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terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Alberto João Jardim e os "energúmenos reaccionários"

                                                                                                   Foto: José Carlos Pratas

NO MOMENTO em que tudo leva a crer que Alberto João Jardim se apresta para, ao fim de 36 (!) anos a liderar o governo regional da Madeira, ocupar o lugar de deputado em Lisboa, não resisto a recordar uma célebre entrevista que lhe fiz em 1997: "Estou-me cagando para Lisboa (...) e quero que a Assembleia da República se foda". Mas também não posso deixar de lembrar uma outra frase, proferida por Jardim nessa mesma altura e que hoje pode (ou não...) ter alguma "actualidade", chamemos-lhe assim: "Os fachos não podem comigo porque a minha guerra não é contra a esquerda, mas contra o CDS e essa corja de energúmenos reaccionários".

domingo, 21 de dezembro de 2014

O "reservista"


HÁ UNS meses, andava então muito na moda a tese do governo de iniciativa presidencial, colocou-se na ponta dos pés, desdobrando-se em proféticas e inúmeras entrevistas,  para ser o "Monti português". Agora a auto-proclamada "reserva da República" Silva Peneda anunciou que vai deixar, por motu proprio, a presidência do Conselho Económico Social no início do próximo ano - dizem que a caminho de Bruxelas onde ocupará uma vaga de assessor do luxemburguês Juncker. Habituado que está a ter-se, a ele próprio, em grande conta, não me espantava que lhe passasse pela cabeça poder vir a ser candidato à Presidência da República. Abençoado pelo actual inquilino de Belém, é claro...

O Brasil.


É UMA das melhores definições de Brasil que já me foi dado ouvir - no caso ler: "É um país que tem uma certa magia - tudo o que dá errado no mundo, aqui dá certo". A frase (genial!) pertence a Fernando Lemos,  porventura o mais ilustre português que assentou arraiais - já lá vão 61 anos... - do outro lado do Atlântico. 

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Sobre o bloqueio, a partir de uma pequena história no Malecón...


JÁ LÁ vão uns bons anos, mas é uma história de que me lembro amiúde. Palco? O Malecón em Havana, por volta das 4 ou 5 da manhã. Intervenientes? Um agente da Polícia Nacional Rodoviária e eu próprio. O diálogo? Longo e à volta de um suposto excesso de velocidade por mim cometido:

- "Compañero, venía usted a más de 120 quilómetros por hora...
- Yo? No, que va!
- Seguramente que sí. Sus documentos, por favor...
- Cuál es la velocidad permitida en este tramo del Malecón?
- Sesenta quilómetros por hora, compañero!
- Entonces venía a 55 quilómetros por hora!
- Como?!
- Sí, a 55 quilómetros, máximo 60... Usted tiene radar?
- Radar? No...
- Si no tiene radar, venía a esa velocidade. Entre los 55 y los 60...
- Mira compañero: nosotros no tenemos radar para controlar la velocidad porque el imperialismo nos impone un bloqueo criminoso, condenado por la aplastante mayoría de las naciones del mundo, que nos impide de tener aceso a las tecnologías que...
- Sí, pero la verdad es que no fui controlado por radar y le aseguro que no rebasé los 60 quilómetros por hora...
- Le vuelvo a decir compañero, que la responsabilidad de la PNR no poseer radares se prende con la política imperialista con que los Estados Unidos cercan al primer territorio libre en America y impiden nuestro heroico pueblo de...
- Tendrá usted razón, pero la verdad es que si no tiene radar, yo venía a 60 quilómetros por hora (...)"

