TENHO ALGUNS amigos que me dizem do engenheiro Ângelo Correia o melhor que se pode dizer de alguém - tanto a nível pessoal, como a a nível político. Acredito. Mas vou ser sincero: nunca fui propriamente um grande fã do antigo ministro da Administração Interna de Pinto Balsemão, talvez injustamente, sei lá. Acho-o demasiado gongórico para o meu gosto, usando e abusando dos sound bytes, com uma pose por vezes a roçar a fronteira do rídiculo e, apesar de reconhecer-lhe uma sagacidade (vulgo esperteza) fora do vulgar, nunca ouvi da sua boca nada que me faça dar razão a um amigo comum que me garantia, ainda há poucos dias, que Ângelo Correia era das pessoas que "melhor pensava política" no nosso País.
Vem tudo isto a propósito de um breve perfil intitulado "O ilustre pensador do contra", publicado hoje na pág. 59 da "Sábado" e onde, a dado passo, é referida uma sua declaração, em 1999, sobre Cavaco Silva, em que comparava o actual Presidente da República a um eucalipto e que a jornalista apresentava como um exemplo de um certo inconformismo e atrevimento. Terá dito então Ângelo Correia: "Cavaco parece um daqueles grandes eucaliptos. Enormes. Que sobem para o céu. Só que o terreno em volta fica seco". Não pondo em causa o tal "inconformismo" e "atrevimento" atribuídos ao engenheiro, uma coisa é certa: aqui não primou propriamente pela originalidade... É que dez anos antes, em 1989, numa deliciosa entrevista que o sempre polémico (e também - e de que maneira! - inconformado e atrevido) coronel Aventino Teixeira concedeu à "velhinha" Radiogeste, este militar comparou, pelas mesmíssimas razões, o então primeiro-ministro a ... um eucalipto. E na altura, lembro-me como se fosse hoje (até porque o entrevistador era eu) a imprensa deu um especial destaque a essa comparação. Quase vinte anos depois, o seu a seu dono - ou seja a Aventino Teixeira!
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