A PROPÓSITO do post aqui publicado no domingo passado e intitulado "José Diogo Quintela vs. Miguel Sousa Tavares: o início de uma polémica", o meu amigo e antigo colega de lides jornalísticas Jorge Lemos Peixoto achou por bem enviar um comentário que recordava a fugaz passagem de Miguel Sousa Tavares pela direcção da revista "Sábado" nos idos de 90 e que, a propósito do artigo de Quintela, criticava as então opções editoriais do hoje colunista do "Expresso". Escreveu Jorge Peixoto:
"As virgens ofendidas e os zelotes da pureza têm sempre alguma coisa a esconder por debaixo os ares indignados. De MST esta atitude só pode surpreender quem não o conhece bem. Eu, por exemplo, recordo-me de uma capa da extinta Revista Sábado, quando ele foi director dessa publicação com uma imagem do Camel Trophy. (...) Sucede que nessa semana tinha ocorrido um desastre ecológico na Madeira (derrame de crude nas costas do aquipélago) e a Sábado mesmo tendo enviado um jornalista optou pelo Trophy onde o director participara e remeteu a que seria a reportagem da semana para as páginas interiores".
"Comentários, não faço. É só para desmentir que a Sábado, sob direcção de Miguel Sousa Tavares, alguma vez tenha feito uma capa com o Camel Trophy ou que o seu director de então alguma vez tenha participado no dito Camel Trophy. Foi aliás, por resistir a pressões publicitárias que foi despedido ao fim de seis meses de direcção".
Hoje, há algumas horas atrás, Jorge Peixoto, "contra-atacou" e num mail enviado, acompanhado de algumas imagens (entre as quais a capa da revista "Sábado" de 3 de Fevereiro de 1990 que se reproduz abaixo), desmente o antigo director da revista, começando mesmo por citá-lo no artigo que originou a capa desse número:
" 'Camel- É o cigarro do aventureiro e a melhor publicidade jamais feita sob o tema da 'aventura'. Serviu também para baptizar uma prova emblemática: o Camel Trophy.'
in revista "Sábado" 3.02.1990
Comentários para quê?
Só para refrescar a memória do “próprio” no que respeita à capa da Sábado; na edição de 3 de Fevereiro de 1990 o que aparece é exactamente um jepp, Land Rover, com publicidade do Camel Trophy isto a propósito de uma reportagem sobre raides de aventura onde são descritas as viagens organizadas por empresas especializadas neste tipo de empreendimentos. Talvez Miguel Sousa Tavares (o próprio) enquanto director daquela publicação não tenha conseguido desencantar nenhum assunto mais interessante para trazer à capa da revista, até porque outro acontecimento relacionado com um desastre ecológico de grandes dimensões mereceu apenas um chamada na capa da Sábado, embora a revista tenha enviado ao arquipélago uma equipa de reportagem.
Provavelmente para não incomodar os leitores da Sábado, MST (o próprio) achou que um derrame de 25 mil toneladas de crude provocada pelo petroleiro espanhol Aragon que provocou uma maré negra da ilha de Porto Santo fosse um assunto que mereceria menos destaque que as aventuras de jeep. Critérios!"
Quem diria que vinte e três anos depois, um artigo de um "gato fedorento" viria "desenterrar" e alimentar uma polémica à volta de jeeps, expedições, derramamentos de crudes e opções editoriais...
Quem diria que vinte e três anos depois, um artigo de um "gato fedorento" viria "desenterrar" e alimentar uma polémica à volta de jeeps, expedições, derramamentos de crudes e opções editoriais...
3 comentários:
Peixoto, 1 - Sousa Tavares, 0
O "vício", pelos vistos, não é só pelo tabaco. É também pela aventura associada ao tabaco... Chama-se a isto "publicidade camuflada".
Mais depressa se apanha um próprio do que um coxo.
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