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sábado, 29 de junho de 2013

Lembrança


AO LER a entrevista do ministro da Saúde e em que Paulo Macedo é peremptório quanto à continuidade da ADSE, não pude deixar de lembrar-me das (não tão longínquas  quanto isso) declarações de Álvaro Beleza, porta-voz socialista para a área da Saúde, a defender o fim daquele sistema. 

Uma sugestão...


E SERÁ que não pode ficar por lá?!

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Quem não quer ser lobo... não lhe veste a pele!

                                                                                                                                                  Foto: JN

PELO QUE leio anda por aí muito boa gente indignada porque cerca de duas centenas de pessoas aos gritos de "A ponte é nossa!" e "Fascismo nunca mais!" foram ontem, em dia de greve geral, identificadas pela PSP e hoje presentes a Tribunal por tentarem, sem êxito, cortar o trânsito na A5, que liga Cascais a Lisboa, e na ponte 25 de Abril. Mas alguém me conseguirá explicar onde está o "escândalo" que tem motivado a indignação de uns quantos? Será que é lícito bloquear estradas e pontes? Para mim, sinceramente não. Poderá ser, aos olhos de muitos, legítimo, não o questiono - agora lícito, vou ali e já venho...

A agenda caiu na rua...


ENCURRALADA PELAS centenas de milhares de pessoas que tomaram de assalto as ruas e após uns primeiros momentos de visível indecisão (e omissão...), a presidenta Dilma Rousseff decidiu ir ao encontro das reivindicações  da opinião pública anunciando um "pacote" de medidas que, de tão vasto e abrangente, dificilmente será posto em prática - isto já para não falar do facto que a maioria delas já estavam há muito anunciadas ou mesmo em trâmite no seio do poder legislativo.
Independentemente da bondade das medidas que também visam moralizar um sistema que está há muito a dar as últimas, a atitude de Dilma e da generalidade da classe política brasileira que, a correr e aos tropeções, se apressam a propor, votar e aprovar tudo aquilo que durante anos deixaram em "banho maria" durante anos a fio, tem algo de cínico e oportunista. E, por outro lado, mostra também a desorientação, o desgaste e o fim de um ciclo que teve Lula e o PT como "motores" e que hoje não passa para a generalidade dos brasileiros de "mais do mesmo".
Quem anda nestas coisas da política, sabe que o comando e liderança da agenda política é essencial. Dilma perdeu-os - anda hoje a reboque de uma rua cada vez mais reivindicativa, intolerante e dinâmica. E para mais, o até agora omnipresente e poderoso Lula, outrora tão afoito a subir ao palco e colher os louros que até já não lhe pertenciam, pura e simplesmente desapareceu, optando por um incómodo, comprometedor e até cobarde (porque não dizê-lo?!) silêncio...

quinta-feira, 27 de junho de 2013

By "Porta dos Fundos"



DOIS MINUTOS e pouco de um "retrato" fantástico da autoria da "Porta dos Fundos". E a genialidade de uma pergunta a meio: "E depois, dá pra roubar com retroactivos?"...

Tais partidos, tais sindicatos...

ACREDITO QUE existam motivos de sobra para que uma imensa maioria dos trabalhadores portugueses recorram à greve para protestar contra a política de austeridade levada a cabo por este governo e que, diga-se em abono da verdade, tão desastrado é a justificar ou explicar. Porém, sou daqueles que acham que, tal como os partidos,  os sindicatos e os seus dirigentes têm de encontrar uma nova linguagem, uma nova metodologia, no fundo uma nova forma de ser. Porque, tal como os partidos, os sindicatos estão progressivamente a perder credibilidade, utilidade e capacidade de mobilização. 

sábado, 22 de junho de 2013

O "empurrar com a barriga" de Dilma


\APÓS UM silêncio que permitiu, até no seu próprio partido, surgirem potenciais candidatos à sua sucessão, Dilma Rousseff decidiu finalmente fazer o esperado "pronunciamento" televisivo ao país. Nada de novo, apenas em só o reafirmar de medidas e projectos há muito anunciados (contratação de médicos estrangeiros, reforço das verbas para a educação através dos royalties do pré-sal e um plano de mobilidade urbana), agora em forma de um "pacto" e aliado a uma estafada e constantemente adiada "reforma política", uma "muleta" que há anos a fio os políticos brasileiros, sejam eles quais forem, prometem e reivindicam. Dez minutos de TV e rádio em cadeia nacional que aparentemente mais não foram que um "empurrar com a barriga" e que, na prática, só vem confirmar que, contrariamente ao que se podia pensar há três ou quatro semanas atrás, a sua recandidatura em 2014 não vai ser o "passeio" que muitos vaticinavam e auguravam. 
Para terminar, algo que revela o pouco impacto das palavras de Dilma: o Movimento Passe Livre que, horas antes, tinha anunciado a suspensão dos protestos em São Paulo, veio afinal, logo a seguir, dar o dito por não dito e anunciar novas manifestações para os próximos dias.

