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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Guiné-Bissau: Portugal a ver navios...


APESAR DE (até!)próprio PAIGC já integrar o governo de transição, da União Africana ter vindo publicamente reconhecer os progressos que a situação política na Guiné-Bissau está a viver, de Angola estar a normalizar as relações com aquele país e a superar alguns "traumas" bem recentes, Paulo Portas insiste em que o governo português mantenha uma posição que inevitavelmente o conduz a situação que, sendo obviamente caricata, ameaça deixar o nosso País à margem do (muito) que está a ocorrer na Guiné-Bissau a nível de descoberta de recursos naturais. Isto já para não falar da presença  e influência a nível da língua e da cultura, campos em que diária e progressivamente Portugal está a perder terreno. Daqui a uns anos, quando Portas estiver longe, possivelmente já será tarde para inverter uma situação que ele próprio criou e que é lesiva dos interesses nacionais e que só responde às exigências de um primeiro-ministro deposto - Carlos Gomes Junior, "Cadogo" de má-memória, um "ás" em negociatas e uma figura que representa o pior que a Guiné conheceu em termos de corrupção  (e não só...) e que Portas não se cansa em apaparicar...
Começa a ser tempo que em Lisboa o primeiro-ministro abra os olhos e chame o seu ministro dos Negócios Estrangeiros "à pedra". Birrrinhas, tenha-as lá o dr. Portas no Caldas ou onde bem lhe aprouver, mas que não brinque com coisas sérias. Já chega!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Uma ou duas incompatibilidades?


SE NO fundo não fosse triste e não revelasse uma certa (para não dizer muita) desfaçatez, até dava para rir: "Julgo que não é justo falar de incompatibilidade quando estamos a falar de um intervalo de 12 anos...". A frase pertence ao actual presidente da Lusoponte Joaquim Ferreira do Amaral e que, refira-se, uma dúzia de anos antes de ser convidado (e aceitar) este cargo negociou em nome do Estado português, enquanto ministro das Obras Públicas, a concessão da ponte Vasco da Gama com essa mesma empresa. Alguém conseguirá explicar à cada dia mais anafadinha criatura que não é o facto do convite ter surgido 12, 15 ou até 20 anos após ele ter negociado com quem hoje lhe paga o salário que eticamente a questão deixa de colocar-se? Se não entender isso, então a incompatibilidade da outrora "estrela do cavaquismo" estende-se pelos vistos também à sua própria inteligência...

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Os bastidores de um telefonema que afinal sempre existiu...


O SEU a seu dono... Ou seja, a vichyssoise a Paulo Portas e o telefonema a Eduardo Barroso. Parece que afinal desta vez o sempre imprevisível Marcelo Rebelo de Sousa não inventou a conversa telefónica com Mário Soares ainda internado que relatou na TVI. A confusão gerada nas primeiras horas deveu-se apenas a um mal-entendido de João Soares que, na sua página do Facebook e pouco tempo depois da aparição dominical do professor, garantia que o seu pai apenas tinha falado ao telefone com António José Seguro e com António Damásio. Agora está tudo esclarecido. Ou quase. Só fica para perceber se foi Mário Soares que pediu ao seu sobrinho Eduardo para lhe passar o telefone quando este tagarelava com o seu amigo Marcelo ou se foi ele que, num daqueles gestos intempestivos que o começam a caracterizar, pôs o tio entre a espada e a parede - ou seja lhe passou sem mais nem menos o telemóvel e o "obrigou" a trocar umas palavras de circunstância com o professor. Vá lá saber-se...

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Um "telefonema" a lembrar uma vichyssoise...


SEM MARGEM para dúvidas, Marcelo Rebelo de Sousa é um patusco - para não lhe chamar outra coisa... Ontem, no final do seu tête-a-tête com a inefável D. Judite, o irrequieto professor não resistiu e, bem ao estilo do célebre episódio da vichyssoise, em tentar fazer dos (seus) telespectadores uma espécie de "paulosportas" à distância revelando um breve telefonema que supostamente teria mantido com Mário Soares (internado no Hospital da Luz) e que, afinal e a crer num post publicado no Facebook ontem à noite por João Soares, nunca ocorreu. E tal como no episódio de um inexistente jantar de constitucionalistas no palácio de Belém que Marcelo em tempos relatou em pormenor a um sôfrego Portas à porta do Hotel da Torre e onde até magicou uma também inexistente ementa onde pontificava uma célebre vichyssoise que ficaria nos anais da política nacional, desta feita o desconcertante professor arranjou maneira de meter o seu amigo Eduardo Barroso  ao barulho, garantindo ter sido este a passar o telefone ao seu tio Mário. Já agora era engraçado saber se Marcelo, ao menos, falou com o amigo Eduardo, ou se este não passou, ele também, de uma vichyssoise  versão século XXI...

