A
PARTIR do dia 1 de Abril, este blogue passará a estar alojado no www.josepaulofafe.com - o meu site que
contará também como uma área profissional. Continuará a ser, como até
aqui, uma página e um espaço estritamente pessoal, onde também se comenta
alguma actualidade, se recordam histórias de outros tempos e se tenta perceber
o que está por detrás de algumas notícias. Espero que gostem...
... ou "quem não tem cão, caça com gato...", que é como quem diz, uma página e um espaço estritamente pessoal, onde também se comenta alguma actualidade, se recordam histórias de outros tempos e se tenta perceber o que está por detrás de algumas notícias...
Os comentários a este blogue serão moderados pelo autor, reservando-se o mesmo a não reproduzir aqueles que pelo seu teor sejam considerados ofensivos ou contenham linguagem grosseira.
segunda-feira, 30 de março de 2015
sexta-feira, 27 de março de 2015
Sobre a pré-candidatura de Henrique Neto
PARA MIM, se e no caso de formalizar-se, a candidatura presidencial de Henrique Neto terá uma grande enorme virtude: o seu tipo de discurso serve de "barreira" (ou "travão", como preferirem...) relativamente ao populismo demagógico e inconsistente de alguns que surgem como pretensos faróis da ética republicana e que, numa tentativa célere de protagonizar o discurso bacoco e oportunista da anti-política, se perfilam como candidatos a Belém, tais como Paulo Morais e Marinho Pinto. Tendo em conta as garantias que o passado de Neto oferece, pensei que os seus camaradas de partido reagissem com uma natural e realista tolerância, não o hostilizando e deixando até "portas abertas" para uma estratégia que poderia vir a ser, a médio-prazo, comum. Enganei-me! A começar pela reacção destemperada de António Costa e que deu azo a que ouvíssemos nos últimos dias, a propósito da intenção de Henrique Neto, os comentários mais infelizes, desagradáveis, disparatados e tolos que alguma vez se podia imaginar. Ás vezes, antes de falar, convém pensar...
Aquilo é tudo muito mau...
ALGUÉM JÁ se perguntou a razão porque se armou todo este kafarnaum à volta de alegadas pressões de António José Morais, antigo professor de José Sócrates, sobre a mulher de Carlos Santos Silva para que este "entale" o antigo primeiro-ministro - isto segundo uns; ou os supostos pedidos que esta última fez ao dito professor para que convencesse o marido a dar com a com língua nos dentes - isto segundo outros. Alguém já relacionou toda esta verdadeira peixeirada, que já meteu queixas no DCIAP e tudo, com a acção judicial que o mesmo Morais pôs contra um amigo de Sócrates, Armando Vara no caso, para que este assumisse a paternidade de uma filha que o professor supôs sua durante quase 12 anos? Vá lá saber-se quem tem razão - se Morais, se mulher de Santos Silva, mas uma coisa é verdade: aquilo é tudo muito mau!
segunda-feira, 23 de março de 2015
E se José Sócrates resolver ser candidato?

Por outro lado, a ideia que se tem hoje em dia do processo é que a vida não está fácil para o antigo primeiro-ministro, sendo raro o dia em que as já célebres e supostas "violações do segredo de justiça" nos revelam várias "embrulhadas" que, a serem verdade, não auguram nada de bom para quem surge alegadamente nelas envolvido - e isso que não sabemos o que ainda virá por aí... Talvez por isso mesmo, a curto e médio-prazo, ou seja antes de terminada a instrução do processo, a Sócrates só lhe reste tentar "puxar" o seu caso para a esfera política, tentando a todo o custo imprimir-lhe uma "carga" que lhe permita desviar a atenção dos factos que a acusação dará por provados e pelos quais pedirá a sua condenação em tribunal. E essa estratégia de defesa que Sócrates poderá vir ser obrigado a adoptar passará muito possivelmente por uma candidatura presidencial... Isso mesmo, uma candidatura à Presidência da República!