P.S. - O comentador político Fernando Rodrigues não podia ser mais certeiro na opinião que expressou acerca da intenção anunciada por Dilma em convocar os governadores e prefeitos para uma reunião em Brasília: "E os prefeitos e governadores em Brasília? Esse tipo de reunião é tão improdutiva como a do ministério de Dilma – que com 39 integrantes precisaria de mais de um dia de reunião se todos falassem por meia hora".

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Jacques Wagner: atenção a este nome...


NÃO TENDO propriamente feito dois mandatos por aí além como governador da Bahía, Jacques Wagner, o antigo ministro do Trabalho de Lula no seu primeiro governo (2002/2005), começa a pouco e pouco a posicionar-se, dentro do próprio PT, como alternativa a Dilma Rousseff como candidato às presidenciais brasileiras do próximo ano. Há pouco mais de um mês, deu um primeiro sinal através de uma entrevista à revista "Veja" onde revelou um discurso moderado e nada alinhado com a chamada ala "fundamentalista" do partido do governo. Dizem-me agora, desde o Brasil, que este carioca, antigo dirigente estudantil, depois sindicalista e um dos fundadores do PT, acabou de dar uma conferência de imprensa onde surpreendeu tudo e todos pelo tom realista e contemporizador com que analisou as manifestações que há mais de uma semana tomaram conta das cidades brasileiras. Enquanto isso, apesar de uma fugaz aparição no "Facebook" há três dias, Lula (e também a própria DIlma) continuam praticamente "desaparecidos" e silenciosos...

Estão (mesmo) todos na rua...




ONTEM À noite fiz três telefonemas para três amigos no Brasil. Do Rio de Janeiro, primeiro o Cláudio (publicitário, 60 anos e um democrata convicto de toda uma vida) atendeu-me entusiasmado, mas praticamente sem conseguir ouvir-me: "'Fafi', estou na passeata!"; em Brasília, a Marcela, advogada, ainda a ver chegar os 40 e que aparentemente sempre navegou em águas próximas do que é chamado de "esquerda", respondeu-me com um sms esclarecedor: "Estou na rua, frente ao congresso #venhaparaaruavctambem"; e em São Paulo, a minha amiga Fátima, a trabalhar numa KPMG da vida, tinha saído mais cedo e estava na Avenida Paulista a celebrar a descida do preço dos transportes públicos - ela que não dispensa nem por um minuto o seu BMW blindado... 
Todos, mas todos eles, estavam na rua! Num protesto comum, lado a lado com o "zelador" dos seus condomínios, com as suas "diaristas", com os empregados a quem pagam mensalmente salário, com os desprotegidos que por muitas "bolsas nãoseiquê" que recebam não conseguem ter um padrão de vida minimamente digno, com os favelados e até mesmo com aqueles que aproveitando a confusão não perdem a oportunidade para partir umas montras e saquearem o que lhes aparecer à frente. 
Depois voltei para a posição 172 da Zon - o Canal Record News, que desde há dias me permite acompanhar as manifestações por todo o Brasil: 300 mil no Rio, mais de uma centena de milhar em São Paulo e distribuído por tudo o que é cidade, 40 mil em Belo Horizonte, nãoseiquantos milhares em Campinas, outros tantos em Ribeirão Preto, o Planalto e o Itamaraty sitiados em Brasília, enfim um país na rua e em polvorosa...
Adormeci, já o relógio marcava as quatro da manhã, com a convicção que cada dia que passa, as coisas pioram e que todo este movimento é transversal - política, etária, socialmente, cercando uma Dilma e um PT nesta contradição em que vivem e em que tentam, sem sucesso, fechar os olhos a uma realidade adversa e que os encosta progressivamente "às cordas". E mais grave é que, olhando para a cena política, apenas encontramos protagonistas que, para o comum dos mortais e pese alguma tentativa para descolar do sistema, representam apenas "mais do mesmo", abrindo assim caminho ao perigoso populismo e aos que, com aquela aura de justiceiros e fama de incorruptíveis, surgem sempre nestes momentos como se de "messias" salvadores se tratassem. O que é perigoso, muito perigoso...

quinta-feira, 20 de junho de 2013

O momento de Joaquim Barbosa?