Escusado será dizer que a partir daquele momento a conversa centrou-se, não no meu excesso de velocidade (confesso, não devia vir a menos de 100 quilómetros/hora...), mas sim nas relações entre Cuba e os Estados Unidos e nas consequeências do bloqueio económico que o grande vizinho do Norte impunha ao país de Fidel Castro. Durante mais de um quarto de hora, em plena madrugada habanera, "levei" com uma retórica alinhada, marcadamente ideológica e que acabou com um forte aperto de mão, deixando para trás uma mais que óbvia e justificada multa.
Serve esta pequena história para ilustrar o quanto importante no quotidiano cubano tem sido o bloqueio norte-americano e como está presente na cabeça das pessoas, até do simples polícia que deixa para trás uma multa para debater as consequência do embargo. Ao longo destes quase 53 anos, o bloqueio tem servido um pouco para tudo: por um lado para, sem êxito, os Estados Unidos tentarem estupidamente "estrangular" um regime; por outro para esse mesmo regime justificar ardilosamente algumas faltas e outros excessos, tanto num dia a dia que teve fases muito, mas muito difíceis mesmo, como também em matéria de direitos e liberdades individuais. 
Há quem defenda que a revolução cubana se radicalizou a partir do momento em que os norte-americanos impuseram um bloqueio que julgavam ser de curto-prazo, pelo que a Fidel não lhe restou outro caminho senão "encostar" à então poderosa União Soviética que, até finais dos anos 80, sustentou na verdadeira acepção do termo, a economia cubana. Uma tese que possui alguma lógica, até porque sabemos que, ao longo da história, não foram poucas as vezes que as administrações norte-americanas mostraram ser um "zero à esquerda" no que se refere à política internacional e deram autênticos "tiros no pé"...

(Permitam-me um parêntesis: conta-se que na véspera de assinar o decreto presidencial que impunha o bloqueio a Cuba, impedindo toda e qualquer importação de produtos cubanos, o presidente John Kennedy chamou discretamente o seu assessor Pierre Salinger e pediu-lhe que providenciasse a compra de todos os charutos H.Upman que estivessem à venda em Washignton. No dia seguinte, só após assegurar-se que tinha na sua reserva mais de mil e 200 "puros", é que Kennedy rapou da caneta e assinou o famoso decreto presidencial...)

Contrariamente ao que muitos pensam, o anunciado e previsível fim do bloqueio não vai  ser o fim do chamado castrismo. Não, nem pensar. Mais uma vez, parece que os irmãos Castro trocaram as voltas à história e para quem vaticinava um fim estrondoso e até traumático, tudo indica que o castrismo vai, isso sim, pura simplesmente diluir-se. Lenta, calma e progressivamente. Sem que nem uns cantem vitória, nem outros chorem a derrota...

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

TAP: imaginação, precisa-se...


A RECENTE notícia que dá como admissível para a União Europeia uma capitalização da TAP por parte do Estado português é - além de uma boa notícia -  um desafio para quem tem a obrigação de entender que governar não é só cumprir memorandos e pretensas instruções oriundas de quem não tem (ou não quer ter...) noção da importância estratégica da companhia, mas sim possuir imaginação e capacidade para perceber que a solução para a TAP não  passa nem se pode resumir a uma vulgar operação aritmética.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Eike: tudo ou nada...


SÃO 545 páginas que resumem magistralmente a vida e os negócios do controverso Eike Batista, o brasileiro que chegou a ocupar o 7º lugar na lista da "Forbes" e que foi asim uma espécie de "garoto propaganda" de um Brasil emergente dos tempos de Lula.  Curiosa e coincidentemente um Brasil que, a par do próprio Eike, começou em termos económicos a dar sinais de uma fadiga preocupante e que o afasta gradualmente de uma ribalta que ambos ocuparam durante os anos e apogeu.  "Tudo ou Nada, a verdadeira história do grupo X", de Malu Gaspar, jornalista da "Veja", é uma excelente reportagem de cinco centenas de páginas e que retrata de forma aparentemente fiel os bastidores de uma ascensão meteórica e pouco sustentada de alguém que, de forma magistral, "soube vender powerpoints como ninguém". A ascensão e a queda, diga-se de passagem...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Jose Luís Villalonga: a propósito da famíla Espirito Santo


