Os comentários a este blogue serão moderados pelo autor, reservando-se o mesmo a não reproduzir aqueles que pelo seu teor sejam considerados ofensivos ou contenham linguagem grosseira.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Estão (mesmo) todos na rua...




ONTEM À noite fiz três telefonemas para três amigos no Brasil. Do Rio de Janeiro, primeiro o Cláudio (publicitário, 60 anos e um democrata convicto de toda uma vida) atendeu-me entusiasmado, mas praticamente sem conseguir ouvir-me: "'Fafi', estou na passeata!"; em Brasília, a Marcela, advogada, ainda a ver chegar os 40 e que aparentemente sempre navegou em águas próximas do que é chamado de "esquerda", respondeu-me com um sms esclarecedor: "Estou na rua, frente ao congresso #venhaparaaruavctambem"; e em São Paulo, a minha amiga Fátima, a trabalhar numa KPMG da vida, tinha saído mais cedo e estava na Avenida Paulista a celebrar a descida do preço dos transportes públicos - ela que não dispensa nem por um minuto o seu BMW blindado... 
Todos, mas todos eles, estavam na rua! Num protesto comum, lado a lado com o "zelador" dos seus condomínios, com as suas "diaristas", com os empregados a quem pagam mensalmente salário, com os desprotegidos que por muitas "bolsas nãoseiquê" que recebam não conseguem ter um padrão de vida minimamente digno, com os favelados e até mesmo com aqueles que aproveitando a confusão não perdem a oportunidade para partir umas montras e saquearem o que lhes aparecer à frente. 
Depois voltei para a posição 172 da Zon - o Canal Record News, que desde há dias me permite acompanhar as manifestações por todo o Brasil: 300 mil no Rio, mais de uma centena de milhar em São Paulo e distribuído por tudo o que é cidade, 40 mil em Belo Horizonte, nãoseiquantos milhares em Campinas, outros tantos em Ribeirão Preto, o Planalto e o Itamaraty sitiados em Brasília, enfim um país na rua e em polvorosa...
Adormeci, já o relógio marcava as quatro da manhã, com a convicção que cada dia que passa, as coisas pioram e que todo este movimento é transversal - política, etária, socialmente, cercando uma Dilma e um PT nesta contradição em que vivem e em que tentam, sem sucesso, fechar os olhos a uma realidade adversa e que os encosta progressivamente "às cordas". E mais grave é que, olhando para a cena política, apenas encontramos protagonistas que, para o comum dos mortais e pese alguma tentativa para descolar do sistema, representam apenas "mais do mesmo", abrindo assim caminho ao perigoso populismo e aos que, com aquela aura de justiceiros e fama de incorruptíveis, surgem sempre nestes momentos como se de "messias" salvadores se tratassem. O que é perigoso, muito perigoso...

2 comentários:

Lamas disse...

Uma pergunta. Porque é que o Expresso(online) dá tão poucas notícias sobre o que sepassa no Brasil?
Será porque a Globo tmabém não dá?

Lamas disse...

Porque será que o Expresso online dá tão poucas notícias sobre o que se passa no Brasil?
Será porque a Globo - sua aliada - tmabém não dá?