NÃO PASSA obviamente de um feeling, mas ninguém me tira da cabeça que já falta pouco para que que o nome de Joaquim Barbosa, o mediático presidente do Supremo Tribunal Federal, comece a surgir como se de um "messias" se trate na conturbada cena política brasileira. Com uma mais que discutível actuação enquanto relator do "processo do mensalão", o juiz Barbosa reúne no entanto todos os ingredientes que podem fazer dele alguém a quem seja fácil protagonizar uma alternativa oriunda da chamada sociedade civil: fama de incorruptível, aura de justiceiro, percurso de vida alheado dos partidos e feito a pulso e ser... negro. Vontade a ele não lhe deve faltar - até por uma vaidade e exibicionismo que não consegue esconder...

Um parágrafo demolidor de Seixas da Costa

A PROPÓSITO do editorial do jornal francês "Le Monde" e em que José Manuel Durão Barroso e a sua prestação à frente da Comissão Europeia não são propriamente postos nos píncaros, o embaixador Seixas da Costa publicou ontem um divertido, irónico e inteligente post no seu blog (http://duas-ou-tres.blogspot.pt) e do qual não resisto a transcrever um parágrafo - no mínimo demolidor:
"O 'Le Monde', no texto que lhe dedica, é muito cáustico quanto ao presidente da Comissão, qualificando-o de 'camaleão', numa alusão, cuja justeza não cabe aqui aquilatar, sobre a sua adaptabilidade ao sabor dos diversos 'ventos'. Numa perspetiva de amizade e benévola admiração - estas coisas têm sempre leituras não unívocas - o meu amigo António Monteiro qualificava-o, há dias, numa conferência no MNE, como 'um homem para todas as estações'. Um diplomata menos contemporizador sugeriu que se acrescentasse ao título da conferência: '...e apeadeiros'. Enfim, como diria Pirandello, a cada um a sua verdade".
Safa... É preciso dizer mais alguma coisa?

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Mais uma oportunidade desperdiçada?


VALE A pena estar particularmente atento à forma como o governo irá gerir em termos comunicacionais o "dossier das PPP's" no qual o governo de José Sócrates e "por tabela" o Partido Socialista possuem fundas e naturais responsabilidades. Posso estar enganado, mas "cheira-me" que mais uma vez o governo vai deixar-se "enrolar" em manobras de diversão que - note-se -  de forma inteligente já começaram a ser lançadas, nomeadamente as famosas e alegadas "listas de despedimento" que supostamente Vítor Gaspar mandou elaborar a cada departamento do Estado. Vai uma aposta?

Os franceses e o "camaleão" Durão Barroso



JÁ AQUI foi escrito (e bem recentemente) que nos últimos tempos a vida não tem estado fácil para Durão Barroso, agora na recta final do seu segundo mandato na presidência da Comissão Europeia e que, em privado e em público, não tem sido poupado a críticas por quem possui uma inevitável e decisiva palavra a dizer quanto à sua recondução na Comissão  ou mesmo a uma hipotética candidatura à secretaria-geral das Nações Unidas - no caso, respectivamente, pelos alemães e pelos franceses.
Como se não bastasse o mau estar que existe relativamente a si nos principais areópagos europeus, Durão conseguiu agora abrir mais uma "frente", desta feita relativamente aos franceses e a propósito da protecção do cinema europeu. O editorial do ainda influente diário "Le Monde" não poupa o presidente da Comissão. Sob o título "Sr. Barroso, você nem é leal nem respeitador", o jornal é de uma particular violência com Durão, a quem acusa de ter virado as costas aos interesses europeus e, com vistas a assegurar os próximos anos da sua carreira política, ter caído nos braços do presidente Barack Obama e do primeiro-ministro David Cameron: "Hoje, aos 57 anos, este camaleão procura um futuro. À procura de um belo posto na NATO ou na ONU - quem sabe? - ele escolheu lisonjear os seus parceiros anglo-saxões, o primeiro-ministro britânico e o Presidente americano. À cabeça da Comissão, o Sr. Barroso foi um bom reflexo da Europa - uma década de regressão". Isto não está nada fácil...

terça-feira, 18 de junho de 2013

Uma intervenção oportun(ist)a...



