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sábado, 27 de março de 2010

E ninguém diz nada?

NO MÍNIMO espantosas, algumas transcrições de conversas publicadas hoje pelo "Sol" e que têm como intervenientes José Sócrates, Armando Vara, Paiva Nunes (casado com uma prima de Sócrates), José Nascimento e um misterioso "Carlos" que ninguém sabe quem é, para além do facto de falar com acento brasileiro e saber onde é que param os telemóveis do primeiro-ministro. Uns falam aparentemente em código e outros não escondem que querem ganhar o mais possível enquanto é tempo. Que ganda regabofe!

"Sampaiadas", por António Borges de Carvalho

Com a mais que merecida e devida vénia, não resisto a escrever este post de António Borges de Carvalho no seu blogue "Irritado" (irritado.blogs.sapo.pt) e que merece cuidada e atenta leitura:

"O magnífico, o extraordinário, o inacreditável Presidente que a III República teve e que dava pelo nome de Jorge Sampaio, ainda anda pelos jornais a tentar justificar o miserável golpe de estado constitucional que teve a lata de perpetrar há uns anos, abrindo o caminho à maior desgraça que, desde o 11 de Março de 1975, aconteceu à dita República: o consulado do senhor Pinto de Sousa, dito Sócrates.

Diz o espantoso político: “eu não demiti o governo, eu dissolvi a assembleia”. Grande novidade!

Logo a seguir, esclarece: “As instituições funcionavam, mas o governo era mau”.

Veja-se a lógica “constitucional” do tenebroso cérebro: como não gosto do governo mas não o posso demitir, dissolvo o Parlamento, e pronto, mato três coelhos de uma cajadada: dou um pontapé no cu da maioria, dou cabo do governo, e abro caminho aos meus amigos da esquerda que, agora, até estão reorganizados. Se a Constituição não prevê uma coisa destas, quero lá saber! Se há uma maioria parlamentar estável, que tenho eu com isso! Não gosto do Santana, e acabou-se. Os constituintes não queriam este tipo de abusos? Pois, sei disso tão bem como eles. E então? Então é preciso dar o poder à esquerda e o resto é conversa. Se calhar queriam que eu os deixasse governar! Não vêm que, se lhes desse tempo, até eram capazes de vir a fazer alguma coisa? Deixá-los prestigiar-se? Não queriam mais nada? Agora, que estão na mó de baixo – nem o Cavaco gosta deles – é que é de ferrar a arrochada. Pumba!

Demos ao homem o benefício da dúvida, coisa que não merece. A (má) consciência, lá no fundo, deve perturbar-lhe os neurónios. É capaz de haver, ainda, algum cantinho para o remorso naquela cabeça vesga. Por isso, de vez em quando, lá vem ele à liça, tentar aliviar-se"

Quem não os conheça...

DEU PENA (para não dizer outra coisa...) observar o "naipe" de figurões que se aprestaram a ficar na fotografia do novo líder do PSD na hora da vitória, bem como os sorrisinhos e cochichos trocados entre tão "ilustres" personagens, ufanos e inchados pela folgada vitória e certamente já preparando o tradicional punhal para espetar nas costas de quem hoje apoiam, amanhã logo se vê, depois só Deus sabe. Pedro Passos Coelho que se ponha a pau...

domingo, 21 de março de 2010

Do que ele se safou...

O DEPUTADO José Lello (com dois "éles) é daquelas pessoas a quem não se lhe conhece uma ideia, a não ser umas graçolas que o ajudaram a fazer carreira na política. Tem a mania que é engraçado, crê-se inteligente e aposto que tem-se, a si próprio, em muito boa conta, tendo mesmo chegado a ser secretário de Estado e até ministro nos governos de Guterres - o que, digamos, não é assim propriamente um grande cartão de visita. Dizem que tem uma secreta esperança: a de ser (pasme-se!) ministro dos Negócios Estrangeiros ou da Defesa... Mas enquanto não chega lá (sim, porque neste País tudo é possível, até o inefável Lello sentar-se no gabinete que já pertenceu a figuras como Franco Nogueira, Mário Soares, Melo Antunes, Jaime Gama, entre outros...), lá vai penando pela Assembleia da República, onde integra mesmo o Conselho de Administração da dita. Do seu trabalho como deputado, para além das viagens a propósito da NATO, pouco se lhe conhece. E no que diz respeito à sua actividade política, esta tem-se resumido a umas "bojardas" que, de quando em vez e algumas embaraçando mesmo quem quer venerandamente servir, lança contra o seu "inimigo de estimação" Manuel Alegre. Mas certamente farto de andar arredado dos holofotes e da riblata, eis que Lello (com dois "éles") resolveu liderar a revolta de alguns dos seus pares quanto à "violação de privacidade" a que são sujeitos no hemiciclo, mais concretamente à mais do que admissível curiosidade de alguns repórteres fotográficos em registar para a posterioridade a penosa e extenuante tarefa dos nossos deputados que, em plenos trabalhos parlamentares e agarrados aos computadores portáteis que lhe são distribuídos pela Parlamento, entretém-se em actualizar o seu "facebook", escrever à namorada, visitar sites pouco recomendáveis ou ver emissões de televisão, entre outras actividades lúdicas: "Isto não é a aldeia dos macacos!", exclamou Lello (com dois "éles") durante uma recente intervenção no plenário. Aqui entre nós, a sorte dele foi ter afirmado e perguntado...


sábado, 20 de março de 2010

Demorou... mas foi?

LEIO NO "Expresso" que o governo equaciona a hipótese de demitir Manuel Maria Carrilho do cargo de chefe da missão portuguesa junto da UNESCO por este, há uns meses, ter desrespeitado uma directiva do executivo e votado no sentido oposto ao que lhe foi transmitido desde Lisboa. E não resisto a recordar o meu post de 22 de Setembro (já lá vão seis meses!) passado a esse propósito e estranhando que o governo não fizesse caso da infracção gravíssima cometida por Carrilho:

"Em tempo de demissões, exonerações e afastamentos (e com um bocadinho mais de tempo irei "interpretar" a decisão de Cavaco Silva em demitir Fernando Lima...) aguardo que o governo demita o seu embaixador na UNESCO, após Manuel Maria Carrilho ter desrespeitado as ordens que recebeu do Ministério dos Negócios Estrangeiros quanto ao sentido de voto na eleição do novo ditrector-geral. Não queria votar no egípcio Farouk Hosni? Das duas uma: ou pedia para ser chamado a Lisboa em serviço deixando a representação portuguesa entregue ao "número dois" da missão diplomática, ou então apresentava a sua demissão do cargo. É que "quem quer ser lobo não lhe veste a pele", n'é?

quarta-feira, 17 de março de 2010

Será muito queijo?

ANDA COM a memória curta, o dr. Francisco Assis... Ontem, no frente-a-frente com Nuno Morais Sarmento, garantiu a pés-juntos que o Partido Socialista nunca tinha expulso nenhum militante."Apagou" assim da história do seu partido os processos que, em 1979, conduziram à expulsão de dois dirigentes - Aires Rodrigues e Carmelinda Pereira, quando ambos votaram na Assembleia da República contra o Orçamento de Estado apresentado pelo governo de Mário Soares. Um tique algo "estalinista", esse o de omitir factos e figuras, n'é?

segunda-feira, 15 de março de 2010

Memória (IV)

A HISTÓRIA foi-me contada por muita boa gente, entre as quais pelo próprio João Soares Louro e pode o "artista" em causa vir desmenti-la a pés-juntos que eu continuo a garantir que é verdade que assim me foi contada. O protagonista chamava-se (e chama-se) Carlos Pinto Coelho e era então jornalista da RTP, empresa da qual Soares Louro tinha sido presidente. Viviam-se tempos (pós-PRECianos) e os partidos tentavam a todo o custo colocar ou manter as suas "tropas" onde elas pudessem tecer armas. Raro era então o dia em que telefone do sempre prestável e afável Soares Louro não tocava e do outro lado da linha, algum alto responsável partidário não "intercedia" por este ou aquele funcionário: "Olhe que o rapaz é dos nossos, não o tratem mal..." e "cunhas" do género que o impagável Louro ouvia, certamente com o gozo de quem viu (e viveu) muito. Mas a "pedir" pelo inefável Coelho, eis que surgiu não um, tão-pouco dois, mas três telefonemas de outros tantos responsáveis partidários: um do PSD, outro do PPD e ainda um terceiro... do CDS: "Só faltou o PC a pedir pelo homem...", recordava, gozão e sempre contemporizador, Soares Louro.