domingo, 20 de janeiro de 2013

O idiota útil


NO PORTO, lá mais para as bandas da Foz, um grupo de alegados "iluminados" (e onde pontifica um vulto que se arrisca a ficar na história pela facilidade com que emborca uns valentes whiskies e simultaneamente plagia à tripa forra para conseguir amanhar uns artigos que afinal não são seus...) entretêm-se - à falta de parceiros para o bridge ou canasta - a tentar encontrar alguma ingénua criatura que, deslumbrada pelo momentâneo e episódico acender dos holofotes, alinhe numa encenação pífia, sem sentido e à partida condenada ao fracasso de tentar impedir que alguém responsável por ter transformado Gaia de um pardieiro em cidade assuma por vontade popular a liderança de um Porto onde o exemplo vindo da outra margem é mais do que suficiente para garantir a vitória. 
Ao longo dos últimos meses a tarefa em encontrar quem se prestasse a esse papel não foi fácil, porque ninguém com dois dedos de testa aceitou tamanho encargo: o banqueiro lá lhes deu umas palmadinhas nas costas ao mesmo tempo que elegantemente os mandou dar uma volta ao bilhar grande; o economista, esse e apesar de ter sido ministro e tudo, perceberam a tempo que ninguém o conhecia; ao "justiceiro profissional", apesar de ter publicado uns livros, feito umas aparições públicas e debitado um discurso que é assim uma espécie de "conversa de paragem de autocarro" um bocadinho mais elaborada, faltava-lhe arcaboiço político. Era urgente encontrar o chamado "idiota útil"... Resultado? Viraram-se para quem, já há alguns anos e em bicos de pés, frenética e pressurosamente se oferecia para o que quer que fosse, desde programas televisivos a hipotéticas futuras sucessões a prazo em lideranças  clubisticas, passando por secretarias de estado ou presidências de empresas municipais. Aí a coisa foi fácil, bastando piscar-lhe o olho, acenar-lhe com um protagonismo a que a criatura dificilmente resiste e prometer-lhe a vitória ali mesmo ao virar da esquina. E então não é que o rapaz acreditou, caindo que nem um patinho numa esparrela que só serve para o tal grupinho a quem falta um para fazer mesa de bridge tentar sobreviver sabe-se lá a quê?! E foi vê-lo encher o peito de ar, ajeitar-se no cadeirão em que tem andado sentado nos últimos anos, debitar mais uns lugares comuns e imaginar-se levado em ombros até ao cimo da Avenida dos Aliados, onde o povo o consagraria como presidente da Câmara. O que ele não esperava é que ontem, qual forcado, o homem vindo da outra margem tivesse saltado para a arena e lesto o citasse de largo, pronto para pegá-lo de caras e devolvê-lo aos curros sem honra nem glória...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Vale a pena ver...



NO BRASIL, a polémica sobre a construção da usina hidroelétrica de Belo Monte é um dos temas que está cada dia mais na "agenda" política. Vale a pena assistir a este filme de 5 minutos e onde muitos dos actores "globais" dão a cara pelo Movimento Gota D'água, contra a construção daquela que será uma das três maiores hidroeléctricas do mundo. Simples e eficaz!

