NINGUÉM NEGARÁ que António José Seguro é um tipo simpático, afável, aparentemente bem-intencionado.
Quem o conhece minimamente saberá que o actual líder socialista é alguém que
tentou, ao longo dos últimos anos, preparar-se para esta liderança, suportou (e
suporta...) estoicamente quem no interior do seu partido sempre o quis ver
pelas costas e tirá-lo do caminho. Tozé Seguro lá aguenta, lá persiste, lá batalha e
desde há dois anos consegue protagonizar a solução "pós-socrática",
contra o establishment e na ausência de quem
prefere sempre, à última hora, furtar-se ao confronto.
No entanto esperava-se
mais do sucessor de José Sócrates.
Não se esperava um líder tão à deriva, tão exposto e tão influenciável pelas
guerras intestinas que têm como palco o seu partido e a que ele, por feitio ou
incapacidade, não consegue pôr cobro. Seguro é um líder “a reboque”. A reboque
de um passado que continuamente o coloca em xeque-mate; a reboque de um líder
parlamentar que é um desastre a todos os níveis e que cada vez que abre a boca causa
mais danos que benefícios; a reboque e sem mostrar autoridade para “pôr na ordem” os saudosistas
do seu antecessor; e agora, a reboque do líder histórico do Partido Socialista
que resolveu protagonizar um combate sem tréguas a este governo, contribuindo
assim (consciente ou inconscientemente, sinceramente ainda não percebi…) para
unir e motivar todos aqueles que, dentro e fora do partido, acham que Seguro e
Pedro Passos Coelho são “farinha do mesmo saco”…
Diga-se em abono da
verdade que este governo, relativamente ao líder socialista, tem sido de uma
falta de habilidade política
verdadeiramente impressionante, dificultando o que à partida parecia fácil e
publicamente – já por algumas vezes – desperdiçando oportunidades para
estabelecer “pontes” e entendimentos essenciais para o País. Mas isso também
não é desculpa…