CINCO MINUTOS de um discurso inteligente por parte de Dilma Rousseff, proferido ainda há pouco numa cerimónia no Ministério das MInas e Energias, em Brasília.  Uma "fala" obviamente oportuna (e oportunista, na melhor acepção do termo), acredito até que bem-intencionada, mas na prática mais para dentro do seu próprio partido que propriamente para uma sociedade brasileira que começa cada vez mais a acreditar cada vez menos. Nota final: notável a referência ao cartaz...

Vai ser desta, Cristina Esteves?


DE VEZ em quando, quase sempre à espera da excelente série "E Depois do Adeus", dou comigo a ver alguns minutos do tempo de antena que o antigo primeiro-ministro José Sócrates possui na televisão pública e onde, todos os domingos à noite, ocupa a meia-hora que lhe é gentilmente cedida pelos contribuintes numa afável "conversa" com a sempre sorridente  jornalista Cristina Esteves. Na semana passada, esperei - em vão, note-se... - que a entrevistadora confrontasse Sócrates com o verdadeiro flop que parece ter sido a criação das farmácias hospitalares, uma medida do seu governo e que fora alvo de uma reportagem exibida dez minutos antes no "Telejornal". Agora, depois de ler o "Público" de hoje e como a esperança é a última coisa a morrer, sei que desta vez, no próximo domingo, a apresentadora não vai  esquecer-se de questionar Sócrates acerca do relatório que  foi divulgado pela Comissão de Inquérito Parlamentar às PPP's e cujas conclusões foram remetidas para o Ministério Público. Ou será que o "guião" tem de ser previamente acertado com o protagonista do espaço? Vamos ver...

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Uma fotografia que diz tudo...


HÁ QUEM diga que uma imagem vale por mil palavras. É o caso desta fotografia da centenária D. Nair que me atrevi a surripiar do Facebook da minha amiga Renata Megale e que retrata, na verdadeira acepção do termo, o estado de espírito dos muitos brasileiros que têm saído às ruas nas principais cidades durante os últimos dias. 

domingo, 16 de junho de 2013

Nem de propósito...



VALE A pena ler a elucidativa crónica que Eliane Cantanhede publicou hoje na indispensável segunda página da "Folha de São Paulo" sobre as manifestações que estão a ocorrer no Brasil. Uma análise tão sucinta quanto certeira:

"Nas décadas de 1960 e 1970, secundaristas e universitários lutaram bravamente contra uma ditadura e a favor de utopias sedutoras. Muitos morreram e foram torturados quase ainda crianças.
Nos anos 1980, novas gerações lutaram nas ruas pelas "diretas, já". E, nos 1990, milhares pintaram a cara pelo impeachment de Collor. Mais do que demolir um presidente indesejável, sonhavam edificar um país mais justo, mais decente.
A década de 2000 passou em branco. Inebriados pelo mito Lula e a miragem da esquerda pura e ética, os movimentos acomodaram-se e a estudantada recolheu-se à sala de aula. Utopias e sonhos coletivos cederam às ambições pessoais. O "cada um por si" venceu o "um por todos, todos por um".
As manifestações de agora começaram por 20 centavos a mais na passagem de ônibus em São Paulo e alastraram-se para Rio, Curitiba, Goiânia, Teresina e outras capitais. Coincidiram com os tambores de guerra dos índios e podem ser o fim da longa hibernação, um sinal para os Poderes da República.
Basta de violência, de desvios, de impunidade.
É nesse clima que o país é informado de uma tal "Resistência Urbana - Frente de Movimentos e Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa". No Rio, fazem passeatas. Em Brasília, queimam pneus e fecham avenidas contra a farra dos estádios com dinheiro público.
E os protestos vão longe. Pela internet, o novo "Democracia não tem fronteiras" convoca estudantes e trabalhadores brasileiros para manifestações, terça-feira, em 30 cidades de 15 países.
Seria ingenuidade imaginar que tudo isso é uma enorme coincidência e que não há nenhuma conexão entre grupos e manifestações --ao menos uma mesma motivação.
O espectro da insatisfação ronda o Brasil. E pode explicar até a inexplicável violência de policiais - eles próprios são cidadãos irritados."