PARA QUEM gosta de memórias e biografias, as de José Luís de Villalonga são certamente das mais apetecíveis: "Memorias no autorizadas" assim se intitulam os 4 volumes que relatam a vida cheia do marquês de Castellvell durante os 87 anos que por aqui andou. Ele foi e fez um pouco de tudo: foi actor, escritor (mais de 24 livros publicados, entre os quais uma biografia do Rei Juan Carlos e um extraordinário "Sable del Caudillo"), jornalista, porta-voz em Paris da Junta Democrática de Espanha, mas acima de tudo o que costuma chamar-se um homem do mundo e com mundo.
No início dos anos 40, o então jovem Villalonga passou pelo Hotel Palácio, no Estoril, a caminho de Londres, onde terminaria a sua viagem de núpcias. Como ele descreve no primeiro volume das suas memórias, o hotel era então uma verdadeira "torre de Babel", dada a infinidade de refugiados que ali residiam, vindos um pouco de toda a parte. Aquilo que o jovem casal Villalonga (José Luís e Pip) esperava ser um pouco mais que uma escala de cinco ou seis dias, tornou-se numa longa espera, dada a demora do consulado britânico em conceder-lhe visto, apesar de ter casado com uma cidadã inglesa. O tempo foi passando, o dinheiro (que já era pouco) acabando e, por indicação telefónica de sua mãe, decidiu contactar um amigo da família de muitos anos - Ricardo Espírito Santo: "Telefona ao Ricardo. Vai vê-lo e conta-lhe da minha parte o que ocorre. Ele resolve a situação", disse-lhe, desde Barcelona, a então marquesa de Catellvell, certa que o amigo de anos acudiria prontamente ao filho.
A partir da página 338 do primeiro volume das suas memórias, Jose Luis Villalonga relata pormenorizadamente o que veio a ocorrer posteriormente:

"(...) Ricardo Espírito Santo, dono do banco do mesmo nome, era um amigo que meus pais frequentavam muito em Biarritz. Consegui o telefone de sua casa graças a Ramon Padilla e consegui falar com o seu secretário particular, a quem, depois de dar-me a conhecer, expliquei que necessitava urgentemente de encontrar-me com don Ricardo. Ao fim de uma hora, o secretário devolveu-me a chamada e transmitiu-me o convite para almoçar no dia seguinte às duas da tarde e casa dos Espírito Santo.
Chegámos ao palacete do banqueiro certo que vamos solucionar o nosso problema (...) Acesos os charutos, Ricardo Espírito Santo propôs-nos que passáramos ao seu escritório, onde poderíamos falar tranquilamente do nosso assunto. Posto rapidamente ao corrente do que nos preocupava e da conversa telefónica com a minha mãe, o banqueiro comentou com um sorriso despreocupado:
 - Vocês estão na mesma situação que centenas de pessoas que se sentem presas no Estoril como numa ratoeira. Mas tudo tem solução, para que é que servem os amigos? - com uma caneta de ouro escreveu umas letras numa folha de um bloco e ao estender-me, acrescentou - : Vão amanhã a este endereço e perguntem da minha parte pelo senhor Soares. ele resolverá o vosso problema.(...)
O número da casa a que  os dirigimos na manhã seguinte estava a duas portas do Monte de Piedad*, a casa de penhores onde se formava uma fila de mais de uma centena de pessoas. Quando anunciei a uma espécie de porteiro que vínhamos ver o senhor Soares da parte de don Ricardo Espírito Santo, o homem apressou-se a conduzir-nos ao gabinete que procurávamos.
O senhor Soares (...) era um um orondo anão com coroinha de bispo que cada vez que mencionávamos o nome de nosso amigo fazia questão de levantar-se do assento. Após as banalidades do costume, coloquei o anão ao corrente do nosso problema. Escutou-me pacientemente e quando acabei de falar, disse:
 - Sendo amigos do senhor Espírito Santo farei o melhor que possa para atendê-los devidamente - Acomodou-se na sua cadeira e, olhando para a minha mulher, murmurou -: Tenho uma grande curiosidade para saber o que me traz a senhora...
Pip e eu olhámo-nos sem compreender.
  - Que quer o senhor dizer, senhor Soares?
 - Pergunto minha senhora, que me traz? Ouro, platina, prata, talvez diamantes ou outras pedras preciosas? O ouro é o mais fácil de penhorar, sobretudo se está em barras. A platina tem pouca saída, porque é um metal muito duro de trabalhar. E a prata, sobretudo a nossa, não vale grande coisa. No que respeita às pedras, esqueçam as safiras, os rubis e as esmeraldas, a menos que sejam de grande qualidade. Os diamantes... Ah! os diamantes! Se a senhora me traz um bom diamante, então...
Pus-me em pé e gritei:
 - Mas quem raio é você?!
O anão levantou-se também assombrado:
 - Eu? Marcelo Soares, subdirector adjunto do Monte de Piedad de Lisboa!
Pip e eu olhámo-nos de boca aberta:
 - Como? Mas isto é o Monte de Piedad?
 - Uma de suas dependências. O senhor Ricardo Espírito Santo mandou-os aqui para que não tivessem que fazer fila frente à porta.
Pip também se pôs de pé, pálida de ira:
 - Creio - tratei de intervir - que existiu aqui um mal-entendido. Muito obrigado de todas as maneiras por nos ter atendido.
 - Então os senhores não me trazem nada? Nem sequer uma pregadeira?! - queixou-se o senhor Soares - eu estava disposto, já que os senhores são amigos do senhor Espírito Santo a pagar-lhes generosamente...
 - O senhor Espírito Santo é um grandíssimo filho da puta! - bradou a minha mulher, reluzindo a sua antiga dialética de coronel polaco - E pode repetir-lhe em francês, em espanhol ou em italiano, até porque eu não sei como se diz em português! Portanto, quando o vir, traduza-lhe da minha parte! (...)

* Montepio

domingo, 7 de dezembro de 2014

Parabéns, Mário!


CONHEÇO Mário Soares ainda Mário Soares não era Mário Soares, passe a expressão - que é como quem diz há muito, muito tempo. Dos tempos em que era difícil para muitos dizer "não", nas alturas em que discordar tinha um preço que nem todos estavam dispostos a pagar. Tenho dele várias recordações, grande parte delas de infância. A mais forte,  ainda que não a mais antiga, tem a ver com a desilusão que senti quando - devia ter eu 7 ou 8 anos... - meus Pais não me deixaram acompanhá-los ao aeroporto para despedir-me dele na noite em que foi deportado para S. Tomé. 
Conheço e lembro-me bem pois do Mário Soares dos outros tempos - o do escritório da baixa, do deportado, o  da CEUD, do  exilado, ou alegria com que desembarcou em Santa Apolónia dois ou três dias após o 25 de Abril.
Nestes últimos 40 anos, estive mais vezes em desacordo que em acordo com ele. Escolhi muitas vezes um campo oposto e durante quase 30 anos não troquei sequer um "bom dia" ou "boa tarde" com quem, na prática, desde miúdo fez parte de uma "família" daquelas que não se circunscreve aos laços de sangue, mas que tem a ver com o nosso quotidiano e o dos nossos Pais. Voltámos-nos a falar há meia-dúzia de anos. Por sua iniciativa, diga-se de passagem - como se nada se tivesse passado e com a naturalidade de quem me conhece desde que nasci.
Hoje, talvez mais do que nunca, o País está dividido no que lhe diz respeito. Mas ele continua igual a si próprio - a não se calar, a defender alto e bom som o que acha como justo e correcto, motivando óbvias paixões e naturais ódios. O que é notável, convenhamos para quem cumpre, como ele, 90 anos. Goste-se muito, pouco ou nada de Mário Soares, quem tem como seus os valores da Democracia e da Liberdade deve-lhe muito. Eu devo, pese muitas vezes, repito, ter estado em desacordo com ele. Eu devo  e acho que Portugal também deve. Parabéns, Mário!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

A propósito do "preso nº 44"...


