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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

O sr. Blatter e o cardeal Montini, aliás Papa Paulo VI



INDEPENDENTEMENTE DA opinião pessoal que cada um tenha sobre o capitão da selecção nacional de futebol e o facto de sermos portugueses, acho que esta reacção quase unânime de repúdio e que roça mesmo algum histerismo colectivo às (reconheço) desbragadas declarações de Joseph Blatter (que por momentos deve ter-se esquecido que era presidente da FIFA)  é um bocadinho assim para o - como é que eu posso dizer sem que ninguém se ofenda…? - parola (vá lá…) e recorda outros tempos, aqueles em que o Estado Novo tocava a reunir quando além-fronteiras algum "forasteiro" (obviamente ao serviço de Moscovo e dos seus interesses...) atacava a Nação e a sua política multirracial.  Como, por exemplo, quando há 43 anos, o Papa Paulo VII recebeu em audiência no Vaticano os líderes dos três principais movimentos de libertação nacional que combatiam o colonialismo português - o PAIGC, a Frelimo e o MPLA, causando uma "onda" de indignação que o regime já de Caetano se encarregou de promover. Apesar das óbvias diferenças, dei por mim hoje a lembrar-me desse episódio ocorrido em 1970. Isto há cada coisa...

'Tá bem abelha...



NÃO ASSITI, nem pretendo (recuso-me, mesmo!) assitir à "famosa" e triste pergunta que uma desconhecida repórter de um canal televisivo por cabo colocou a uma famosa apresentadora de um outro canal (este generalista) de TV quando esta última, acompanhada dos filhos, se aprestava a entrar no carro, sobre a veracidade das boçais e inacreditáveis afirmações do seu marido sobre alegadas tentativas de violação que a mesma teria sofrido, enquanto criança, por parte do padrasto.
Mas não é o facto de não ter visto e de me recusar a ver esse triste episódio televisivo, que me impede de condenar o autêntico e inconcebível "fusilamento mediático" que a pobre repórter está a ser alvo, como se fosse ela a única e exclusiva responsável pelo que se passou. Então, alguém acha que foi a repórter, de motu proprio, que decidiu fazer essa pergunta? Acham que "a missa não estava encomendada"? Acham que os seus superiores hierárquicos (coordenadores, editores e directores) não lhe deram ordem expressa para colocar essa questão? E mesmo que assim não fosse, acham que foi a pobre repórter que colocou a peça jornalística (contendo a questão em causa) posteriormente no alinhamento noticioso? 'Tá bem abelha, como diz o outro...

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Fausto Correia


O MEU amigo Fausto Correia faria hoje 62 anos. Deixou-nos, aos muitos e muitos amigos (sim, porque ele sim tinha-os!), há seis anos, de uma forma repentina, tão repentina que  acredito que muitos de nós ainda hoje não temos plena noção que já não o temos aqui entre nós, sempre pronto a dar-nos um conselho, a deixar-nos uma palavra amiga, a confiar-nos uma preocupação ou a contar-nos uma daquelas estórias que só ele sabia magistralmente contar. O Fausto deixou-nos há seis anos, curiosamente a tempo  de poupar-se de assistir a uma débacle que a ele, que ajudou a construir um regime, lhe iria custar muito. Teve essa "sorte", passe a expressão. E nós o enorme azar de não podermos contar com ele, com a sua argúcia, com a sua notável capacidade de saber sobrepôr a racionalidade às crenças políticas e opções partidárias, de mostrar-nos que nem tudo é preto e branco e que, tantas e tantas vezes, é possível, por muito distante que pensemos podermos estar deste ou daquele, sentar-nos à mesma mesa e conversar. Um abraço grande aqui do "bem haja" e olha… sabes que mais? Fazes uma falta do caraças! F…., ó égua!

Grão a grão...