E não pensem que o facto de uma candidatura de Sócrates poder naturalmente atrapalhar a vida a António Costa, ao PS e ao candidato que o partido até lá escolher ou por muito condenada que possa estar ao fracasso logo à partida, o fará hesitar um segundo sequer - longe disso. É que além de colocar o seu processo num patamar puramente político, a sua hipotética candidatura a Belém teria, desde logo, o condão de criar um verdadeiro imbróglio jurídico-político, dado o carácter da sua detenção - preventivo. Seria possível, desde que cumpridos os requisitos legais, impedir alguém que se encontra em prisão preventiva, de apresentar a sua candidatura à Presidência da República? Penso que não. Seria aceitável que, aceite a candidatura, esse candidato fosse prejudicado no período oficial de campanha eleitoral relativamente aos seus concorrentes? Penso que não - ou por outras palavras, seria impossível, no caso dessa candidatura ser "validada" pelo Tribunal Constitucional, manter Sócrates detido durante esse mesmo período... Estaríamos assim perante um complexo e intrincado problema jurídico com uma forte componente política. Um problema que não convirá rigorosamente a ninguém, da direita à esquerda e às instituições. Um problema que só convirá ao próprio José Sócrates que, naturalmente, não hesitará, caso não tenha outra solução à mão, em criá-lo. Ele que já ensaiou, nestes últimos quatro meses, o papel de "mártir político" que uma candidatura presidencial tão bem acentuaria...
sexta-feira, 20 de março de 2015
Sobre a violação do segredo de justiça...
NÃO ME revendo naquele estilo que eu considero "bera" do "Correio da Manhã" e não conhecendo pessoalmente Eduardo Dâmaso (ao que presumo, seu director-adjunto), não poderia estar mais de acordo com ele, quando se refere à agora tão badalada violação do segredo de justiça: "É um crime dos anos 90, um crime da moda. Essas pessoas que estão hoje muito preocupadas com ele nunca se preocuparam quando a violação atingiu pessoas que não tinham importância social e económica". Na mouche!
segunda-feira, 16 de março de 2015
A hora de Lula (por estranho que possa parecer...)
CONTRARIAMENTE AO que muitos pensavam (eu incluido...), a presidente Dilma Rousseff perdeu aparentemente a mão num Brasil onde os bastidores da política sempre foram complexos e obrigam a ter uma flexibilidade que esta fria e teimosa filha de búlgaros insiste em não ter. Há cinco meses atrás, ao ser reeleita, Dilma perdeu a oportunidade de traçar o seu próprio caminho e de soltar-se das amarras de um PT em fim de ciclo, verdadeiro "ninho de gatos" onde os "barões" se digladiam furiosamente por detrás do pano, tentando posicionar-se na primeira linha da sucessão para 2018. Tinha então uma oportunidade de ouro de reconciliar-se com a sociedade brasileira, de promover uma verdadeira reforma política que conduzisse a uma necessária reorganização do espectro partidário e de, com isso, disfarçar os efeitos de uma natural crise económica que o país iria atravessar. E quem sabe mesmo de encerrar com "chave de ouro" o ciclo do PT ao fim de 16 anos de poder...
Mas não, Dilma preferiu isolar-se e embrenhar-se naquele pântano que normalmente rodeia os poderosos, onde a intriga, as jogadas e os harakiris políticos se sucedem. Primeiro foi o "caso da Petrobras" onde uma inabilidade gritante por parte da própria Dilma chegou a colocar em causa a sua própria reeleição e contribuiu inevitavelmente para algumas derrotas do seu partido. Depois conduziu a formação de um governo com uma inabilidade de uma principiante, formou um executivo que não possui uma linha política, uma lógica, onde ninguém sabe bem às quantas anda e onde a articulação política "voa" de mão em mão, ou seja de ministro em ministro, ao sabor dos amuos e birras dos parceiros de uma base aliada vasta, complexa e fisiológica para quem um cargo de segundo ou terceiro escalão é mais importante que qualquer outra coisa.
Enquanto isso, a rua faz-se ouvir. Legitimamente, no exercício de um direito que a democracia confere a quem opta por expressar o seu protesto. O impeachment está obviamente fora de causa, tal como o regresso dos militares que alguns imbecis reclamam. Mas esses são uma minoria. Com esses Dilma não tem que se preocupar. Dilma tem que se preocupar, isso sim, com a imensa maioria dos que sairam para a rua, com os que querem e precisam de ver o Brasil mudar. E nem é tanto mudar de governantes, mas sim de práticas, de lógicas e principalmente de mentalidade.