Perguntar não ofende...

ALGUÉM SE lembra do processo disciplinar interno que, em 1981, Francisco Salgado Zenha, então líder parlamentar do Partido Socialista, foi alvo na sequência das eleições presidenciais do ano anterior?

sábado, 13 de março de 2010

Angelito...

CONFESSO QUE sempre o achei insuportável, para além de convencido (sabe-se lá de quê...), irritante e algo apatetado, com aquele sorriso que se confunde amiúde com um esgar cínico, mas ao mesmo tempo personificando aquilo a que os brasileiros habitualmente denominam como "bundão". Protagonizou um dos momentos mais "cinzentos" da nossa história recente (o famigerado "bloco central") e é daquelas pessoas que habituou-se a estar na vida "dando uma no cravo e outra na ferradura", tentando estar bem com Deus e o Diabo e sempre disposto a "falar de cátedra", assumindo um lugar de "referência" (sabe-se lá de quê...) que à força acha ser seu, mas que ninguém no seu perfeito juízo lhe reconhece. Estou a falar de Rui Machete, perito em "passar no meio dos pingos da chuva" e em abichar pareceres jurídicos e cargos onde se faça pouco e ainda menos se dê nas vistas. O papel a que este senhor se prestou ontem ao fim da tarde, enquanto presidente da Mesa do Congresso do PSD, caucionando (e sabe-se lá que mais...) a desvirtuação do congresso extraordinário do seu partido, fazendo o frete aos que, por cima de tudo e de todos, querem pôr e dispor da Rua de São Caetano, reflecte bem o que o move e como encara a política. Angelices...

O candidato e... os manhosos

COMO QUEM tira uma "carta da manga", no debate que o opôs a Aguiar-Branco, Pedro Passos Coelho resolveu fazer um "número" e, numa mistura de vitimização com complexo de perseguição, lamentou-se que existisse quem se sentisse "muito preocupado" com a hipótese de ele vir a liderar o PSD, apontando mesmo o nome de Marcelo Rebelo de Sousa como uma dessas pessoas. Eu cá conheço mais... E pela parte que me toca, o que me preocupa não é Passos Coelho em si - até porque acredito que esteja bem-intencionado e convicto nesta "corrida". O que me preocupa, isso sim, são certas pessoas que surgem como seus "gurus" ou principais apoiantes, sempre lestos e manhosos em utilizar a política e o poder como um meio e não como um fim. Entendidos ou é preciso "fazer um desenho"?

sexta-feira, 12 de março de 2010

Os desejos de D. Fernanda

MUITO SINTOMÁTICA a "declaração de amor" de D. Fernanda Câncio na sua coluna de hoje no "Diário de Notícias" ao candidato Pedro Passos Coelho, a par das golfadas de ódio dirigidas a Paulo Rangel... Sinal da preocupação que deve reinar para aquelas bandas e o descortinar das vontades e desejos de quem gostaria de ter aquele que é o verdadeiro "paradigma do lugar comum" como futuro rival. Branco é, galinha o põe...

A ler

O ARTIGO de hoje de Pedro Santana Lopes no "Sol" sobre Rui Gomes da Silva merece ser lido. Com a atenção e com a ternura de quem entende o que é a amizade e a gratidão simples e descomplexada entre duas pessoas que não precisam de gritar a plenos pulmões a sua lealdade para, de facto, o serem.

Ninguém a manda calar?!

"Se (Sócrates) mentiu, nem acho que seja muito grave"

Inês de Medeiros, "Sábado"

quarta-feira, 10 de março de 2010

Esquecimento?

FOI TANTA a celeridade dos socialistas em chamar o antigo ministro Nuno Morais Sarmento à Comissão de Ética para esclarecer "casos" alegadamente ocorridos há cinco anos, que espanta-me a demora dos integrantes daquela comissão em convocar igualmente alguns assessores do primeiro-ministro para depor e tentar esclarecer "casos", estes alegadamente ocorridos muito, mas muito recentemente... Era capaz de ser uma boa ideia, ou alguém tem medo de aquilo acabar numa grande "bernarda"?

terça-feira, 9 de março de 2010

Schiu...

LI COM mais atenção as declarações dessa verdadeira sumidade que dá pelo nome de Couto dos Santos. Diz ele que Marcelo Rebelo de Sousa não possui "credibilidade", até porque já passou pela liderança do PSD e... "não deu conta do recado"! Lê-se e não se acredita, especialmente se nos lembrarmos das prestações governativas desta "inteligência rara", mais concretamente a sua passagem pela pasta da Educação onde - estamos todos recordados... - o inefável Santos fez um pouco de tudo... menos "dar conta do recado". Há pessoas que, de facto, não sabem estar caladas...

'Tá vivo!

ALELUIA! ESSE ex-libris dos tempos de Cavaco Silva que dá pelo nome de Couto dos Santos deu à costa, após alguns anos de "recato empresarial"! Adepto da candidatura de Coelho à liderança do PSD, aquele que foi em tempos uma espécie de "garoto propaganda" dos tempos do cavaquismo surgiu agora, do alto de uma importância política-partidária que só ele poderá acreditar possuir, a menosprezar e criticar uma possível entrada em cena de Marcelo Rebelo de Sousa. Começam a ficar explicadas as dúvidas do professor... De facto, é preciso uma paciência de Job para aturar estas "figurinhas"!

Memória (III) - Francisco Salgado Zenha (Parte 2)

AINDA A recordação de Francisco Salgado Zenha... E mais uma história que define bem o seu rigor - às vezes ultrapassando as fronteiras do razoável. A candidatura presidencial de 1986 tinha ficado pelo caminho e apenas uns poucos permanecíamos na esconsa e mal-amanhada sede da rua Latino Coelho arrumando os últimos papéis. Todas as manhãs, sempre à mesma hora, Zenha lá aparecia. Subia ao seu gabinete do terceiro andar, por lá ficava umas horas e era certo e sabido que, à saída, lá passava pela tesouraria no rés-do-chão: "Então já sabem quanto é que tenho de pagar?", perguntava ele, invariavelmente. O responsável das contas bem tentava disfarçar, mas era certo e sabido que não havia dia em que Zenha não insistisse. Queria pagar a gasolina e os hotéis da suas deslocações enquanto candidato e ai de quem o contrariasse! Por muito que se lhe explicasse que essas despesas eram naturalmente suportadas pela própria candidatura, Zenha insistia sem cessar. Até que alguém teve uma ideia, no mínimo genial. E quando uma manhã, voltou a interpelar o tesoureiro, este apresentou-lhe uma conta, garantindo-lhe que essa verba dizia respeito a metade das suas despesas de alojamento, ou seja ao custo atribuído à sua mulher: "Pronto assim 'tá bem! Era só o que faltava a Maria Irene não pagar metade das despesas! Ela não era candidata!", argumentava, enquanto preenchia o cheque e perante o alívio do tesoureiro.
Outros tempos... (e outra gente...).

segunda-feira, 8 de março de 2010

Cavaco by... Nuno Morais Sarmento

"Cavaco Silva optou por ter uma postura cooperante com o Governo nos três momentos-chave da crise. Em Outubro de 2008 quando o mundo já reagia aos efeitos da crise e o Governo andava entretido a distribuir computadores Magalhães; em Outubro de 2009, quando o Governo garantia que o défice não passaria de 5% ou 6%; e, por fim, na saída da crise, quando o Governo não falou verdade. Em todos estes momentos Cavaco manteve-se em silêncio".

Nuno Morais Sarmento, "Diário Económico"


Falta de coragem ou de pachorra?

TALVEZ ALGO temerosos de uma repentina entrada em cena de Marcelo Rebelo de Sousa, no PSD são muitos os que se desdobram em declarações que visam "menorizar" o impacto e a reviravolta nas "directas" que um hipotético regresso do professor poderia causar. Há dias houve mesmo quem falasse em "coragem", ou melhor na falta dela, para justificar este silêncio pelos vistos tão incómodo por parte de Marcelo e que tem deixado quem pensava que a "corrida" à liderança do PSD seriam "favas contadas" Não será mas é "pachorra", o que lhe falta para aturar um partido onde hoje em dia pontificam figurinhas de segunda e terceira linha, sem dimensão, desígnio ou peso político e paras as quais o exercício da política é antes de mais um meio - nunca um fim?

Os desconhecidos que afinal se conheciam, a mentira e a perna curta...

AS RECENTES notícias sobre a evolução do "caso Freeport" (a tal "conspiração" urdida por um bando de "santanistas" e destinadas a manchar a honra do primeiro-ministro, a acreditar no que idiotas que dão pelo nome de Pena e Ricardo nãoseiquê escreveram há tempos numa sempre bem-informada revista do burgo...) começam a mostrar que "a mentira tem (mesmo) a perna curta". É que afinal parece que há pretensos desconhecidos que não são tão desconhecidos quanto isso e que até se escreviam e tudo! Extraordinário...

domingo, 7 de março de 2010

Memória (II) - Francisco Salgado Zenha (Parte I)


QUEM CONHECEU Francisco Salgado Zenha sabe bem quanta seriedade e verdade este homem punha em tudo o que fazia - na advocacia, na política, na sua vida pessoal. É profundamente difícil descrevê-lo, até porque essa descrição seria inevitavelmente desajustada, pecando por defeito. Zenha era daquelas figuras que já não existem e que encaravam a política como um desígnio, colocando os valores antes de qualquer coisa, sendo firmemente fiel aos princípios e aos compromissos, muitas vezes sacrificando amizades e benesses em nome de uma coerência inigualável.
Desde criança que o conheci e tive a honra (foi mesmo honra, acreditem!) de trabalhar com ele na sua campanha presidencial de 1985, quando por uma questão de consciência, decidiu candidatar-se numa eleição que tinha como adversários Mário Soares, Freitas do Amaral e Maria de Lourdes Pintasilgo. Uma campanha "à antiga", com dias e dias na estrada, jornadas extenuantes e debate político à séria, apesar de alguns adversários já a recorrerem a todo o tipo de baixezas e insídias (estou bem lembrado dos tempos de antena do derrotado Freitas do Amaral, onde as imagens de Zenha eram cobertas de "sangue" numa tentativa cobarde e própria de escroques em "colá-lo" às FP-25...), mas com "frentes-a-frentes" televisivos que punham o País inteiro frente aos ecrãs.
Vem isto a propósito de um episódio que nunca me irei esquecer, ocorrido comigo, durante a longa e interminável "volta do candidato", penso que para os lados de Aveiro - seria na Murtosa? No banco de trás de um Peugeot azul-escuro que calcorreou milhares e milhares de quilómetros em estradas ainda de macadame e repletas de buracos, uma das minhas funções era transmitir ao candidato alguns dados sobre as localidades que íamos visitar. Em Belém (agora pode dizer-se, penso eu...), o staff do então Presidente Eanes preparava, distrito a distrito, enormes e detalhados dossiers verdes-escuros, onde as características e problemas de cada local eram descritos e enunciados ao pormenor:

- Sôtôr...
- Diz lá...
- Agora vamos parar na Murtosa...
- E o que é que está previsto?
- Uma volta pelo largo principal e se tudo correr bem, talvez um discursozito... Depende de quantas pessoas estarão lá.
- 'Tá bem...
- Sôtor...
- Sim, diz lá...
- Talvez fosse conveniente, se houver discurso é claro, referir a questão do centro de saúde...
- O quê?!
- Sim, o centro de saúde está pronto há mais de um ano e ainda não abriu porque não foram colocados nem médicos nem enfermeiros...
- Olha lá... - diz-me com um ar de enfado do tamanho do mundo - o que é que eu tenho a ver com isso?!
E eu já meio a medo: - "Os médicos, 'tá a ver... talvez dizer que..."
- Mas dizer o quê, homem? Diz-me lá uma coisa: tu achas que se eu for eleito Presidente da República, que não vou ser, eu teria qualquer hipótese ou competência de colocar lá nessa terra um médico ou um enfermeiro ou o que quer que fosse?! É óbvio que não! E tu queres que eu prometa isso?! Era só que faltava! Nem penses nisso, não contam comigo para isso! Estamos entendidos?!

Estivémos, é claro que sim...

Mudanças em Luanda?

