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segunda-feira, 4 de junho de 2012

Guiné-Bissau: o medo de pedir o agrément

MERCÊ DAS precipitadas e desajustadas declarações de Paulo Portas sobre a situação na Guiné-Bissau, Portugal perdeu toda e qualquer capacidade de diálogo com as novas autoridades daquela antiga colónia. Nada que surpreenda quem conhece minimamente a realidade guineense e tenha desde sempre interpretado a inopinada intervenção do chefe da diplomacia portuguesa como um verdadeiro "tiro no pé" e um verdadeiro "frete" ao regime angolano a quem Portas, em tudo o que é aerópago,  tenta agradar a qualquer jeito. 
E a trapalhada chegou a um ponto que, desde há algumas semanas, Portugal não dispôe de embaixador em Bissau... E as notícias postas a correr que isso se deveria ao facto de Portugal ter retirado o seu embaixador da capital guineense em jeito de retaliação e condenação do golpe de estado e assim diminuído o ranking da nossa representação diplomática para o nível de encarrgado de negócios, são pura e simplesmente falsas... Sejamos claros: a embaixada portuguesa em Bissau é chefiada por um encarregado de negócios porque o governo português teve receio de ver negado pelas novas autoridades o necessário pedido de agrément para a nomeação de um novo embaixador que substituísse António Ricoca Freire, cuja transferência para a África do Sul foi anunciada em... Janeiro, ou seja, praticamente quatro meses antes da deposição do governo de Carlos Gomes Júnior. Aceitam-se apostas para saber como é que Portas irá descalçar esta bota...

2 comentários:

ECD disse...

enchNão percebeu!

Portugal como não reconhece os novos ditos presidente interino e governo de transição não tem a quem legitimamente pedir em Bissau o agément.

Tão simples como isto! está, aliás, nos manuais

zpf disse...

Eu acho que quem não percebeu foi "ECD"... É que a questão é exactamente essa- a de Portugal insistir em não reconhecer o novo poder em Bissau... E tudo pela forma precipitada e a reboque dos interesse angolanos como Paulo Portas reagiu à deposição de Carlos Gomes Júnior e que arrastou o governo português para um beco sem saída. Resultado? Dois meses depois, com o novo poder aparentemente consolidado em Bissau e com 6 mil cidadãos a residirem na Guiné-Bissau, as autoridades portuguesas continuam a não ter qualquer capacidade de diálogo com o actual poder guineense.
Não sei se vem nos manuais, mas é tão simples que até diplomata entende, n'é "ECD"?

José Paulo Fafe