Por estranho que parecer e por mais contraditório que isso possa parecer, hoje, mais do que nunca, Dilma depende de Lula. É Lula e só Lula que lhe poderá estender a mão e salvá-la do pântano onde ela se está a deixar atolar hora após hora. É, por estranho que possa parecer, Lula e só Lula que ainda pode colar os cacos de uma elite política (com o PSDB incluído, note-se.….) que cada dia menos possui a confiança dos brasileiros e de quem devia representar. O curso da história trocou as voltas a Dilma - em vez de afastá-la naturalmente de Lula, tornou a criatura cada vez mais dependente do seu criador...
sábado, 14 de março de 2015
Um comentário que é uma pergunta...
AS FOTOGRAFIAS da reportagem do Paris Match sobre o casal Varoufakis que inundaram as redes sociais nos últimos dias só me suscitam comentário que é, ao mesmo tempo, uma pergunta: alguém já imaginou o que seria se algum ministro deste governo se atrevesse a participar numa produção daquele tipo para alguma revista cá do burgo?
quarta-feira, 11 de março de 2015
A disponibilidade de Alegre
A APARENTE recusa de António Guterres em protagonizar uma candidatura presidencial e o pouco, ou nenhum, entusiasmo que nomes como António Vitorino, Sampaio da Nóvoa ou Guilherme Oliveira Martins suscitaram na área socialista, abriu uma "janela de oportunidade" para Manuel Alegre. Renascendo das cinzas a que o conduziram duas frustradas candidaturas a Belém, Alegre surge agora pé ante pé e como quem não quer a coisa, a tentar colocar-se a jeito para que, no Partido Socialista, alguém se lembre da sua existência e, à falta de melhor, o empurre para mais uma aventura com final anunciado. Só assim se entende as suas duas últimas declarações públicas - a primeira a exigir que Guterres clarifique definitivamente se está, ou não, disponível para candidatar-se a Belém; e a segunda, a querer que António Costa peça a demissão de Pedro Passos Coelho. Só falta mesmo dar uma entrevista, onde "casualmente" o interroguem sobre a sua disponibilidade...
Sobre o tal sr. Morais, outro que fala, fala e não diz nada...

"Já aqui escrevi e repito:
causa-me alguma irritação ver, surgidos do nada, sabe-se lá investidos em que
legitimidade, um sem-número de criaturas que pregam a ética e a moral, quais
profetas do bem e que se julgam donos e senhores da verdade e da razão. Refiro-me
a uns quantos que ultimamente, certamente à falta de "emprego" ou de
ocupação mais rentável, pelam-se para falar de cátedra, do alto de uma
importância que só eles reconhecem e tendo-se a si próprios em grande conta,
vivendo nestes períodos pré-eleitorais, em permanente tournée estival à
imagem e semelhança de um qualquer cantor pimba ou de um ou outro
"kinito" da vida. São gente que fala, fala e... nada diz - a não ser
um chorrilho de lugares comuns, com um ar e ênfase de tratarem-se das coisas
mais importantes e quase sempre encantando plateias sequiosas de escutar de
forma mais erudita as típicas conversas de paragem de autocarro.
Vem tudo isto a propósito
de um tal Paulo Morais, expoente máximo de um certo trauliteirismo nacional
e que raro é o dia em que não surge como líder de um fascizante
"justicialismo" lançando suspeições, indirectas e aleivosidades sobre
tudo e todos, contribuindo à sua maneira para desacreditar um regime que, pese
todos os defeitos, ainda possui mecanismos suficientes para afastar quem lhe é
nocivo e quem o põe em causa(...).
domingo, 8 de março de 2015
Cavaco Silva
CHEGA A ser confrangedor escutar as opiniões com que cada vez mais espaçadamente - valha-nos isso! - o Presidente da República nos brinda. Confrangedor porque longe vão os tempos em que Cavaco Silva tinha alguma coisa para dizer e em que os portugueses tinham alguma coisa para escutar; confrangedor porque, das duas uma: ou o chefe de Estado fala da boca para fora ou então dá especialmente ouvidos a algum mentecapto que foi alcandorado a conselheiro; confrangedor porque nos últimos anos Cavaco Silva consegue, cada vez que abre a boca, destruir o capital político que lhe restava; confrangedor porque numa altura em que o País precisava de alguém com bom-senso e principalmente que exercesse as funções presidenciais com a dignidade e a parcimónia que se exige a a um político responsável, Cavaco Silva prefere ficar na história como o mais medíocre dos chefes de Estado do regime democrático.
sábado, 7 de março de 2015
"Quanto mais eles inventam, mais a gente confia no Delcídio"!
