É INACREDITÁVEL a quantidade de disparates (de parte a parte, diga-se de passagem...) que desde ontem tenho lido e escutado sobre uma passagem do discurso do presidente angolano e em que este, ao que parece aborrecido com as habituais tropelias do nosso Ministério Público (será só isso?) ameaçou pôr fim a uma tal "parceria estratégica" existente com Portugal.
Em primeiro lugar, desconhecia a existência de alguma parceria estratégica. A "parceria" que tem existido tem mais contornos de "parceria oportunista" (no bom sentido, é claro!) que qualquer outra coisa. Senão vejamos: cá, o sr. Oliveira, o do Diário de Notícias, está aflito para pagar o que deve aos bancos - vai daí e recorre-se ao sr. Mosquito, que até já comprou a Soares da Costa que estava à beira da falência; lá, para fazer os cálculos da ponte sobre o rio nãoseiquê é preciso um engenheiro capaz, coisa que não existe - toca a recrutar um em Portugal, até porque são baratinhos; de novo cá, a Caixa precisa de vender a posição que detém no banco "X" - telefona-se à D. Isabel e ela manda o dr. Carlos Silva tratar do assunto; lá, há queixas de falta de cerveja - faça-se uma joint venture com a Unicer, que o pessoal gosta é de Superbock!
Não sei se a frase dedicada pelo presidente José Eduardo dos Santos às relações com Portugal "(...)as coisas não estão bem" vai ter grande impacto na facturação mensal das lojas do lado esquerdo quem desce da Avenida da Liberdade ou nos revendedores oficiais da Frank Muller ou da Rolex - talvez. E acredito também que no "Olivier" se abram menos duas ou três garrafas de Roederer Cristal (sim, porque isso de Dom Perignon é para chouriços...) ou algumas "piquenas" se queixem da diminuição do rendimento médio mensal nos próximos tempos.
O que eu sei - isso sim - é que tudo isto só poderá ter importância pela mediocridade e pela singeleza de espírito dos envolvidos, a começar pelos que em Portugal hoje "pensam" e peroram sobre as relações entre Portugal e a sua antiga colónia. Sempre agachados, como que pedindo desculpa sabe-se lá de quê e porquê.
Calem-se os arautos da desgraça, os idiotas, os imbecis, os facebookianos da vida e daqui a duas ou três semanas, já ninguém se lembra nem da parceria, nem da estratégia, nem das noitadas dos secretários de estado cá e lá e muito menos do que se diz da boca para fora nos sítios onde não se deve. Capice?
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