, aquela inenarrável criatura que há anos tenta usurpar o papel que é de outros no 25 de Abril e até no 25 de Novembro aproveita tudo o que lhe aparece à frente para se pôr na ponta do pés e, à conta de outrém, abichar algum protagonismo - por pequeno que ele seja. Desta vez, arranjou maneira de, "cavalgando" as já célebres declarações de Miguel Sousa Tavares sobre Cavaco Silva, vir publicamente botar faladura. E diz a criatura: “Sinto-me envergonhado e ofendido com o actual Presidente da República e não digo mais. É evidente que cá por dentro penso muito pior do que aquilo que o Sousa Tavares disse”. Tem piada, eu também também penso sobre Vasco Lourenço muito pior que aquilo Sousa Tavares disse sobre Cavaco e até acho que mesmo assim peco por defeito, vejam lá!
Isto há cada coincidência...

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Que tal tomar um bocadinho de atenção ao que é (de facto) importante?



NO TRADICIONAL discurso do “Estado da União”, proferido em Fevereiro passado e coincidindo com o início do seu segundo mandato, o presidente Barack Obama lançou uma proposta à Europa: a criação de um mercado único entre os Estados Unidos e a União Europeia, que poderia movimentar qualquer coisa como mais 25 triliões de euros anualmente.
Será que alguém em Portugal – e em vez de passar a vida nesta insuportável, mesquinha e redutora politiquice interna – já reflectiu seriamente sobre o papel que o nosso País poderia “jogar” nesse novo “Mercado único”. Alguém já, por exemplo, olhou (com “olhos de ver”) para o mapa? Era capaz de não ser má-ideia. Como também era capaz de já ser tempo de começar a traçar uma estratégia para o que, tudo indica, poderá surgir aí em 2015. E isto vale tanto para governo como para as oposições. Para que depois não se queixem...

terça-feira, 28 de maio de 2013

Algumas perguntas a propósito de uma afirmação de Mário Soares


A AFIRMAÇÃO pertence a Mário Soares: "Paulo Portas tem sido chantageado no governo por causa dos submarinos e dos carros de combate Pandur (...) E isso obriga-o a continuar no governo. O medo é que manda na vinha...". E agora? Partindo do princípio que o antigo Presidente da República não recuará um milímetro relativamente ao que afirmou ao jornal "i", ficamos à espera de quê? De uma resposta de Portas? De um desmentido do governo? De um pedido de inquérito por parte da Procuradoria-Geral da República? Ou vai tudo assobiar para o lado, como se nada tivesse sido dito ou acontecido? E já agora, esta lógica que Soares usa para justificar o comportamento patético do actual ministro dos Negócios Estrangeiros não poderá, também ela, ser lembrada quando apreciamos a postura de uma altíssima figura do Estado português que tem mostrado uma "sinuosidade comportamental" fora do habitual e que nos leva a supor algum desconforto e a existência de incómodos e perigosos telhados de vidro? Perguntar não ofende. Ou será que sim?

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Gabriel Fialho, alguém de quem era fácil gostar


SOUBE HÁ pouco que desapareceu um dos "manos" Fialho - o Gabriel. Conhecia-o há muito tempo, talvez há uns quase 30 anos, quando pela primeira vez cruzei a porta do número 16 da Travessa do Mascarenhas, ainda por lá andava o impagável e competente Manel Azinheirinha, hoje "refugiado" e estabelecido no seu Santiago de Escoural. Não era propriamente seu amigo, embora tivéssemos um em comum, o Zé Manel Cimas que rara é vez em que nos encontramos  não o "puxe" para a conversa. Era - e não é pelo que lhe sucedeu ontem... - uma pessoa encantadora, cativante, com quem dava gosto estar e falar. A última vez que conversámos longamente foi há dois ou três anos, noite de Verão fora, em plena praça Joaquim António Aguiar, numa conversa daquelas que sabem bem, que confortam, que nos aproximam. É essa a imagem com que eu fico de Gabriel Fialho, alguém de quem eu gostava. Mesmo. Um abraço, Amor!

sábado, 25 de maio de 2013

O Presidente de alguns portugueses...



TALVEZ POR nas últimas horas ter lido bastas referências aquela estafada e gasta denominação de “o Presidente de todos os portugueses”, dei por mim a fazer as contas das últimas eleições presidenciais – as que em 23 de Janeiro de 2011 reelegeram Cavaco Silva. E por mais boa vontade que possa ter, por mais contas de somar e subtrair que possa fazer, continuo “na minha”, ou seja, a reiterar o que escrevi nessa mesma noite: o actual inquilino do palácio de Belém pode ser tudo o quiser, menos ser ou intitular-se como tal “presidente de todos os portugueses”. Porquê? É tudo uma questão de fazer contas… Cavaco foi eleito apenas por 23 por cento do eleitorado, repito, 23 por cento! Como? Fácil. Do universo constituído por 9 milhões 543 mil e 550 eleitores, o actual chefe de Estado apenas recolheu a preferência de 2 milhões 209 mil e 277 portugueses… Os restantes 7 milhões 334 mil e 323 eleitores optaram  por abster-se (5 milhões 111 mil e 701!); votar nos seus adversários (1 milhão 948 mil 316); não preencher sequer o boletim (189 mil 893); ou mesmo anular o seu voto – 84 mil 413
Convenhamos que assim é difícil, senão impossível, alguém ufanar-se de ser o “presidente de todos”. É Presidente da República e… como diz o outro, já é um pau!