EM FINAIS dos anos 80, em plena "fúria da bolsa, o mítico Hotel Savoy no Funchal foi comprado pela "dupla" formada pelos então emergentes empresários Horacio Roque e Joe Berardo, ambos com profundas ligações à África do Sul. Feio, piroso, demodé, decadente, apesar de tudo o Savoy mantinha um certo encanto, muito devido às mil e uma estórias de que foi palco, como aquelas que envolviam os "gibraltinos" que durante a II Grande Guerra ali se refugiaram a expensas do governo britânico. Conta-se aliás que, em 1945, no dia da rendição germânica, a festa foi de tal ordem entre os hóspedes que o hotel ficou parcialmente destruído... Pouco tempo após terem adquirido o hotel, os seus novos proprietários decidiram (como era moda na época...) cotá-lo na bolsa e "encaixar" umas quantas centenas de milhares de contos. Mas a meio do processo, a bolsa afinal virou "gato por lebre" e as intenções da então "dupla-maravilha" em empochar uns valentes "cobres" a quem quisesse investir no Savoy foram por água abaixo. E desde aí, remodelaçãozita aqui, remodelaçãozita lá, o Savoy foi perdendo o algum encanto que ainda lhe restava e afirmando-se cada vez como o "palácio do kitsch" e deixando definitivamente de ser um dos hotéis de referência do Funchal (ainda que num patamar significativamente inferior ao Reids, por exemplo) para tornar-se numa vulgar unidade hoteleira, com um serviço medíocre e um passado cada vez mais oculto. Hoje abro o jornal "i" e leio uma notícia sobre as obras (paradas) do Savoy ("Berardo sem dinheiro para novo Savoy Madeira"), ilustradas por uma fotografia que mais parece tirada em Beirute que propriamente no Funchal, com os jardins destruídos e o edifício todo esburacado. E tenho que confessar duas coisas: uma, que tenho pena; a outra, que o sr. Berardo irrita-me cada vez mais!
3 comentários:
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Berardo é um homem bom!
Um bom malandro...
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