SE HÁ alguém que pode deitar foguetes com os resultados do barómetro da "Pitagórica" referente ao mês de Outubro e divulgado hoje pelo jornal "i", esse alguém chama-se Jerónimo de Sousa que vê o seu partido manter a a curva ascendente na preferência dos portugueses e ultrapassar os 13 pontos percentuais, mais do dobro de um Bloco de Esquerda que vai de dia para dia definhando a olhos vistos. António José Seguro, esse - coitado… - , alcança a chamada "vitória de Pirro", que é como que diz, surge na dianteira com 36,7 por cento (uma subida de 2,1 relativamente a Julho), mas apenas com mais 4,4 pontos que a soma das percentagens dos partidos que compõem a actual maioria governamental -  23,7 por cento para o PSD e 8,6 para o CDS. Muito pouco para quem é líder do maior partido da oposição a um governo que raro é o dia em que não comete um erro...

domingo, 27 de outubro de 2013

"A versão moderna e masculina de Catarina Fortunato de Almeida"


AO LER a abjecta (a adjectivação peca por defeito…) entrevista que um ex-ministro da Cultura concedeu hoje ao "Diário de Notícias" a propósito dos seus desaguisados conjugais que vieram a público e entre as náuseas e vómitos que a mesma me provocou, inevitavelmente vieram-me à lembrança as tristes figuras protagonizadas nos anos 90 por Catarina Fortunato de Almeida que não arranjou melhor maneira de dizer mal do seu marido de então que ir a correr para os jornais e lavar a roupa suja em público - com direito a livro  e tudo. Quem diria que, alguns anos depois, teríamos esta "versão masculina e pretensamente intelectual de Catarina Fortunato de Almeida". Sem ofensa para a Catarina, evidentemente...

Começa bem o rapaz...


GRAÇAS A um post de Eduardo Saraiva no blog "O Andarilho" li um excerto da crónica de hoje de Rui Moreira no diário desportivo "A Bola". E a poucas horas de um Futebol Clube do Porto-Sporting Clube de Portugal, o (já) presidente da Câmara Municipal do Porto resolveu brindar-nos com esta "pérola": "O FC Porto tem de ser capaz de vencer o Sporting, mais que não seja para, por uma vez, calar Bruno de Carvalho e o seu populismo". Quando é que o Porto vem à Luz? Será que na véspera, o agora autarca vai brindar-nos com um "queremos ver Lisboa a arder!"? Eu já não digo nada...

Mal me quer, bem me quer


NA ÚLTIMA quarta-feira, durante a tão badalada apresentação do seu livro, José Sócrates teve oportunidade de agradecer publicamente a contribuição que Manuel Alegre terá dado para o seu memoire, com os seus conhecimentos sobre a Argélia, país onde viveu exilado antes do 25 de Abril. Uma atitude no  mínimo curiosa, especialmente para quem leu a controversa obra de Joaquim Vieira sobre Mário Soares, mais concretamente a página 755, onde o próprio Soares relata a conversa que manteve com Sócrates sobre Alegre no dia 24 de Janeiro de 2011 quando este, poucas horas antes, enquanto candidato oficial do PS, tinha sido inapelavelmente derrotado nas eleições presidenciais onde Cavaco Silva foi reeleito. Vale a  pena recordar o excerto, nas palavras do próprio Soares e onde fica patente a consideração que em privado o então primeiro-ministro e líder socialista tinha por Alegre, o mesmo a quem hoje agradece publicamente o contributo dado para a elaboração do seu trabalho escolar:
"(…)No dia seguinte à vitória do Cavaco, chamou-me lá [à residência oficial]. Eu chego e o gajo estava radiante, bem disposto. E a primeira coisa que me diz foi: 'Ó Mário, acabámos com aquele [insulto]'. E eu disse: 'Eh pá, não gosto disso, palavra que não gosto disso, não é bonito, não diga isso'. 'Eh pá mas ele estava na merda, eu nunca o vi assim'". Pois...