DURANTE O ano de 2014, no Brasil, assumi a coordenação estratégica de marketing da campanha do senador Delcídio Amaral ao cargo de governador do estado de Mato Grosso do Sul. Uma campanha que, à partida poderia parecer fácil, tornou-se logo a partir de Março ou Abril desse ano num verdadeiro "ai jesus", tais os ataques inenarráveis que o candidato começou a sofrer por parte dos seus adversários políticos que, comandados por um anão (na verdadeira acepção do termo...) político, raro era o dia em que não lançava acusações, insinuações e ataques, tentando envolvê-lo no escândalo relacionado com a Petrobras que dava então os seus primeiros passos.
Logicamente que a excelente imagem que Delcídio gozou desde sempre junto dos seus conterrâneos sofreu um abalo, tal a barrage a que o seu nome era sujeito diariamente, em alguns jornais do estado, nos blogues, nas redes sociais, no dizquedisse - uma verdadeira "tortura", especialmente para quem o sabia sério, impoluto e um homem respeitador dos valores da ética republicana. Resultado? A 26 de Outubro do ano passado, embora por uma margem mínima, perdemos a segunda volta das eleições para um candidato que, em vez de apresentar uma única proposta, preferiu fazer uma "campanha negra" baseada na mentira, na insinuação gratuita e na calúnia.
Finalmente hoje, quase um ano após o início deste "folhetim", o Supremo Tribunal Federal e a Procuradoria-Geral da República brasileiros divulgaram uma lista em que, de uma vez por todas, afasta toda e qualquer participação de Delcídio no intrincado esquema do chamado "petrolão". Para trás ficou um ano de muito sofrimento, de muita amargura, de muita revolta, mas também de grande determinação e de uma grande coragem de Delcídio em enfrentar quem não hesitou em preferir a lama das suspensões, da mentira, das acusações falsas a um debate político, sério e honesto.
Como diz o "comercial" que tivemos a oportunidade de produzir e veicular em Agosto no ano passado para a campanha..."quanto mais eles inventam, mais a gente confia no Delcídio". Grande abraço, amigo!
sexta-feira, 6 de março de 2015
A propósito de Alegre, recordando uma frase de Eanes...
HÁ FRASES que, de tão oportunas, por mais tempo que passe, nunca esquecemos. Há uns trinta e tantos anos, salvo erro por ocasião da eleição presidencial de 1980, o então candidato Ramalho Eanes foi convidado pelos jornalistas a pronunciar-se sobre uma crítica que tinha sido alvo por parte de Manuel Alegre. Naquele seu sotaque beirão bem característico, Eanes foi curto e grosso e não podia ter sido mais certeiro: "Portugal sempre foi um país de bons poetas e maus políticos...". Lembrei-me hoje desse episódio quando li que o poeta (que na opinião não é assim tão bom quanto o general teve a bondade de insinuar, mas enfim...) veio a público reclamar do seu líder António Costa que exigisse e demissão de Passos Coelho...
quarta-feira, 4 de março de 2015
Três perguntas a propósito de Pedro Passos Coelho...
É VERDADE que Pedro Passos Coelho meteu a pata na poça quando não resolveu as suas pendências perante a Segurança Social antes de candidatar-se a primeiro-ministro? É, sim senhor. É verdade que a sua justificação pelo lapso foi precipitada e algo desastrada? Também é verdade. Agora, por favor, digam-me lá que eu não tenho razão? Será que este "incidente contributivo" do primeiro-ministro condiciona a sua governação ou justifica uma hipotética demissão? Claro que não. Ponto final.
domingo, 1 de março de 2015
O dia em que o Fernando Madrinha e eu passeámos no Pentágono...