Brasil: o descrédito da política e de quem a faz


AS MANIFESTAÇÕES que, por uma razão ou outra, ocorreram em S. Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Brasília são um sinal claro de uma crescente insatisfação que atravessa, de forma transversal, a sociedade brasileira e que a monumental vaia que, ainda ontem, Dilma Rousseff recebeu no jogo inaugural da Taça das Confederações é um sinal claro. E não se pense que é o aumento dos 20 cêntimos no bilhete de autocarro em São Paulo e no Rio, o abate de umas árvores em Porto Alegre ou a "derrapagem" financeira na construção do estádio em Brasília que estão em causa para os milhares que tomaram conta das principais artérias dessas cidades e que foram violentamente reprimidos pelas forças policiais.  Não, no fundo o que está em causa para essas pessoas é um estado de saturação a que chegaram perante a forma algo descarada como a generalidade da classe política se comporta, deitando para trás das costas os que é minimamente exigível a quem possui deveres enquanto eleito e optando por um descaramento que choca o mais tolerante dos observadores. Apenas e só isso. O que não é pouco - bem antes pelo contrário...

sábado, 15 de junho de 2013

Rui Miguel Tovar


NUMA ALTURA em que o jornalismo no nosso País anda, também ele, pelas ruas da amargura e em que os auto-intitulados "jornais de referência" confundem os disparos de alguns tiros por um única pessoa como "um tiroteio" ou onde os repórteres levam a cabo grandes investigações jornalísticas à frente do computador agarrados ao "google", existe alguém que escreve - no caso sobre desporto - como ninguém. Chama-se Rui Miguel Tovar, trabalha no "i" e é detentor de uma escrita limpa, inteligente, divertida e fundamentalmente revelando um back ground que falta à generalidade dos seus colegas. Dá gosto lê-lo, relê-lo e ainda... voltar a lê-lo!

P.S. - Ah, é verdade... não o conheço nem do eléctrico. Para que conste!

Assim não vai lá...

EM DEMOCRACIA, a ausência de alternativas é quase tão assustador quanto ser governado por um executivo que aparenta não possuir capacidade de saber dialogar com os que a quem diariamente pede sacrifícios sem nada dar em troca, sequer uma simples réstea de esperança. A ausência de posição de António José Seguro relativamente à greve dos professores, o receio que mostra em tomar uma posição, só vem (infelizmente) confirmar que o actual líder socialista não tem pulso nem talento para surgir aos olhos dos portugueses como uma alternativa credível. E isso é lamentável, para não dizer penoso, triste e até cobarde.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Tinha sido bonita a festa, pá...


EU PERCEBO que a presidenta (no feminino, que é como ela gosta de ser tratada) Dilma Rousseff esteja a precisar de apanhar ares. Percebo também que a chefe de estado brasileira prefira chegar a Lisboa 34 horas antes de iniciar a sua visita oficial e passar esse período sem compromissos de monta e sem preocupações que incomodem o que será certamente - não duvido - um merecido descanso. O que eu não percebo é que a presidenta brasileira não tenha estado presente - sequer por breves momentos - nas cerimónias oficiais do Dia de Portugal. Garantem-me (e eu não duvido, dada a idoneidade da "fonte") que foi DIlma que se esquivou a rumar a Elvas. Tenho pena. Porque tinha sido bonito, porque tinha possuído um forte significado político e porque era o mínimo que se lhe exigia. E tenho pena também que, por cá, ninguém lhe tenha feito ver que não fica bem estar num país no seu "Dia Nacional" e alhear-se das suas comemorações, ou seja, sugerido o adiamento por horas da sua visita Eu não pedia a Dilma Rousseff que, à semelhança do que ocorreu o ano passado com o seu homólogo cabo-verdiano em Lisboa, participasse nas cerimónias de manhã à noite, nem pensar nisso. Mas tinha gostado  de vê-la - pelo menos - almoçar ontem em Elvas...

A propósito de duas frases...