sábado, 26 de outubro de 2013

José Ribeiro e Castro

POLITICAMENTE TENHO muito pouco a ver com o ainda deputado (e aqui o "ainda" tem mais que justificação…) José Ribeiro e Castro, com quem possuo aliás uma estória memorável ocorrida já há uns quantos anos lá para as bandas da Costa da Caparica por "culpa" da nossa comum amiga (e minha comadre) Inês Serra Lopes. Não sendo alguém que eu conheça por aí além tenho aprendido a ter uma crescente admiração no que diz respeito à sua actuação política. Especialmente por mostrar coragem em dizer o que pensa, em fazer o que acha que deve fazer - ainda por cima num partido onde  as figuras de proa sujeitam-se, venerandas e obedientes, aos amuos, birras e "números" de um líder que transpira egoísmo e egocentrismo. Ribeiro e Castro é porventura um dos últimos "históricos" do CDS, de que chegou mesmo a ser líder e curiosamente num momento em que o actual líder ensaiou e concretizou uma oportuna fuga. Recentemente, contra a corrente e sem qualquer chance de disputar o lugar, candidatou-se a líder parlamentar do seu partido. Teve um voto, possivelmente o seu. Mas mostrou uma coerência e uma coragem que porventura alguns dos seus colegas de bancada que, à boca pequena, já começam a zurzir no até há pouco incontestado líder, não tiveram. É essa mesma coragem e essa mesma coerência que fazem de Ribeiro e Castro um político à séria. E sério, diga-se de passagem.

Depois queixem-se...


AO VER o aspecto confrangedor das manifestações que hoje foram convocadas um pouco por todo esse País fora não posso deixar de perguntar: não acham que as tropelias e sucessivos tiros nos pés deste governo mereciam uma contestação que se visse, uma coisa com pés e cabeça e não esta triste e penosa encenação em que já quase ninguém se revê? E não me venham dizer que a culpa foi de não poderem ocupar a escadaria da Assembleia…
Foto: José Carlos Pratas

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Habemus Zé Maria?


DAQUI A umas horas, o candidato do PSD à presidência da Câmara Municipal de Lisboa menos votado de sempre toma posse como vereador da autarquia da capital. Confesso que já estou com pena do que António Costa vai ter que aturar nestes quatro anos que aí vêm - isto só em matéria de esgares, piscares de olhares, tiques e sinalefas que só o próprio entende feitos do outro lado da sala pelo líder da sua (fraca) oposição. Mas o que me enche de curiosidade neste momento - isso sim! - é se o agora vereador Fernando Roboredo Seara teve a lembrança de convidar para a sua posse o Zé Maria... Esse mesmo, o vencedor do primeiro "Big Brother" e de quem Seara foi pressuroso e diligente manager. Ou será que ele - Seara - já não se lembra?

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Moçambique: não há nada para ninguém...


O QUE se passa em Moçambique é cíclico e resume-se a isto: o líder da Renamo, Afonso Dhlakama quer dinheiro. Desde os famosos acordos de paz de 1992 assinados em ROma  que é assim. A Frelimo paga e os trezentos "guerrilheiros" que restam vão às compras. Acaba-se-lhes o dinheiro e dão outra vez uns tirinhos. Vai daí, a Frelimo volta a pagar. E pronto, os "guerilheiros" calam-se outra vez e preocupam-se é com as compras. Agora o dinheiro acabou-se outra vez. E desta vez presidente Armando Guebuza resolveu que não pagava mais. Resultado: deu no que deu...

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Palavra de leitor!


SOU AMIGO e admirador da Maria João Lopo de Carvalho. Amigo porque sim. Admirador porque a Maria João  é, para mim, uma das pessoas mais divertidas e saudavelmente inteligentes que conheço. Aqui entre nós, há uns anos atrás não gostei por aí além das primeiras coisas que li dela, se calhar por defeito meu ou porque me deixei levar por um "embrulho" onde a meteram e onde, quem a conhece, pouco ou nada tinha a ver com ela - pelo menos com a "Lopa" que eu vim a conhecer melhor mais tarde. Há dois anos, no meio das mil e uma coisas que consegue fazer ao mesmo tempo, a Maria João escreveu um romance notável que - claro... -  causou algum mau-estar naquelas mofentas criaturas para quem a literatura e a escrita é domínio apenas de uns quantos, ou seja, dos do costume: o "Marquesa da Alorna". Grande livro! Como certamente será este "Padeira de Aljubarrota, mulher de armas e heroína de Portugal", o último romance da Maria João e a que ela dedicou muito deste seu último ano e que amanhã vai estar finalmente nas livrarias. E não é por ser amigo e admirador da Maria João que o escrevo - é, isso, sim porque a Maria João é uma excelente escritora. Palavra de leitor!

Lá inútil pelos vistos o rapaz não é...


