É INEGÁVEL que nos últimos anos o Brasil viveu um boom a nível económico com evidentes e naturais reflexos a nível do consumo e de uma clara aquisição de poder de compra por parte de uma faixa que alguns estimam em 30 e outros - os mais "governistas" - em 40 milhões. Num país de quase 200 milhões de pessoas, estamos a falar de uma percentagem de 15 ou 20 por cento... É obra! E isso sente-se por esse Brasil fora, se calhar não tanto nas grandes cidades, mas no interior onde as motos substituíram as bicicletas, os carros as motos e onde o pequeno comércio cresce a olhos vistos - mas onde ainda subsistem grandes e significativas "bolsas de pobreza", quando não mesmo de miséria.
Paralelamente, o endividamento das famílias brasileiras cresce assustadoramente, os juros bancários (apesar da pressão do governo de Dilma) atingem níveis assustadores e que, mais dia menos dia, estrangularão quem hoje recorre ao crédito sem parar.
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O Brasil melhorou nos últimos anos? Muito, não há como negá-lo! Mas ainda falta muito mais - especialmente no interior, onde as carências infra-estruturais são brutais e a famosa "bolsa família" muitas vezes não é mais que um incentivo para uma certa indolência. Vou mais longe: o brasileiro (e não é o das grandes metrópoles) está perigosamente a habituar-se a um perigoso e entorpecente "assistencialismo" (para o qual os governo Lula contribuíram de forma decisiva), onde o cidadão se julga devedor de tudo perante o Estado ou de quem possui o poder próximo, pouco ou nada fazendo para melhorar o seu nível de vida.
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Há quatro ou cinco dias, com óbvio garbo e vaidade, o governo de Dilma anunciou que mais de metade da população pertencia à "classe média" - mais concretamente 104 milhões, ou seja 53 por cento. Uma cifra extraordinária, isto se não olharmos para o rendimento mensal mínimo per capita que o IBGE (a entidade pública que gere os índice e estatísticas no Brasil) considera como referência: 290 reais, ou seja 110 euros - que é como quem diz 3,7 euros por dia... É preciso dizer mais alguma coisa?
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