POR RAZÕES que certamente a razão desconhece, o meu amigo Fernando Madrinha deixou, ao fim de quase 20 anos, de escrever a sua coluna semanal no "Expresso". Perdemos nós e perde certamente o "Expresso" onde - já deu para perceber... - há quem não consiga (ou saiba) conviver com a experiência, com a lucidez e com a memória.
*
Há momentos, a comentar com um amigo esta inesperada notícia, lembrei-me de uma deliciosa história que vivi com o Fernando em Washington durante uma visita do então primeiro-ministro Cavaco Silva, já lá vão uns bons 20 anos - ele ao serviço do "Expresso" eu do "Tal&Qual". Por obra e graça do raio de uma mala extraviada entre Lisboa e a capital norte-americana, na manhã seguinte à nossa chegada fui obrigado a ir às compras, de forma a munir-me do essencial para enfrentar os dois ou três dias que durava a nossa estada na capital norte-americana. Afável como sempre, o Fernando ofereceu-se para acompanhar-me nessa minha incursão e, logo pela manhã, lá partimos de metropolitano Washington afora... O destino era um shopping que me tinham recomendado - o Pentagon City Mall. Seguindo as orientações recebidas, após uma viagem de cerca de um quarto de hora, descemos numa estação chamada "Pentagon" e não hesitámos quando à nossa frente surgiu uma escada rolante que subimos decididos, atrás de umas quantas pessoas que seguiam à nossa frente. Lá em cima, após passar uns discretos pórticos de segurança, continuámos a seguir quem nos precedia e a embrenhar-nos nuns longos e intermináveis corredores. Apesar de termos passado em frente de uma pequena barber shop (com um daqueles tradicionais reclames coloridos e tudo) e de uma máquina de venda automática de jornais, aquilo tinha aspecto de tudo menos de um shopping. Ao fim de alguns minutos e outras tantas dezenas de metros percorridos naqueles insípidos corredores, resolvemos abordar alguém que nos pudesse elucidar onde ficavam as lojas daquele estranho centro comercial. A surpresa foi total: não só tínhamos descido uma estação antes do que devíamos, não só não estávamos em algum centro comercial, como estávamos em pleno Pentágono, o maior edifício de escritórios do mundo e o "coração" de toda a estrutura militar dos Estados Unidos! Daí os pórticos de segurança que transpusemos com a maior das naturalidades, daí os longos e insípidos corredores, daí a ausência de lojas...
Ainda hoje estou de boca aberta, não sei como lá fomos parar e como é que conseguimos ultrapassar os cuidados de segurança que obviamente o edifico dispunha. O certo é que, tal como entrámos, saímos pelos nosso próprio pé e voltámos a entrar no metro que, então sim, nos deixou na estação seguinte - na "Pentagon City Station", a tal que servia o shopping do mesmo nome... Fosse hoje e tenho a impressão que ninguém nos livrava de umas "férias" em Guantanamo!
Um abraço, Fernando!
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
Cadê o "bacalhau à Dilma"?
ACHO QUE foi Mário Wilson que há uns anos disse qualquer coisa acerca da facilidade em passar-se de "bestial a besta"... Lembrei-me do "velho capitão" há uns dias no Porto, quando me sentei à mesa do "Cafeína" e me aprestava a pedir o famoso "bacalhau à Dilma", assim baptizado em honra da presidente brasileira Dilma Rousseff que, há três anos anos e durante uma breve escala técnica naquela cidade, escolheu aquele que é sem dúvida um dos melhores restaurantes da Invicta como poiso para almoçar. Mirei e remirei a lista e do "bacalhau à Dilma" nada, tinha eclipsado-se: "Estranho, ainda há um mês atrás encabeçava os pratos de peixe...", pensei com os meus botões. Perguntei ao empregado que me atendia sobre o "paradeiro" do prato. A resposta veio pronta: "Está aí, é o bacalhau gratinado com 'ailoi', miga de grelo e radicchio". Então e o nome, perguntei? O empregado baixou ligeiramente o tom de voz: "Tínhamos muitos clientes brasileiros que protestavam...". Pois é, como dizem do lado de lá do Atlântico... "dançou"!