ESCREVI AQUI por uma ou duas vezes que o então candidato Rui Moreira não passava de um "idiota (in)útil" ao serviço de umas pretensas elites desasadas da realidade da Invicta e onde pontificavam a pena célere e regada a elixir escocês como a do titubeante Veiga ou pensadores como essa luminária do ruralista Cunha. Dou a mão à palmatória: enganei-me! Pelo menos duas vezes. Uma quando Moreira ganhou as eleições. A outra, ontem - quando assinou acordo de governação com os socialistas portuenses. Lá inútil, o rapaz pelos vistos o rapaz deixou de ser. Agora idiota...

domingo, 20 de outubro de 2013

Ainda sobre Sócrates e a sua "entrevista"...

DESDE ONTEM que alguns amigos me interpelam pelo facto de num post anterior ter classificado a entrevista de José Sócrates ao "Expresso" como "excelente", a ponto mesmo de um deles me perguntar se eu teria ensandecido. Não, não ensandeci e acho mesmo o depoimento (sim, porque mais do que nada, aquilo é um depoimento...) excelente. Excelente porque fica claro que Sócrates não percebeu ainda o que quer ou pode fazer na política; excelente porque que confirmamos que o homem, entre grissinos e antipasti, continua a julgar-se um predestinado; excelente porque depois de um Jacinto de Tormes, passámos agora a ter um Zézito de Vilar de Maçada - este de carne e osso; excelente porque a forma de texto corrido permite-nos não ter que "levar" a bold com as sempre prestáveis questões da D. Clara que, a crer no texto com que nos brinda umas páginas antes, continua uma verdadeira artista. Excelente, portanto!

Saravá, poetinha!



CEM ANOS de Vinicius de Moraes, o "poetinha" dos sonetos, das noitadas, da bossa nova, das mil e uma paixões e outros tantos casamentos, das catrefadas de garrafas de Red Label deitadas abaixo em rodas de bar, piano e violão, de génio e talento inigualáveis, de um inconformismo e rebeldia própria de quem é único. Aqui fica o "Soneto de Fidelidade", escrito num quarto do Hotel Paris, aqui mesmo ao lado - no Estoril, em 1939. Saravá!

sábado, 19 de outubro de 2013

A memória de Sócrates...


PENSEI QUE o outrora badalado tema da alegada homossexualidade de José Sócrates fosse um assunto mais do que morto. Pelos vistos não, ou pelo menos hoje, na excelente (diga-se de passagem) entrevista que deu ao "Expresso" o próprio antigo primeiro-ministro encarregou-se de o desenterrar. E na minha opinião, mal... Eu percebo que não seja fácil a ninguém enfrentar a onda de rumores que Sócrates enfrentou à volta desse tema por volta das legislativas de 2005, com todas as consequências que naturalmente um chorrilho de boatos de esse tipo envolve a todos os níveis. Mas eleger Pedro Santana Lopes, o seu adversário e rival político de então como a origem e fonte de todos esses males (no caso rumores) é - e Sócrates sabe-o melhor que ninguém - uma falsidade e também, convenhamos, uma calúnia. Porque José Sócrates sabe melhor que ninguém que tudo começou antes e dentro do seu próprio partido, mais concretamente nas "primárias" onde sucedeu a Eduardo Ferro Rodrigues, derrotando os seus camaradas Manuel Alegre e João Soares e onde a entourage de um deles (já para não para dizer mesmo um deles...) andou a espalhar esse boato por toute Lisbonne - estávamos então em finais de 2003, princípios de 2004. E Sócrates sabe-o tão bem que, na altura, chegou a fazer démarches junto de quem ele pensava ter alguma influência e ascendência sobre o autor do boato, para tentar impedir maior propagação do mesmo... 
Fica-lhe agora mais fácil assestar baterias contra Santana Lopes. Mas fica-lhe mal. Como lhe fica mal insultar Santana Lopes como insulta nesta entrevista ao "Expresso". Santana Lopes terá alguns defeitos - tem concerteza. Mas não é nenhum "bandalho". Como acredito que José Sócrates não seja "homossexual". Embora isso para mim não seja propriamente um defeito, mas antes uma opção.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O accionista que não era mas que afinal tinha sido...


