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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Uma viagem ao Brasil


LONGE, LIGEIRAMENTE mais novo que o protagonista e também "emigrado" por este lado do Atlântico, tenho seguido, num misto de divertimento e comiseração, a novela à volta do verdadeiro happening que tem sido a viagem de Fernando Tordo ao Brasil. 
Acreditem que há muito tempo não lia tantas baboseiras escritas de um lado e outro, ou seja, tanto por parte de quem de forma grosseira e alarve ataca quem resolveu escolher ir trabalhar uns tempos para terras de Vera Cruz, como também por outros que, puxando à lágrima e ao sentimento bacoco, expressam uns estados de alma que têm tanto de ridículos como de desajustados face a uma escolha perfeitamente natural nos dias que correm.
Já vi - ou melhor li - um pouco de tudo no que diz respeito a argumentos de defesa e de ataque à decisão que Fernando Tordo tomou. E o que mais me surpreendeu é que, tanto entre os seus indefectíveis como entre os seus críticos mais ferozes, encontrei gente que julgava mais serena, mais inteligente e principalmente menos "maria vai com as outras". E tenho pena… Mas sejamos claros e não tenhamos receio de apontar o culpado de tudo isto e que só tem um nome: o do próprio Fernando Tordo! Por muita estima que ele nos possa merecer, pelo papel importante que ele possa ter desempenhado (e desempenhou!) no nosso panorama musical, pedia-se-lhe algum bom-senso e noção do ridículo numa altura em que o País está fragilizado, em que os ânimos estão quentes e em que muitas vezes a tendência é para falar muito e pensar pouco. Mas não, a Tordo dava-lhe jeito (ele lá saberá porquê…) fazer este "número" - pôr-se em bicos de pés, cavalgar uma onda que se avoluma há anos e que congrega uma óbvia e natural desilusão e revolta por parte de milhares e milhares de portugueses cansados de austeridade e falta de esperança, desdobrando-se em declarações públicas, entrevistas à saída do aeroporto, cartas-abertas e sei lá mais o quê. Volto a dizer: tenho pena. Fez-me lembrar, há uns anos, os "suicídios" do Vítor Espadinha. É por essas e por outras que eu sei que daqui a uns mesitos (já nem quero dizer umas semanas...) não irá ser difícil dar de caras com ele em Lisboa. Vai uma aposta?

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