O "vale tudo" de Paulo Portas

Para Portas, cujas ambições presidenciais são a médio-prazo, Santana Lopes é um alvo a abater - teme-o, sabe-o capaz de ocupar o seu espaço político e é urgente detê-lo. Esta não e a primeira vez que Portas traiu Santana. Fê-lo enquanto director do "Independente", fê-lo enquanto seu ministro e parceiro de coligação no XVI Governo Constitucional (e até com Jorge Sampaio e José Sócrates...) fê-lo quando, há três anos e meio, tentou impedir a sua ida para a Santa Casa da Misericórdia. Este é o verdadeiro Portas, o Portas das intrigas, das maledicências, das sacanices, o Portas das manhas e do "vale tudo" - no fundo é o Portas que ao longo da vida não hesitou em desferir facadas nas costas de quem finge abraçar. Este é o Portas que, ao mesmo tempo que fingia estar com Santana, se encontrava às escondidas com Sampaio ou Sócrates; este é o Portas que piscou o olho a António Guterres; este é o Portas que ao mesmo tempo que estende a mão a Pedro Passos Coelho manda recados a António Costa; e este é o Portas que ao longo da vida sacrificou amigos em nome de uma ambição sem limites. No fundo este é o Portas em que é impossível confiar, que não hesita em apunhalar pelas costas quem se colocar à sua frente...
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015
O meu amigo Alexandre Pais

Como eu escrevi um pouco acima, o
Alexandre é um dos mais sólidos, sérios e brilhantes jornalistas que conheci – pena foi que só tenha trabalhado com ele nos
meus últimos anos como jornalista… Quando o conheci, a mesquinhez de quem
decidia tinha feito com que o tivessem “encostado” num (passe a expressão…)
canto da redacção do “Tal&Qual”, onde aguardavam que o Alexandre, mais dia
menos dia e cansado de algumas desconsiderações, batesse a porta e os poupasse
à óbvia indeminização. Pediram-me na altura: “Faz-lhe a vida negra para ver se ele se vai embora, ele é muito caro…”.
Não fiz, bem antes pelo contrário – não descansei enquanto não encontrei uma “fórmula” que permitiu ao Alexandre ter a
importância e o destaque que ele merecia na estrutura de qualquer jornal. Sem
exagero, ao longo daqueles dois anos, o Alexandre foi o verdadeiro “pilar” do “Tal&Qual”,
contribuindo com as suas experiência e notável sabedoria para, muitas vezes,
dar alguma consistência a um jornalismo que tinha uma óbvia tendência para
“pisar o risco”. E apesar de um ou outro “torcer de nariz” por parte de alguns mais
susceptíveis, não havia texto que não passasse pelo seu exigente crivo, até
para ele dar-lhe o seu indispensável “jeitinho” e uniformizar a escrita do “T&Q”
– a começar pelos meus. Bons tempos esses… E depois também, note-se, existia o “outro” Alexandre
Pais, o Alexandre fora do jornalismo - e esse era também era um Alexandre
confiável, sereno, leal, discreto, alguém feito de uma “massa” que hoje não é
muito vulgar encontrarmos.
Um dia, no Verão do último ano dos anos
90, resolvi deixar o jornalismo. O Alexandre, claro, ficou. E nem imaginam o gozo que me
deu, poucos meses mais tarde, a vê-lo, primeiro, à frente do “Tal&Qual”; depois a
protagonizar o grande arranque do “24 Horas”; e finalmente a tomar conta do
“Record”…
Não sei porque raio me deu para
escrever sobre o Alexandre Pais, se calhar foi por lê-lo hoje de manhã na
“Sábado”, onde escreve semanalmente uma página que é a primeira que eu procuro
quando folheio a revista – talvez, não sei… O que sei, isso sim, é que as
poucas saudades que tenho do jornalismo são as muitas saudades que tenho,
tantas vezes, dele. Grande abraço, careca!
O advogado, as fontes e as "manchetes"...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015
João Araújo: a irresistível queda para a graçola fácil...
