CINQUENTA
ANOS depois de um golpe militar no Brasil ter derrubado o presidente João
Goulart e ter dado azo a um período que durou mais de duas décadas e em
cujo “cadastro” constam mais de 300 mortos e desaparecidos, a “Folha de S.
Paulo” publicou na sua edição de domingo uma sondagem onde, pese alguns sinais
de visível descontentamento nos últimos tempos, a população brasileira
mostra-se identificada maioritariamente com a democracia. Segundo o estudo do
instituto “Datafolha”, 62 por cento dos inquiridos consideram que a democracia
indiscutivelmente “é o melhor dos regimes”,
uma percentagem recorde desde que, em 1989, aquele instituto começou a promover
anualmente este estudo. Dos restantes 38 por cento, 16% afirmam ser-lhes "indiferente" viver em democracia ou
ditadura, enquanto 14 por cento afirmam preferir a ditadura, sendo que 8% não
sabem ou não possuem opinião.
Há
25 anos atrás, quando a democratização estava a dar os seus primeiros passos e
ainda no rescaldo do eleição do controverso Collor de Mello, apenas
43 por cento dos inquiridos afirmavam acreditar na democracia, o que leva
alguns analistas a interpretar esta crescente manifestação de confiança no
regime por parte dos brasileiros como claramente influenciado pelo reforço dos
direitos sociais que ocorreram desde a democratização, bem como os programas
sociais protagonizados pelos últimos governos e o impacto que essas mesmos
programas possuíram junto das classes mais desfavorecidas que associam a
sua melhoria de vida à democracia.
Mas – claro... – existe o outro lado da moeda. E aí, entre e esmagadora
maioria dos brasileiros que se revêem na democracia, mais de 60 por cento
apontam a corrupção, a segurança e a saúde como os principais problemas que a
afectam e que mais preocupação causam. Três temas que, juntamente com a
educação, vão marcar a "agenda" das eleições que se avizinham e que
em Outubro escolherão presidente, senadores e deputados que governarão o Brasil
nos próximos 4 anos.
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