HÁ POR aí quem tenha ficado muito chocado (ou irritado) por Miguel Sousa Tavares ter hoje afirmado que o Brasil possui "maiores afinidades" com Portugal que qualquer outra antiga colónia - opinião essa inquestionável e que, apesar da pouca estima que me merece o autor, subscrevo em absoluto.
Também hoje li que o novo secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, no decurso da sua primeira viagem a Luanda, teria afirmado alto e bom som que "Angola é o maior amigo de Portugal". Aqui, curiosamente e até apesar da estima pessoal que me merece Francisco Almeida Leite, acho que teria-lhe sido difícil ser mais infeliz e desastrado...
Vamos então por partes, começando por Sousa Tavares: é óbvio que o Brasil, mais que qualquer outro outro país de expressão oficial portuguesa, é quem maior afinidade possui connosco. E por razões que são mais do que compreensíveis e que basicamente se resumem ao facto da colonização portuguesa ter-se "diluído"  ao longo destes quase dois séculos da existência do Brasil como nação livre e independente,  pela fortíssima e sólida ligação cultural que existe entre os dois países - isto sem falar das enormes vagas de emigração que ocorreram nos dois sentidos ou da inexistência de traumas e complexos que uma guerra normalmente implica e causa entre colonizador e colonizado. Apenas um ligeiro reparo: a forte afinidade que o Brasil possui connosco só consigo encontrar par em Cabo Verde, ainda que com contornos algo distintos. 
Passemos agora a Almeida Leite... Custa-me entender (ia escrever admitir, mas enfim...) que um membro do governo, ainda para mais desempenhando um cargo com óbvias responsabilidades a nível diplomático, possa - por muita intimidade que veja o seu ministro manter com as autoridades deste ou daquele país -  proferir uma frase com um "peso" destes: "Angola é o maior amigo de Portugal". Por vários motivos: o primeiro porque é a última coisa que alguém com as naturais e formais responsabilidades que Almeida Leite possui poderia dizer sobre um outro país, qualquer que ele seja, note-se bem; segundo, porque não fica bem a um representante de um regime inquestionavelmente democrático "eleger" como seu "maior amigo" um país que, pese alguma evolução, não prima propriamente por ser um Estado de Direito; e terceiro porque fez-me inevitavelmente vir à lembrança um qualquer governante guatemalteco ou hondurenho por ocasião de uma visita ao "grande vizinho do Norte" lá pelos anos 60... Angola, à semelhança de outros, pode - e certamente o é - ser um "parceiro privilegiado", um "país amigo" ou mesmo "país irmão" até, mas nunca poderá ser classificado por um governante como o nosso "maior amigo". Nem Angola, nem o Brasil, nem Espanha, nem a Grã-Bretanha, nem que país for. Por muito jeito que nos dê afirmá-lo, por muito que queiramos agradar aos nossos anfitriões. Até porque todos sabemos que nem é verdade e também porque - desculpa lá, ó Francisco! -a amizade não se compra...

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Medíocre


O DISCURSO, ou melhor, os discursos de Cavaco Silva nas cerimónias do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portugueses apenas vieram confirmar aquilo que o País já constatou há algum tempo: a mediocridade mora em Belém e dali pouco mais se pode esperar senão a tacanhez de espírito por parte de quem não possui nem "mundo", nem dimensão humana, nem talento político para ser chefe de Estado.

domingo, 9 de junho de 2013

A vida não está fácil para Durão...


QUEM DIRIA que José Manuel Durão Barroso seria, também ele, uma vítima da crise que assola a Europa? Apesar de todos os amens à todo-poderosa chancelerina alemã que caracterizaram os seus dois mandatos como presidente da Comissão Europeia, parece que Durão Barroso caiu em desgraça junto de quem tão diligentemente serviu ao longo dos últimos 9 anos, hipotecando assim as suas ambições de ver-se reconduzido a um terceiro mandato a partir de Outubro do próximo ano.  E a ponto de ver o seu "plano B", ou seja uma eventual candidatura à secretaria-geral da ONU em 2015, desmoronar-se perante o pouco entusiasmo que a mesma parece colher junto da generalidade dos países europeus - isto apesar de há mais de duas décadas, desde os dois mandatos do controverso Kurt Waldheim, a Europa não possuir um secretário-geral.
Restam assim a Durão duas hipóteses: uma hipotética candidatura presidencial, com todos os inconvenientes que a "memória colectiva" (chamemos-lhe assim) pode implicar para  quem é refém de todos quantos recordem a forma célere e pouco elegante como, em 2004, trocou Lisboa por Bruxelas; e um "período sabático" para quem, à semelhança de outros líderes políticos, trocaram o poder por bem-remuneradas consultadorias - aliás algo que não será estranho para quem já foi, pelo menos antes de ser primeiro-ministro,  consultor do BES.