GARANTO QUE só à terceira ou quarta vez é que acreditei naquilo que estava a ouvir... Pode parecer muito estranho, mas não consigo achar normal que o advogado de José Sócrates (e duvido que o próprio antigo primeiro-ministro também ache...), por muito blagueur ou por muita graça que se ache a si próprio, possa afirmar alto e bom som o que ontem afirmou, numa entrevista à RTP-I, sobre o seu próprio cliente... Pergunta o jornalista a propósito das razões poderiam ter motivado Sócrates a confiar-lhe a sua defesa: "(...)os senhores já eram amigos?". Responde João Araújo: "Era e sou amigo dele, não há muito tempo tratei-lhe de uns assuntos familiares, simples, à minha medida e como estava mais à mão, o homem escolheu-me para tratar disto(...)". O jornalista insiste: "Mas já tinha uma relação com o engenheiro José Socrates?". Entre risadas, o advogado esclarece: "Sim, uma relação de amizade, de pequena amizade, não é daqueles amigos a quem eu empresto dinheiro...". Desculpe, importa-se de repetir?!
Profissão? "Personalidade"...
A ARQUITECTA Helena Roseta de vez em quando resolve fazer prova de vida e, ao jeito daquela imaginária prima do Solnado que gostava de "dizer coisas", não resiste em sair-se com uns lugares comuns, daqueles que ficam "bem", que não adiantam nem atrasam, mas que lhe dão uns efémeros segundos de rádio no noticiário das 16 ou das 4 da manhã ou duas mal-amanhadas linhas numa notícia de pé de página feita em cima de um take da Lusa. Então se lhe põem um abaixo-assinado à frente, é certo e sabido que a D. Helena não hesita e, pouco se importando com o tema, rapa da caneta e, zás!, toca a assinar... É sobre a TAP? Venha ele! Sobre a supressão da carreira 32? Força! Sobre o atraso nas obras de alargamento da estrada municipal nãoseideonde? Porque não? Sobre as raposas de cauda roxa às bolinhas amarelas? Leva à Roseta, que ela assina! De tanto assinar, a D. Helena até já deve ter um calo no indicar direito e certamente já trocou formalmente a sua profissão de arquitecta pela de "personalidade", que é um termo com que os nossos jornalistas gostam muito de baptizar as habituais luminárias que, a propósito de tudo e de nada, gostam de fingir que têm opinião sobre tudo e mais alguma coisa, estilo Freitas do Amaral e Bagão Felix, ou agora também Carvalho da Silva que, perdida a liderança da CGTP, mantém a cabeça à tona de água muito à custa dumas imaginárias "causas comuns".
Na prática, D. Helena e todos esses "profissionais dos abaixo-assinados" descobriram a pouco pouco que a única maneira de resistirem ao sentimento de "marimbanço" que a opinião pública lhes dedica é atrelarem-se a alguns que, pelo seu peso político e intelectual, vale a pena escutar, independentemente de estarmos, ou não, de acordo com o que defendem. Concorde-se ou não, as opiniões de, por exemplo, um Francisco Louçã, de um Silva Lopes ou de um Pacheco Pereira contam, é gente que sabe do que fala, que não se refugia em lugares comuns e que pensa pela sua própria cabeça. Por outras palavras: mas interessa a alguém saber o que a D. Helena pensa sobre isto ou aquilo?! Ou alguém acredita que o seu nome (ou de qualquer outra dessas "personalidades") acrescentam o quer que seja a algum abaixo-assinado, carta aberta ou manifesto?!
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015
A homenagem a um homem corajoso
LOUVE-SE A decisão da Câmara Municipal de Lisboa que, por unanimidade, decidiu baptizar o aeroporto de Lisboa com o nome do general Humberto Delgado, homenageando assim alguém cuja memória e controverso percurso ainda incomoda os paladinos do "politicamente correcto" que ao longo das últimas décadas têm tentado de algum modo esquecer ou subestimar o seu papel na história da resistência ao antigo regime.
Não tendo sido propriamente uma "águia" em termos políticos, nem tão-pouco um grande estratego, a Delgado sobrava o que hoje falta à esmagadora maioria dos nossos políticos: coragem. E é essa coragem, bem como uma férrea determinação e uma invulgar e notável vontade de fazer mudar as coisas que justificam a decisão agora tomada e que permitirá que, a partir de agora, possamos ouvir, cada vez que pousarmos em Lisboa, a mais do que merecida referência a quem foi, além de um homem corajoso, alguém a quem a aviação civil e comercial portuguesa muito deve.
