Os comentários a este blogue serão moderados pelo autor, reservando-se o mesmo a não reproduzir aqueles que pelo seu teor sejam considerados ofensivos ou contenham linguagem grosseira.

domingo, 20 de março de 2011

Paulo Portas

MAIS UMA vez (e como sempre...) Paulo Portas fez o discurso que as pessoas queriam ouvir. Afirmou, gritou e repisou o que todos pensam e defendem, naquela lógica assente em quatro ou cinco imaginativos e bem-elaborados sound bytes que, para além de facilitar o trabalho aos jornalistas que têm de produzir o noticiário, dão sempre o precioso mote para os comentadores pronunciarem-se sobre o que ele quer que se pronunciem. Reconheça-se: Portas tem o mérito de fazer discursos bem alinhavados, bonitinhos, nitidamente treinados previamente ao milímetro - e esse mérito ninguém lhe tira! Poderia até ser um exemplo para aqueles que, apesar de colocarem bem a voz e possuirem um porte que fica sempre bem atrás de um púlpito, por muito que falem e apareçam pouco ou nada se retém... Porém, sobre Portas, a grande questão prende-se não com a sua capacidade oratória, mas sim com a capacidade que ele ainda tem em disfarçar perante o País aquela quase doentia ânsia pelo exercício do poder, pela sua liturgia, pelas mordomias que o envolvem. É que, diga-se em abono da verdade, este Portas que hoje clama, quase na fronteira da apoplexia, pela demissão de um Sócrates hoje "ferido de morte" é o mesmo Portas que ainda há pouco tempo piscava, sôfrego e guloso, o olho ao mesmo Sócrates, então "a transpirar saúde", quase que implorando um acordo que não sei mesmo se alguma vez - por debaixo da mesa - não chegou mesmo a existir...

Sem comentários: