NO DIA 31 de Janeiro de 1961, ou seja há pouco mais de meio-século, 61 oposicionistas ao regime de Salazar subscreveram o chamado "Programa para a Democratização da República", um documento cuja divulgação provocou uma pronta guia-de-marcha para a António Maria Cardoso de vários dos seus promotores e subscritores, onde os esperava um inevitável interrogatório na sede da PIDE ou a condução aos célebres "curros" do Aljube. Cinquenta e um anos depois, em 2013, seis dezenas de cidadãos preocupados com o caminho que, na opinião deles, o regime democrático trilha lançou agora o "Manifesto pela Democratização do Regime" e que, entre outras medidas, preconiza "eleições primárias abertas nas escolhas dos candidatos a cargos políticos e a possibilidade de votar em nomes de candidatos em vez de listas para a Assembleia da República". Entre os seus subscritores, estão nomes como Manuel Maria Carrillho, Henrique Neto, Álvaro Órfão, Eurico Tavares, Edmundo Pedro, Salgado Matos, enfim pessoas que mostram uma natural coerência com o seu percurso e com o que sempre defenderam.
O mesmo não se pode dizer de um "democrata" que, certamente já esquecido do seu currículo no Estado Novo, surge agora - com uma desfaçatez de bradar aos céus - como subscritor deste documento. Chama-se José Veiga Simão, foi reitor nomeado por Salazar e ministro da Educação de Marcello Caetano - onde as suas práticas democráticas ficaram demonstradas à saciedade pela criação do cargo de "vigilantes", vulgo "gorilas" nas universidades. Nem se percebe como é que é possível ter tanta "lata" para assinar este manifesto, como tão-pouco se entende como os seus pares possuem uma memória tão curta...
2 comentários:
Amigo ZPF
Foi por causa de Veiga Simão que a minha irmã chegou a casa mordida por um cão, os que a Polícia levava, mandados por ele,Ministro da Educação,para as Universidades na época!!!
Ganda democrata,como Rebelo de Sousa pai............
Esse manifesto parece muito inspirado nos manifestos do movimento revolução branca.
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