QUEM COMPÔS foi Pablo Milanés, quem canta é Joan Manuel Serrat. É talvez uma das "canções da minha vida" - pela letra, pela música, por que é de Pablito, por que é cantada por Serrat, no fundo pelo que ela representou e representa na minha vida. E representou muito, acreditem. Com 13 ou 14 anos cruzei-me com dezenas e dezenas de chilenos arredados de seu país, fugindo de uma espiral de terror e violência que ceifou a eito milhares de vida. Quatro décadas depois não esqueço o misto de tristeza, de nostalgia, de revolta com que todos eles encaravam o dia seguinte - é uma imagem que não se apagou da minha memória, que associo ao que de mais triste pode suceder a uma pessoa.
Salvador Allende pode ter tido muitos defeitos e pode ter cometido muitos erros ao longo dos três anos que liderou o governo da Unidad Popular - concerteza que sim. Mas isso não justifica a barbárie, os assassinatos, o verdadeiro massacre que um bando de criminosos cometeu sobre milhares e milhares de chilenos a quem apenas o facto de pensar era suficiente para ser ser levado para o Estádio Nacional de Santiago ou morto pela sangrenta "caravana da Morte" que, a mando do facínora Augusto Pinochet, cruzou o Chile dizimando tudo e todos.
É por essas e por outras que, quarenta e um anos após a sua morte no palácio de La Moneda, Allende merece ser recordado. Quanto mais não seja porque com ele o Chile falava, pensava e era livre. E isso já não é pouco...
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