A PROPÓSITO das declarações de Mário Soares, acabei de ler o esclarecimento do Presidente da República em que assegura ter sido apenas depositante do BPN e das suas empresas: "(...)esclareci, em devido tempo, que nunca tive qualquer relação com o BPN ou com as suas empresas, a não ser a de depositante para aplicação de poupanças, quando era professor universitário(...)". Fui ao baú e voltei a ver a carta em que, a 17 de Novembro de 2013, Aníbal Cavaco Silva dá ordem de venda das 105 mil e 378 acções da SLN de que era titular. E agora, em que é que ficamos?

Artur Queirós: "El canalla e outras estórias"

COM A mais que merecida e devida vénia "usurpo" o título a um livro de Miguel Urbano Rodrigues e uso-o neste blogue para encimar um texto, espero que curto, acerca de um dos maiores escroques que me foi dado conhecer ao longo dos meus cinquenta e poucos anos de vida. Responde a sebosa criatura pelo nome de Artur Queirós, ainda que goste (quando tem a coragem de assinar os mal-amanhados textos com o seu próprio nome) de rematar o apelido com um "zê" - porventura a insinuar algum parentesco com o Eça, esse sim Queiroz, bom de pena, de carácter e de banho.
Garantem-me que esta bestunta personagem, sob pseudónimo - "Álvaro Domingos" - ou a coberto de um cómodo e cobarde anonimato, é o principal "animador" da sanha anti-portuguesa que, vai não vai, toma conta dos editoriais e artigos de fundos do "Jornal de Angola", o órgão oficioso do regime angolano. Parece então que o crápula, português para o que lhe convém, resolve mostrar serviço e ser mais papista que o papa. Se no Futungo alguém espirra, é certo e sabido que a alimária fica com febre e vai lá disto -  rapa da pena e, certamente esquecido dos tempos em que fervorosamente militava na  tendência maoísta  do MPLA (a OCA) e tratava os seus camaradas mais alinhados com o bloco soviético (entre os quais o actual presidente José Eduardo dos Santos) como "um bando de pretos matumbos", destila ódio e peçonha cá para estas bandas.
Tive oportunidade de conviver (conviver é uma forma de expressão, note-se...) com esta  abestalhada criatura há uns anos na velhinha revista "Sábado", onde o sujeito fingia que trabalhava na delegação do Porto e onde amanhava umas prosas onde raramente o sujeito concordava com o predicado. Bastava trocar duas ou três frases com o pulhazeco (de preferência ao telefone ou a uns metros, porque o fedor sempre foi muito) para perceber-se que não era boa rês. Manhoso, matreiro, vígaro, aldrabão, intriguista, dele esperava-se de tudo um pouco. Para começar maus textos, que era o que ali importava, já que estávamos numa redacção. Mas a verdade é que as as canalhices desta sórdida criatura não se resumiam à escrita, longe disso - iam mais longe, estendiam-se a atitudes que definiam o carácter execrável de alguém que mais não merece, quando avistado, que levar dois biqueiros nos fundilhos. Como aquele episódio de ter pedido a uma camarada de profissão que viajava de Luanda para Lisboa que lhe fizesse o favor de trazer um pequeno embrulho que mais não era - descobriu-o a portadora por insistência de quem a foi buscar ao aeroporto e que conhecia as manhas ao figurão - nada mais nada menos que a suficiente quantidade de liamba para tê-la colocado atrás das grades se apanhada na alfândega; ou outra, como a da "entrevista" forjada com inexistentes membros das FP-25 de Abril algures no Minho ou na Galiza e pela qual sacou 200 contos à revista "Sábado"; e ainda quando foi surpreendido, na delegação do Porto, lá na rua do Bolhão,  a agredir selvaticamente a recepcionista a soco e a pontapé, a ponto da pobre rapariga ter de refugiar-se no andar de cima.
Este safardana é daqueles tipos que merece, ao cruzar-nos com ele, que lhe cuspamos na cara. O problema é que - como diz alguém que eu conheço - o bandalho ainda ia aproveitar para fazer a barba...

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Parceria estratégica?!

