DURANTE ANOS a fio, Daniel Ortega foi um herói de uma certa esquerda latino-americana. Líder da guerrilha sandinista que pôs fim ao despótico regime de Anastasio Somoza que governou a NIcarágua durante mais de quatro décadas, Ortega aceitou porteriormente os resultados eleitorais que o afastaram do poder para, 27 anos mais tarde e pela via democrática regressar à presidência do seu país - aliás um facto que ainda recentemente Mário Soares realçou como "positivo" durante a entrevista a Hugo Chávez na RTP.
Mas ultimamente a vida não tem sorrido ao líder sandinista. Para além da Comissão Internacional dos Direitos do Homem ter aceite uma queixa, acusando-o de genocídio e crimes contra a Humanidade, ainda recentemente o diário espanhol "El País" publicou uma extensa reportagem onde refere um suposto e estranhíssimo "pacto secreto" que Ortega mantém com o conservador Arnaldo Alemán, um ex-presidente eleito pela ALN que, apesar de condenado a prisão pela justiça nicaraguense, goza de um estatuto de impunidade que lhe permite passear-se livremente por Manágua. E como se isto não chegasse, a sua enteada Zoiloamérica Narváez insiste em publicamente acusar Daniel Ortega de "abuso sexual" desde 1982, altura em que ela tinha apenas 15 anos e o seu então padrasto 34... A queixa, feita há cerca de dez anos, seguiu os seus trâmites (afinal, parece que não é só por cá que a justiça é lenta) e há quem garanta que o actual presidente nicaraguense, hoje em dia muito criticado por alguns dos seus mais destacados camaradas de guerilha (à excepção de Tomás Borge),dificilmente resistirá a este escândalo.
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