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

O "comboio" dos parolos


CONFESSO QUE ao ver a capa da última "Nova Gente" fiquei, tal como Marcelo Rebelo de Sousa quando soube da decisão presidencial em solicitar a fiscalização sucessiva do Orçamento de Estado ao Tribunal Constitucional, "com a boca em ó"... É que nunca na minha vida esperei alguma vez ver uma imagem tão grotesca  como a publicada pela "revista do IC-19"  e que nos mostra as figuras tristes e bacocas (desta feita no Brasil) que certas personagens não se coíbem de protagonizar, revelando assim a sua verdadeira faceta. Triste demais para ser verdade ver aquele autarca auto-inteligente que ainda não sabe se "troca" Sintra por Lisboa para entretanto abichar um lugarzinho em Bruxelas que, com aquele ar aparvalhado que o caracteriza, lidera de papelinho na mão uma fila de criaturas a dar à anca certamente ao ritmo de algum "forró" ou "canção sertaneja" e onde pontificam o inefável "Mendes dos bitaites" e, claro, a D. Judite - essa referência do jornalismo televisivo nacional. Um "mimo", este verdadeiro "comboio dos parolos" como e bem definiu um amigo meu que, também - julgo -  ainda não recuperou do "choque"...

P.S: - Já agora e a propósito desta fotografia. lembrei-me do verdadeiro sururu que há uns anos causou uma fotografia de Pedro Santana Lopes numa festa a bordo de um cruzeiro. Só porque tinha amarrado um lenço à volta da cabeça. Ao menos não fazia figuras tristes...

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Cascais: o candidato das Caldas...

                                      Foto: Público

OS SOCIALISTAS mostram um dedo especial para escolher candidatos à Câmara Municipal de Cascais. Após da tentativa falhada de convencer Pedro Silva Pereira a entrar na "corrida"; do músico João Gil, apesar de se pôr em bicos de pés, ter sido pura e simplesmente descartado pela concelhia cascalense; de José Luís Judas (vejam lá ao que aquilo chegou!) ter sido vetado pela direcção nacional, eis agora que surge um candidato escolhido, nada mais nada menos, que à mesa da sala de jantar da família de Tózé Seguro - o farmacêutico João Cordeiro.  E tudo porque o eterno presidente da Associação Nacional de Farmácias  contou na sua direcção, até há bem pouco tempo, com a mulher do secretário-geral socialista, Margarida Maldonado Freitas - também ela farmacêutica e proprietária de uma farmácia nas Caldas da Rainha - no caso a "Farmácia Freitas"
Aqui entre nós e muito sinceramente, era difícil escolher pior, até porque possivelmente Cordeiro é daquelas pessoas que possui - não sei se justa ou injustamente... - uma péssima imagem pelas bandas de Cascais (onde é proprietário de algumas farmácias) e tem o condão de conseguir gerar à sua volta um estranho e penoso unanimismo pelos anti-corpos que provoca em todas os sectores políticos e sociais do concelho. Isto já para não falar da clara "falta de respeito pelo passado" que esta decisão do líder socialista implica, particularmente no que diz respeito ao seu camarada e euro-deputado Correia de Campos, o ex-ministro da Saúde, com quem a ANF e particularmente João Cordeiro travou violentas batalhas...

Ladina personagem...

MUITO CURIOSO, o autêntico "folhetim" que se arrastou durante alguns meses (para não dizer anos...) e que teve Marco António como protagonista e a Câmara Municipal de Gaia como palco e em que o ladino secretário de Estado andou num jogo de "esconde-esconde" que, pelos vistos, lhe saiu furado. Como sintomática e elucidativa foi a troca de recados entre o putativo ex-candidato e o ainda presidente da autarquia ocorrida hoje, com o primeiro a garantir que não é candidato por "ter sido sensível às preocupações" do primeiro-ministro em não querer vê-lo afastar-se do executivo e Luís Filipe Menezes a contrapor em comunicado do PSD/Gaia que a decisão do secretário de Estado "não teve qualquer interferência" de Passos Coelho... 
No mínimo divertido, especialmente para quem sabe que tudo foi resolvido numa reunião a quatro entre Passos, Menezes, Moreira da Silva e o próprio Marco António e onde este último foi colocado "entre a espada e a parede" pelo primeiro-ministro que, tal como o autarca de Gaia, estava farto dos "joguinhos" do ziguezagueante governante. Ou seja: Passos Coelho nunca pediu a Marco António que ficasse no governo, pediu-lhe, isso sim, que decidisse e logo naquele preciso momento. Tudo o que Marco António não queria fazer e que, pelos vistos, foi obrigado a fazer. E o entre o certo e o incerto, lá se agarrou à cadeira do seu gabinete da praça de Londres não fosse o diabo (leia-se o eleitorado gaiense...) tecê-las.  "É a vida!", como dizia "o outro"...

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Gracias, Felipe!



HÁ MOMENTOS em que os países (neste caso, os partidos) precisam de deitar mão ao passado e às referências que foram fundamentais em determinados momentos e cujo "peso" histórico e político é suficientemente consensual e unânime para juntar à sua volta todos e mais um. Os socialistas espanhóis, que ainda não há muito tempo se viram afastados do poder e passaram por um processo sucessório interno algo "fracturante", não viverão hoje propriamente os seus melhores dias, com uma Espanha mergulhada numa  profunda crise onde lhes cabem algumas significativas responsabilidades e com alguma dificuldade em encontrarem um "rumo". Talvez por isso e aproveitando o trigésimo aniversário da posse de Felipe González como presidente do Governo, o PSOE resolveu no passado dia 2 de Dezembro levar a cabo uma homenagem que juntou à volta do seu líder histórico as principais figuras do partido e algumas (tantas...) delas há muito arredadas da cena política. Um evento carregado de emotividade, de uma simplicidade cativante e que serviu, mais do que nada, para unir um partido algo fragilizado e "carregar baterias" e onde um Felipe, surpreendentemente cada vez mais rejuvenescido, mostrou o que é ser, de facto, uma "referência".
A terminar, não resisto a deixar uma pergunta: será que em Portugal algum partido poderia levar a cabo um evento como este? Ou por outras palavras, algum dos nossos partidos possuirá uma referência tão consensual quanto González o é relativamente ao PSOE?

A deputada, o balão e a notícia que não existe...


PEDINDO ANTECIPADAMENTE desculpa a alguns amigos que pensarão o contrário, ainda não consegui entender até que ponto o facto da deputada socialista Glória nãoseiquê ter sido apanhada com uma taxa de alcoolemia a rondar os 2,5 g (!!!) numa "operação stop" da PSP merece o destaque que os nossos jornais (e consequentemente redes sociais) lhe estão a dar... Se porventura a senhora em causa tivesse querido fazer valer o seu estatuto de parlamentar para furtar-se ao controlo policial eu ainda entendia - mas a verdade é que, até prova em contrário, a tal D. Paula foi mandada parar, descer do carro, fazer o teste e, dado o estado em que (pelos vistos...) se encontrava, devida e justificadamente punida. E daí?

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Juan Carlos: um novo estilo



UM AMIGO espanhol chamou-me a atenção para a "forma" como este Natal a Casa Real espanhola preparou ao detalhe a habitual "Mensaje de Navidad" do Rei Juan Carlos. Em vez do do habitual formalismo do soberano sentado atrás de uma mesa, o novo responsável pela comunicação do monarca espanhol (o antigo "homem-forte" do BBVA nessa área) resolveu apresentar-nos um Juan Carlos aparentemente descontraído, meio-sentado (ou encostado!) à frente da sua mesa de trabalho e até com o pormenor inicial de fingir-se surpreendido pelas câmeras que o "apanharam" ainda com os papéis na mão... Outro detalhe bem sintomático do esforço de mudança que se sente na Zarzuela, é o início da transmissão televisão com as imagens recolhidas no exterior e que a pouco e pouco vão "entrando" no gabinete de trabalho real. Muy bueno, especialmente numa altura em que a figura de Juan Carlos (mercê de uns quantos "deslizes" e gaffes) deixou de ser tão consensual entre os espanhóis como o foi durante tanto tempo...

À esquerda, marchar, marchar...

NÃO ACREDITO que Marcelo Rebelo de Sousa tenha ficado assim tanto "com a boca em ó" com os pedidos de fiscalização sucessiva feitos pelo Presidente da República para o Tribunal Constitucional relativamente a alguns items do Orçamento de Estado. Mesmo quando pergunta (e bem) como é que Cavaco Silva, que no ano passado "não se chocou, quando o que foi cortado foi muito mais", agora resolveu ter dúvidas... E não acredito porque o sempre sagaz prof. Marcelo sabe tão bem quanto quem segue a par e passo o que se passa na cena política portuguesa (tanto por cima da mesa como por detrás da cortina...) que Cavaco vai terminar este seu último mandato "à esquerda", sempre solícito e atento às exigências e reivindicações daqueles que, de vez em quando e sempre que necessário,  sabem como maçá-lo e incomodá-lo com questões menos políticos e mais pessoais e até familiares. Razão tem Pedro Santana Lopes quando ainda há poucos dias apelidou Cavaco de "líder da oposição". Capisce?