É INACREDITÁVEL a quantidade de disparates (de parte a parte, diga-se de passagem...) que desde ontem tenho lido e escutado sobre uma passagem do discurso do presidente angolano e em que este, ao que parece aborrecido com as habituais tropelias do nosso Ministério Público (será só isso?) ameaçou pôr fim a uma tal "parceria estratégica" existente com Portugal. 
Em primeiro lugar, desconhecia a existência de alguma parceria estratégica. A "parceria" que tem existido tem mais contornos de "parceria oportunista" (no bom sentido, é claro!) que qualquer outra coisa. Senão vejamos: cá, o sr. Oliveira, o do Diário de Notícias, está aflito para pagar o que deve aos bancos - vai daí e recorre-se ao sr. Mosquito, que até já comprou a Soares da Costa que estava à beira da falência; lá, para fazer os cálculos da ponte sobre o rio nãoseiquê é preciso um engenheiro capaz, coisa que não existe - toca a recrutar um em Portugal, até porque são baratinhos; de novo cá, a Caixa precisa de vender a posição que detém no banco "X" - telefona-se à D. Isabel e ela manda o dr. Carlos Silva tratar do assunto; lá, há queixas de falta de cerveja - faça-se uma joint venture com a Unicer, que o pessoal gosta é de Superbock! 
Não sei se a frase dedicada pelo presidente José Eduardo dos Santos às relações com Portugal "(...)as coisas não estão bem" vai ter grande impacto na facturação mensal das lojas do lado esquerdo quem desce da Avenida da Liberdade ou nos revendedores oficiais da Frank Muller ou da Rolex - talvez. E acredito também que no "Olivier" se abram menos duas ou três garrafas de Roederer Cristal (sim, porque isso de Dom Perignon é para chouriços...) ou algumas "piquenas" se queixem da diminuição do rendimento médio mensal nos próximos tempos. 
O que eu sei - isso sim - é que tudo isto só poderá ter importância pela mediocridade e pela singeleza de espírito dos envolvidos, a começar pelos que em Portugal hoje "pensam" e peroram sobre as relações entre Portugal e a sua antiga colónia. Sempre agachados, como que pedindo desculpa sabe-se lá de quê e porquê.
Calem-se os arautos da desgraça, os idiotas, os imbecis, os facebookianos da vida e daqui a duas ou três semanas, já ninguém se lembra nem da parceria, nem da estratégia, nem das noitadas dos secretários de estado cá e lá e muito menos do que se diz da boca para fora nos sítios onde não se deve. Capice?

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Será que é desta?


SEGUNDO ACABEI de ler num push que me foi enviado há momentos pelo Jornal de Negócios, o presidente angolano José Eduardo dos Santos anunciou hoje, durante o seu discurso sobre o estado da Nação, "o fim da parceria estratégia" com Portugal. Para já tiro duas conclusões: a primeira que está à vista o tal "enorme sucesso" apregoado pelo secretário de Estado Campos nãoseiquê sobre a sua recente visita a Luanda; e a segunda, que o primeiro-ministro já não tem desculpas para não pôr o tal Rui Chancerelle Machete porta fora. Valha-nos então isso...

sábado, 12 de outubro de 2013

O corte das subvenções vitalícias aos políticos e a fúria de Alegre


O POETA Manuel Alegre está zangado, furioso, piurso. Então não é que os malandros do governo preparam-se para cortar nas subvenções vitalícias dos ex-políticos? Aos reformados e pensionistas ainda vá que não vá; aos funcionários públicos, pronto que seja; aos que andaram uma vida inteira a descontar isso é problema deles; agora aos políticos, era só o que faltava! E com a mão agarrado à carteira (não vá o diabo tecê-las...) e a outra mão de punho erguido e cerrado, protesta nos jornais com a sua voz tonitruante: "É uma manobra populista contra os políticos!". Faltará pouco seguramente para que, com aquele seu jeito para a rima fácil, nos brinde a propósito com um versos alegretes. Aqui fica uma deixa...

"Ouve Passos, o pilim não é teu!
chama-lhe reforma ou pensão
mas eu quero o que é meu
e se me o tirares és um ladrão"



sábado, 5 de outubro de 2013

Do que me fui lembrar a propósito de Rui Machete...


