POR
RAZÕES que não vêm para o
caso, só hoje li a longa entrevista que Pedro
Santana Lopes deu ao “Público”. E embora seja visto pela generalidade das
pessoas como “suspeito” em tudo o que possa dizer respeito ao actual provedor
da Santa Casa, como se diz habitualmente... “temos pena”, pelo que ainda não será
desta que, para contrariar essa ideia e para disfarçar uma isenção que
obviamente não possuo, irei escrever o que não penso.
Antes de mais, considero que a entrevista –
toda ela – cautelosamente "pesada", pensada e reflectida é o “sinal” claro e inequívoco que Santana Lopes escolheu para mostrar publicamente que é candidato à Presidência da República,
pretendendo assim marcar terreno fundamentalmente em relação a Marcelo Rebelo
de Sousa, cuja candidatura parece ter ganho algum élan após o congresso do Coliseu. E isto mesmo que Santana afirme que
não acredita que Marcelo chegue alguma vez a avançar...
Mais: é uma entrevista onde fez questão de
“descolar” do governo em duas ou três áreas, aliás como o tem feito nos últimos
tempos; uma entrevista onde mostrou um particular à-vontade em abordar temas
económicos e europeus; uma entrevista onde interpretou o sentir da generalidade
dos portugueses em querer ver os dois principais partidos sentados à mesa a
dialogarem; uma entrevista onde voltou a reafirmar um discurso social
extremamente abrangente e onde todos nos revemos; e finalmente uma entrevista onde tentou
mostrar-se alguém tolerante, aberto e sem ressentimentos. A referência que faz a José Sócrates (que pelo menos na edição online
tem honras de título principal) é um exemplo dessa mesma imagem que pretendeu
transmitir e que - honra lhe seja feita… - não é tão artificial quanto alguns
possam pensar. Houve quem tivesse ficado espantado com a
posição mostrada relativamente ao seu sucessor na residência oficial de S.
Bento, pouco se importando se de facto, ou não, Sócrates desenvolveu em algumas áreas políticas correctas e tomou medidas
acertadas. Dizem-me (e já me disseram): “Ele
não podia ter afirmado isso, não podia ter dito que o Sócrates tinha uma visão
para o País”. Pois eu acho o contrário, acho que podia e, independentemente
do que o levou a fazê-lo – e isso é outra história... – até lhe ficou bem. Até
porque, não sei se estão lembrados, ainda não há muito tempo, naquele seu
estilo rançoso e vingativo, Sócrates foi extremamente deselegante com o seu
antecessor numa entrevista ao “Expresso”. Desnecessariamente aliás, mas
coerente com aquele seu afã de ajustar umas contas que só ele saberá quais são
e com aquela enorme sede de révanche
que não consegue esconder. Portanto, nem que fosse só por isso, Santana Lopes respondeu
à costumeira deselegância do antigo líder socialista com o que se costuma
denominar como “bofetada de luva branca”. Mas além do mais, o que Santana afirmou é verdade.
2 comentários:
olho vivo... mesmo ao longe
Subscrevo inteiramente. Só acho que uma candidatura de PSL para ter hipoteses de sucesso já devia estar discretamente no terreno à algum tempo. Mas isso são contas de outro rosário...
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