domingo, 6 de janeiro de 2013

O camelo

UNS anitos atrás, havia por aí uma canção que, dedicada a um qualquer dromedário, dizia qualquer coisa assim como: "(...) o Areias é um camelo, tem duas bossas e muito pêlo...". E foi a passar os olhos pelo resumo de uma entrevista que o inenarrável Vasco Lourenço deu ao jornal "A Bola" (também a outrora denominada "bíblia" entrevista qualquer bicho careta, livra!) alegadamente sobre o Sporting (pobre clube, ao ponto a que chegou, com estes Lourenços da vida a eructarem umas quantas imbecilidades sobre o seu  estado e futuro - já não bastavam os desastrosos resultados desportivos...), que dei comigo a cantalorar a cançoneta, se não me engano, de uns já finados "Queijinhos Frescos". É que esse verdadeiro paradigma da imbecilidade, que insiste em julgar-se investido numa legitimidade que os factos da História nunca lhe concederam, resolveu (mais uma vez)  investir de modo "ensarilhado" sobre o governo de Passos Coelho, qual rês sem nobreza e daquelas de lide curta e fácil que rapidamente regressam aos curros. A balofa criatura está obviamente no seu pleno direito em criticar, atacar e até pedir publicamente a demissão do governo, ainda que  ninguém me tire cabeça que qualquer declaração do energúmeno  nesse sentido seja objectivamente contraproducente para quem queira ver Passos pelas costas. Mas esperava-se, apesar de tudo, que usasse argumentos não tão boçais, ou seja não tão à sua imagem e semelhança. Diz então a criatura: (...) Hitler também foi posto pelos votos". Assim, com esta ligeireza e estupidez própria de um verdadeiro mentecapto, como se a comparação fosse possível e tentando fazer de quem o pudesse ler tão estúpido quanto ele... Mas não fica por ali, a bestunta personagem e mostrando que, pelo menos, fez o exame da quarta classe chega mesmo a evocar os acontecimentos de 1640, quando urra pela "defenestração" do governo, quais Migueis de Vasconcelos. Ah, é verdade... e tudo isto a propósito do Sporting! 
Desconheço se este imbecil que diariamente envergonha o 25 de Abril e quem realmente foi seu protagonista bebe em demasia ou está na posse das suas plenas faculdades mentais. Tão-pouco sei se esta postura de "politicamente corno" com que nos brinda periodicamente é fruto de ter chegado à conclusão que não serve nem para varrer a parada e que os nossos politicos, por mais palmadinhas nas costas que lhe dêem, já perceberam há muito que o homem  já nem para integrar  uma comissãozeca da treta dá jeito. O que sim sei é que cada vez que que ele abre a boca eu começo a acreditar que os camelos também falam e que (mais grave do que isso, especialmente para quem se revê no 25 de Abril como eu) me envergonho que uma "coisa" como ele se arme em arauto de uma data que foi porventura um dos dias mais felizes da minha vida.

sábado, 5 de janeiro de 2013

Estão bem um para o outro...

A ANUNCIADA e propalada "colagem" do CDS a Cavaco Silva nos últimos dias e em particular em temas que debilitam a estratégia governamental só prova a má-fé e cinismo com que Paulo Portas e os seus "pagens" estão na coligação e no governo. E também - para quem tem memória - só demonstra a falta de vergonha na cara de quem foi constante e semanalmente humilhado por um feroz e implacável "O Independente" e hoje, como se nada se tivesse passado, encontra "plataformas de entendimento" com quem o elegeu, durante anos a fio, como "inimigo de estimação"...