EM MIÚDO conheci muito bem o poeta e escritor José Gomes Ferreira. Rara era a noite de sábado em que o Zé Gomes (era assim que o tratávamos), a sua imponente melena branca, a inseparável Rosalia e também quase sempre a sua grossa camisola de lã branca e preta não entravam em casa de meus Pais e por lá ficavam em amena cavaqueira que se estendia até altas horas da noite. O regresso do casal a Albarraque ou à Rio de Janeiro fazia-se no Vollkswagen beije conduzido pela Rosalia  no que  certamente deveria ser uma verdadeira aventura, dado o pouco jeito que esta tinha para a arte da condução... Tudo isto se passava há mais de quarenta anos, mas lembro-me bem de como gostava de ficar ali, junto dos adultos, normalmente esparramado numas almofadas de cabedal, a escutar as conversas, invariavelmente a girarem  à volta da política e da vontade que tinham em que as "coisas" mudassem rapidamente. Foi aí que ouvi, da boca do Zé Gomes, uma frase que me veio hoje, mais uma vez à memória - a propósito de um ministro que nunca o devia ter sido: "Isto é um país de pulhas de bem".

Vo Nguyen Giap


PARA FIDEL Castro, o mais mítico dos guerrilheiros, o vietnamita Vo Nguyen Giap era "o maior guerrilheiro de todos os tempos". Morreu ontem com 101 anos. Derrotou franceses e americanos em dois desgastantes e prolongados conflitos que fizeram dele um reconhecido estratega e um herói desse tipo de guerra do "toca e foge". Se Ho Chi Min era a cara política do Vietname, Giap era sem dúvida o lado militar de uma causa que na década de 60 e 70 mobilizou este mundo e o outro um pouco por todo o lado.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Rua!


JÁ TODOS percebemos que Rui Machete não tem um pingo de vergonha.O mínimo que se pede ao primeiro-ministro é que lhe indique a porta da rua. Ontem.

E vão três!


DEPOIS DE Marcelo Rebelo de Sousa Pedro Santana Lopes, foi agora a vez de António Capucho se perfilar como pré-candidato à Presidência da República. Apesar de claramente derrotado na sua aventura autárquica em Sintra, onde obteve menos 3 mil votos que o seu parceiro de lista, Capucho surgiu agora, como quem não quer a coisa, a tentar "cavalgar" a onda dos independentes e simultaneamente capitalizar o descontentamento de uma certa direita que não se revê no actual PSD, ao mesmo tempo que claramente "empurra" Rui Rio para uma sucessão a prazo de Pedro Passos Coelho, como sucedeu ainda há horas atrás na entrevista que concedeu à SIC Notícias. Esta "pressa" do antigo presidente da Câmara Municipal de Cascais e a  visível ânsia de protagonismo (rara é a semana em que não é entrevistado em alguma das televisões) e em repetir à exaustão que se encontra afastado do PSD há dois anos, tem também a ver com a tentativa de preenchimento de um espaço político que naturalmente pertence a Santana Lopes e que um candidato oficial dos social-democratas teria naturalmente poucas condições em ocupar. A dois anos das presidenciais e com Durão Barroso hesitante e o CDS e Paulo Portas a ver como param as modas, as primárias na direita portuguesa prometem...

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

A arte da política

SOU DOS que convictamente acreditam e defendem que o exercício da política é das coisas mais dignas que podem existir em qualquer sociedade - é uma arte. Talvez por isso mesmo, grande parte das chamadas "candidaturas independentes" - hoje tão em voga e colocadas nos píncaros - encanitam-me solenemente. Com algumas (não tantas quanto isso...) excepções, a generalidade delas  resultaram de lógicas que têm muito pouco de políticas e muito mais de vários interesses, escondendo-se atrás de um discurso anti-política e anti-partidos que mais não é que um amontoado de pataquadas sem nexo e que pretendem esconder um vazio de ideias e opções programáticas.
Esta moda é, mais do que nada, uma "doença" que mina a democracia. Porque quando se pretende passar a ideia que os partidos não servem para nada, que os políticos são todos incompetentes e corruptos e que a política é um "nojo" (como é habitual ouvir-se vindo da boca dessas luminárias), está-se a abrir caminho aqueles para quem o importante é obedecer, estar calado e quieto. E está-se também a fazer política. Da bera, da rasca, mas política...