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015
"Envelhecer", by Vasco Pulido Valente
TEM TANTO de genial como de chato. Cáustico, severo, brutal muitas vezes, Vasco Pulido Valente tem a extraordinária capacidade de pensar, coisa rara neste País e nos tempos que correm. Há quem goste muito dele e quem o deteste, mas poucos são os que não subscrevem grande parte do que ele escreve e raros os indiferentes ao que ele defende. Com 73 anos, a Pulido Valente naturalmente custa-lhe envelhecer neste país de Ronaldos, gourmands da treta, do jornalismo de merda, dos lugares comuns, do primado da economia, do chico espertismo. O que ele não sabe é que não é preciso ter mais de 70 anos para nos sentirmos assim, basta apenas lembrarmos-nos do "outro" País onde nascemos e vivemos muito tempo. E que este não é, sem dúvida, o nosso. Vale a pena (mesmo) ler este excelente texto de VPV:
"Crescentemente, quando vejo
televisão (sobretudo os noticiários), este Portugal onde nasci e, mal ou bem,
vivi setenta anos, me parece um sítio desconhecido e hostil, em que não posso
continuar. Os velhos são assim e já Chateaubriand dizia: é muito duro envelhecer,
mesmo se o mundo à nossa volta não muda ou muda pouco, mas muito mais duro é
envelhecer num mundo que mudou. Precisava de um livro para explicar o que me
irrita neste país novo da crise e da miséria e, como não tenho força e
paciência para começar um livro, resolvi ir escrevendo sobre as coisas que me
exasperam mais. Por exemplo:
1. A desvergonha com que a
esquerda usa a desgraça dos portugueses como argumento político. Desemprego,
impostos, salários ou, no dia-a-dia, urgências que não funcionam, o remédio
para a hepatite C que não há, outro desconto ou proibição – tudo serve, não se
percebe como, para demonstrar a enorme virtude do PS e a imensa maldade do
governo. Nós bem fugimos desta ladainha. Só que ela nunca pára e não nos larga.
2. A multidão de salvadores da
Pátria, que prometem o céu e que entretanto se juntam e separam, avançam e
recuam, como se andassem num jogo de possessos sem sentido e sem fim. E que
berram e se esgadanham por esses debates, despejando lugares-comuns com uma
estranha importância e uma grande satisfação.
3. A maneira como o jornalismo
gira à volta do desastre, do crime e da pequena história de “interesse humano”,
numa altura em que Portugal e a Europa se desfazem.
4. A obsessão incrível e
paradoxal com restaurantes, que abrem às centenas (apesar do IVA) e que se
pretendem sempre pioneiros de uma especial cozinha ou de uma extraordinária
ideia; e que têm na cave vinhos sem igual. Quem lá vai? A classe média que se
destruiu, os banqueiros que faliram, os corruptos mascarados que esperam a sua
hora?
5. A obsessão geral com o
espectáculo; com qualquer sítio onde se juntam milhares de bípedes, saltando e
pulando e muitas vezes guinchando, para seu contentamento e nossa aflição. Os
“festivais” da carne, da fruta, do queijo, do enchido, do mexilhão, do doce
regional ou nacional, da primeira coisa que dê para armar a tenda e ganhar uns
tostões.
6. A futilidade da conversa
sobre a economia, como se por aqui ainda não se percebesse que a economia não é
uma ciência, é um capítulo da política.
7. A inferioridade que revela o
culto de Ronaldo – nome obrigatoriamente precedido por o “melhor do mundo” – e
o de uma dúzia de personagens menores que se tornaram “os melhores” de qualquer
coisa ínfima ou gratuita."
Zurrices
QUANDO VEJO uma ladina criatura que dá pelo nome de Marco António Costa a perorar nos púlpitos por esse País fora como se fosse gente crescida, é inevitável que tenho de lembrar-me das fábulas de Esopo, quando os animais falavam. De facto, ao que isto chegou...
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