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

O meu amigo "Zoro" e Janis Joplin


O MEU amigo Zoroastro Sant'Anna é uma figura. Uma grande figura! Baiano, a morar (por enquanto) no Rio de Janeiro, acalenta o sonho (que já esteve mais longe...) de passar para cinema a vida do mítico Lampião, algo de que ele detém os direitos - cedidos pela família. Trabalhámos juntos em Tocantins, na campanha vitoriosa do governador Siqueira Campos em 2010. Eu a criar "comerciais" para TV e ele a dirigi-los. Demo-nos bem - aliás quem não se dá com o grande "Zoro", cujo percurso de vida dava, também, "uma longa", para utilizar a sua expressão bem cinéfila?! Hoje, ao vasculhar o Facebook dei de caras com esta deliciosa estória contada na primeira pessoa por este meu amigo - uma estória que é  quase um conto e que relata o encontro que, nos idos de 60, "Zoro" teve com, nada mais nada menos, Janis Joplin na sua Bahía. Intitulado "Me and Janis", não resisto - com a mais que merecida vénia - a transcrevê-la, não sem antes lhe enviar, aqui desde Cascais, um abração do tamanho da distância física que nos separa:

"Janis me ligou no meio da noite, na Tribuna da Bahia, em Salvador.
Quem é? - perguntei. Is Janis, Janis Joplin. Rigth, I'm Jesus, and so? É verdade, meu nome é Janis Joplin. Estou ligando para você por indicação de um músico baiano que conheci em Ipanema, no Rio, o nome dele é Piti. Quase refeito perguntei o que ela queria. Disse ela que estava vindo para a Bahia e que precisava de apoio e que não queria a midia envolvida. Dissera que viria de carona de caminhão.
Marcamos num posto de gasolina antes da rodoviária, na Avenida Barros Reis. Eu tinha um fusca 68, azul calcinha. Liguei para o Hotel da Bahia e fiz uma reserva em nome do Mr. David Newhouse e senhora. David era um australiano, namorado de Janis na época. Eu tinha 23, Janis 27 e David 29 anos. Quando cheguei no posto de gasolina eles já estavam lá. Ele imenso, de camiseta regata, malhadão, ela de saia indiana e blusa de crochê verde, sandálias. Nos beijamos, todos. Seguimos até o Campo Grande, no Hotel da Bahia. O recepcionista disse que o hotel estava lotado. Pedi para chamar o gerente, um carequinha empertigado. Expliquei que eu havia feito uma reserva, pessoalmente e que agora o funcionário disse que estava lotado. O careca, rei do mundo, numa cidade fim do mundo, disse: "Meu hotel não hospeda hippies!" Janis, que já estava impaciente, entendeu quando ele disse a palavra “hippies", bateu a mão no mármore vagabundo da recepção e gritou: "Seu merda, eu sou Janis Joplin, eu compro esse hotel e lhe boto na rua!" Pedi calma a ela, ela esperneou, David não estava nem aí.
As duas mochilas deles eram imensas, Janis ía na frente e David atrás com os dois volumões. Meu fusca queimava uma fumaça azul, parecia desenho animado. Seguimos em direção à orla. Chegamos na Pituba e encontramos o Hotel Universo, que não existe mais. Em frente ao Jardim dos Namorados. Entramos sem o menor problema. Chegamos no quarto, deitamos na cama larga, relaxados, David acendeu um charo quilométrico, fumaça azul, como a do meu fusca. Janis pediu heroína ou pó. Eu não tinha, não havia nada disso na Bahia em 1970. Eu tinha notícias do que era mas nunca tinha nem visto. Janis ficou nervosa e inquieta, não dormimos, só David cochilou. Janis pediu cachaça, saí e trouxe uma garrafa de Jacaré, cachaça da terra "Jacaré taí ? Positivo", era o slogan. Ela tomou metade da garrafa. O que tem do outro lado do mar, perguntou Little Lyn, olhando pela janela aberta para aquela imensidão verde esmeralda do mar da Pituba. A terra dos seus avós, respondi. Are you jokking? Reclamou ela, que brincadeira é essa? Sou do Texas, e me deu dois tiros com os dedos engatilhados. Rimos muito, porque respondi que era cangaceiro e as coisas não ficariam assim, revidei os tiros e corríamos bêbados do quarto para o banheiro, do banheiro para o quarto. Belo tiroteio. Baleados e exaustos, expliquei que no do outro lado mar ficava Luanda, em Angola. Onde vivia a nação negra da qual era roubara a voz. Eu nasci assim, eu não roubei nada, disse ela tentando arrumar os cabelos revoltos. Eu sei, tranquilizei. Só queria que você soubesse que é crioula, mais nada. Eu sei, disse ela, eu sempre soube. Nos abraçamos e ficamos olhando aquela calmaria turquesa do mar. David peidou.
À noite levei Little Lyn e David na casa de Luiz Fernando, um amigo, artista plástico que vivia num casarão na foz direita do fedorento Rio Vermelho que estranhamente não cheirava nesta noite. Havia manequins de gesso pela sala, envoltos em panos coloridos, tudo iluminado a luz de velas. No centro, almofadas confortáveis, mais velas e um toca-discos daqueles que você desmonta e as tampas viram duas caixas de som. Little Lyn pedira que eu comprasse dois LPs. Um era o “Big Brother and the Holding Company”, sua ante-penúltima banda, onde rolava tudo que havia de psicodélico, de drogas às ideias. O outro disco que ela queria ouvir era o “Kozmic Blues Band”, estranhei que não pedisse o “Cheap Trills”, que ficava no meio de um e do outro. Foi difícil achar o “Kozmic”, tinha acabado de sair, mas achei!
Charo rolando pela sala, cachaça Jacaré aberta no espaço, Little Lyn sentada, balançando o corpo do ritmo de “Bye, Bye Baby”, “Blindman”, “Call on Me” e outras genialidades. Me pediu que colocasse o “Kozmic”, ninguém ainda conhecia direito aquele LP. Ela deu um gole profundo na Jacaré e cantou em cima do disco, em cima da própria voz, “Summertime”. O mundo deveria ter acabado naquele instante. Depois daquele momento, nada mais importa, é um encontro definitivo com Deus. Virei santo. E haja o que houver, direi sempre com a boca cheia, plageando Pablo Neruda “confesso que vivi.”
Não sei como descobriram, mas a revista Veja, através de seu editor regional, Edgar Gantoira, me ofereceu um fusca caramelo zero quilômetro, um monte de dinheiro e um fotógrafo, Roberto Duarte, para documentar a estadia de Janis em Salvador e me vi diante do dilema em ser fiel ao pedido de Little Lyn e granjear a fama e o dinheiro através do furo de reportagem. Eu traí Janis ao revelar ao fotógrafo Roberto Duarte que no dia seguinte eu a levaria à feira de Água de Meninos, na Cidade Baixa. Ele fez a foto com uma tele 125 mm e a Tribuna estampou em manchete de meia página: "Janis Joplin na Bahia". Quando abri o jornal pela manhã tive vontade de morrer. Chamei Janis e mostrei. Ela me odiou. Chorei. Ela ficou puta. Passados uns minutos ela me beijou. Forget it, disse ela, don’t worry. O resto jamais contarei. “ Summertime...

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Lembram-se?


ANOS 90. Era o hoje Presidente da República então primeiro-ministro e perante as "forças de bloqueio" (que é como quem diz, perante alguma declaração ou atitude menos "simpática" de Belém) clamava possesso, quase que urrando: "Deixem-me trabalhar!"...

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

"Força de bloqueio": ser ou não ser...


UMA PERGUNTA que se impõe após a mensagem de Ano Novo de Cavaco Silva: será que o Presidente da República é, ele mesmo, uma "força de bloqueio"? 

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

António Marques Júnior


DELE SE pode dizer, sem qualquer favor ou "obrigação póstuma", que era um homem íntegro, sério e justo. Chamava-se António Marques Júnior, foi um dos mais jovens oficiais de Abril e apesar de ter apenas 28 anos quando foi chamado a ocupar cargos de alta responsabilidade política e militar, nunca se deixou deslumbrar ou "contaminar" como tantos outros que perderam rapidamente o respeito de um País que obviamente é grato a quem foi fundamental na restituição da Liberdade. 
Deputado ao longo de 26 anos, eleito pelo Partido Socialista, a discrição que sempre cultivou valeu-lhe muitas vezes ser injustamente preterido, apesar da sua competência em matérias como a Defesa e a Segurança Nacional ser unanimemente reconhecida, tanto à esquerda como à direita. Marques Júnior foi um homem coerente, digno e fiel aos seus princípios. E soube, como poucos,  "não ser de ninguém".
Um beijinho, Luísa...