DESENGANE-SE QUEM pensava que Dilma Rousseff ia ser uma vulgar e obediente extensão do seu "padrinho" Lula e que a única coisa que mudaria no palácio do Planalto seria apenas o seu ocupante... Em menos de um mês como Presidente, Dilma já teve oportunidade para se demarcar publicamente de Lula em matéria de política externa e de defesa pelo menos por três ocasiões: ao adoptar uma postura crítica relativamente ao regime iraniano, ao contrariar a decisão aparentemente tomada de adquirir os caças franceses "Rafaelle"; e ao suspender o concurso de compra de navios-patrulha. Isto já para não falar do estilo, muito mais exigente que aquele jeito bonacheirão e algo displicente do seu antecessor: para grande irritação do ministro da Defesa começou a despachar directamente com os chefes militares e, conta-se que há dias, ao ouvir de um dos seus ministros uma resposta a uma convocatória urgente para se apresentar no seu gabinete presidencial do tipo "é só acabar de almoçar e já vou ter com a Sra. Presidente", esse ministro foi imediatamente "brindado" com uma observação demolidora de Dilma: "Pode trazer o almoço, que vai comendo aqui enquanto falamos...".
Apoiada na "dupla" constituída por António Pallocci (chefe da Casa Civil, que funciona assim como uma espécie de primeiro-ministro) e Miriam Belchior, a toda-poderosa ministra do Planeamento, Dilma parece querer mesmo progressivamente trilhar o seu próprio caminho.
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