CONHECI BEM o tenente-coronel Vítor Alves, por quem nutria uma sincera e grande admiração e a quem - mais do que a qualquer outro - estava (e estou grato) por ter participado no inevitável golpe que, em 1974, pôs termo a um regime que, incapaz de de adaptar-se aos novos ventos da História, definhava e apodrecia a olhos vistos. Vou mais longe: para mim Vítor Alves era quem representava o melhor que teve o 25 de Abril - a sua pureza! Contrariamente a muitos outros que não resistiram à vaidade bacoca, este homem nunca reivindicou louros, nem tão-pouco fez (ou tentou) fazer negócios à sombra e por conta da importância histórica que inegavelmente possuiu. Moderado, diplomata, um gentleman na verdadeira acepção da palavra, Vítor Alves era um homem "com mundo", daqueles que sabiamente não se deslumbram com o o poder efémero ou que dele, manhosa e habilidosamente, tentam tirar partido. Desprendido, sério e coerente, Vítor Alves morreu ontem como sempre viveu desde que abandonou a ribalta e os holofotes que sobre ele incidiram nos anos seguintes ao 25 de Abril: serena e discretamente. Muito obrigado por tudo, Vítor Alves!
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