POR MUITO controverso que pudesse ser, Hugo Chávez tinha a chamada "noção dos limites" - isto para além de uma legitimidade de uma margem suficiente de votos em eleições cuja transparência nunca foi claramente posta em causa. O mesmo não se pode dizer do seu sucessor Nicolás Maduro, um sujeito que representa o protótipo do político latino-americano boçal e arrogante e que ao não esconder as suas aspirações e tiques ditatoriais está lenta e firmemente a "cavar a sua própria sepultura" e também, claro, a do chavismo de que se auto-nomeou príncipe-herdeiro. A Maduro falta-lhe tanto a noção dos limites, como a do ridículo: já conversou em público com um passarinho que encarnava, segundo ele, o seu antecessor e pai espiritual; já mandou o seu ministro do Comércio à televisão anunciar a importação de 50 milhões de rolos de papel higiénico (!); e - não tão caricato quanto isso, bem antes pelo contrário... - apareceu em público garantindo ter supostamente identificado ("com bilhete de identidade e tudo") os 900 mil simpatizantes de Hugo Chávez que nas últimas eleições não terão votado nele e contribuído assim para que a margem que o separou do seu adversário Henrique Capriles não chegasse aos 1,5 por cento. Na prática, Maduro não só veio implicitamente confirmar o que a oposição há semanas clama (a "chapelada" eleitoral) como vem, ao melhor jeito de um qualquer general Alcazar, ameaçar todos quantos - e agora também na área política do chavismo - não lhe confiaram o seu voto. É fácil adivinhar, mais dia menos dia, o destino (triste) de Maduro...
Sem comentários:
Enviar um comentário