A REVISTA "Piauí" é porventura a mais interessante publicação brasileira da actualidade. Mensal, com um toque algo "alternativo" é leitura obrigatória para quem queira entender o Brasil de hoje. O seu último número lê-se de ponta a ponta, com especial destaque para um artigo do jornalista e antigo director de redacção da "Veja" Mario Sergio Conti (autor do "Notícias do Planato", um excelente livro que retrata os bastidores do traumático governo Collor) intitulado "Lula pop" e que analisa o livro "Lulismo, carisma pop e cultura anticrítica" do psicanalista Tales Ab'Sáber, uma obra que retrata os oito anos do governo de Lula da Silva e que tem tudo para tornar-se indispensável para quem quiser, a partir de agora, estudar o "fenómeno" que abalou a última década no Brasil. Da recensão de Conti, não resisto a transcrever uma passagem que julgo traduzir, de facto, o que foi a política dos últimos governos do PT: "Depois de se aproveitar de crises para se livrar de dois ministros que ambicionavam a sua sucessão, José Dirceu e António Pallocci, Lula exerceu o poder plenamente. E desenvolveu uma política a favor dos extremos da sociedade, os milionários e os muitos pobres. Para estes últimos, concedeu bolsas sociais, de no máximo 200 reais, a quase 13 milhões de famílias, introduzindo-as num universo mais amplo de consumo. Tais bolsas não ultrapassaram o custo total de 1% do Produto Interno Bruto. Mas, aos que vivem de rendas financeiras, em 2009 Lula destinou 5,4% do PIB apenas em serviços dos juros da dívida pública. No ano seguinte, os juros e a rolagem da dívida consumiram 45% do orçamento da União, 635 bilhões de reais. Com isso, diz Ab'Sáber, o presidente 'cooptou amplamente os muitíssimos ricos'".
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