ESPEREI QUASE quinze dias até resolver escrever estas linhas. Pensei que esse tempo bastasse para que o estranho júbilo em ver um antigo primeiro-ministro atrás das grades passasse e que o bom senso tomasse conta dos espíritos mais exaltados, que é como quem diz da turba ululante e frenética que inundou as redes sociais não escondendo a sua euforia pelos acontecimentos recentes.
Não gosto de José Sócrates, nunca o escondi. E não é de hoje, é de há muito. À minha maneira, combati-o o mais que pude, estive claramente do lado oposto da barricada, não me poupei a esforços para que, primeiro, ele não ganhasse as eleições em 2005, e depois, para que ele fosse afastado do poder o mais depressa possível. Não vou aqui reclamar medalhas ou reivindicar reconhecimento por há muito tempo ter denunciado "preto no branco" muito do que hoje todos o acusam e responsabilizam. Tão pouco vou cair naquela velha e chata ladainha do "'tão a ver, eu bem dizia...". Não, nada disso. Mas não resisto a reivindicar, isso sim, esse mesmo passado para poder criticar os que, agora que Sócrates está na mó de baixo, se apressam a mostrar uma estranha felicidade em vê-lo em palpo de aranhas.
Ao longo destes dias tenho visto um pouco de tudo, a começar por gente que fez parte do establishment socrático e que pactuou, silencioso e cúmplice, com alguns dos seus desmandos, até algumas publicações e jornalistas que se acocoravam perante o poder de antanho e que hoje, certamente esquecidos dos fretes inqualificáveis que protagonizaram, surgem militantemente alinhando nesta fúria anti-Sócrates.
E tenho felizmente reparado nos outros. Nos que de facto foram "vítimas" de Sócrates e preferem estar calados,  não alinhando nesta onda de vingança que alastra pelas redes sociais e onde grassa uma imbecilidade por parte de  muitos que, durante os cinco anos de consulado "socrático", foram incapazes de levantar um dedo ou mexer uma palha e que  hoje se transformaram em arautos e candidatos a "carrascos" de quem nunca ousaram enfrentar no seu apogeu e que estranhamente (ou não?) mostram agora uma inconcebível, inconsequente e cobarde sede de vingança. E quando falo desses, estou a referir-me por exemplo a jornalistas como Rui Costa Pinto e até Manuela Moura Guedes, esses sim "vítimas" da poderosa máquina socrática que, incomodada e sentindo-se acossada, os marginalizou e afastou do exercício da sua profissão; de Pedro Santana Lopes, a quem ainda há bem pouco tempo e numa visivelmente desequilibrada entrevista ao "Expresso", Sócrates apelidou de "bandalho"; ou mesmo de Fernando Lima, a quem as tropas socráticas "cercaram" a propósito de um (ainda) mal esclarecido caso. A todos eles seria fácil surgir agora na primeira linha, de dedo em riste e não escondendo a sua alegria em ver o cidadão José Sócrates Pinto de Sousa transformado no "preso 44" do Estabelecimento Prisional de Évora. Não o fizeram, preferiram optar, uns por um respeitoso e digno silêncio, outros por um cuidado e civilizado discurso.
Tal como eles, eu também sempre quis ver Sócrates derrotado. Mas prefiro mil vezes vê-lo  morto politicamente, nas urnas e numa lógica democrática, que numa desconfortável cela no Alentejo... É isso que felizmente me diferencia dos outros, dos neófitos do anti-socratismo, agora que é fácil (e moda) zurzir torto e feio em quem está preso preventivamente, acusado de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal.