ACREDITO QUE nos anos em que andei pelo jornalismo possa ter algumas vezes pisado o risco e mesmo infringido algumas daquelas que são consideradas as regras básicas do jornalismo no que se refere à ética e à deontologia - mas também, verdade seja dita, a quem isso não sucedeu? Agora há uma coisa que eu posso garantir, teimar e mesmo bater o pé: nunca, mas nunca mesmo, em mais de vinte anos de profissão, muitos deles em funções que envolviam responsabilidade editorial, senti-me tentado alguma vez a recorrer a recursos vergonhosos e a roçar o grotesco como o diário de maior circulação em Portugal fez ontem a propósito do avião abatido nos céus da Ucrânia. Aquela primeira página é o reflexo do estado a que chegou o nosso jornalismo (se é que ainda assim pode ser denominado…) e da inacreditável falta de escrúpulos, repito, falta de escrúpulos por parte de quem escolheu e editou a fotografia publicada a toda a largura da primeira página. No mínimo, nojento...
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