O PRESIDENTE José Eduardo dos Santos poderá ter que vir a efectuar o primeiro ajuste na recém-empossada estrutura de poder angolana. O seu actual vice-presidente, Fernando Piedade dos Santos ("Nandó"), um "histórico" do MPLA e que já ocupou a pasta do Interior, para além de ter sido primeiro ministro durante seis anos e presidente da Assembleia Nacional desde 2008 está, desde há algumas semanas, internado num hospital Londres após ter sido acometido de uma doença cardíaca. Segundo consta em Luanda, a lenta recuperação do formalmente "número dois" angolano poderá levar José Eduardo dos Santos a promover a sua substituição, o que já está a provocar surdas mas significativas movimentações no interior da "nomenklatura" daquele país, com uma série de candidatos a posicionarem-se como "solução". A seguir atentamente...

sexta-feira, 5 de março de 2010

Memória (I)


HÁ ALGUNS anos, ainda no decurso do primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso e no auge do debate sobre a eventualidade de uma revisão constitucional que permitisse a reeleição presidencial (o que veio a suceder), à saída do Palácio do Planalto, o então influentérrimo senador António Carlos Magalhães foi interpelado pelas dezenas de repórteres que o aguardavam após o encontro que tinha acabado de manter com FHC: "Senador, o sinhô gostaria de ser presidentxe, verdadxe?", lançou-lhe, de microfone estendido, uma jovem jornalista. O todo-poderoso António Carlos, vulgo ACM, olhou-a, fez um silêncio (interminável) de alguns segundos e com um sorriso daqueles que só alguém muito "batido" consegue ter, disparou uma das respostas mais inteligentes, sinceras e geniais que alguma vez me foi dado ouvir: "Minina... sabi? De presidentxe gostava sim. Di candidato, não...".

Falta muito?

E JÁ não seria tempo de chegar alguém e pôr ordem neste "chiribári" em que se transformou o PSD, mandando os "meninos" (que nem rabinos são, coitaditos...) para a cama (se for preciso, ameaçando-os com um pedagógico e educativo "tau-tau"!) e explicando-lhes que os tempos que correm não são propriamente feitos para que "as formigas tenham catarro"?

Socorro, tirem-me daqui...

AGORA VEM aí o debate entre José Pedro Aguiar-Branco e Pedro Passos Coelho. Ou seja, o confronto entre a "sorte grande" e a "terminação". De falta de ideias, é claro...

quinta-feira, 4 de março de 2010

Vem aí a liberdade de voto?

NÃO É AINDA "líquido" que o Partido Socialista adopte Manuel Alegre como o seu candidato oficial à Presidência da República - isto apesar desta aparente e melosa "viagem de núpcias" a Moçambique que o juntou a José Sócrates. Em certos meios socialistas, há quem sonhe em ver Mário Soares "apadrinhar" a candidatura de Fernando Nobre sendo o seu primeiro subscritor e dois ou três dirigentes máximos distritais a declararem o seu apoio ao presidente da AMI para que Sócrates, em nome da chamada e conveniente "unidade do partido", opte por dar liberdade de voto aos militantes em termos de "corrida" a Belém. Uma disputa eleitoral que, contrariamente ao que ocorria antes do processo "Face Oculta", parece cada vez mais "viciada", tal o afã que o primeiro-ministro possui em abrir alas para a reeleição de Cavaco Silva...

Três tristes criaturas...

MAIS UM debate, desta vez entre José Pedro Aguiar-Branco e Paulo Rangel e a mesma sensação de pena pelo estado a que chegou aquele que foi o mais dinâmico e arejado partido português, hoje palco de uma luta pelo poder entre três desastradas e tristes criaturas cujos horizontes se restringem aos lugares comuns e à pobreza de espírito que os caracterizam. Dá pena, para não dizer vergonha...

Interpretações...

O INESPERADO internamento de Horácio Roque na sequência de um AVC ocorrido na madrugada de hoje é interpretado por muito boa gente de forma que alguns não tardarão a classificar como produto de uma complexa e elaborada "teoria da conspiração". Será?

terça-feira, 2 de março de 2010

Pobreza (e tristeza...) franciscana

ASSISTI BOQUIABERTO ao "debate" que opôs na SIC-N dois dos até agora três candidatos à liderança do PSD... De um lado, um incipiente poseur já um bocadinho "canastrão" que certamente entrará para o "Guiness" tal o infindável número de lugares comuns que consegue debitar em tão pouco tempo; do outro, um aplicado e bem-comportadinho rapazinho que, apesar de perceber-se ser bastante mais sólido que o seu contricante de hoje (também não é muito difícil, verdade seja dita...) não diz coisa com coisa, refugiando-se num discurso que não acrescenta rigorosamente nada. Pobre partido...